quarta-feira, 26 de setembro de 2018


                                             SAÚDE DO ESPÍRITO!

“Mens sana in corpore sano”. Citação latina que cabe muito bem no arrazoada abaixo.
                A grande massa humana, tem sua rotina de crescimento e a sua marcha evolutiva, levados a efeito mediante o impacto dos acontecimentos menos felizes.
                Quando em dificuldade procuram refúgio espiritual. Quando o óbice passa, esquecem dos rogos e suplicas. A dor, é mecanismo evolutivo inerente às faixas inferiores do crescimento humano. Aqueles que estão mais adiantados, não necessitam mais a dor para o seu desenvolvimento.
                No entanto, pode ser por adesão a uma nova proposta que dimana de cima e não precisa, por isso, ser pela dor e sofrimento.
                Precisamos aprender logo não mais pelo choque de emoções fortes, mas, pelo componente assimilativo na busca infrene do amor. Antes, quem nos ensinava era a vida. De tanto machucar o pé, o homem aprendeu que precisava contornar a pedra e não a chutar.
                 A proposta, é, pois, aprendermos uma nova sistemática de viver, apropriando conteúdo, experienciando e ingerindo conhecimentos, implementando medidas, gravando informações, praticando e avocando valores para a essência do nosso ser.
                Com isso, podemos ter uma evolução sem dor pela erradicação do vício e mediante a incorporação de virtudes inerente ao ser na sua essência maior.
                A doença, portanto, é o resultado de um distanciamento do ser humano da sua própria espiritualidade. Nós somos seres espirituais e temos transitoriamente um corpo físico.
                Busquemos a saúde como resultado de nossa própria reforma interior. O eu Divino transparecerá como dádiva de luz resplandecente e amorosa.
                Deixemos de lado nossos conflitos existenciais que adoecem nossa alma e corpo somático para termos uma vida mais feliz. Pensemos nisso!
     ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS –Professor e tradicionalista.
     (E-mail, toninhosantospereira@hotmail.com; blog www.allmagaucha.blogspot.com; twitter, toninho.pds)

quinta-feira, 23 de agosto de 2018


                                                                 VIDA QUE SEGUE!

                Uma nova caminhada se visiona lá longe, onde um vulto aparece como uma assombração na divisa entre o real e o imaginário.
                Enquanto isso, rumino minhas reminiscências no andar do zaino garboso que me leva a lugar de sonhos de algo fugidio, que parece escapar pelas mãos, assim como a água escorre sempre, não formando poças de retorno daquilo que passou.
                Porque viver aporreado nesta sina, que a própria história relata, como se um filme passasse em sua retina, ainda acostumada ao tropel da cavalaria em revoluções a ponta de lança, garruchas e carabinas, se tudo ficou no olvido dos remanescentes incautos e que perderam o viés do caminho, malgrado a exemplificação precedente.
                Coisa de matuto! Será? Não seria a malsinada regra geral que a tudo contamina num roldão de energias perniciosas, como se tudo fosse normal, perdendo a confiança e a esperança, nos rumos certos, num reponte de campo vazio onde se estradeia o nada, como se fosse tudo!
                A energia funesta, ainda campeia no seio de uma sociedade ainda febril, pelo desejo da posse, do poder esquecendo o principal que é o ser, na legitimidade da percepção e o povoeiro, vai acordar do latente sono que se embretou!
                E quando, finalmente acordar poderá ser tarde demais para as devidas correções e alinhavos do trilho percorrido. Mas o inverno vai morrer e a primavera das flores vivas, irradiará um novo porvir de energias sutis, mas inebriantes, mostrando que a chuva limpou os miasmas, domando o potro xucro, chamado solidão!
                Por isso, limpemos nossas mãos e mentes para o novo mundo que se nos apresentará e não percamos a oportunidade, de fazer da nossa vida aquilo que precedentemente escolhemos, como missão precípua desta jornada.
                Assim, seguimos estradeando ilusões, na lobuna madrugada, proseando momentos na magia de novas descobertas, na vida que segue.
Pensemos nisso!
ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Tradicionalista.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018


                                              O peão e a iniquidade!
                A parceira madrugada, faz morada no intrínseco deste peão, que apela para que o tempo afaste a amargura da espera longa e triste, de algo que ele mesmo não entende.
                O índio vago, teme a solidão ao mesmo tempo entende, que domar os próprios instintos faz parte da caminhada e que tudo se encaixa no turbilhão, que por vezes o envolve.
                Mas que sofisma é esse? A maldade parece que impera nos corações da humanidade na íngreme evolução, quando a brutalidade parece não ter fim, beirando a irracionalidade do tempo das cavernas, onde só o instinto predominava!
                Onde está o homem, que foi criado para domar seus mais brutais egos e que não se sustenta no mar de idiossincrasias que se embretou, dando vazões as vorazes carantonhas de que se vê possuído!
                Sem guarida, busca desenfreado uma luz no fim do túnel e nada enxerga, além de suas próprias iniquidades e irrelevantes desejos e a lama modorrenta e fétida, encobre aquilo que de mais nobre possui.
                É assim que vaga os chamados mortos vivos que desnorteados, sem rumo, só veem a sua própria desgraça em meio as chagas que se meteu e como monstros que se tornaram, cometem desatinos inomináveis, como os leões na África selvagem, predador sem piedade da pobre gazela indefesa.
                Com esta nostalgia, o peão acorda da inflexão pela atualidade cruel do homem insensato, em busca de prazeres insanos que só uma alma perdida almeja.
                Não, não é assim! Atiça o fogo parceiro velho e busquemos como o lírio o faz a brancura do ser no íntimo maior que é a seiva do ser criado para o bem, na legítima acepção da palavra e saibamos separar o joio do trigo.
                Assim como o velho peão, arrinconado no seu próprio eu, busca uma nesga de luminosidade que vislumbra logo ali, busquemos através da roda dos mates conversados, a crença que a galope, a justiça se fará àqueles perdidos nos escombros da maldade e que serão expulsos, como chagas pestilentas dessa humanidade!
                Por isso, excluo a solidão que me abordava e no conspícuo, vejo luzes e no andejo das minhas lembranças, sinto do abraço Divinal o consolo Maior! Assim é a vida, quando parece tudo perdido, logo ali, estará a solução e um novo começo nos espera.
Pensemos nisso!
              ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Tradicionalista.

quinta-feira, 9 de agosto de 2018


AINDA NOS DEVANEIOS!

