quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

                                                   ANO QUE FINDA!

                Ao chegar o fim do ano de 2016, quero externar os meus agradecimentos a todos que, de uma forma ou outra, prestigiaram os meus artigos que despretensiosamente escrevi.
                Com o intuito de mostrar uma experiência de mais de 50 anos no tradicionalismo gaúcho e também como cidadão de minha terra em outras áreas que milito e também no despertar de uma noção poética até então latente em meu subconsciente, que de forma abrupta abriu-se como a flor que se esconde à noite e no sol resplandece com pétalas macias.
                Sei que não agradei a todo mundo, tenho consciência disso e até a esses, quero agradecer porque serviram de instrumentos para o meu melhoramento, mormente no que tange ao orgulho e presunção, que vez ou outra, podem aparecer à nossa frente.
                Por isso, peço vênia e desculpem a este velho xiru por alguma improbidade ofensiva à suscetibilidade de cada um.
A minha intenção foi de sempre ajudar a sociedade e as pessoas em particular, a se auto melhorarem, começando pela reforma íntima de cada um, fazendo verdadeira assepsia, retirando os monstros que porventura possam habitar o imo de nosso ser.
                Por isso, rogo que a luz faça morada em nosso coração e que o clima do renascimento perdure o ano inteiro, desfazendo possíveis mal entendidos entre familiares e amigos, perdoando nossos inimigos, se os tivermos logicamente e finalmente fazer uma grande cruzada de paz e amor entre todos nós.
Inferindo, que toda a humanidade possa caminhar passo a passo, ombro a ombro, rumo à grande fraternidade universal, desiderato que deveremos alcançar.
                Que assim seja!

                ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e radialista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

                                                                  PAPAI NOEL!


Sempre acreditei nos exemplos, a começar pelos meus pais, depois os irmãos mais velhos, os professores etc.
            Todos diziam pra mim que existia Papai Noel. Eu acreditei. Cada final de ano que chegava ficava apreensivo, pensando lá com meus botões, o que o bom velhinho traria naquele ano.
            Seria talvez uma vara de marmelo? Quanta arte tinha feito e a promessa se cumpria e a varinha famosa corria solta... Sabia de antemão dos doces que minha saudosa Maria Eufrásia preparava, com todo seu carinho de mãe desvelada que era.
Havia também e isso é o mais importante os exemplos que os mais velhos passavam. Seguia passo-a-passo essas condutas. O exemplo vem de cima.
Meu mundo era enorme. Embora fosse uma morada isolada no meio do campo, matas ao redor, riachos, picadas, cerros, talvegues. Era aquilo que conhecia e era maravilhoso.
O papai Noel era um ser de contos de fadas, de grande amor, de conduta irrepreensível, edificante enfim, bom por natureza. O que ele dizia, era lei.
Mãe Maria e pai José faziam de uma forma sutil a comparação que me marcou profundamente. Papai Noel, era o Cristo visível para nós.
Presentes, quase não havia, mas, a expectativa daquela noite dadivosa em que se recebia a visita de tão incrível criatura, descendo pela chaminé, deixava a petizada em êxtase. Era uma emoção indescritível.
Um pacotinho feito em casa, para cada um com seus nomes escritos e a felicidade estampada nos olhos brilhantes, no sorriso doce, na meiguice do semblante de cada filho, era também a felicidade de nossos pais.
O mundo ficava tomado de tal encanto que eu queria que aquele momento se tornasse eterno. Na verdade acho que, de certa forma, se eternizou, pois aquela emoção e alegria que sentia nos Natais de minha infância continuam renascendo todos os anos dentro de mim.
Por isso, gurizada de hoje, aproveitem o verdadeiro Papai Noel na vida do Mestre, renascido em cada coração de pais e filhos na grande harmonização que deve imperar na humanidade tão carente de luz, de paz e amor!
            Se, Papai Noel é isto, então acredito Nele ainda!
            Isto se chama felicidade!

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e radialista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

                                                CHAMAMENTO À PAZ!

                Igualdade cívica, a dignidade da pessoa, a democracia, a solidariedade, o respeito, são valores humanos e cristãos assimilados no exercício do ato de educar, devendo ser vivenciado pela comunidade em toda a Nação. Este é um ato de amor!
                Precisamos despertar os valores, que de repente, podem ter ficado adormecidos em nossa consciência. A começar pelas nossas escolas de educação infantil cujos educadores precisam ser mais valorizados, pois ali começa a ser criada uma nova concepção de ser humano.
                Mas como conseguir essa paz que parece cada dia mais distante da nossa realidade, pois, a violência coabita conosco em escala alarmante? Acredito, salvo melhor juízo, que somos os principais responsáveis por este estado de coisas.
                Porque desta afirmação! Basta indagarmos o nosso ego, isto é, examinarmos a nossa consciência. O que preciso fazer para alcançar a paz? Precisamos abafar e destruir em nosso coração, o orgulho e o egoísmo que são as duas maiores chagas da humanidade.
                Abafando a humildade e a caridade, as duas maiores virtudes, as duas outras fazem com que nós queiramos ganhar dos outros a qualquer preço, não ligando para aqueles que atravessam nosso caminho.
                Os pequeninos citados anteriormente, com certeza olham nossos exemplos e veem nossos corações empedernidos a germinar como um grão profundo de desarmonia e desamor.
                Deixemos aflorar as duas maiores virtudes abertas à luz para que a paz tão buscada por todos se torne realidade. Esta paz tem necessidade do húmus do nosso coração para fazer brotar as flores da esperança do porvir.
                Deixar entrar a paz em nossa alma a começar pelas pétalas dos sentimentos como sementes de um amor novo que se ramificarão pelo mundo inteiro. Deixar entrar a amizade, florir os nossos olhos, como uma porta que se abre à fraternidade, porque também as amizades precisam ser cultivadas a exemplo de uma flor, que necessita de água diariamente para não fenecer.
                Compreendamos uns aos outros, sem perfídias, sem ironias, discussões ruidosas e fúteis, sem desinteligências destrutivas, sem perda de tempo em comentários vagos e inoportunos, amparando-nos reciprocamente pelo trabalho, pela tolerância e pela fé inabalável de que juntos, poderemos atender a este grande chamamento. A PAZ!
ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e radialista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).
                                       A ÁRVORE DA ENFORCADA!

