quinta-feira, 16 de novembro de 2017

                                                             ARAGANO!

                O Pingo, que levou mais tempo para domar e mesmo assim, continua arredio, passarinheiro, chama-se aragano. O mesmo se diz, para o índio vago que não se laça com sovéu curto, isto é, que não dobra a espinha, em meio aos entreveros da vida!
                Nos trancos e barrancos da existência cotidiana, me sinto também um aragano, com a alma lavada cheirando a pasto, batendo marca pelo verde sublime da pintura Divinal, nas plagas que aprendi a amar, nas auroras de reminiscências querendonas, que me trás o nativismo e o olor da liberdade, intrínseco no imo barbaresco.
                Ao cevar mais um mate, sinto a esperança que rebrota no mosaico da alegria, do empírico viver gaudério na acepção hodierna do termo, num nomadismo próprio da liberdade xucra, quando a melena solta ao vento, faz voar também o medo, que vez por outra, ressoma na intempérie dos tempos.
                Meu velho pai já dizia: segue teu rumo sem desviar-te dos ensinos dos avoengos, pilastra indestrutível, que conduzirá teu destino na honorabilidade jamais olvidada. Por isso, sou aragano sim, nas querelas dos interesses mesquinhos, que compram consciências dos iníquos ou usurpadores dos ideais inerentes ao Ser.
                Toma mais um mate amigo, na troca da cuia enquanto a chaleira chia, charlamos, porquanto, enxurradas de chasques sub-reptícios, que inflamam o ardor farroupilha na chama ardente do candeeiro crioulo, tentando transmudar aquilo que é a própria essência do porque existirmos.
                É, o amargo se tornou doce como doce era minha mãe, que me ensinava que matear a vida, era vencer os percalços que viriam pela frente, numa torrente de paixões desenfreadas e que o caminho era um só. Filho não transvie, por que, embora ele seja tortuoso, lá na frente encontrarás, não mais desalinhos e sim, a certeza da escolha feita.
Aragano sim, mas com a consciência tranqüila!
Pensemos nisso!
        ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

    (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

                                                     TACITURNO! 

                A vida me fez poeta, a vida me fez cantor. Por isso, canto à vida como faz o sabiá na primavera, que também gorjeia, na expectativa do reencontro das almas em desajuste.
                O homem do cantar triste na visão romanceada faz do taura do sul continentino, diferente, taciturno, mas ao mesmo tempo, sensível, refratariamente contrário aos hodiernos costumes, que se vão implantando a revelia de sua vontade.
                Entretanto, busco soluções nas entrelinhas dos espaços que sobram no burburinho que se forma nos soturnos umbrais, decorrentes das enfermiças mentes elucubradoras dos mais diversos sofismas, responsáveis por um sem número de descalabros e escândalos, que se abatem sobre a pobre humanidade.
                Sem rumo, tateio até encontrar um barco que não soçobrou na tempestade inclemente, que se abateu de forma inopinada e com braços trêmulos, seguro firme como última esperança, de um porvir mais alvissareiro e sinto uma força sobre humana que me dá o ensejo, de no último instante, buscar sua salvaguarda.
                E a soturnidade, com certeza dará lugar, embora entre soluços, a margem de terra firme que se avista logo ali. Preciso acabar com tudo isso. Essa tristeza, depois do vendaval vai embora e sobra nos tentos, o trote do pingo bem aperado, que me aguarda como fiel escudeiro, do homem dúbio.
                E o velho monarca, que parecia perdido, se encontra novamente no jardim florido do Éden, verdejante como paraíso que sempre esteve a sua frente, mas que extraviado na ambigüidade da vileza que turbava sua visão, não entrevia tal vidência.
                Por isso parceiro, tapeio o chapéu sobre a testa e resmungo, a vida é assim, cheia de idas e vindas, mas, tudo passa como o torvelinho do vento minuano, que atravessa coxilhas e canhadas, levando em seu bojo, toda nocividade, arejando e desinfetando os ares dos pensamentos malevas, um dia também quanto menos se espera, a clarividência do porvir a que somos destinados, abrir-se-á num céu sem nuvens, mostrando o porquê da insofismável presença do ser, no concerto universal.
                Pensemos nisso!
        ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS-Professor e radialista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

                                          REALIDADE?

Ao som das cantilenas, os espinhos e as agruras fazem garimpar poemas nos sonhos que nos trazem esperanças, na luta constante da vida reiuna em busca da luz para aquele que está cego.
A terra continua a mesma desde sua formação, os campos verdes todos iguais embora o tempo passe inexorável, em sua rotina imperturbável cada vez mais rápido.
A vida que conhecemos é uma realidade ou é tudo virtual? Não serão tudo vertigens passando como nuvens no firmamento infinito e a qualquer hora acordaremos vagando sem rumo?
Mas, a lua tão bela que em tempos de cheia, parece toda real, não pode ser um restolho da existência nua e crua. E a prenda bela que aguarda na varanda, o clarão do satélite terráqueo, não será a própria esperança trazendo em seu bojo, o bafejo da inefável paz?
Nãos são sonhos, pois já acordei várias vezes e tudo se repete. No alto relevo que retrata a vida, nos abrolhos das ondas dos mares bravios, parece que só o tempo não se repete. Então é real!
As portas do coração se abrem refeitos da visão do que parecia perdido e os olhos infantis da criança inocente, nostálgica, na fantasia da imaginação, se abrem qual cancela da Estância Grande!
Por isso peço, alumia os corredores do andante sem rumo, varando brumas condensadas, pelos pensamentos nebulosos que, lhe turvam os olhos marejados de lagrimas, por não achar seu destino e o bichará, não mais aquece seu corpo esquálido e enfraquecido.
Mas logo ali, vem a saída do labirinto que parecia intransponível, porque alguém adiante gritou, liberdade e como pássaro que voa naturalmente, também a alma liberta, volita sem peso, o ceticismo perecerá e o ser saberá finalmente, que algo maior o espera, na sublimidade da virtude e o grande combustível que deve mover a humanidade em vôos inimagináveis, auferirá, no contrapasso da melodia Divina, os acordes do amor que um dia, será perene em nossas consciências.
Então, saberemos que tudo tem sentido sim e ao acordar, sentiremos que não foi sonho, até porque, o próprio sonho é uma realidade ainda não entendida por nós.
Pensemos nisso!
ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e radialista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).