                Quando o rancho anda silente, ouço a voz do tempo que se arrasta, aonde a saudade vai mermando até sumir-se no horizonte, perdido no ermo das ilusões das paisagens perdidas.
                A rédea, feita de sisal para domar o potro das ilusões, marcou indelevelmente a jornada, enquanto amanuncia a tropilha desgarrada, nos relatos da história avoenga.
                Na ficção do passado hercúleo, onde se vivia a estância crioula e seus costumes barbarescos, também existia algo inefável que suavizava aqueles tempos. O laço que se criava entre pais e filhos, o amor intrínseco que latente, podia a qualquer instante, desabrochar como a rosa na primavera, inebriante no olor de seu perfume.
                Mas, o dia passa depressa no desvario do caminho e a noite chega logo, na depressão das mágoas do cantador da campanha que, debruçado no sobral da janela, contempla a escuridão assustadora e tétrica que, encobre segredos que o túmulo levará à eternidade.
                Entretanto, esse é o meu jeito de levar a vida, abrindo o fole de minha gaita para sentir seu som junto ao peito vazio, das amarguras da vida maleva. Não há cura? O mal do coração é de difícil acesso, porque sem afago e sem amor, tudo se perde no breu da alma, sem entrever miríades do céu estrelado, em noite de luz cheia, iluminando o rumo do peão teatino.
                No entanto, o relho e a espora dão lugar às flores que, inebriam os ares tornando o existencial respirável e então o potro solidão, dá lugar ao preenchimento do vácuo que existia no imo do ser. É assim, que segue o guapo que não dobra a espinha, pelo orgulho do passado de ancestrais, que ficaram tão somente, nos quadros das paredes caiadas, dos tempos imemoriais.
                Mas, sobressaio no meio das cinzas, na coivara da tapera que ficou no ermo das quebradas, nos longínquos rincões das plagas, porque agora arrinconado no meu catre vazio, ainda permaneço, nos devaneios dos acordes da velha sanfona, companheira fiel dos mates solitos.
Pensemos nisso!

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS- Tradicionalista.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018


                                                            HOMEM OU MULHER!
                Fiat lux, segundo o Gênesis, primeiro livro Bíblico, Deus após a criação do Céu e da Terra, teria feito surgir o dia, a partir desta enunciação.
                E após o sétimo dia Deus, do pó criou o homem e deste fez a mulher e a partir de então será uma só carne. Ainda segundo o Gênesis nove: Deus abençoou Noé e seus filhos: “sede fecundos, disse-lhes Ele, multiplicai-vos e enchei a terra”.
                Em cima desses ensinamentos bíblicos, deduzo que não é por acaso que o homem foi criado homem e a mulher, criada mulher.
Na hodiernidade dos tempos, criou-se uma nova ideologia chamada por alguns filósofos de “Ideologia de Gênero”, em que a criança pode escolher desde tenra idade, o que ela quer ser, masculino ou feminino, ignorando o principio da criação, como se tudo acontecesse pelo acaso.
                Ora, será que existe o acaso na criação Divina? É lógico que não! Tudo tem uma razão de ser. A felicidade que procuro com todas as forças é relativa ao planeta que pertenço!
                Portanto, nascer homem ou mulher, faz parte dessa trajetória quase infinda, das relações que trago desde meu nascimento há milhares de anos, até tornar-me um ser angélico!
                Como ser imortal que sou, passo por todas as fieiras de dificuldades, para resgatar os descalabros dos cometimentos anteriores, que dormitam em intermitente ebulição nos recônditos de minha alma em constante evolução!
                Sem menoscabo e julgamentos de quem quer seja e sim na firme convicção dos postulados Cristãos, cada ser que renasce no orbe, tem uma rota a desenvolver independente de seu sexo e terá que fazer sacrifícios sim, para cumprir seu desiderato, na conjuntura das programações precedentes!
                Inferindo, acima das questões temporais, há sempre um motivo, que transcende o nosso entendimento, para termos nascidos, homens ou mulheres!
                Pensemos nisso!
ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Tradicionalista.

quinta-feira, 26 de julho de 2018


BRIGA NO CTG!
                Lá pelos anos de 60 e 70 do século passado, existiam quatro CTGs em Santa Cruz do Sul, praticamente quase todos nascidos pela rivalidade um do outro. As encrencas eram muito constantes nas entidades seja em encontros, rodeios, festivais onde se reuniam. Sempre havia uma mal-querença entre pessoas das entidades envolvidas.
                O CTG Tropeiros da Amizade tinha um programa radiofônico desde final da década de 50, chamado de Grande Rodeio da Tradição. O CTG Rincão da Alegria, da mesma forma realizava também o seu programa chamado Ronda Crioula, os Lanceiros de Santa Cruz, Roda de Chimarrão, e o Estância Alegre, Pialando pelo Rio Grande.
                Pois bem, apresentava o programa dos Tropeiros Elemar Preuss, e este peão que vos escreve, na época devido a problemas pessoais, o Elemar, vez por outra agulhava, um membro de outra entidade pelo rádio.
                A coisa foi esquentando e num baile no CTG Rincão da Alegria com a presença maciça das entidades coirmãs, aconteceu um tumulto na copa, com um paisano que tinha pagado entrada, estava embriagado e dizia palavras grosseiras. Num dado momento, o patrão da entidade mais J.F.l. dos tropeiros e O.S. do Estância pegam o sujeito pelo cangote e atravessando o galpão, no meio da sala de danças, o jogam porta afora.
                No meio da confusão gerada, um componente do  Estância puxa de seu revolver e de sua faca e pensando tratar-se de uma agressão ao patrão de sua entidade, enfrenta a todos que se atravessavam na sua frente, inclusive o E.P. que tentou apartar.
                Foi um Deus nos acuda, era arma para todo lado e virou uma briga entre os Tropeiros e Estância.  J.F.L. e P.B. um de cada lado com sua turma prontos para uma carnificina. Todos armados e prontos para atirar. Por motivos óbvios, coloco só as iniciais, mas os mais antigos sabem a quem estou me referindo.
                Naquele momento raciocinei rápido e pedi ao mano Allão que segurasse o J. dentro do salão e consegui conduzir para fora o P.. Ninguém chegava neste senhor porque ele ameaçava de faca carneadeira ou três oitão. O E.P. quase foi esfaqueado tentando apaziguar.
                De mansinho, cheguei perto do Sr. P. e perguntei se ele conversaria comigo. Ele me olhou com os olhos arregalados de fúria e disse: “contigo eu converso”. Consegui me aproximar dele e nos afastamos do tumulto e então perguntei: o que tinha acontecido, porque ele ameaçava o J. e o E. e ele me disse que viu o J. tirando a força pra a rua, o Patrão de sua entidade que era o Sr.O.S.
Não era isso que tinha acontecido. Os dois estavam juntos tirando para fora do salão, o tal embriagado que nos referimos anteriormente.
                Custei a convencê-lo do fato e daí ele me disse que há tempos escutava o programa de rádio e via certas provocações que o deixavam muito magoado. Finalmente ele guarda suas armas e acolhe sua família que aflita o abraça.
                Nunca havia conversado até aquele dia com o Sr. P. e daquele dia em diante se tornou um grande amigo. Onde nos encontrávamos batíamos um papo cordial e amigo. Seus familiares até hoje são meus amigos. O mal entendido passou e depois propiciamos um encontro entre o J. e o P. que se tornaram amigos também.
                Se naquela noite, um tiro alguém tivesse dado, teria sido a maior carnificina e até hoje seria noticia em nossa cidade. Lembro dos revólveres apontados de um lado e outro como se numa trincheira estivessem, mas, com ajuda do astral superior, um jovem consegue evitar uma tragédia que ficaria marcada na história e talvez nem estivesse aqui para contar a história.
                Pensemos nisso!
ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