                Defronte a casa onde morávamos em Barros Cassal, na década de 1950, havia uma mata muito extensa que era um dos locais, onde nós, ainda crianças, brincávamos.
                Havia também nesta mata muitas árvores frutíferas, entre as quais o famoso araticum. Tinham todos os tipos desta espécie e nós conhecíamos todas as suas localizações.
                Pois num local especifico, lá no fundo da mata, tinha um pé de araticum de quaresma. Era uma árvore muito frondosa e bonita em que na época propícia colhíamos o delicioso fruto.
                Certo dia, o povoado amanheceu num alvoroço só. Diziam que uma mulher, nossa vizinha, havia se suicidado. A mulher, ainda nova, tinha problemas, que hoje diríamos que era depressão. O seu nome era Lídia e vivia com sua mãe, quase a beira do mato.
                Foi uma correria só. As crianças, sempre muito curiosas, foram as primeiras a chegar ao local do suicídio. Pois não é que, a Lidia tinha havia se enforcado justamente no pé de araticum de quaresma, aquele mesmo que se enchia de frutos!
                Até a chegada da Brigada Militar que vinha de Soledade para a retirada do corpo, nós ficamos ali, praticamente o dia inteiro. Só fomos pra casa almoçar.
                Vimos uma enforcada de verdade, não eram mais só os casos do pai José que, todas as noites à beira do fogão à lenha, excitavam a nossa imaginação. Ela estava com a língua pra fora e tudo mais. É uma cena dantesca, inesquecível, fica para a vida inteira impregnada em nossa mente.
                Passado algum tempo deste fato, nunca mais nos aproximamos desta árvore e seguimos a nossa vida normal. Um certo dia, quando o pessoal da mana Genoveva e do Euclides Pereira Soares que já moravam em Santa Cruz do Sul, foram nos visitar, levamo-los para visitarem a dita árvore da enforcada.
                Éramos todos crianças, o Jair era o mais velho, depois tinha, a Sônia, a Stela, a Gládis, a Célia, a Belinha, o Milton, mais a Terezinha, o Cliff, a Eva e eu.
                Inferindo, quando chegamos à altura da dita árvore, ouvimos de uma forma aterradora, um berro horripilante que, nos fez dar de volta a toda, para a nossa casa. Tivemos que atravessar toda a mata de novo, carregando uns no colo, apavorados com o acontecido.
                Passado o susto, alguns dias depois, o Cliff nos disse que havia sido ele quem nos pregou a peça. Até hoje não acreditamos nisso, porque o grito ouvido era muito esganiçante e pavoroso.
   ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e radialista.

     (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; twitter, toninhpds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Para onde vou, vale a pena levar saudades?

Sigo teatino à estrada que se derrama à minha frente, às vezes enveredando na sina malfazeja das escolhas infelizes, às vezes no rumo aprumado do sorriso largo da racionalidade do filho pródigo, que finalmente aprende a andar solito.
E a saudade redomona, que teima em permanecer quando acabará? Oh! Rincão sem fronteiras acolhe a ânsia deste peão que chora interiormente as perdas inconsoláveis dos amores que atravessaram os limites conhecidos da temporalidade vã, mas que faz tremer as entranhas nos desconsolos do não entendimento dos desígnios maiores!
O céu chorou com a partida, por aqueles que ficaram aturdidos no rebuliço de sentimentos dicotômicos, no atávico ronco do bugio como um grito de aviso. Esta terra é minha!
Lava também minha alma chuva bendita, para que possa entender que a Grande Querência não é aqui!
Esta vivência é tão somente uma pastagem nova, para o povo ainda selvagem ter os rudimentos do acordum realizado nos primórdios dos tempos.
A estrada está vazia na tua ausência, do encanto da tua presença, mas na culatra vens repontando toda solidão que aqui deixastes num salto de prodigiosa e inimaginável consequência.
Fica a saudade indelével do amor que não se despede. As almas irmãs continuam irmãs na eternidade, no sucedâneo longevo de partidas e retornos, nos recuerdos das marcas de cascos no corredor poeirento.
O meu verso hoje é teu. Não te vejo na matéria, mas te miro na essência da alma nobre que nunca se perdeu, do coração magnânimo que se partiu em diversos pedaços, no acolhimento das agruras alheias.
Transcendo a materialidade e alcanço teus objetivos finais, quando apeastes no orbe montado no alazão, alargando a visão no mirante até onde podias alcançar e conseguistes! Por isso o retorno breve aos Campos Elíseos, na certeza da missão cumprida.
Por tudo isso te saludo amigo, irmão, como viajor sinuelo de uma tropa ainda desgovernada pela incúria própria das almas recentes e imberbes.
Ouço uma chamada: incontinente, sigo a jornada!

 Vale a pena levar saudades?

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

AINDA DEVANEIOS!

Mais uma vez milongueando os sonhos que galopam em minha mente, trazendo mágoas como o cavalo que corcoveia nas esporas nazarenas, imitando a vida na luxúria dos pormenores vis que não encontram sedimento na vida guapa do peão errante e gaudério.
O inverno das noites frias que enregelam até a alma do ser inebriado, na corrente malsã da tristeza que teima em permanecer.
A flor do campo que alegrava visões, agora turba suas vistas. Nem o canto mavioso dos pássaros à tardinha, escuta mais.
Que saudades! Das carreiras de cancha reta onde se ganhava ou se perdia de pescoço ou até de orelha. Ah! minha querência, o que fizeram contigo? Onde está teu fulgor, tua constância, onde os homens de valor, de palavra e de honra, que não se escondiam atrás de palavras bonitas, mas de conteúdo dúbio, eram teu apanágio!
Será que tuas façanhas ainda servem de modelo a toda a terra ou de chacota às invasões alienígenas!
Até os mais recônditos recantos da sabedoria, da paz, da introjeção onde se falava consigo mesmo ruminando condutas e virtudes inerentes ao ser humano, perdeu-se na tapera dos sentimentos controvertidos dos neologismos inconsequentes.
Por isso suplico que meu catre não permaneça mais vazio. Que a lua cheia volte a brilhar no horizonte obscuro da vida sem sentido. Que eu possa ouvir de novo o cantar do galo anunciando novo dia. Que eu possa ainda changuear com as mãos calejadas pela faina diária na rudeza do índio vago, sentindo a melodia da natureza bela que afaga e trás novo alento.
Inferindo, que o temporal que caiu consiga varrer todos os dissabores que enodoaram e encharcaram de lagrimas, o rosto cansado do velho xiru.
O mate está no ponto. Vou sorvê-lo na esperança incontida de reencontrar tudo de novo. Minha pampa viçosa, as pitangas gostosas e floridas e a milonga me embalando novamente na música que enleva a alma.
Sopra mais vento desgarrado e a maldade também irá contigo! Vou saborear mais uma vez, o pão de forno feito pelas mãos abençoadas da minha mãe e o que foi, voltará a ser na senda utópica dos meus devaneios!

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS- Professor, radialista e tradicionalista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com; Twitter, toninhopds).

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

                                                      HORIZONTES!

