sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Princípios básicos do “ser” tradicionalista.

Princípios básicos do “ser” tradicionalista.
                Nem todo aquele que usa a pilcha gaúcha, pode dizer que é um (a) tradicionalista. É preciso respeitar alguns princípios básicos.
 O nosso estado sempre foi marcado por escaramuças, revoluções e guerras. Na própria Revolução Farroupilha e aqui faço um parêntesis para dizer que, até 11 de setembro de 1836, era revolução e que após esta data, com a proclamação da república Rio-grandense por Antonio de Souza Neto, passou então a ser Guerra dos Farrapos, por ser país contra país. Dito isto, volto a lembrar que na epopéia farrapa, quando o comandante em chefe, Bento Gonçalves da Silva tentava conquistar São José do Norte, viu-se na impossibilidade do feito de forma tradicional, isto é, frente-a-frente com os imperiais.  Foi-lhe dito que somente incendiando a vila poderia conquistá-la. Bento Gonçalves pergunta se inocentes seriam sacrificados. Com a resposta afirmativa, ele sentencia: com o sacrifício de pessoas que nada tem a ver com esta guerra, renuncio a conquista da vila.
É dessas qualidades que quero falar. Este é um dos princípios básicos que devem nortear o nosso movimento. É por isso que surgiu em 1947, a chama que se acendeu no coração de cada rio-grandense. Não estou defendendo a volta ao passado, porque como dizia os irmãos Bertussi: “gaucho pra ser gaúcho acompanha a evolução, mas carrega no seu sangue de gaúcho, a tradição.” Defendo sim, o respeito a palavra empenhada, a humanidade, naquele gesto de Bento, a fraternidade, a coragem na defesa de seus princípios, o respeito às autoridades constituídas, aos pais e aos mais velhos, a lealdade, enfim, qualidades que se perderam com o tempo e que precisamos resgatar em respeito aos nossos avoengos.
Portanto, quem se esconde atrás de botas e bombachas para se locupletar, para tirar vantagens pessoais de forma sob-reptícia do seu cargo ou posição atual que ocupa, em qualquer esfera, pisando sobre seus irmãos de ideais, em detrimento daquilo que é apregoado na Carta de Princípios, tese basilar de nosso Movimento, com certeza não é um Ser tradicionalista na sua acepção mais pura. Glaucus Saraiva já dizia sabiamente, que haveria aproveitadores, pseudo-tradicionalistas, oportunistas, que se valeriam do tradicionalismo pra tirar proveito próprio. Falam de amizade pela frente, mas falam mal pelas costas, jogam os fatos em seu favor, fazem intrigas e manipulam os cordões de suas marionetes, sempre em benefício pessoal, em detrimento da comunidade que representam.
Quem já leu a Carta de Princípios, citada anteriormente? Quem segue os seus ditames?
Então patrícios, muitos, só “estão” tradicionalistas. Não “são” tradicionalistas. Ninguém tem o direito, por interesse escusos, de pisotear naquilo que foi conquistado com muito sacrifício, por nossos antepassados e que marcou indelevelmente a nossa gente: a honra, o respeito e a dignidade.
Assim foi forjada a têmpera do gaúcho. Assim deve permanecer. A nossa juventude e as nossas crianças gritam por exemplos que devem vir de cima. Parem com os “diz-que-me-diz”, parem com as fofocas, parem com as picuinhas. Isto não é próprio do gauchismo.
O gaúcho é um mosaico formado por índios, africanos, portugueses, espanhóis, alemães, italianos, poloneses e tantas outras etnias formadoras da nossa terra.
O tradicionalismo precisa ser revitalizado na sua pureza interior. Na cristalinidade dos galpões nos seus usos e costumes a voltarem a serem santuários dos valores intrínsecos, forjados em anos e anos de lutas e conquistas. Temos muitas batalhas para conquistar ainda, agora com a força das idéias, mas sem perder o tino, sem perder o farol.
Ninguém conquista um objetivo sem valores bem definidos.
Pensemos nisso.

                                             ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS. Professor-estudos-sociais e Tradicionalista
                                                                  Rua Acre, 27. Santa Cruz do Sul.

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