quarta-feira, 11 de julho de 2018


                                                             LÁGRIMAS!
                E a várzea se encharcou da chuva que cai inclemente, sem parar, levando tudo pela frente em sua marcha insólita.
                Assim são também as lágrimas dos sofredores que deságuam nas canhadas da existência fratricida, sem noção de equilíbrio num vazio incompreendido de sua natureza imberbe e descontrolada.
                Por que tantas agruras ainda grassam sobre a cabeça de pobres mortais? O Universo desaba como desabam as águas em torrentes incontroláveis limpando miasmas e urzes que cruzam as estradas dos viventes como um roldão, não deixando nada em pé.
                As lágrimas também são assim. Limpam o nosso interior das demandas invasivas na máquina perfeita que é o nosso Soma ainda inabilitado para o Éden, onde fulguram miríades iluminando e preenchendo a casa nuclear, que foi fulminada pela incoerência do pensamento fútil e oco.
                A natureza é perfeita, é preciso entendê-la na sua complexidade e a chuva que cai é um bálsamo que cura as feridas abertas pelo nosso egoísmo, presunção e iniqüidades que praticamos diariamente contra aquilo que devíamos preservar.
                É mais um ensinamento para que venhamos a chorar menos depois. É o principio de ação e reação presente em todos os momentos de nossa vida. “colhemos o que plantamos”.
                As águas de fora fazem refletir as lágrimas de dentro para que introjetemos o ensino que está diante de nossos olhos numa explicação clara e insofismável da vida como ela é!
                A casa interior precisa ser abluída de toda nódoa que possa empaná-la. Na casa material feita de madeira, argamassa e tijolos, necessita de virtudes inerentes à natureza perfeita, que é o próprio Criador se manifestando.
               Para abrir a panacéia de conhecimentos que estão latentes a espera da paz que, com certeza, se espalhará numa corrente fluídica de rara beleza, influenciando a sociedade que passa por uma madorna. Inferindo, começando assim, alcançaremos a felicidade que tanto almejamos.
               Pensemos nisso!

quinta-feira, 5 de julho de 2018


                                                             LÁGRIMAS!
                E a várzea se encharcou da chuva que cai inclemente, sem parar, levando tudo pela frente em sua marcha insólita.
                Assim são também as lágrimas dos sofredores que deságuam nas canhadas da existência fratricida, sem noção de equilíbrio num vazio incompreendido de sua natureza imberbe e descontrolada.
                Por que tantas agruras ainda grassam sobre a cabeça de pobres mortais? O Universo desaba como desabam as águas em torrentes incontroláveis limpando miasmas e urzes que cruzam as estradas dos viventes como um roldão, não deixando nada em pé.
                As lágrimas também são assim. Limpam o nosso interior das demandas invasivas na máquina perfeita que é o nosso Soma ainda inabilitado para o Éden, onde fulguram miríades iluminando e preenchendo a casa nuclear, que foi fulminada pela incoerência do pensamento fútil e oco.
                A natureza é perfeita, é preciso entendê-la na sua complexidade e a chuva que cai é um bálsamo que cura as feridas abertas pelo nosso egoísmo, presunção e iniqüidades que praticamos diariamente contra aquilo que devíamos preservar.
                É mais um ensinamento para que venhamos a chorar menos depois. É o principio de ação e reação presente em todos os momentos de nossa vida. “colhemos o que plantamos”.
                As águas de fora fazem refletir as lágrimas de dentro para que introjetemos o ensino que está diante de nossos olhos numa explicação clara e insofismável da vida como ela é!
                A casa interior precisa ser abluída de toda nódoa que possa empaná-la. Na casa material feita de madeira, argamassa e tijolos, necessita de virtudes inerentes à natureza perfeita, que é o próprio Criador se manifestando.
               Para abrir a panacéia de conhecimentos que estão latentes a espera da paz que, com certeza, se espalhará numa corrente fluídica de rara beleza, influenciando a sociedade que passa por uma madorna. Inferindo, começando assim, alcançaremos a felicidade que tanto almejamos.
               Pensemos nisso!
ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Tradicionalista.

quarta-feira, 27 de junho de 2018


                                                               PRENDA MINHA!
                Encontrei-te no negrume da noite prenda minha, rosa do meu rincão. Teu olhar meigo me fascina como outrora já o fez e essa meiguice que trazes vem da tua alma límpida e pura que confrangeu meu coração.
                “Abre o poncho dessa alma, prenda minha que eu preciso me abrigar”, versos do poeta que encantam o velho peão cansado de lutas férreas em defesa da querência. Ronca a oito socos lá no fundo do rancho pedindo uma dança, daquelas de levantar poeira e recordo de tempos idos, quando amanhecíamos nos fandangos que, enquanto não se via o sol no horizonte, não acabava.
                Hoje os fandangos viraram bailes e os ranchos e galpões se tornaram bailantas onde até se dança de cola atada. Os grupos musicais, antes autênticos representantes da nossa música, tocam de maxixe pra cima para agradar os que estão chegando, esquecendo as virtudes dos templos sagrados, na vilania da busca de algumas patacas, pra encher as algibeiras dos tradicionalistas de plantão.
                Por isso, prenda minha te convido pra mais um fandango a moda antiga, de gaita violão e pandeiro com som ambiente, onde as famílias se reencontram para mais um rodeio de emoções, onde os corações se irmanam, nos mesmos ideais.
                As valsas, vaneiras, mazurcas, rancheiras, chotes, inclusive o de Duas Damas, se houver pouca prenda, marchas incluindo aí a Quadrilha, como dança de Minueto, como se fazia nos salões antigos do século dezenove em Paris, e no meio de tudo se provocava e se saia para o Rilo, dança da Vassoura, dança do Espelho, Meia Canha onde se namorava através dos versos e tantas outras brincadeiras de galpão, que unia as pessoas numa grande confraternização.
                Com tudo isso preparado prenda minha, vamos louvar a volta da tradição, já tão longe e abandonada por interesses mesquinhos e sub-reptícios que enodoam o passado desvirtuando o ensinamento de nossos avoengos, que estão loucos para levantarem-se de seus túmulos para dar um basta e dizer de novo como o velho Sepé. “Esta terra tem dono”.
                A prenda me dá a honra desta contradança?
Pensemos nisso!
ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Tradicionalista.

quinta-feira, 21 de junho de 2018


                                                           ORELHANO!