Ombreando mágoas, que deixam marcas como espinhos, que furam a carne fazendo-a sangrar, busco firmar os passos na corda bamba da existência.
O que me espera lá no horizonte largo perdido na distancia, onde cada vez que chego mais perto, fica mais longe! Onde pretendo chegar afinal?
O que existe depois do horizonte? Algo há, é a minha esperança. Aqui não estou encontrando nada, tudo está vazio! Minha alma vagueia numa turbulência sem fim.
Perdido estou! Agora não tem solução! Busco uma luz, não encontro. Como termino com tudo isso? Busco a saída final! Vou me livrar de tudo, apagar de meu ser essa tristeza que me consome, inexorável, corroendo o imo da vida vazia!
É a depressão que chega, violenta, que mata e eu não vejo à minha frente outra estrada a não ser a fatídica, do esquecimento total! Há o cometimento do ato infame!
Ah! Ledo engano! Vi-me o mesmo ser com o horizonte mais longe, inalcançável não encontro mais ninguém! Onde foram todos? Tudo é solidão, tudo é dor, alias lancinante dor, ininterrupta.
As urzes me rebatem de um lado a outro qual um palhaço mambembe, na confusão imberbe da covardia vil do ato final, da fuga insolente da vida fútil, que criou a expectativa de algo melhor que não se consumou!
Nada adiantou! Continuei infreme na busca da paz, do olvido e encontrei o inferno, aquele mesmo pintado por Dante! Agora sim, nem o horizonte largo enxergo mais. Tudo sumiu, ando para todos os lados e não saio do mesmo lugar!
Lembrei: “Haverá choro e ranger de dentes”, frase lapidar que calou fundo em minha mente. Era tudo verdade então! Tinham me avisado. Quanto arrependimento. Se eu pudesse voltar atrás!
Peço clemência de joelhos em terra ao Divino Criador! Finalmente Ele me ouve. Acordo do sonho tenebroso, choro aos prantos, da lição incontestável e da bondade do grande Arquiteto e as lágrimas que molham meu rosto, escorrem para o remanso da felicidade, onde a melodia do cântico do sabiá laranjeira me embala, nas águas límpidas do riacho, sombreado pela mata nativa, intocável da mão humana.

                Muito obrigado, sorrio feliz! A vida é bela. Vivamo-la.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

SEMANA FARROUPILHA DE 2003

Recordando, matuto sobre a Semana Farroupilha do ano de 2003, que foi um marco no tradicionalismo em nossa cidade de Santa Cruz do Sul.
Neste ano, fazia 38 anos dos festejos farrapos e pela primeira vez, houve um engajamento das etnias que compõem o nosso Estado. Buscando na memória, houve oito fandangos no galpão crioulo do Parque de Eventos, recentemente inaugurado, sendo quatro deles com o salão completamente lotado. Nos outros com menos público, mas todos rigorosamente pilchados.
Acreditava-se na ocasião que seria irreversível e de bom alvitre a mudança das comemorações para o referido Parque, já que a estrutura que lá existe, permite um crescimento paulatino das atividades concernentes a esta efeméride.
Bastava aprimorar alguns aspectos que deixavam a desejar e teríamos em curto espaço de tempo um grande acampamento farroupilha, com grandes atrações entrando no roteiro dos grandes eventos tradicionalistas do nosso pago.
As grandes novidades daquele ano foram, alem logicamente da concentração das atividades de todas as entidades num só lugar, a integração das etnias e principalmente o “Projeto Piazito”. Alias, por falar neste projeto, a Secretaria de Estado do Turismo esteve “in loco”, verificando como funcionava o Piazito e saíram daqui simplesmente maravilhados com o sucesso visto.
Segundo a coordenadora da Setur na época, Lenora Schneider, este projeto não poderia parar e seria levado a nível estadual, para que todos os CTGs do Rio Grande do Sul o conhecessem.
Imaginem só dizia ela empolgada: “são mais ou menos 1500 entidades filiadas ao MTG e se cada uma delas adotasse 50 crianças, conforme aconteceu em nossa cidade, seriam então 70 mil crianças tiradas das ruas”, sendo conduzidas para a verdadeira cidadania.
Em Santa Cruz do Sul, foram atendidas neste ano 559 crianças, neste projeto que visou a integração desta petizada à nossa cultura até porque, faz parte da Carta de Princípios do Movimento, a inclusão social de menores em condição de vulnerabilidade.
Alem do Projeto Piazito, mais de 4000 escolares visitaram o parque durante a semana, participando das atividades desenvolvidas pelas entidades tradicionalistas.
Oxalá tivesse sido continuado este Projeto que infelizmente não se vê mais falar. A semente não germinou.
Fica para os nossos pósteros a ideia para que um dia volte a vingar a Semana Farroupilha com um grande acampamento e o projeto piazito desenvolvido durante todo o ano.
Pensemos nisso!

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

                                                          RAZÃO E EMOÇÃO!

Parece que estamos na contramão da história quando procuramos falar pela razão e não pela emoção do momento.
A sábia mãe natureza conspira para um lado ou para o outro, segundo as nossas próprias projeções, naturalmente de acordo com nosso livre arbítrio.
Dentro dessas possibilidades, miasmas se formam na mente e refletem para o exterior quando emitimos energias negativas e nefastas que plasmam figuras fantasmagóricas, atingindo com certeza, quem estiver no caminho.
Por outro lado, paisagens de beleza impar também alimentam os ares quando conseguimos entender, que somos o que pensamos e que poderemos acender a nossa luz emanada do Astral Superior, de quem somos filhos diletos.
Conceitos arraigados na sociedade ávida de ilusões passageiras, de visões destorcidas, cujos valores cada vez mais escorregam por entre os dedos, como se a vida temporal fosse esta mostragem que se visualiza extemporaneamente na sofreguidão de frêmitos dúbios e incongruentes, um dia se dissiparão como se fossem folhas caídas ao chão.
Não, não é assim! Que não percamos, por exemplo, a candura que aparece no rosto de uma criança e de uma mãe que a embala carinhosamente. Esta mãe, é o próprio símbolo do Deus vivo na terra e isto sim, deve ser nosso paradigma de amor que irá inundar nosso orbe na mudança significativa que deve nortear nossa existência.
Será isso tudo um paradoxo? Nas camadas mais profundas de nosso psiquismo, conhecemos a Lei. No entanto devido a nossa incipiente caminhada no mundo evolutivo ainda relutamos em cumpri-la em sua integralidade.
À medida que avançamos a entendemos melhor, e um dia, estaremos vivendo como irmãos fraternos que somos praticando o verdadeiro amor na concepção da Divindade.
Pensemos nisso!

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

                                                        A SAUDADE E A CARRETA!

