terça-feira, 25 de novembro de 2014


                                                        MINHA BELA MARIA EUFRÁSIA!

                Entre 1961 e 1963, fiz curso de ajustador mecânico, no SENAI em Santa Cruz do Sul. Desde 1958, quando viemos de Barros Cassal, fomos morar à rua Gaspar Bartholomay, 212, na famosa “Volta da Cobra”.

O pai José Altivo, havia comprado o terreno no local de Izolde Barboza, então esposa do mano Flávio Pereira dos Santos e a casa, era uma parte da grande moradia, que existia no Passo do Ligeiro, interior da vila, da localidade acima citada.

Ainda ficaram morando no Ligeiro a mana Odir, com seu esposo Jorge Cervo e filhos.

                Pois bem, o fato, entre outros tantos maravilhosos, da minha querida mãe e, que chamou a atenção, de todos os meus colegas e até de professores e instrutores da época, na Escola, é que religiosamente, a Eufrasinha, como era chamada carinhosamente, às 9:30 horas, levava a minha “merenda” e que era repassada na cerca, que circundava o educandário.

                Por muitas ocasiões, ela deixava na tela e todos já sabiam que era o meu lanche diário.

Que coisa linda a dedicação da minha mãe para com seus filhos! E, olha que ela criou e tratou da mesma forma, a Genoveva, a Ofhir, o Allão, a Odir, o Dão Real, o Flávio, o Gentil, o Adão Régis (Bebeto), a Eva, o Cliff, eu e a Terezinha, num exemplo de amor e abnegação, que muitos de nós, talvez, não tenhamos reconhecido suficientemente, na época.

                 Este é um fato bastante curioso e que até hoje, quando reencontro colegas daqueles tempos, eles relembram do detalhe da “merenda na cerca de tela”ou, ela me aguardando para entregá-la em mãos.

                Por isso, resgato mais esse episódio, dizendo: obrigado Maria Eufrásia, por aquilo que representaste para nós. Teu desvelo a todos, jamais será esquecido e, por certo, muitos bônus adquiriste aí, junto as planuras do Pai Celeste.  

Na certeza, de que, onde estás, ainda velas por nós, teus filhos, netos, bisnetos, trinetos, tataranetos, familiares e amigos, te dizemos, “que saudades”!

quarta-feira, 19 de novembro de 2014


                                       QUEM FOI  O 1º TROPEIRO DO RIO GRANDE? 
Era um de meus ancestrais. 

                Ele é a figura mais impressionante dos primórdios do Rio Grande do Sul. Nasceu em 1680 (ano da fundação da Colônia do Santíssimo Sacramento), em Ponte de Lima, Portugal. 
“Era Cavalheiro da Ordem de Cristo, aparentado aos Távoras, Possuindo brasão e cota de armas. 
De instrução acima do normal para a época, era capaz de levantar mapas e redigir como seguro conhecedor da língua”, nos diz “Moisés Velinho em “Capitania Del Rei”. Este era Cristóvão Pereira de Abreu.

Veio muito moço para o Rio de Janeiro. Em 1702, o Rei resolveu “colocar por contrato” a caçada de gados e a exportação de couros pela Colônia do Sacramento, sendo o monopólio arrematado por Cristóvão Pereira mediante pagamento de 70.000 cruzados à Fazenda Real. 
Data desse período a aliança de Pereira com os índios Minuanos, disputando aos espanhóis e missioneiros a posse dos bois e cavalos que erravam à margem esquerda do Rio Uruguai. Sob seu impulso, o comércio de couro cresce espetacularmente.

O período áureo desse ciclo vai de 1726 a 1734, quando se exportavam anualmente, pelo porto da Colônia, 400 a 500 mil couros. 
Lagunistas, curitibanos, paulistas, portugueses, espanhóis e missioneiros entregavam-se de corpo e alma à matança de gado para a extração de couros. Iniciava-se a gradativa decadência econômica dos Sete Povos das Missões Orientais. 
Tão desordenada e bárbara era esta prática que, naquele momento, já fora prevista a total extinção do gado.