                Toca o compasso parceiro velho porque cada pisada é uma marca indelével na essência do vivente, teatino por natureza, cujo rancho é o próprio pampa com seu céu estrelado.
                Abrindo caminho nas tigüeras da ida sem rumo certo, tem seu destino a cada dia traçado e a galopito no más, sofreneia o corcel, parceiro cotidiano da vida errante, que já conhece seu dono pelo montar e pelo olhar perdido no horizonte.
                Mas o ritual dos fogões fulgura imponente em sua mente, quando pensa na china que ficou pra trás em recordações, como ave que voa e que sempre volta ao ninho. No entanto, ela não voltou e um gosto amargo de abandono retorce sua boca num esgar, profligando seu ânimo na penca da existência vazia.
                Ah vida orelhana! Que não precisa passaporte por andar a esmo com seu laço enrodilhado a espera de um pretérito saudoso aonde chegava à estância e via a cachorrada que o recebia em festa, sua mãe rindo e o abraçando, pela volta do filho pródigo à casa que o viu nascer.
                Contudo, pelos corredores dos alambrados ele perdeu-se e não consegue achar seu caminho de volta, prolatando descaminhos na aspereza das urzes do estradeiro, que esconde o iminente despenhadeiro como abutre que sobrevoa sua presa disforme.
                Que fim bucólico do guasca tapejara de outros tempos, que foi taura em diferentes guerras, revoluções e escaramuças de toda ordem!  
Acabaram os tempos e ele tomba inerte sobre as encilhas, suas mãos crispadas não soltam as crinas do pingo, que no despacito segue a jornada até o final. A ave sonora faz sua despedida no clarim campeiro quando do toque de silêncio, que cala fundo na noite soturnal, do desvanecimento total! Assim é a vida!
Pensemos nisso!
ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

sábado, 16 de junho de 2018


                                                     SAUDADE REDOMONA!

                O sol da tarde caindo, bem lindo o céu nessa hora que a luz do dia vai mermando, mermando, até cair de todo no horizonte fugidio!
                É a solidão da campanha do guapo de antanho, que assombra de quando em vez a alma rude, mas o chimarrão não o deixa sozinho e no tição da brasa acesa, na trempe da saudade, suas mágoas desabafa.
                Deixei para trás horizontes e na busca de novas fontes, desenfreado saio. Um dia, cantarei de novo a beleza deixada, a do largo e meu mate de espera terá companhia no jujo da maçanilha enfeitando como china caborteira, a vida do peão!
                Meu catre não estará mais vazio e os pelegos aquecerão meu corpo cansado das lides dos viandantes sem rumo e de destino incerto. Sou parte da querência como centauro de homem-cavalo em um só, na memória do índio vago, que erra pelas coxilhas e canhadas infindas, no trote do pingo aguaxado.
                Aos coices, meu coração me leva a lugar algum, pois não vejo mais o verde dos campos. Meu rancho virou tapera e a coivara tomou conta dos lugarejos e vilas das minhas saudades!
                Aos arrancos da lembrança, repuxos e um gosto amargo na boca, sobressaem das agruras que tento cabrestear, mas, nas dificuldades dos retouços da vida maleva, que escoiceia sem parar como cavalo redomão, changueio sentimentos no flete fogoso da esperança, que me trás novo alento!
                Na bruaca, escondo os escolhos da vida secas que são restolhos da pregressa existência vã, que se esvai nos rios, que são lágrimas que de tão salgadas, formam novos mares, nos recônditos imersos na chucresa da vida gaviona.
                Assim é a vida que segue, na utopia de novos rumos mais alvissareiros, na cancha reta da carreira que se perde nos escombros da saudade redomona!
Pensemos nisso!
ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS- Professor e tradicionalista.
(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twiter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).



quinta-feira, 7 de junho de 2018


                                                  O PENSAMENTO!

Na escuridão da noite, me vejo pensando, desorientado. Não consigo achar um norte para esta fase da minha vida. O que foi feito, está feito, não tem como reparar mais nada.
Será que valeu a pena tanto esforço? Para que afinal? Os teus próximos, já não são mais tão próximos. Uma grande parte, já partiu para a estrada infinda.
Teus feitos, ninguém mais lembra e a solidão toma conta do ser. Não vê mais finalidade do seu existir!
Diante desta reflexão, infiro do por que tantas pessoas se atiram às drogas, largam suas casas e vão morar nas ruas! É o entorpecimento da própria alma, que aturdida, fica sem azimute, no perigoso fio da sanidade e da loucura. Ah! A mente com suas elucubrações e ainda indefinida para estudiosos e cientistas. Qual a explicação afinal? Por que grande parte da humanidade se sente assim?
É preciso escutar dentro de si próprio. Na realidade somos o efeito de nossos pensamentos. Por isso, faz mister emitir bons pensamentos, afim de armazenar energias positivas. É como a sintonia de radio ou televisão. Escutamos ou vemos o que escolhermos.
Pensamentos são coisas vivas e nos influenciam muito mais do que imaginamos. Cultivemos, pois bons sentimentos e não precisaremos ficar acabrunhados, na soledade da inércia e do mundo vazio em que, por vezes, nos encontramos.
Pensemos nisso!
       ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS- Professor e tradicionalista.
    (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).

sexta-feira, 1 de junho de 2018


                                                              EU VI!

Eu vi, em 30 de maio de 1431, Joana D’Arc ser queimada na cidade de Ruão (França) aos 19 anos de idade, por ordem da Inquisição Inglesa, que a acusou de heresia e bruxaria. Ela foi canonizada em 1920.
Eu vi a chamada Idade Média, mil anos de escuridão, quando uma simples desconfiança, os fiéis súditos eclesiásticos faziam valer sua autoridade em nome de um Cristo vingativo e cruel. Foram no mínimo milhares de mortos sob o fogo, para expurgar o demônio.
Eu vi, chegar a Idade Contemporânea e com ela nos dizemos pessoas inteligentes. Eu vi irmos à lua, conquistarmos o espaço, estarmos em pleno tempo quântico, criarmos clones de nós mesmos. Eu vi nos comunicarmos instantaneamente com todo o planeta e nos concebermos, como ser humano, na acepção legitima da palavra.
Eu vi os últimos dias, no entanto, cenas da idade média. Em toda a nossa Pátria, chamada do Evangelho e por muitos, considerada “coração do mundo”, eu vi como dantes muitos viram, o dantesco surgindo, como se tivéssemos voltado ao passado longínquo da inquisição romana.
Não, ninguém foi queimado em fogueira atroz visível a olho nu. Mas eu vi línguas de fogo da inquisição hodierna a cuspirem sua ira e sua violência numa vil e ferina acusação de “heresias” dos novos tempos.
Eu vi, o vilipêndio que sofreram as pessoas que foram também humilhadas porque queriam colocar combustível em seus carros e motos, numa acusação de anti-patriotismo, de ignorância, de covardia e outras palavras impronunciáveis.
Eu vi o julgamento do pretérito voltar e senti de novo na própria pele o queimar do fogo inclemente a dilacerar as carnes num gozo impar dos algozes!  Seremos os novos juízes da inquisição? Nas dificuldades se conhecem as pessoas. Quem sabe os problemas de cada um! Quantos ali estavam, porque precisavam levar seu filho numa viagem urgente para um transplante, por exemplo. O drama individual das famílias? Ah quem sabe... não eles eram a ralé do povinho.
Eu vi o meu povo transformado e transtornado no primeiro obstáculo encontrado, eu vi as trombetas a tocarem o hino do Aqueronte, o rio da morte, no desespero da vida a esvair-se.
Eu vi e fiquei acabrunhado, triste... os  rostos crispados dos meus irmãos que me fez sentir o antanho irracional, que já vivemos e que deveríamos ter extirpado do nosso imo!
O Cristo disse: “Não julgueis para não serdes julgados”. O amor é o meu dardo!
“O olho por olho e dente por dente” não cabe mais. Por isso, sejamos fraternos, façamos a nossa meia-culpa, busquemos a paz que tanto almejamos e que, às vezes, nós mesmos nos afastamos dela.  Pensemos nisso!
ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.
(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).