Cavalgo léguas de solidão ajoujadas na distância que o tempo percorreu na noite negra. A lonjura parece ser maior e a velha carreta que não buzina mais, jogada ao relento da saudade imorredoura de tempos idos.
Ela era a própria liberdade do índio vago, tapejara das coxilhas. Ficou tua sombra como fantasma das eras e da tua madeira só restou o cerne, mas quantas histórias guardas no teu fogo de chão, quando o arroz de carreteiro era o prato do dia-a-dia.
Nas peleias do tempo feio, no chiado da chaleira preta, mostrando o ponto da água para o mate, espumante como o apojo da vaca barrosa, companheiro inseparável das agruras sofridas.
As estrelas, desde a Dalva, na mostrarem das miríades sonhadoras do futuro incerto. Ah, que saudades!
O velho monarca, agora cabisbaixo sente a penumbra vidrando os olhos que, marejados, quer voltar no tempo, como se isso fosse possível!
Sente o desalento, a invadir a alma branca. O menino já morreu nos seus sonhos juvenis que não tinham fim.
No torvelinho que o invade, sente a lembrança dos rangidos, pela estrada poeirenta. Eram lamentos na sapiência daquilo que estava por vir.
Assim é a vida. Amanhã será um de nós e a reminiscência infindável da saudade de priscas eras, consome seu coração, já alquebrado pela idade inexorável que, como a velha carreta, sente também a têmpera antes forte e inquebrantável, agora carcomida pela tristeza a invadir seu ser.
Inferindo, lembro-me do saudoso poeta, cantor e compositor Luiz Menezes, que dizia: “Saudade, ora saudade. A saudade não tem tempo de chorar Pedro Ninguém”.

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS- Professor e tradicionalista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com; twitter, toninhopds).

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

                                               CHASQUES!

                Embora muitos confundam, não houve luta entre Chimangos e Maragatos, na Revolução Farroupilha, acontecida entre 1835 e 1845.
Maragatos vem de Maragateria, uma região da Espanha e que tinha adeptos no Uruguai. Usavam lenço vermelho e quando Gaspar Silveira Martins, senador do Império, se refugia naquele País, por ocasião, da proclamação da República brasileira em 1889, se junta, anos após, a estes maragatos, para invadir estas plagas em 1893, irrompendo, então a Revolução Federalista.
Aí então, acontece a luta fratricida entre Pica-paus, do presidente Júlio Prates de Castilhos, (legalista) e Maragatos de Gaspar Martins, (revolucionário). A chamada revolução da degola.
                Somente em 1923, aconteceu a peleja entre Chimangos e Maragatos.
Na época, comandava o nosso Estado um seguidor de Júlio de Castilhos, Antonio Augusto Borges de Medeiros, apelidado por Amaro Juvenal, (pseudônimo de Ramiro Barcellos), de Antonio Chimango, nome este que vem de um célebre poemeto de sua autoria.  
              Os Maragatos eram chefiados por Joaquim Francisco de Assis Brasil, que por sinal, uma grande parte deles, oriundos da Revolução Federalista de 1893 e que queriam destituir da Presidência do Estado, Borges de Medeiros.
                Borges de Medeiros governava o Rio Grande do Sul desde 1903, quando da morte de Júlio de Castilhos, aos 43 anos, de câncer na garganta.
A marca dos legalistas era o lenço branco, desde os pica-paus de 1893 até os chimangos de 1923.
Voltamos a frisar que, o peão não usa qualquer tipo de cobertura em recinto coberto, ou seja, dentro de galpões, salões de baile. Não entendemos a teimosia de alguns em contrariar estas normas, que pela educação, já se deveria trazer de berço.
A pilcha do peão implica no mínimo nas seguintes peças: botas, bombacha, guaiaca, faixa, camisa de mangas compridas de cor sóbria, colete, casaco e lenço ao pescoço. A camiseta, muito usada nos bailes, só é permitida para trabalhos e nunca para dançar.
O poncho ou pala, não se usa para dançar. Também não se usam armas de nenhuma espécie, sejam a mostra ou escondidas sob a roupa. O peão quando chega à portaria das entidades tradicionalistas, entrega suas armas.
Tradição é, acima de tudo, cultura e não grossura!

                                ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS- Professor e tradicionalista.
DIFERENÇAS ENTRE CLARIVIDÊNCIA, VIDÊNCIA, AUDIÊNCIA, CLARIAUDIÊNCIA E DUPLA VISTA E OUTRAS DÚVIDAS!

A vidência e a clarividência são essencialmente anímicas. Trata-se da visão que o próprio Espírito encarnado tem do mundo invisível. Não há interferência de Espíritos e por isso não deveria (segundo Allan Kardec), ser considerada mediunidade. Mas, para fins de classificação, ele é tida como sendo uma mediunidade. Mesmo nos casos em que um Espírito amigo mostra um quadro projetado no ambiente astral, ainda assim, é o médium quem vê. Há ajuda na formação do quadro, mas não na visão propriamente dita. Vidência é a faculdade superficial. Clarividência, a mesma faculdade, mas com alcance mais profundo, podendo estender-se no espaço e (em alguns casos) no tempo. A dupla-vista é a clarividência, acompanhada da projeção do Espírito no mundo astral. Trata-se do chamado "desdobramento". Entendemos a mediunidade de audiência como aquela em que a voz aparece na intimidade do ser. A clariaudiência é diferente, por tratar-se de uma voz clara, exterior.
Existe a incorporação de Espíritos?
No sentido semântico do termo não existe incorporação, pois nenhum Espírito conseguiria tomar o corpo de outra pessoa, assumindo o lugar da sua Alma. O que ocorre é que o médium e o Espírito se comunicam de perispírito a perispírito, ou seja mente a mente, dando a impressão de que o médium está incorporado. Na mediunidade equilibrada, o médium tem um maior controle de sua faculdade e o fenômeno mediúnico acontece mais a nível mental. Nos processos obsessivos graves (doenças mórbidas causadas por Espíritos inferiores), onde a mediunidade está perturbada, podem ocorrer crises nervosas. Observadores de pouco conhecimento podem achar que um Espírito mau apoderou-se do corpo do enfermo. Foi esse fenômeno que deu origem às práticas de exorcismo.
É certo o procedimento que alguns centros espíritas têm de colocar pessoas, que estão indo pela primeira vez à casa, em trabalhos mediúnicos?
Allan Kardec diz que não se deve lidar com a mediunidade sem conhecê-la. O bom senso e a razão nos falam a mesma coisa. Em todos os departamentos da vida o homem busca aperfeiçoar-se para servir melhor. Sem conhecer o seu ofício não poderá desempenhar a tarefa a que se propõe com conhecimento de causa. Portanto, colocar pessoas para lidar com Espíritos sem se preparar para isso é o mesmo que realizar experiências químicas sem conhecer as leis da química, diz o Codificador. Seria uma insensatez. Os medianeiros devem ser preparados com muita cautela para servir nesse campo. Primeiro devem estar inseridos nos trabalhos habituais da casa, servindo com dedicação e seriedade, transformando-se em trabalhadores. Devem ser instruídos nas aulas sobre a Doutrina Espírita e depois, então, poderão ser experimentados no ministério da mediunidade. A pessoa que chega à casa espírita pela primeira vez com a intenção de servir apenas no campo da mediunidade, não entendeu ainda o papel do Espiritismo em sua vida, muito menos a oportunidade que está tendo de servir com equilíbrio no campo do Bem. Necessita de instrução nesse ponto. Se for sincero o seu desejo de servir, permanecerá no aprendizado. Se não, procurará outra casa que lhe dê o que deseja.



