quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Danças galponeira (salão) e suas origens.

                                                       DANÇAS GALPONEIRAS!

                    Pesquisando há muitos anos sobre danças de salão ou galponeiras, desde os tempos em que, menino, ouvia meu pai o tropeiro José Altivo dos Santos, que percorria este Rio Grande de norte a sul, sempre pilchado me ensinando quase tudo, que ele aprendera com seu pai, Eduardo Pereira dos Santos. Indumentária, cores do lenço usado ao pescoço e seus tipos de nós, tudo isso, era coisa natural, para um guri curioso.
                   Aprendi também, com Augustinho Manoel Serafim, o famoso Tio Belizário, mais ou menos 46 danças folclóricas e ritmos deste Estado. Repasso alguns dados que achamos deveras interessante, para os aficionados das danças de salão.
                   Tudo começou com a valsa, ou seja, as danças de pares enlaçados.
                   Paixão Cortes o grande folclorista, nos diz que, "com a queda de Napoleão Bonaparte em 1815, foi introduzida a valsa, oriunda de Viena, capital da Áustria. Antes dela, só se dançavam, as contradanças inglesas e o minueto francês, que eram danças de pares dependentes e em que, homens e mulheres, praticamente não se tocavam".
                   Com a advento da valsa, Paris a adotou definitivamente e como a cidade-luz era o grande centro irradiador da moda mundial, espalhou a boa nova a todo o planeta.
                   No brasil, só chegou a partir de 1915, trazida por uma suíça, fundadora da primeira Escola de Danças do Brasil na cidade de São Paulo. Ela Também criou as Domingueiras, a partir de 1930, na alta sociedade paulista. Seu nome, Madame Louise Frida Poças Leitão ou simplesmente, Madame Poças Leitão.
                   Uma curiosidade desta Escola é que eram proibidos, chicletes, tênis, sapatos sem meias, recusar convite à dança. O lenço é item obrigatório para os homens para enxugar o suor, inclusive da dama e usado na mão direita, na cintura, para não sujar o vestido.
                   Vaneiras e marchas, portanto são variantes da valsa, quando dançadas de forma independente, sendo que as vaneiras, são passos duplos ou passos de polca e as marchas, são passos simples ou passos de marcha, como se fazia com o minueto e as contradanças.
                  Etimologicamente a palavra vaneira vem de Habaneira, isto é, oriunda de Havana, capital de Cuba.
                  Bugio- Único ritmo basicamente gaúcho, criado no século vinte (XX), na década de 1940, por um gaiteiro serrano, ( gaita ponto) pelas bandas de São Francisco de Paula, de nome Neneca Gomes, cujo ronco na baixaria, imita o bugio e nos passos de dança, embora respeite os passos de polca, faz parecer o bugio no seu andar.
                 Rancheira- Se origina na Polônia. São passos 3 por 4 muito parecida com a valsa só que com marcação mais forte no quarto passo,  sendo dançado de duas formas: rancheira valseada e rancheira terol (puladinha).
                Milonga- Origem Platina, ou seja da região do rio da Prata. Ingressou no nosso Estado pela região das Missões, este ritmo está totalmente solidificado em nosso meio. Único ritmo, que pode ser dançado em 2x1, o chamado carioquinha, podendo também ser dançado em passo de polca. É uma dança de namoro, olho no olho e de maneira maviosa. Esta dança seria o tango rio-grandense.
                Chamamê- Também de origem Platina. Até 1996, ainda os orgãos oficiais do nosso estado, não aceitavam este rítmo em nossas competições oficiais.
               Depois disso, Fegart, após o Enart o adotaram em suas entradas e saídas. Portanto já está folclorizada. Dança-se em passos de marcha, mas no terceiro passo  dá-se uma pequeno meneio no corpo ( dobra levemente o joelho). São passos de vai e vem, com giros rápidos e envolventes.
               Chotes- originário da Escócia. Paixão Cortes nos diz: "A valsa abriu caminho para que outras danças de pares enlaçados conquistassem Paris e o mundo. Primeiro o "schottish"dos escoceses e sua variante francesa "passe de quatre".
Logo depois a polca da Boêmia- coreograficamente semelhante ao Schottish, tanto assim que houve confusão de nomes, quando em 1840, a dança boêmia chegou a Paris. E a polca incendiou os salões, as vezes ilustrada com  rápidos deslizamentos ou "carreirinhas" e então se chamava polca gallop - as vezes levada ao tempo de 3x4 para formarem a polca mazurca, em fusão com a antiga mazurek dos polacos- ou ainda adotando a marcialidade da "polonaise"para se transformar em "polca marchada".
              O chotes se dança de forma figurada, isto é, várias figuras são formadas em rítmo de 2x2. Quem quiser dançar, sem a chamada marcação do chote, dança no rítmo de passos de polca.
              Minueto- Eram danças de rítmo grave, dançada pela aristocracia francesa e de pares dependentes
             Quadrilha- Vem das contradanças inglesas e quer dizer múltiplo de 4. É mais alegre que a polonese. Existem muitas figuras desta dança que vem do Cotillon e do Minueto franceses também. É dança de pares dependentes.

      ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS - Professor e tradicionalista. (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, @toninhopds)

 

Um comentário:

  1. refiz este texto q ja havia escrito anos atras.Serve como parâmetro para curso de danças de galpão..

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