quinta-feira, 24 de maio de 2018


SAUDADE DA QUERÊNCIA!
Querência é a seiva da água límpida a correr na mata virgem, quando a nata da natureza intocada floreia no jardim das miragens inoculadas da brisa suave, a trespassar na aquarela de cores, na insofismável beleza da criação Divina.
                É o Éden sonhado pelos ideais do homem na utopia dos tempos de hoje, onde a correria para chegar, não se sabe onde, leva o vivente para a hecatombe do despenhadeiro sem fim.
                No entanto, a soledade das delicias perdidas nas memórias latentes, vez por outra, se sobressaem às amarguras das intempéries nos solavancos soturnais, nos insensatos torvelinhos da gesta campeira, quando a força do braço não atinge mais, a grande redondilha da vida.
                A saudade de antanho, volta a galope ferindo o coração numa mágoa estreita, o tridente fere, e a alma chora no estribilho da canção, pelo sentimento de abandono nas entrelinhas da tristeza que toma conta do ser!
                Não terá mais solução, na agonia da última tropeada do ser utópico? E os pirilampos que iluminam os campos nas noites de breu, da grande pampa, serão extintos? Entretanto, as brumas do amanhecer, aguardando o sol nascer, indicam que tudo volta ao normal, no horizonte da vida que reinicia.
                Se assim não acontecer, não terá mais solução. Portanto, a querência ainda está aí com todo seu esplendor. É preciso, pois, virar a pagina e fazer nova escrita, no folhetim da vida integral no seu triunvirato maior: matéria, sopro e seiva, num complemento final da sina que segue, como fruto sazonado do vai e vem, à volitação da liberdade como desiderato alcançado.
                Pensemos nisso!
           ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.
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quinta-feira, 17 de maio de 2018


                                                SALVADORES DA PÁTRIA!
                No decênio farrapo, nossos avoengos lutaram por ideais republicanos, tanto é que, fundaram uma res publica (coisa pública) do latim, onde o poder fosse dividido e não a mando único, ditatorial e desde essa ocasião, se fixou o poder maior num mandante, ou seja, no seu presidente (sistema presidencialista).
                O nosso povo, ainda acostumado pela cultura adquirida, onde donos de estância, coronéis e chefes de tropas eram as mesmas pessoas que adquiriam essas condições conforme as situações vividas e sempre ditaram o que fazer aos seus comandados, submissos e humildes pelas próprias conjeturas e forma feudal, imprimida desde tempos imemoriais.
                Naqueles tempos, talvez precisassem sim desses senhores, padrinhos dos filhos que nasciam nos galpões enfumaçados das fazendas, onde o amém era palavra constante no dia-a-dia.
                O tempo passou, a evolução chegou a todos os cantos e recantos das nossas plagas e ainda não aprendemos a caminhar com nossas próprias pernas. Ainda precisamos de salvadores da pátria, não acreditamos em nós mesmos, precisamos de alguém que nos diga o que e como fazer!
                Inferindo, devemos repensar nossas atitudes. Afinal, temos livre-arbítrio, os senhores feudais, já é passado, o herói nacional é mito, os caudilhos só em quadros das paredes da casa grande, os estadistas, só na memória dos saudosistas e nas reminiscências de um passado glorioso.
                Homens de palavra, que a mantinham a custa de seu próprio sangue, só nas paginas amarelas de livros históricos.
                Portanto, senhores! Acordemos para o nosso próprio destino e façamos nossa própria historia, sem endeusamentos de pessoas, sem mitologias e paganismo, busquemos então nosso desiderato, sem homens que governem leis, que possamos fazer uma nação de seres pensantes e que nossa essência, boa por natureza, possa viralizar, formando um povo coeso e unido em prol do bem comum.
Pensemos nisso!
                    ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.
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quinta-feira, 19 de abril de 2018


PROGRAMAS TELEVISIVOS!