                                                MOLDURA DO SER!

                Pobres, coitados de corações orgulhosos e de mente vã, que só pensam em tirar proveito de sua ganância e insana busca do poder e do dinheiro.
                Fútil, temperado na estocagem da maldade incongruente que leva ao abismo da vaidade e egoísmo, na sofreguidão dos retovos na moldura vazia, onde o próprio retrado não transparece, porque ele é só o quadro, sem conteúdo.
                Mas quem são eles? Nós próprios, na incúria de nossos pensamentos e ações, quando buscamos o eu, o ego inflado, esquecendo o nós, quando olvidamos o outro como igual.
                A jornada prossegue inexorável até a última consequência de atos e fatos nela contidas, como o tento na laçada maior das virtudes concernentes ao ser!
                 Ademais, a vida é fruto de escolhas que fazemos nas invernias, da cruzada grande da existência, eterna marcha dos caudilhos na imorredoura soledade, buscando nas planuras verdejantes, as blandícies e resplandecentes sóis, na imagem indescritível do Criador!
                Finalmente, a chama votiva que brota na alma branca, como o véu de Maria, a Divina Mãe, busca a leveza do ser, parecendo volitar no sorriso largo do vivente, que entende da sua importância como essência maior, no cosmos incomensurável.
                E o coração enobrecido, saltita na felicidade incontida no peito arfante, tendo a consciência do dever cumprido na estância do bem querer.
                Assim é a vida e dela fazemos o bem ou o mal. A escolha é nossa e também a responsabilidade inerente.
                Não deixemos apagar a luzinha que carregamos, como se vagalume fôssemos!
Pensemos nisso!

     ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS-Professor e tradicionalista.

       (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com; twitter, toninhopds).

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

                                                          ANCESTRAIS!

                Nunca fui nem mais, nem menos, nesta querência viril na vida de repechos, sempre firme no eixo de meus ideais e não aceito canzil que me tire a liberdade do pensar e do fazer e sem ser servil, me entrego à luta se assim for chamado.
            No cabresto ninguém me leva, porque fui criado intemerato e teimo em renascer do picumã e da fumaça onde fui curtido desde piá.
            O sentimento não tem preço e a tradição secular não pode ser vilipendiada nas novas verdades que surgem dia-a-dia, deixando a vida vazia nos interlúdios.
            Mistura de Sepé e Bento na dimensão do brio da grande pampa conquistada à ponta de lança e a pata de cavalo. Não dobro a espinha às iniquidades e o chamado das luzes da ribalta, perdição do índio xucro na materialidade da existência.
             O pito de meu velho pai serve como parâmetro e carrego no panteão de minha consciência: meu filho siga em frente de cabeça erguida, com caráter firme, com a mente tranquila e limpa para que a noite ao deitar no catre ou nos pelegos, tenha o sono dos justos.
            O galpão garante o resguardo da vida e ela prossegue por conta, assim no más e a velha cordeona lembra que a música enleva a alma. Canto agora, a própria interioridade que desperta, sinuelando a tropa que ficou para trás.
            Nada, nem ninguém se perde na estrada perene e como ela também meu rastro há de ser visto, por aqueles que vierem depois.
            Aí está meu legado. Muito obrigado, meus ancestrais!

                    ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

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sexta-feira, 29 de julho de 2016

          BREVE HISTÓRICO DAS REVOLUÇÕES, FEDERALISTA E DE 1923.

Em 5 de fevereiro de 1893, tem início a Revolução Federalista, entre Pica-paus e Maragatos, que durou 31 meses e matou mais de 10 mil pessoas no Nosso Estado, sendo que mais de 1 mil, por degolas.
Os seus chefes foram: Júlio Prates de Castilhos, presidente do Estado, pelo lado dos Pica-paus e Gaspar Silveira Martins, ex- senador da monarquia, pelo lado dos Maragatos. Júlio de Castilhos, havia fundado o Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) e Gaspar Martins, o Partido Republicano Federalista (PRF). O primeiro, defendia a república presidencialista e o segundo, a república federalista.
Pica-paus- Uniforme azul adotado pelas tropas governistas de Júlio de Castilhos, com boné encarnado (cor de carne) assemelhando-se a ave de tope vermelho, conhecida por pica-pau.
Maragatos- descendentes da Maragateria, na Espanha, de origem moura que viviam no Departamento de São José, no Uruguai e fizeram parte da invasão revolucionária sob o comando de Gaspar Martins. Usavam o lenço vermelho.
Júlio de Castilhos, chamado "o patriarca" governou nosso Estado até 1898, quando não quis mais concorrer e colocou, seu seguidor, Antônio Augusto Borges de Medeiros que, também, com mão de ferro, esteve a frente do Rio Grande do Sul, até a revolução de 1923, quando aconteceu um novo confronto entre irmãos.
Castilhos, o grande chefe, positivista da linha de Augusto Comte, morreu aos 43 anos, em 1903, de câncer na garganta. A um dos médicos que o advertira a ter coragem, respondeu com energia: “não me falta coragem, falta-me o ar”.
Agora eram os Chimangos, do chefe e presidente, Borges de Medeiros, também de forte cunho positivista e Maragatos, sob o comando de Joaquim Francisco de Assis Brasil. Tinha a mesma característica da Revolução Federalista, só mudando seus líderes e os Pica-paus, sendo substituídos, pelos chimangos.
Este nome que vem do apelido dado, pelo Dr. Ramiro Barcellos ao presidente, no famoso poemeto, "Antônio Chimango", fazendo referência, a ave de nariz adunco, que existe pelas plagas da nossa terra. Usavam agora, o lenço branco, marca registrada dos legalistas.
Continuando a tradição do famoso tribuno, Gaspar Silveira Martins, o agora comandante em chefe dos maragatos, Assis Brasil, usava o lenço, como uma marca da Revolução passada, com o famoso, nó Assisista, que o reverencia, ou seja, o nó quadrado, usados pelos gaúchos de hoje, nos seus lenços vermelhos.
A revolução de 1923, durou 10 meses e teve, mais ou menos, mil mortes.
Estas revoluções são, muitas vezes, escondidas embaixo do tapete, para não mostrar o ódio que imperava entre os dois lados e que pasmem, ainda continua até hoje. Só está faltando a faca afiada da degola, a chamada, “gravata colorada” para irmãos de uma mesma querência, continuarem a matança. Reflitamos pois!

quinta-feira, 28 de julho de 2016

                                                                   MEMÓRIAS!