                As Minas Gerais, no auge da exploração do ouro, necessitavam de cavalgaduras para o transporte de suas riquezas até o Porto do Rio de Janeiro e para a vinda de mercadorias importadas. Cristóvão Pereira então inicia, com seu amigo e auxiliar Francisco de Souza de Farias, a ligação entre o sul e o resto do País, abrindo picadas que depois constituíram a rota dos tropeiros desde os Campos de Viamão até os Campos de Cima da Serra, Lages, Campos de Curitiba e finalmente Sorocaba – grande centro de comercialização e distribuição de mulas para o Brasil.

                Em 1736, Cristóvão Pereira é nomeado coronel, para dar apoio logístico ao pretendido levantamento do sítio da Colônia do Sacramento – cercado pelos espanhóis de Buenos Aires e Montevidéu – pelo Brigadeiro Silva Pais, governador do Rio de Janeiro. 
                Ao longo das vilas da Capitania de São Paulo, conseguiu reunir 160 voluntários, chegando à Barra de Rio Grande e ultrapassando-a pelo mês de setembro, tendo construído na margem sul um fortim provisório. 
               José da Silva Pais ali desembarcaria, cinco meses após em 19 de fevereiro de 1737, fundando o Forte, Jesus Maria José, hoje, a histórica Rio Grande.

                Incansável no apoio as armas portuguesas, Cristóvão Pereira, também se liga aos primórdios da fundação de Porto Alegre, quando vistoriou as obras de melhoria do porto natural, realizadas pelo paulista, Mateus de Camargo Siqueira, à margem do Guaíba, para receber os casais açorianos, que se destinariam às Missões (mas que terminaram ficando no “Porto dos Casais”).

                Faleceu, na Vila de Rio de Janeiro, em 22 de Novembro de 1755 o grande desbravador desta terra.

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS - Professor e radialista.
(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, www.allmagaucha.blogspot.com).
Pesquisa:
(Mariante, Hélio Moro. A Idade do Couro no Continente; Monteiro,Jônathas da Costa Rego, dominação Espanhola no Rio Grande do Sul; Neis, Pe Ruben, A Guarda Velha de Viamão).

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

                                                       Família Pereira dos Santos

                                                   ¨ UM POUCO DE SUA HISTÓRIA ¨

 No próximo dia 07 de dezembro de 2014, acontecerá na cidade de Santa Cruz do Sul, o 20º Encontro da Família Santos, o (ENFASA), que é um evento do calendário anual do Grupo de Pesquisas Folclóricas Família Nativista Alma Gaúcha, nos anos ímpares acontecendo em Sapucaia do Sul, e nos anos pares, em Santa Cruz do Sul.
            Família que descende de Eduardo Pereira dos Santos (no registro de casamento está Edmundo) e Bela Aurora Simas dos Santos, pais de José Altivo dos Santos, e de Antônio José Falleiro e Cândida Maria da Silva Falleiro, pais de Maria Eufrásia Falleiro dos Santos.
           José Altivo dos Santos, nasceu em Rio Pardo, em 29 de Julho de 1889. Era tropeiro por excelência e nessas andanças pelos pagos, entre Rio Pardo e Soledade, encontrou no interior de Venâncio Aires, a jovem Maria Eufrásia Falleiro dos Santos, nascida em 9 de janeiro de 1907.
          Casaram-se em 10 de março de 1923, em Venâncio Aires.  Após, de carroça e a cavalo, foram para o interior do então distrito de Barros Cassal, lá construindo um novo lar que foi abençoado com quinze filhos.  
         Alguns anos depois, na então Vila de Barros Cassal, José Altivo tornou-se feitor do DAER, na área de construção e reparação de estradas. 
         Para que seus filhos pudessem estudar, em 1958 mudou-se para Santa Cruz do Sul.
         José Altivo, faleceu em Santa Cruz do Sul em 28 de Julho de 1968.
         Depois do falecimento de Maria Eufrásia, seus 12 filhos resolveram rememorar suas lembranças nesse encontro, que já acontece há 20 anos.
        O ENFASA, começará à partir das 10 horas, na sede da TAP's, antiga sede social da Tabra, nesta cidade. 
        Esta família, Pereira dos Santos, foi a pioneira nas tradições gaúchas em Santa Cruz do Sul, fundando a primeira entidade tradicionalista do município, o CTG Tropeiros da Amizade, com sede na rua Princesa Isabel, no bairro Senai.
        
