segunda-feira, 25 de outubro de 2010


                                                                                                                                                                 
CHAMA CRIOULA                                                                                                                                   
Simbolizando o fogo da Pátria que foi criado exatamente para poder ascender a ideia de unidade na nação  recém criada, ou seja, o Brasil, saindo do domínio português, o Rio grande do sul, estado que foi descoberto 237 anos após o descobrimento do Brasil, viu-se também tomado pela cultura americana,  que aos poucos absorvia o que de pouco restava do nosso país como um todo, culturalmente falando.
Finda a guerra mundial, com a vitória dos aliados, os Estados Unidos da América surgem agora como a grande nação, para o mundo ocidental especialmente. Todos queriam copiar a nação americana. Surge a chamada geração  coca-cola, o jeans, e outros tantos costumes alienígenas que vão tomando conta da nossa juventude. Um colono, de botas e bombachas, em certa ocasião é barrado num cinema em Porto Alegre.
Década de 1940. Um grupo de jovens estudantes secundaristas, na capital do Estado, todos oriundos do interior, resolve matar as saudades de seus tempos de guris, quando em suas estâncias, ou que nelas foram criados, sonham em ter de voltas suas infâncias, já quase perdidas no tempo. As roupas de antanho, não se usavam mais, os costumes eram  outros, a moda era de fora e assim por diante. Veio em suas reminiscências as rondas crioulas que os peões faziam ao som da gaita e do violão. Veio também  o velho fogo de chão, companheiro inseparável de horas e horas do gaúcho, mateando no velho porongo, ornado de prata ou simples, tirado da terra e preparado especialmente, para estes momentos tão importantes da faina diária.
Sim, isto não  podia morrer. Esta identidade conquistada a pata de cavalo e a ponta de lança, estava em jogo. E,  porque então aquele fogo simbólico da Pátria, que representava a própria liberdade de um povo, também não poderia se tornar algo grandioso no coração dos gaúchos que sempre foram os defensores primevos das fronteiras deste País continente, a ferro e fogo e com muito sangue derramado de seus avoengos?
Seria uma chama, tão somente uma chama que seria acesa quando da extinção do fogo simbólico em 7 de setembro de 1947 e que arderia pela vez primeira até o dia 20 de setembro.
Mas, quanto significado neste gesto nobilíssimo. Porque a chama não estava extinta e nem apagada. Ainda votiva, ardia no coração de cada individuo deste garrão brasileiro. Estava lançado o primeiro alerta ao Rio Grande, foi tocado de novo o clarim farrapo em continência a nossa gente. O Rio Grande, assim  como o cinamomo, que no inverno perde suas folhas, mas que no verão revive com todo o vigor, estava de pé novamente, agora para defender suas crianças, sua memória, sua história de civismo, brasilidade e gauchismo. Sempre tivemos e continuaríamos a ter a uma identidade própria, não precisaríamos copiar  de ninguém.
E esta simples chama crioula, tornou-se hoje um símbolo muito maior do que parece.  Por ser representativa de uma origem que remonta a história grega, que volta as grandes odisseias, as grande conquistas cantadas em prosas e versos. É a glória de um povo que nunca se submeteu a tirania e aos descalabros de ditadores medievais e  hodiernos.
Hoje, quando as luzes da ribalta, iluminam nossos palcos, muitas vezes esquecemos estes feitos memoráveis de nossos antepassados. Por isso a importância do conhecimento da nossa história, para não sermos engolidos por costumes e práticas contrárias à própria alma gaúcha.
Este conjunto formador de nossa amada terra gaucha é hoje um grande mosaico. Mas sua beleza está juntamente neste ponto. Aos poucos, aprendendo o valor da família, do grupo local, da sociedade, logo depois, valorizando da base ao teto.
Uma pequena chama, mas que hoje envolve o universo porque ela se espalhou. Ela não mais é só nossa. Ela é de todos os homens de boa vontade e que querem o bem de seu próximo.
Como os grandes avatares  de tempos imemoriais, o rio-grandense, como de início era chamado, abriu o seu próprio caminho, vislumbrando no horizonte um novo mundo, cheio  de cordialidade e cavalheirismo, onde não haveria mais lugar para as guerras fratricidas e sim, para a fraternidade universal.


                                        ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS. Tradicionalista

2 comentários:

  1. Parabéns!!

    Muito edificante e construtivo o blog de seu programa e realmente é um pouco da história de nossa gente a cada domingo...
    Abraços..

    Sônia Lima

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