                No ano de 1961, o CTG Tropeiros da Amizade mudou-se de sua sede social à Rua Júlio de Castilhos, onde hoje é a AFUBRA, para o bairro Arroio Grande, no antigo salão Tavares. Com esta mudança, houve um revigoramento na entidade associando inúmeras pessoas da comunidade, nesta verdadeira novidade que era a tradição gaúcha.
                Neste mesmo ano, aconteceu a eleição para nova patronagem do CTG, sendo eleito patrão, Deodomiro Paludo. Era patrão nesta época, Euclides Pereira Soares e de acordo com a minha memória de guri, houve uma desavença entre os dois e o Paludo, juntamente com toda a turma do Arroio Grande e, não eram poucos, saíram do CTG, com raras exceções, fundando uma nova entidade: o CTG Lanceiros de Santa Cruz.
                Lembro que além do Deodomiro, saíram também, Ercides Saraiva de Figueiredo, João Figueiredo, João Norberto Lacerda, Marciliano José Rodrigues, Ernestor Cardoso, Adail Gonzaga Fernandes, Flávio Pereira dos Santos e João de Almeida, entre outros.
                A estes se somaram, Arthur Bugs de Andrade, Horácio João de Bairros, Armínio Guterres de Alexandrino, Galdino de Andrade, Mena Barreto, Paulo João Landskron, Olívio de Oliveira Machado, Jovelino Vedoy, Alexandre Elias, Gomercindo Luiz da Rosa, Ari Marques, Ivo Alves Teixeira, Adão Araújo e Agripino de Almeida Simas que, juntamente com João Norberto Lacerda, assinaram a Ata de fundação, sendo considerados, portanto como sócios fundadores desta entidade.
                Cabe aqui uma consideração da maior relevância para resgatar a história real dos fundadores. Não tirando o mérito daqueles que estão inscritos, inclusive nos Estatutos do CTG como fundadores, sabe-se graças ao testemunho nosso e em especial do amigo Lacerda que, os que assinaram a Ata de Fundação, deram certa quantia em dinheiro e aqueles que não tinham esta verba, não constaram como fundadores.
                Com isso, quero fazer justiça a todos quantos realmente foram os pioneiros dos Lanceiros, esperando com isto que, no futuro esta relação seja ampliada com aqueles nomes que citamos acima, desfazendo esta injustiça.
                O primeiro patrão dos Lanceiros foi Deodomiro Paludo. Entrou no tradicionalismo nesta época, o senhor Arhur Bugs de Andrade e sua família, que por sinal, foram presenças marcantes no nativismo local. A sua primeira sede foi na Rua Julio de Castilhos, a mesma já ocupada pelos Tropeiros.
                Pouco tempo depois, na rótula da Avenida Independência, no salão do seu Albino e ali os Lanceiros deu os seus primeiros passos, mudando-se após para o salão Barreto, perto do Avenida.
                 A sua sede própria à Rua Farroupilha, foi um sonho que se realizou depois de muita luta. Uma curiosidade foi a verdadeira cisão familiar com a fundação dos Lanceiros, ou seja, membros de uma mesma família separaram-se como, por exemplo: o Cliff, a Teresinha e eu, continuamos nos Tropeiros, já o mano Flávio foi para os Lanceiros sendo o seu primeiro posteiro da invernada artística.
                Na família de João Almeida, as prendas Marlene e Teresa foram para os Lanceiros juntamente com os pais João e Eva, enquanto o Osmar Lima de Almeida ficou no pioneiro. A primeira prenda dos tropeiros da época Ilone Figueiredo, filha do seu João Figueiredo, ficou nos tropeiros e o seu mano Jorceí foi para os Lanceiros.
                Foi nesta mesma época, que começou o programa “Roda de Chimarrão”, animado nos primeiros tempos, pelo Ercides Figueiredo e Ernestor Cardoso, que era levado ao ar pelo rádio Santa Cruz, com auditório todos os domingos à noite e durou mais de quatro décadas.
                Portanto, mais um pouquinho de história do tradicionalismo de nossa terra!
                ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

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sexta-feira, 22 de julho de 2016

                                                                MEU RASTRO!


                Quando a noite abre a cancela vejo a estrela boeira, parceriando no lamento do cantador que, nos acordes de seu violão, canta o rincão de seus ancestrais que, por sua vez, também cantaram as plagas nativas.
                Guia meus passos, estrela guia dos peões perdidos nas várzeas, nas encruzilhadas e escarpas íngremes. Paro, reflito e faço uma prece para que a inspiração apareça.
                No Rio Grande de campo, coxilhas e canhadas, onde a carqueja viceja também criou a estância e o gosto pela vida guapa.
Me destes o céu, me destes a estrada, me destes a campina onde o brilho dos meus olhos relampeja nos açudes e lagoas da terra, resplandecendo e dando vivas ao novo dia.
Imprimo no caminho a direção do meu rastro e retempero as fibras de aço do meu interior bagual, na firmeza do caráter incólume, aos modismos dos tempos hodiernos.
Quantos já retornaram ao campo santo, sem bendizer seu próprio chão. Por isso, sou sentinela na defesa de princípios e valores tão em desuso.
Baluarte, na defesa das quarteadas da vida, no respeito ao outro, ombreando na lida e na pampa continentina, erigi meu templo, no desfraldar de nossa Bandeira cuja égide brada a liberdade, igualdade e humanidade!

Aí está meu rastro!

quinta-feira, 14 de julho de 2016

                                                      JOSÉ MENDES NO RINCÃO!

                Corria o ano de 1965, quando o CTG Rincão da Alegria estava sediado à Rua Gaspar Bartholomay, junto à oficina do senhor Furtado e sob a patronagem de Norberto Adam, o famoso artista José Mendes, em pleno sucesso de sua carreira principalmente de sua última música intitulada “Para Pedro”, esteve fazendo um espetáculo nesta entidade.
                O seu Furtado só para lembrar era pai das prendas Dione, Beatriz e do peão Ademir. José Mendes, acompanhado de tão somente seu violão cantou sucessos do momento. Alem de Para Pedro, Não Aperta Aparício, Vai Embora Tristeza, Carancho e outros.
                Pois bem, naquela época, estávamos, a Elaine e eu brigados, nem lembro qual o motivo e fomos ao baile. Ela sempre com sua mãe, dona Maria Augusta, estava “bonita como laranja de amostra” e como não poderia deixar de ser, chamou a atenção do cantor em pauta que, na primeira oportunidade que teve, tirou-a para bailar.
                Como naqueles tempos, quando se dançava mais de uma marca com a mesma guria, já se estava dançando de par, subentendo-se que havia um inicio de namoro, pelo menos para os meus olhos e o “atrevido” realmente conversava com ela.
Por minha vez também não poderia demonstrar “dor de cotovelo” e tirei a 1ª prenda do Rincão da Alegria, muito bonita por sinal e ficamos naquele joguinho, até a parada estratégica dos músicos para o seu habitual descanso.
                Parecia que o namoro não tinha mais volta até o recomeço do baile quando, nosso amigo em comum, Acemar Lima de Almeida, tirou a Elaine para dançar e no meio da música, entregou-a para mim.
Começamos a conversar e prosa vai, prosa vem, nos acertamos novamente, reatando o namoro para debique do Mendes que, quando se deu conta, já tinha perdido a prenda.
                Dizem por aí, que um tempo depois, ele fez uma música em homenagem a “prenda do rincão”, que tinha engambelado seu coração.
                Agora, com o relembrar de suas músicas na voz de outros cantores como seu filho José Mendes Junior e dele próprio com sua marca indelével, lembrei-me do fato que vai também para as minhas memórias.
              ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

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quinta-feira, 7 de julho de 2016

                                                  A VOLTA DO PEÃO!