         Atualmente, existe na cidade um DTG com o nome de José Altivo dos Santos, bem como o Grupo de Pesquisas Folclóricas Família Nativista Alma Gaúcha, descendentes diretos de José Altivo e Maria Eufrásia, os quais, continuam no cultivo dos mais puros laços familiares.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014


                                                                     ATS E ENART!

                Em 19 de junho de 1995, foi fundada a Associação Tradicionalista Santacruzense (ATS), com a finalidade de unir esforços em prol do tradicionalismo em nossa cidade. Nesse mesmo ano, fomos convidados pelo conselheiro do MTG, Dirceu de Jesus Prestes Brizola, para concorrer ao conselho diretor deste Movimento, na chapa de oposição, órgão máximo do MTG - RS. Consultamos nossa base que era a ATS. Já que a presidíamos nessa ocasião e fomos fundadores e elaboradores de seu Estatuto, por unanimidade dos patrões, houve concordância para minha inscrição nesta chapa.

Santa Cruz do Sul, nunca na história, havia sido convidada para tão importante incumbência. O mentor da minha candidatura foi o então coordenador da 5ª Região Tradicionalista, Odilon da Silva Dias. A eleição aconteceu em janeiro de 1996, na cidade de São Lourenço do Sul, tendo, a nossa chapa saído vencedora e sido empossada na mesma data.  Portanto, pela vez primeira, Santa Cruz, tinha um conselheiro, representando nossa cidade, no MTG.

Já nos primeiros meses de 1996, conseguimos trazer para o nosso município, uma reunião do Conselho Diretor do MTG, acontecida no CTG Laço Velho, cujo patrão era o advogado Milton Mohr.

                Voltando um pouco no tempo, aconteceu no mês de junho de 1995, uma Convenção Tradicionalista na cidade de Canguçu e o vice coordenador da 5ª RT na época, Armando Clóvis Gewher, juntamente com o Terra de Bravos CTG, cujo patrão era o Altair Dorneles de Lima, o Tio Teco, assessorados pela Claudia Dias Forgiarini, pediu, nesta Convenção, que Santa Cruz sediasse uma das macrorregionais do Festival Gaúcho de Arte e Tradição (FEGART). O pedido foi aceito pelo MTG e a ATS, recém fundada, assumiu os encargos da realização dessa Macro que aconteceu em 1996.

                Com isso, o Rio Grande do Sul, começou a conhecer nossa potencialidade, a nossa pujança, o espaço físico do Parque da Oktoberfest e o carinho do nosso povo, para com seus visitantes. Isso também, despertou a atenção do novo presidente do MTG, Dirceu Brizola, que sofria agruras, devido ao acanhado parque onde até então se realizava  o FEGART, bem como pelo pouco caso  que o Poder Público Municipal de Farroupilha, tinha com o evento.

                Em 1997, quando já estava tudo pronto  naquela cidade para a realização do 12º Fegart, houve o rompimento da parceria que havia entre a Prefeitura, O MTG e o IGTF. A Prefeitura da cidade de Farroupilha não tinha mais interesse em realizar o Festival, da forma como estava acontecendo. Despesa de mais ou menos 90.000,00 todo o ano, inviabilizavam o evento.

