quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Para onde vou, vale a pena levar saudades?

Sigo teatino à estrada que se derrama à minha frente, às vezes enveredando na sina malfazeja das escolhas infelizes, às vezes no rumo aprumado do sorriso largo da racionalidade do filho pródigo, que finalmente aprende a andar solito.
E a saudade redomona, que teima em permanecer quando acabará? Oh! Rincão sem fronteiras acolhe a ânsia deste peão que chora interiormente as perdas inconsoláveis dos amores que atravessaram os limites conhecidos da temporalidade vã, mas que faz tremer as entranhas nos desconsolos do não entendimento dos desígnios maiores!
O céu chorou com a partida, por aqueles que ficaram aturdidos no rebuliço de sentimentos dicotômicos, no atávico ronco do bugio como um grito de aviso. Esta terra é minha!
Lava também minha alma chuva bendita, para que possa entender que a Grande Querência não é aqui!
Esta vivência é tão somente uma pastagem nova, para o povo ainda selvagem ter os rudimentos do acordum realizado nos primórdios dos tempos.
A estrada está vazia na tua ausência, do encanto da tua presença, mas na culatra vens repontando toda solidão que aqui deixastes num salto de prodigiosa e inimaginável consequência.
Fica a saudade indelével do amor que não se despede. As almas irmãs continuam irmãs na eternidade, no sucedâneo longevo de partidas e retornos, nos recuerdos das marcas de cascos no corredor poeirento.
O meu verso hoje é teu. Não te vejo na matéria, mas te miro na essência da alma nobre que nunca se perdeu, do coração magnânimo que se partiu em diversos pedaços, no acolhimento das agruras alheias.
Transcendo a materialidade e alcanço teus objetivos finais, quando apeastes no orbe montado no alazão, alargando a visão no mirante até onde podias alcançar e conseguistes! Por isso o retorno breve aos Campos Elíseos, na certeza da missão cumprida.
Por tudo isso te saludo amigo, irmão, como viajor sinuelo de uma tropa ainda desgovernada pela incúria própria das almas recentes e imberbes.
Ouço uma chamada: incontinente, sigo a jornada!

 Vale a pena levar saudades?