                Mais um guasca que vai parar rodeio na pátria espiritual. Os campos Elíseos recebem para mais uma campereada, mais um mateador na trilogia do tempo, pampa e vivência.
                São seres que vem e vão à eterna troca de existências profícuas na imensidade cósmica ainda não entendível para a maioria dos viventes que pululam no orbe terrestre.
                As planuras celestiais, onde o verde é mais verde e o céu é mais azul, onde os pássaros cantam exuberantemente num trinar maravilhoso, com certeza festejam mais uma chegada ao anúncio da vinda do filho pródigo.
                Resta a saudade do grande amor que fica na temporalidade dos anos vividos, intensos na verdade, mas relativamente curtos na imensa constituição real da vida.
                Fica a marca indestrutível da alma que a tudo sobrevive e seus feitos serão lembrados por aqueles que ficaram ainda rastejantes enquanto ele já livre dos liames que o prendiam a crosta, volita a olhar com olhos soberanos e já sem dores, lançando dardos de amor, paz e entendimento, da vida como ela realmente é!
                Dou vivas à tua volta, parceiro amigo de tantas prosas. Veja a saudação que te é feita por teus amigos que te antecederam. Eles tocam e cantam afinados mais uma marca na grande insolvência do amargo que se torna doce, no manancial do tesouro que encontraste aqui.
                Por isso te convido a cantar a “Canção do amigo” agora compreendido que tudo continua,  que nada perece, na contínua renovação que nos é concedida, pela intemporalidade do ser, na Essência maior.
                Bendito sejas, Criador do Universo por receber de braços abertos o teu filho, peão das estâncias terráqueas que retorna ao teu pala, no abrigo do frio e das intempéries que não mais o atingirão!
                Palmas se ouvirão e o sorriso voltará a todos os semblantes daqueles que pranteavam tua partida. Vai com a bruaca cheia de sonhos e valores reais, que nunca se apagarão e verás amigo, que tudo valeu a pena!

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

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quinta-feira, 30 de junho de 2016

RECORDAR É VIVER!
 Eu nasci no interior de Barros Cassal, numa localidade chamada de Rio Pardo, nascente do Rio Pardo. Não consigo lembrar quase nada dessa época. Minhas lembranças começam no Ligeiro, local que leva o nome do arroio que passa por ali.
Deste lugar, vem minhas primeiras recordações, do casario da família, dos potreiros e invernadas para cercar o gado e os cavalos, das árvores frutíferas, do pomar de pêssegos, das caixas de abelhas, das plantações diversas, do mundão de terras (pelo menos para os meus olhos) e que tudo pertencia à família.
Lembro também da sanga com água cristalina, onde tinha um moinho d’água que servia, entre outras coisas, para fazer a farinha de milho para a mãe Maria Eufrásia, fazer o gostoso pão de forno e lembro também das vezes que me escondia na carroça, para poder ir junto para a roça.
Suspiro e me vejo no casamento das manas Ofhir e Odir com o Valdemiro Mantelli e Jorge Cervo, que foi realizado no mesmo dia, onde aconteceu um acidente com o caminhão que trazia os convidados e os noivos, da vila do Rincão (nome anterior de Barros Cassal), para a estância do Ligeiro. A ponte do arroio cedeu e a roda traseira direita ficou trancada no madeirame. Graças a Deus ninguém se feriu e a festa foi grande.
O avô materno de nome Antônio José Falleiro que dizia para a meninada, quando ficava bravo: “cuidado guri, senão te passo o calabrote”, me vêm à mente, os manos mais velhos, que de vez em quando aprontavam das suas, (imaginem só eram doze, mais os achegos, todos juntos), coitados do pai José e mãe Maria.
Pois é, deste lugarejo, que eu saiba não existe mais nada. A fazenda do Ligeiro só resta uma grande invernada e a soledade dos tempos antanhos que não voltam mais. Depois quando fomos morar na vila, o mano Allão, logo após seu casamento com a Celina Pappen, foi morar no local e de quando em vez, eu ia sozinho a pé ou a cavalo, até o Ligeiro.
A distância de Barros Cassal até as Duas Léguas no (Rafael), se conseguia uma carona de caminhão, já que morávamos no acampamento do DAER e dali em diante, atravessando campos e picada se chegava até a localidade.
Depois que o Allão veio morar em Santa Cruz do Sul, a mana Odir com seu esposo e filhos foram morar no Ligeiro.
Nesta época também viemos para Santa Cruz e até onde lembro lá tudo foi vendido, vindo à família da Odir morar, agora na cidade de Barros Cassal e depois em Sapucaia do Sul.
Recordar também é viver!
ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

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quinta-feira, 23 de junho de 2016

UM MATE?

                Mais um dedo de prosa, na estrada poeirenta da vida, na invernada grande da existência, quando mais um João ninguém finda a jornada terrena.
                O que ele fazia aqui? Qual sua missão? reflito! Cumpriu-a ou só levou a vida, como diz o povoeiro!  Mateava na espera do tempo chegar. As ilusões já tinham acabado, todas.
                Solito olhava o horizonte, sentindo a vida acabar-se como por entre os dedos. Será que tudo se resumia nisso?
                E as tropeadas... ficaram lá atrás igual a tropa que tantas vezes levou às charqueadas, repontando o canto triste do sinuelo.
Como o gado, pressente também o matadouro, sente a alma aturdida na intemperança do desassossego que lhe é impingido, na agonia da hora derradeira.
O que sobrou afinal? O rancho deserto, desesperanças, o mate solito na contramão do sonho fugidio da criança, esperança de uma vida plena na consciência imortalizada, da essência extraterrena.
Restou a chama imorredoura como tranqueira instransponível da vida fútil e sem sentido, para a real consistência da tropilha implacável que, no potreiro da audição do clarim campeiro, reunirá a manada no bojo do Patrão Celeste, que a todos abriga no seu poncho aconchegante.
Tomo mais um mate ajujado de maçanilha e sinto que o João é alguém sim, na sintomática lei maior regente de tudo e todos.
Proseia comigo parceiro! A jornada segue indefinida aparentemente, mas nada é um acidente. A aurora logo desabrochará e a vanguarda luminosa brilhará como estrelas no firmamento e a despacito, com a mala de garupa nos ombros, tomo tenência  dos planos do Arquiteto Soberano!
Mais um mate?