                Então, a diretoria do MTG recorreu a nós, que trouxemos o pedido para a Prefeitura de Santa Cruz, para ver do interesse na realização do mesmo. O prefeito Sérgio Ivan Moraes, juntamente com a ATS, depois de muitas negociações, resolveu assumir o evento.

                A Secretaria Municipal de Turismo Esportes e Lazer, era o principal setor municipal envolvido. Com R$ 30.000,00 cedidos à ATS, começou então, já na metade do ano a realizar o evento. Diga-se de passagem que, estes 30 mil reais, eram uma promessa de campanha do Prefeito Sérgio, aos CTGs da cidade.

Era presidente da ATS, o amigo Armando Gewher. Estávamos preparando, desde o início do ano, o 43º Congresso Tradicionalista do Rio Grande do Sul, que em janeiro desse mesmo ano fomos pleitear na cidade de Santo Augusto, no Congresso anterior (janeiro de 1997).

Com o aval do Prefeito, que se fez representar nesse Congresso, pelo então secretário de Turismo, Elton Griebeler, buscamos a aprovação para sediar, pela primeira vez, um Congresso Tradicionalista em nossa cidade, cuja realização aconteceria em Janeiro de 1998. Imaginem todo o trabalho que teve a ATS para preparar esses dois grandes eventos no mesmo ano. O Armando que me ajudava na preparação do Congresso, já que fui eleito presidente da Comissão Executiva do mesmo, ficou encarregado de preparar também o Fegart.

                 O festival aconteceu no final do mês de outubro de 1997 e o Congresso no início do ano de 1998. Faço, um parênteses pra dizer que, havia mais uma vaga para suplente no Conselho Diretor do MTG e o Coordenador da época, meu amigo Vorni Prestes, indicou o Armando para esta vaga e nesse mesmo Congresso, o Armando foi eleito suplente, bem como ele já tinha sido indicado para ser o 2º vice-presidente do Congresso. Agora, tínhamos dois representantes no egrégio Conselho Diretor do MTG.

                É importante frisar também, que neste Congresso, foi rompida uma parceria que existia há muitos anos, para a realização do FEGART, com o Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, IGTF, que era encarregado da parte técnica do Festival, fixando parceria agora definitiva, entre o MTG, a ATS e a Prefeitura de Santa Cruz do Sul.

                Pois bem, o 12º FEGART, o primeiro realizado em Santa Cruz, foi um sucesso. A bem da verdade, funcionava da seguinte forma. Todo o evento, era realizado por nossa cidade, ou seja,  pela ATS. Despesas ou possíveis lucros que, até este data, não havia, porque era só déficit, eram por nossa conta. Como disse anteriormente, o município repassava R$ 30.000,00 para a ATS e ela fazia o resto.

As despesas realmente eram grandes e para não termos prejuízos, começamos a cobrar ingressos a preços módicos e alugar espaços. Com isso conseguimos superar as expectativas e já em 1998 na nossa segunda edição, (13º FEGART) colocamos um automóvel pra sortear a quem pagasse ingresso.

                O sucesso do festival despertou a cobiça dos antigos “donos” que se arvoraram para conseguir de volta o FEGART. No ano de 1999, assumimos novamente a presidência da ATS e na metade do ano, quando o presidente do MTG era o tradicionalista Jair Lima, tendo como vice-presidente administrativo, Manoelito Carlos Savaris, a Prefeitura de Farroupilha, conseguiu uma liminar avocando o nome FEGART, como propriedade sua, contra a Prefeitura de Santa Cruz e o MTG.

Foi uma correria novamente, com deslocamentos semanais a Porto Alegre e vice-versa, com a presença do Prefeito, da Procuradoria Geral do Município, através da Dra. Maria Eliana Noronha da Rosa, e nós, representando a ATS para juntamente com a Diretoria do MTG, resolver o impasse.