                Fazendo uma analise dos programas televisivos no Brasil, verificamos aturdidos o nível em que estamos, em matéria da moral e dos bons costumes, ou isto também não é politicamente correto, haja vista o alto IBOPE que os tais alcançam.
                Qual a cultura que esses programas trazem à família brasileira? Ficar espiando pela fechadura o que fazem as pessoas dentro de uma casa? O que isso traz de bom às pessoas?
                Verificamos, na realidade um verdadeiro descalabro situando-se em que, o núcleo familiar está sendo desmoralizado. O que foi ensinado por nossos avoengos, relegados aos museus dos escaninhos mentais.
                E pasmem, os participantes dos ditos programas se tornam verdadeiros heróis, com participações globais em outros horários dos respectivos canais. Será que é isso que queremos para nossos jovens e crianças? Aprender a tirar proveito de todas as situações, fofocas, amor debaixo do edredom, traições e tantas outras situações criadas, como se tudo fosse o mais natural possível!
                Só a verdadeira educação salva este País! Numa época difícil, em que a moral cristã se debate com a moral de ocasião, em que a violência cotidiana, seja no trânsito ou assassinatos, é uma verdadeira hecatombe, onde morrem mais que as guerras em redor do planeta, em que a convulsão social, cada vez aumenta mais, todos os cidadãos conscientes devem se perguntar, o que intimamente cada um está fazendo, para minorar esse estado de coisas!
                Já não chegam as novelas em que deturpam e cada vez mais procura destruir aquilo que de mais sagrado existe, que são os vínculos familiares, ainda damos guarida a programas apelativos de todos os naipes?
                E agora também apareceram as redes sociais como Face book e outros, onde se derramam o fel do desamor e a acridade do coração empedernido num sofrimento atroz, numa demonstração do aprendizado do tudo vale, do egoísmo e orgulho sem par, na destruição de virtudes e valores primordiais numa sociedade fraterna.
                Inferindo, devemos fazer a “mea culpa”, ”botar a boca no trombone” abstraindo-nos das inflamáveis e estéreis discussões, aproveitando a oportunidade para realmente educar os nossos filhos e lutar por uma humanidade melhor, onde possa reinar a paz em nossos corações!
                Pensemos nisso!
          ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS- Professor e radialista.
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                                                MEMÓRIAS –(1964)
                Corria o ano de 1964, por aí, quando fomos convidados a irmos num aniversário no interior de Guaíba. O aniversariante era o pai da nossa amiga Santinha, lá de Pantano Grande, que era esposa do saudoso Patrocínio Franco, mais conhecido por Branco, também grande amigo nosso.
                Era um sábado e tínhamos um fandango (naqueles tempos praticamente só fazíamos fandangos) no CTG Tropeiros da Amizade e os ditos só terminavam, nesta época, ao amanhecer o dia. O Juarez de Freitas Lopes, sua esposa Velocina, todos também de saudosa memória, seu filho Rudimar, mais José Carlos dos Anjos, hoje na Pátria espiritual e eu, na ocasião com 16 anos, pegamos o ônibus e rumamos para Rio Pardo, onde o Branco nos esperava na rodoviária.
                Naquela época, o Branco morava na fazenda Pastagem Nova em Volta Grande e dali rumamos para Guaíba numa caminhonete F100 lotada com o nosso pessoal e a família do Branco. Ainda não tínhamos dormido nada e fomos direto para a fazenda do seu sogro.
                Em lá chegando, a festa já estava começando com a chegada dos convidados, que eram muitos e a carneação já estava avançada. Passamos o dia fazendo festa, tocando, cantando e “encantando” todo aquele povo que lá se encontrava. Afinal, éramos os artistas, “naqueles tempos”.
                À tardinha, quando a festa terminou, o sono começou a bater e ainda tinha a janta com bate papo com o fazendeiro, por sinal, um homem muito circunspecto e de costumes antigos, que enfrentamos com galhardia e só depois do Grande Rodeio Coringa da Rádio Farroupilha das 20 às 22horas, alias, programa obrigatório dos domingos à noite, é que fomos liberados para finalmente dormir. (que sono).
                No outro dia, à tarde saímos de volta pra casa. A viagem era longa (ainda era estrada de chão) e nessa volta aconteceu um acidente quando o Branco, que era o único motorista, teve uma crise epiléptica e na cabine estava sua esposa Santinha e uma empregada da fazenda. Nenhuma das duas tinha nem ideia de como dirigir um carro.
                A F100 desgovernada, depois que bateu em caminhão boiadeiro seguiu fazendo zig zag pela estrada cheia de pedras com o motorista desmaiado e com o pé no acelerador. Foi quando o Juarez saltou da carroceria para chegar até o volante e eu saltei atrás ficando os dois agarrados na parte traseira, porque a caminhonete aumentou a velocidade.
                Quando não agüentamos mais ficarmos agarrados caímos rolando pela estrada na noite escura como um breu. Lá adiante, o Branco acordou do desmaio e freou o carro e por sorte ainda em cima da estrada. Dos dois lados, barrancos profundos.
                Foi um estrago. Ficamos bastante feridos principalmente nos braços e nas mãos (tenho marcas até hoje) e fomos para a fazenda do Branco, agora com o Juarez na cabine para qualquer eventualidade e passamos o resto da noite na Volta Grande com alguns curativos. Foi uma noite de cão e somente no outro dia é que fomos conduzidos até a rodoviária de Rio Pardo, para finalmente, regressarmos à Santa Cruz do Sul e sermos encaminhados ao posto médico.
                Mais um pouco da nossa história para a posteridade!
            ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS –Professor e tradicionalista.
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quinta-feira, 5 de abril de 2018

                                                    DANÇAS DE SALÃO!

                Historiando sobre as danças de salão, é interessante saber que o Brasil só começou a praticar essa modalidade a partir de 1915, quando veio para cá essa novidade, vinda dos grandes salões europeus a começar pela valsa, em 1815 em Viena, capital da Áustria que logo espalhou para Paris, capital cultural do Planeta.
                No Brasil, foi criada pela Madame Louise Frida Poças Leitão, ou Madame Poças Leitão, uma escola de danças de salão que entre muitas regras tinham algumas que eram pontos de honra, como por exemplo: proibidos, chicletes, tênis, sapatos sem meias, recusar convites à dança.
                O lenço de bolso é item obrigatório para os homens enxugar o suor, inclusive da dama. Até 1970, os alunos eram obrigados ao uso do terno e gravata e as alunas, ao vestido ou saia, com meia de seda e saltinho. Inclusive, o lenço também servia para não sujar o vestido da dama, quando usado na mão direita do cavalheiro no momento da dança.
                Para se “tirar” para dançar, o cavalheiro fazia uma leve inflexão de tronco, mantendo os pés juntos, dizendo palavras mais ou menos assim: a dama quer me dar a honra desta dança, ou contradança?
                O cavalheiro poderia beijar as mãos das senhoras, jamais das senhoritas. Quando terminava a dança o cavalheiro conduzia de volta a dama ao seu local de origem.
                Também como etiqueta importante para os padrões da época era nunca cumprimentar alguém usando luvas.
                Aqui na região de Santa Cruz do Sul da década de 1960, 1970 criou-se o chamado carioquinha que era uma variação nas vaneiras dançadas 2x2 e a gurizada do CTG Tropeiros da Amizade, começou a dançar o 2x1 e pegou tanto que até hoje muitos dançam o carioquinha que, pela oficialidade só poderia ser dançado nas milongas.
                As danças de salão não podem ser automatizadas, robotizadas, isto é, faz isso, faz aquilo e nada de criação. Dança é uma simbiose, mente e corpo e dentro do ritmo, deve-se deixar os dançarinos fluírem em seus passos. Até doenças como depressão, são curadas no simples ato da dança.
                Essa é, portanto, a origem das danças de salão e que se espalhou para o todo o Brasil sendo que, cada estado da federação ficou com suas peculiaridades.

     ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

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sexta-feira, 30 de março de 2018


                     ALGUNS FATOS IMPORTANTES DO DIA 1º DE MARÇO!
                Em 1565, Estácio de Sá funda a cidade do Rio Janeiro, uma das mais belas metrópoles do planeta.
No inicio da década de 1930, o coronel José Pereira, da cidade de Princesa Isabel, do Estado da Paraíba, se rebelou contra o presidente João Pessoa, que queria desarmar os coronéis. Dentro do contexto do momento, de 1894 a 1030, paulistas e mineiros se revezavam na Presidência da Republica. A chamada República café com leite. São Paulo, maior produtor de café e Minas Gerais na produção de leite.
                No entanto, em 1930 o então presidente, o paulista Washington Luis quebrou o protocolo e indicou outro paulista, Júlio Prestes. Os mineiros, não aceitaram e se uniram ao Rio Grande do Sul, indicando a candidatura do presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Getúlio Dorneles Vargas para presidente, tendo como vice, João Pessoa que rompeu com o partido Republicano paulista. Daí vem o “NEGO” da bandeira da Paraíba.
E no sertão paraibano foi criada a República da Princesa. Contudo, em outubro deste ano Washington Luis, com a morte por assassinato, de João Pessoa em julho deste mesmo ano, termina com a também chamada, Revolta da Princesa, que teve um saldo de mais ou menos 600 mortos.
                Em 1945, Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, assina a Paz de Ponche Verde, local situado em Dom Pedrito, terminando com a Guerra dos Farrapos, que estava completando 10 anos. Um dia antes, Davi Canabarro pelo lado dos rio-grandenses já havia assinado os termos da paz.  Nesta época, ainda não éramos conhecidos como gaúchos e sim rio-grandenses.
                Em 1923, morre o Águia de Haia. O grande Rui Barbosa que, de tantas obras deixou à posteridade uma de suas pérolas que serve até nossos dias: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

      ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.
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                        AFINAL, GETÚLIO VARGAS ERA CHIMANGO OU MARAGATO!
                Rememorando a história rio-grandense a partir do final do século XIX, vimos que com a Proclamação da República em 1889, é lançada nova ordem política e social no Estado.
                Os Federalistas, na liderança de Gaspar Silveira Martins, grande senador e tribuno na monarquia e que queria o regime parlamentarista e federativo de governo é perseguido por Julio Prates de Castilhos, republicano e seguidor do positivismo de Augusto Comte e que desejava um executivo forte, enquanto, por outro lado, um legislativo débil.
                Diante disso, estoura a Revolução Federalista, (1893 – 1895). As cores de lenço, como símbolos maiores de ideais. Maragatos, revolucionários (lenço vermelho), Pica-paus na manutenção do regime nascituro (lenço branco), legalistas.
                Em 1903, morre Júlio de Castilhos, então com 43 anos (câncer na garganta) e segue seus ditames, Antônio Augusto Borges de Medeiros na Presidência do Estado.
                Em 1923, nova Revolução irrompe no Estado, ainda governado por Borges. Assis Brasil, nos mesmos ideais de Silveira Martins, quer derrubar a saga dos lenços brancos, agora chamados de Chimangos, numa alusão ao nariz adunco do Presidente (parecido com uma conhecida ave do nosso pampa com mesmo nome). Um famoso poemeto da época, escrito por Ramiro Barcelos, retratava a figura de Antônio Chimango.
                Em 1925, acontece a pacificação do Estado na famosa “Paz das Pedras Altas” onde prevaleceu que não haveria mais a reeleição do famoso Presidente.
                Em 1928, é eleito presidente do Estado, Getúlio Dorneles Vargas, seguidor Castilhista e de Borges, portanto, chimango, (lenço branco). Vargas tinha três gerações de lenço branco.
                Entretanto, durante a Revolução de 1930, comandada por Getúlio, quando foi derrubada a chamada República Velha, um fato chama atenção. De acordo com o jornalista e escritor, Carlos Heitor Cony, quando ele se deslocava de trem rumo ao Catete no Rio de Janeiro, ao passar por Curitiba acontece algo curioso. Ele viajava com uma farda e ao pescoço seu infaltável lenço branco, até então inimigo figadal dos lenços vermelhos. (se degolavam pela cor do lenço).
                A dita caravana da vitória, ao chegar à capital do Paraná encontra um clima de emoção devido a um estudante que morrera num combate ocasional na defesa da Revolução. A cidade preparou um velório de herói nacional. O chefe supremo da Revolução resolve ir às exéquias e lá encontra a mãe do jovem que o abraça e diz que entregara seu filho à Pátria e a Revolução.
                Getulio, emocionado retira seu lenço do pescoço e coloca sobre o rosto do estudante como uma condecoração. Ao sair, se aproxima um cidadão e faz um gesto surpreendente.  Retira do pescoço um lenço vermelho e coloca no pescoço de Vargas que também, para espanto de todos, deixa o lenço maragato e agora como revolucionário segue à Capital da Republica, num grande simbolismo de que a paz deveria ser selada entre chimangos e maragatos!
Getúlio, portanto era chimango e extemporaneamente usa o lenço maragato numa demonstração de honra e cavalheirismo próprio de sua estirpe.
                Inferindo, que tal chimangos e maragatos? Pensemos nisso!
         ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.
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quinta-feira, 22 de março de 2018


                                                           INFÂNCIA PERDIDA?
                Na recordação infrene da minha infância, sinto vibrar nas últimas fibras do meu coração, aquilo que meus pais tentaram me passar, uma família, um lar com todas as dificuldades inerentes à época.
                Com o que se plantava, nos alimentávamos, vivia-se exclusivamente daquilo que era produzido pela terra. Todos trabalhavam, do mais velho ao mais novo. Os mais velhos ajudavam na criação e educação dos mais novos.
                Todos viviam na casa grande, a mesa grande, o pai numa ponta e mãe na outra. Duas cadeiras postadas para cada um. Nas laterais, dois grandes bancos de madeira onde assentavam a filharada, de um lado os crescidos e de outro os pequenos, arteiros por demais, não podia se misturar com os outros.
                Imagine doze, treze, quatorze pessoas à mesa nas refeições. Ninguém pegava seu prato e ia para seu quarto, até porque os quartos eram todos de todo mundo, exceto os pais. O pai abria à hora sagrada com uma oração, normalmente de improviso. Feijão, arroz, milho verde (inelutável), pão de milho feito no fogão de barro, carnes e peixes nem sempre tinha.
                De quando em vez, se carneava um capão, um porco gordo ou galinha caipira, tatu que o pai caçava e peixes dos arroios e rios do lugarejo, frutas do mato, como guabijú, pitanga, amora, araticum, araçá e tantas outras.
                Assim vivi minha primeira infância e aí me pergunto? Será que foi uma infância perdida?  A tecnologia de hoje nem se pensava. Vejo nos dias hodiernos, as casas são de passagem, não parecem ser mais uma família, pelo menos como conheci e ainda me dizem que é tudo normal, que é o progresso!
                Mas que progresso é esse, onde não se reúnem mais nem nas refeições! Naqueles tempos, se inventavam histórias, abrindo as mentes e a inteligência, sem a televisão ou outro similar à frente da criatividade, pronta a brotar em cada ser!
O progresso desuniu as pessoas, esta é a realidade!
                A família não pode perder sua finalidade maior. Ser tese basilar para uma sociedade que cultiva suas tradições e sua cultura. Não podemos ser engolidos pelos estrangeirismos que maculam nossos usos e costumes!
                Acompanhar a evolução sim, mas não perder o tino, seguir na verga, como diziam nossos avoengos, mantendo as virtudes da herdade ancestral, como desiderato no frontispício que norteia o verdadeiro cidadão!
                Não, a minha infância não foi perdida! Pensemos nisso!
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quinta-feira, 15 de março de 2018


                               HISTÓRIA DA MÚSICA II- MINHAS MEMÓRIAS!