                Enquanto na justiça se discutia o mérito da questão, foi feita uma pesquisa em todo o Estado tentando viabilizar um novo nome para o Festival, que por sinal, já estava com o material todo pronto com o nome de Fegart. Tudo tinha que ser refeito.

                Numa reunião histórica realizado no MTG em Porto Alegre, no dia 2 de Agosto de 1999, 56 sugestões foram estudadas e o nome, que nós propusemos, com o aval da Prefeitura Municipal, foi o escolhido e aprovado pela comissão especialmente convocada para este fim.

                O estudo, feito por nós, objetivou retirar-se um pouco da competitividade, substituindo o nome “Festival” pelo de  “Encontro” entre tradicionalistas, onde a fraternidade fosse o imperativo.

A partir de então, chamar-se-ia “ENART”, Encontro de Artes e Tradição Gaúcha, até que fosse cassada a liminar da Prefeitura de Farroupilha. Santa Cruz do Sul, ganhava mais uma batalha e, em novembro de 1999, realizava-se o 1º ENART, agora marca registrada de nossa cidade que, firmava-se como polo cultural e artístico do Brasil.

Registramos também, que foi cassada a liminar de Farroupilha sobre o nome FEGART. Porém, o MTG, a ATS e a Prefeitura de Santa Cruz, optaram por não  mais mudar o nome.

                Também é importante ressaltar que, desde a assunção da nova diretoria do MTG em 1999, foi mudada a sistemática para a realização do evento. Até a data acima referida, a ATS com a ajuda da Prefeitura Municipal, preparava tudo. O MTG recebia pronta toda a estrutura e não participava, nem de lucros, nem de prejuízos, como já frisei em parágrafo anterior, como acontecera por 11 anos, na cidade de Farroupilha.

                Portanto, a partir de 1999, o MTG passou a ser parceiro em tudo, inclusive nas reuniões preparatórias, para a organização do evento, em todas as suas fases. Aí, começou a aparecer a mente privilegiada, do então vice-presidente do MTG, Manoelito Savaris, que inclusive, participou de todas as reuniões.

Ao invés do 14º FEGART, tivemos o 1º ENART e as Macrorregionais foram substituídas por Inter-regionais.

                Inferindo, neste pequeno histórico, queremos resgatar um pouco da história deste grande evento, que se solidifica cada vez mais em nosso município, levando seu nome para o todo o Planeta.

                                                                         MEMÓRIAS!

                Aos 22 dias do mês de agosto de 1958, saímos de Barros Cassal, eu, então muito menino, minha irmã Terezinha, mais nova que eu, a Eva, o pai e a mãe, Maria Eufrásia Falleiro dos Santos. O caminhão que trazia a nossa mudança era um F8 do DAER. O meu pai, José Altivo dos Santos, era feitor deste Departamento e estava vindo transferido para Santa Cruz do Sul.

                O pai era muito preocupado com o estudo dos filhos. Em Barros Cassal, na época só tinha curso primário. Os irmãos mais velhos, a Genoveva, esposa do Euclides Pereira Soares, já morava na cidade, há algum tempo e com ela morava o mano Gentil que estudava no Mauá. O mano Flávio, era soldado antigo do 8º RI, hoje 7º BIB, o Dão Real, já estava trabalhando de motorista no DAER e havia casado recentemente com Flora Pereira Prates, agora Pereira dos Santos, a Nega como é mais conhecida. O Cliff, estudava em regime de internato, na Escola Normal Murilo Braga de Carvalho, que formava professores rurais.

                Ficaram ainda em Barros Cassal, o Allão, na época agricultor e a Odir morando no passo do Rio Ligeiro, onde nós tínhamos uma estância.

A Ofhir, morava em rio Pardo, onde seu esposo, Valdomiro Mantelli era barqueiro, isto é, fazia as travessias do rio Jacuí de barca. Ainda não havia sido construída a ponte sobre o Rio. O Adão Régis (Bebeto) estudava no São Luiz.

                Foi muito marcante para mim esta viagem, principalmente a saída da localidade, onde deixamos muitos amigos de infância, todas as brincadeiras, as nossas jornadas pelos poços e matas existentes, comendo frutos silvestres, colhendo pinhão, brincando de mocinho e bandido, de Tarzan, jogando muito futebol, andando a cavalo...

                Ali pelas 15 horas estávamos chegando à rua Gaspar Bartholomay número 212. Faço um parênteses para dizer que a casa onde iríamos morar era a mesma que tínhamos no interior de Barros Cassal (Passo do Ligeiro). Ela foi montada aqui em Santa Cruz do Sul. Uma parte da moradia ficou ainda lá, para moradia da mana Odir com sua família.

                Ficou na minha memória, à hora da chegada em Santa Cruz, o Programa Chegou o General da Banda, animado pelo Egon Iser, onde tocava a música Lichteinstaine Polka. Eu estava no 4º ano primário e fui estudar juntamente com a Terezinha no Grupo Escolar Estado de Goiás.

Foi muito difícil para um serrano, fazer amizades com a gurizada da cidade, mas aos poucos fomos conquistando nosso espaço, primeiro pelo futebol, onde fui apelidado de Garrincha, depois pela boa leitura fiquei sendo o declamador oficial da Escola.

                Em 1959, fui eleito o 1º presidente do Grêmio Estudantil recém fundado. Quando o 1º bispo veio para a nossa cidade, fui o orador oficial, quando da sua recepção no campo do futebol Clube Santa Cruz e a nossa escola com seu Orfeão, comandado pela professora Anita Horn fez as honras da casa à Dom Alberto Etges.

A diretora da Escola na época era a saudosa Prof.ª Elisa Gil Borowsky. As minhas demais professoras, da época, eram, Lúcia Fairon, Cacilda Gruendling, dona Heleninha, dona Cleonice, dona Zaira, dona Célia, etc... .

                Muitos colegas de turma reencontramos na estrada da vida. Foi nesta época que o tradicionalismo entrou na minha vida. O cunhado Euclides Pereira Soares, homem de muita visão, de inteligência impar e de um dinamismo a flor da pele, conseguiu depois de muitas dificuldades, fundar um Centro de Tradições Gaúchas em Santa Cruz do Sul.

domingo, 9 de novembro de 2014

                                      Polêmica? Aparece o autor de Tordilho Negro.
Autor de Tordilho Negro ainda aguarda o justo reconhecimento
AUTHOR Leonardo Nunes DATE 27/10/2014 COMMENTS: Leave a comment
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Dirceu Inácio Pires, ou ...Seu Detio como é conhecido mora em Passo do Sobrado e tem 28 músicas compostas, entre elas Tordilho Negro, gravada por Teixeirinha nos anos 60. A canção narra um desafio aceito por seu tio, Sebastião dos Anjos, para domar um cavalo xucro. O tordilho nascido em Caçapava, foi vendido pelo tropeiro João Lopes para Afonso Becker, do Alto Paredão. O novo dono o deixou largado no campo e o animal ficou arisco. “Um dia tomando cerveja num bar, o Afonso ofereceu o tordilho a quem o montasse sem cair. Num domingo de manhã acompanhei meu tio Sebastião dos Anjos que ganhou o cavalo nesta aposta”, recorda Detio que lamenta nunca ter sido reconhecido como autor de uma das canções mais populares no Estado. A canção composta em 1950, foi apresentada por Detio e pelo gaiteiro Alfredo Tavares durante um programa na Rádio de Rio Pardo comandado por Teixeirinha. Após esta apresentação, Detio nunca mais encontrou Teixeirinha e soube que a música havia sido gravada e vinha sendo executada em várias rádios. Recorda que ficava faceiro quando ouvia sua música tocando, até que um de seus filhos questionou sobre a autoria da canção. Em 1988, Teixeirinha ficou de participar de um programa na Rádio de Alto Paredão e seria a chance do tão sonhado reconhecimento. Mas não aconteceu. “Não existiam direitos autorais na época. Eu gostava de ouvir a canção interpretada por Teixeirinha, mas nunca mais consegui encontrar com ele para ter o devido reconhecimento”. Detio aponta que o próprio Teixeirinha afirmava que a canção era de autor desconhecido. “Nunca tomou para si a autoria, apesar de ter transformado o que era para ser uma valsa, em uma vaneirinha”.
Detio e o gaiteiro Alfredo Tavares viajavam por todo o Estado à cavalo para se apresentarem em fandangos. Hoje, aos 79 anos, continua compondo e canta apenas para os passarinhos. A maioria de suas músicas foram escritas entre os anos 40 e 50 e se referem a suas vivências. Detio espera algum dia gravar seu repertório para seus netos e bisnetos guardarem, ou algum interessado em interpretar.
A canção Tordilho Negro faz sucesso até hoje. Foi gravada por diversos outros artistas, como o grupo Os Serranos e pelo cantor Mano Lima.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014