Na continuação da história da música e sua correlação com a música gaúcha, nas minhas memórias, lembro da Dupla Mirim, depois se tornou os Mirins, com a formação primeira em 1958, de Francisco Castilhos com 14 anos e Albino Manique com 12.
Esses meninos foram sinuelos para muitos outros guris, que na época, difícil para a nossa música, despertaram a veia artística nas duplas que se iniciavam.
                Aqui em Santa Cruz, surgem o Cliff e o Joãozinho na Dupla Os Araganos. Nesta mesma época, já cantavam Santa Cruz, Garoto e Garotinho, na mistura da música sertaneja e popular Brasileira, mas buscando, a identidade própria da música terrunha.
                Campeiro e Campinho seguem seus passos, Pereira e Pereirinha fazem os seus ensaios iniciais, Cereja e Cerejinha, (Cerejinha é o amigo Dorival de Oliveira Ramos), Tropeiro e Tropeirinho (Eli e seu irmão Antônio Teixeira), Scherinha e Maringá, após a morte trágica do Cereja num acidente de trem, (Scherinha é o amigo Eliceu Werner Scherer e Maringá é o mesmo Cerejinha com outro codinome).
Neste segmento, na década de 1970 aparece a dupla Cambaú e Piraci (Cambaú era o soldado Figueiredo, na ocasião prestando o serviço militar no Exercito e faz dupla, muito boa por sinal, com o amigo de saudosa memória, Artur Teixeira.
                Alem das duplas, começam também a surgirem trios e quartetos na maioria das vezes, a dupla de violas ou violões, acrescenta um acordeonista para harmonizar ainda mais a música. Surge Cataúba, Itaúba e Zequinha no acordeon (o Zequinha, irmão do amigo acordeonista Lídio Frantz), Cataúba era o brigadiano Nascimento, já na pátria espiritual, Itaúba o mesmo Dorival, e a dupla os Araganos acrescenta o maestro Marciliano José Rodrigues, no violino.
                A partir de 1977, uma nova fase na música surge. Começam a aparecer os grupos musicais com a fundação do conjunto Os Nativos do saudoso Valdir dos Santos, pioneiro neste estilo. Até este ano, as entidades como CTGs e afins, tocavam seus bailes e fandangos com a prata da casa tendo uma palhinha das entidades coirmãs.
                Na década de 1980, é fundado pelo Hilário dos Santos e Braulo Brasil, Os Campeiritos, logo após, Geraldo Schmidt funda Os Buenachos, Os Filhos de Santa Cruz, fundado por Derli Silva, hoje pastor da Igreja Quadrangular, Vozes do Campo com o Vacaria e seus Irmãos, com o acordeon da esposa Virgínia.
                Na década de 1990 surge os T4 (os quatro Tropeiros), Cliff, Amaury, Sérgio e Celson de Lima, recordam em quatro vozes distintas, com músicas do saudoso Euclides Pereira Soares, arranjos do Cliff, os tempos idos vividos no CTG Tropeiros da Amizade.
Neste mesmo tempo, é fundado pelo amigo Ademir Kretzmann, Os Tropeiros, mudando com o passar do tempo para o Grupo Sinuelo. Também nesta década é criado pelo amigo Tito Lopes, o Grupo Alma Campeira, mudando o nome após a mudança do milênio, para Toque de Vaneira.
Surge também nos últimos tempos, os Novos Tropeiros com o acordeonista Leonas e o Baixista Leléo. Lídio Frantz, recria após muitos anos de inatividade, os Campeiritos.
                O Grupo, o Desgarrado também aparece nesse momento e surge a voz do Antoní Pereira dos Santos. Este grupo foi fundado pelo radialista e advogado, o amigo Luciano Reyes.
                Em 1996, surge um trio que encantou o Rio Grande e a Europa. Alma Gaúcha, campeão do Fegart deste ano e após destaque na Espanha e na Rússia. Era formado pelos irmãos, Zoraia, Cristina e Antoní Pereira dos Santos.
                As duplas, trios e quartetos que animavam nossos CTGs, infelizmente ficaram tão somente na memória. Os programas radiofônicos, que incentivam a formação musical dos jovens já não existem mais.
                Está aí mais um pouco das minhas memórias. Pensemos nisso!
     ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.
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quinta-feira, 8 de março de 2018


                                            HISTÓRIA DA MÚSICA. MINHAS MEMÓRIAS!
                Sou do tempo, ainda guri, em que as músicas só eram ouvidas pelas rádios existentes. As letras, só naqueles livretos antigos que vinham por correspondência. O pai José Altivo, tinha reembolso postal. Ele também trabalhava com relógios, consertava, trazia através dos correios e revendia.
                Década de 1950, daí começa minhas memórias, ainda na localidade do Ligeiro, nome dado pelo rio Ligeiro que por ali passava e depois, Barros Cassal. Pai José tinha um rádio antigo carregado à bateria. Luz elétrica nem se sonhava. Ouviam-se as rádios de São Paulo e no máximo a rádio Farroupilha de Porto Alegre. As músicas, em seus ritmos era tão somente as sertanejas. As chamadas de raiz.
                Valdomiro Mantelli, após casar-se com a mana Ofhir ia seguidamente trabalhar lá em casa na roça. Saia com ele na carroça, ele tinha um vozeirão e cantava muitas músicas como Chico Mineiro, Cabocla Tereza, Tristeza do Jeca e outras. Não existiam, as chamadas músicas gaúchas. O sertanejo e o gaúcho se misturavam, inclusive nas rádios da capital.
                As Irmãs Campesinas na rádio Difusora cantavam músicas assim. Caminhos da Serra era sucesso na época... vestidas de prendas. Era normal.
Começam a surgir as músicas campeiras ainda com certa mistura. Osvaldinho e Zé Bernardes, a chamada Dupla Campeira, aparece na rádio Farroupilha e outras da capital. Historicamente já se sabia que o Gaúcho Alegre do rádio, Pedro Raimundo na década de 1930, o precursor do Rei do Disco, Teixeirinha, fazia sucesso com seu regionalismo, cantando pilchado, nas rádios do Rio de Janeiro. Adeus Mariana era seu maior sucesso.
Cantando também a terra, surge agora, os Irmãos Bertussi.  Honeide e Adelar, talvez seja o divisor de águas nesse contexto para o canto à terra, a música gaúcha, que aos poucos, vai ganhando espaço. Lembro que quando tinha filme no Café da então Vila de Barros Cassal, o musical de abertura eram músicas dos Bertussi.
                Década de 1960, as chamadas músicas gaúchas começam a ser mais ouvidas devido a programas como Grande Rodeio Coringa da Farroupilha com Darcy Fagundes e Luiz Menezes, Céu e Campo, do poeta Dimas Costa na rádio Difusora e outros que dão força ao aparecimento do novo estilo.
                Surge então o grande Teixeirinha que agora canta a música regional, uma mistura da sertaneja, popular brasileira e a gaúcha. O regionalismo manifesta-se então como sucesso no Brasil todo.
                Década de 1970 uma nova fase na música da nossa terra. Brota do seu seio, A Califórnia da Canção Nativa em Uruguaiana e a música Nativista começa a tomar corpo. Vêm os demais festivais do Estado dando uma nova energia e a bombacha e chimarrão, se tornam moda entre a juventude principalmente.
Com letras bem elaboradas surgem novos e grande compositores da agora chamada música gaúcha que mistura músicas sertanejas de raiz, regionalismo, e do nativismo sobressai agora, a música terrunha, a música campeira e o gauchismo com apoio inconteste do MTG, cria o seu próprio mundo musical, exportando para o planeta, o homem do cantar triste. O Gaúcho.
                Inferindo, acredito que colaborei nas minhas memórias a esse resgate das nossas coisas para a posteridade. Pensemos nisso!
         ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS - Professor de Estudos Sociais e Tradicionalista.