                                                    GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA!

                Porque tantos jovens estão sendo jogados na sociedade nos dias de hoje sem nenhum planejamento de família? Será pela gestação precoce? Será pela falta de acompanhamento dos adolescentes, para que tenham melhores condições de sustentarem seus filhos?

                Pesquisas nos dizem que cerca de 20% das crianças que nascem no Brasil são filhas de adolescentes. Comparadas a década de 1970, três vezes mais garotas com menos de 15 anos, ficam grávidas nos dias de hoje e elas, não tem condições de assumirem essa maternidade, nem financeiras, nem emocionais. São na maioria das vezes, consideradas crianças indesejáveis, com incidência maior nas populações mais carentes.

                Devido à repressão familiar, em alguns casos, algumas adolescentes saem de casa, abandonam os estudos e o processo de socialização é interrompido, abrindo mão de sua cidadania.

                Estudiosos e autoridades do assunto, concordam que a liberação da sexualidade, do tudo pode, a desinformação sobre o tema, a desagregação familiar, a precariedade das condições de vida, a mídia de forma geral, são os maiores responsáveis por esse estado de coisas.

                Na adolescência está se construindo uma nova personalidade, uma nova identidade. É uma espécie de preparação para assumir o papel de adulto. É preciso administrar a pressa, as emoções e entender as mudanças que estão acontecendo.

Para tanto, faz-se mister, que pais e autoridades, como professores e a própria sociedade, construam juntos, esta nova fase da vida dos adolescentes.

                 Não “dar” demais, nem “impor” jamais e sim “construir” através do diálogo fraterno, onde haverá “tempo” para ouvi-los e compreendê-los.

 Em suma os pais precisam tornar-se os verdadeiros amigos dos filhos.

                O poder público, em qualquer esfera pode e deve oferecer programas específicos de orientação e planejamento familiar, juntando-se aos pais e aos professores, nessa grande cruzada.

E aquelas mães adolescentes, precisam de alternativa também para continuar seus estudos e consequemente, garantir o sustento de seu rebento.

                Com essas medidas, não tão difíceis de serem implementadas, quantos casos de abortos clandestinos poderiam ser evitados!

 Segundos dados da OMS, dos dois milhões de abortos praticados, por ano no Brasil, um milhão, ocorrem entre adolescentes e muitas delas ficam estéreis e mais ou menos 20% morrem, em decorrência disso. Quanta despesa poderia ser evitada.

                Inferindo, é a união de esforços do poder público, da sociedade organizada, da família e das escolas, todos trabalhando de mãos dadas, num mesmo objetivo, propiciando um intercâmbio na área da saúde, da educação, do esporte e do lazer, inibindo a alta incidência de jovens grávidas, permitindo resgatar a auto-estima, com certeza, chegaremos a um denominador comum e seremos uma sociedade mais solidária e mais humana.

                Pensemos nisso.