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS- Professor e tradicionalista.
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quinta-feira, 16 de junho de 2016

                                                                  SUBLIME

                Eu me olhava e o meu rosto refletia o teu sorriso, na minha milonga que faço pra ti na noite trigueira, num soluço entrecortado de lágrimas que saltam dos olhos num marejar infindo.
                Ainda sentindo o tua vida em minhas mãos e nos bordões do meu violão te vejo a sonhar sonhos impossíveis, na ânsia de voltar comigo na vivência de antanho, que os anos não trazem mais.
                Oh milonga, teus acordes me acordam na soledade do gosto amargo da distância que parece incomensurável. Nem o mate aplaca tal agrura que se engarupa no pingo e percorre caminhos sem fim.
                Toca milonga, quero senti-la a percorrer cada seiva do meu ser, na insânia das contradições que por hora evolvem, no subúrbio catalisador da epiderme que arrepia na intercorrência da tua melodia.
                E no floreio do teu dedilhar, vejo novamente os olhos negros como breu da noite. Minhas mãos tateiam teu semblante... a milonga te trouxe nos meus versos!
                De regalo, te entrego minha alma na incondicionalidade do amor sublimado do querer bem, na antologia dos poetas que cantam seus amores na sacralidade de seus sentimentos.
                Amore del alma, amor da alma que sobrepuja tempos e ventos e vai além do horizonte de estreitas visões, limitadas por sombrias urzes que um dia se dissiparão, assim como o sol que renasce a cada dia.
                É o amor eterno que fica e vivifica.

      ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS-Professor e tradicionalista.

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quinta-feira, 9 de junho de 2016

                                                            QUEM SOU II

Quero mudar o mundo, mudando o outro? Ledo engano. Quando enxergar o outro em mim, que ele tem os mesmos temores, angústias, sentimentos, enfim... Colocar-me em seu lugar, a me julgar... Só assim poderei senti-lo e verei das dificuldades desse conceito.
O homem velho dever ser refeito e um novo começo empreendido. Só assim verei o mundo com a visão de outrem.
Ah! Como ele está me vendo? Orgulhoso, dono da verdade no alto dos seus conceitos programados, indecifráveis até para ele às vezes!
Reluto, será que sou assim? Mas sou que eu que estou lá! É o meu próprio espelho, é minha alma que sobrepuja a temporalidade e se mostra nua e crua num assombro de sinceridade nunca vista.
Consigo visitar meu ego numa selfie e sinto nos olhos que me olham um superego de emoções dúbias na interioridade que desabrocha numa visão incomum e rara até então. Incólume e latente vida do inconsciente.
Este sou eu de verdade, como o outro me vê. Então como posso julgar este outro? Agora em plena consciência do que sou, vejo o outro na agonia de tiranizantes ideias.
Sou alguém, sou outro que queria mudar o universo. Então concluo se eu mudar, o outro também mudará.
Esta é a chave, é a solução!
                Portanto, reforma já! Não posso ser aquilo que me vi no outro! Não, não.

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista

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sexta-feira, 3 de junho de 2016

QUEM SOU?

O taita indissoluto de eras remotas, que impoluto lutava em defesa daquilo que acreditava o certo, nos interpenetráveis espaços e numa orgia de estridentes ovações, num esgar de tenebrosas angustias de vidas curtas e secas!
Com o passar dos tempos, me torno mais maleável, embora ainda o atavismo recrudescente paire num teimar entre o ontem e o agora, sepultando antigos costumes que a consciência aplainou. E é esta consciência que hoje subsiste incólume em seu valor maior.
No entanto, a dicotomia do hoje e de antanho, firma-se na diversidade dos seres nas suas individualidades intrínsecas, jogando no mundo real o ser completo, uno indivisível. Quem sou? Com certeza, não sou metade.
Talvez seja o fantasma das taperas, talvez o próprio cosmos diminuto, talvez um pedaço de terra, porque possuo todos os elementos que a compõem. Sou o céu, o ar, o som. Sou mar, sou natureza na imunidade elementar de seus átomos!
Quem sou? Sou a criatura da Divindade. No meu íntimo, Sua Essência, a própria cópia. Sou como o filho pródigo, que um dia volta ao recôndito amoroso do Pai!
Sou a saudade que permanece no amor infindável dos entes amados, afáveis e queridos, na transmutação do ódio ao amor, luz incondicional da permanente gloria.
Quem sou afinal? Um ser humano criado há milênios, imortal e de natureza essencialmente boa, que nasceu em épocas imemoriais e que renasce a cada geração, em consonância com o aprendizado perene!
Quem sou!

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS- Professor e tradicionalista.

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quinta-feira, 26 de maio de 2016

A SAUDADE E A TRISTEZA!

                A saudade e a tristeza têm suas diferenças que podem parecer mínimas, mas que fazem grande diferença. Saudades alem do amor que fica também significa lembrar o passado, e a tristeza complementa com o sofrimento.
    No dizer do poeta Cachoeirense, Aurélio Porto, “gaúcho é o homem do cantar triste”, nos trazendo o passado de nossos avoengos, onde tudo virou tapera pelas incongruências dos tempos que mudam constantemente, destampando novos comportamentos, com lembranças fugidias, de almas perdidas num aceno de desespero.
                O sol calmamente se pondo, vai anunciando a noite negra e funesta parecendo não ter fim.
                Haverá um novo amanhecer, sem o gosto amargo da tristeza a corroer como ferrugem o ferro exposto ao tempo maleva?
    E nossos pensamentos na insânia da erva daninha, infestando sentimentos no condomínio do Ser, que sem saída aparente, se entrega à inconsciência de barbarescas imagens, num lodaçal envolvendo célula a célula, em inebriantes ilusões, que só vê a solução trágica do apagar-se, sumir, como se isso fosse possível!
Quantas existências são tragadas por esse mal que aflige a humanidade!
     A saudade e a tristeza, virando depressão numa constante evolução do materialismo vigente nas relações interpessoais, sem o crivo da ética e do bom senso e da sensibilidade do imo superior.
     Na solicitude dos bons princípios, ouvindo a voz interior que aponta ao cimo das virtudes, inerentes ao ser humano que pertence ao cosmos, antes de pertencer a si mesmo, será o clarim no despertar de uma nova era.
      Aí veremos a importância de todos nós na criação Divina, na perfeição do Universo inescrutável, mas real e ao alcance da sensibilidade do ponderável ao imponderável.
      O chamado será finalmente escutado e interpretado em sua mais lídima acepção! Tudo prossegue na grande corrente que leva ao ponto final, à graça da Essência donde todos nós renascemos.
     A saudade e a tristeza, um dia, não terão mais abrigo em nossos corações.
Pensemos nisso!


ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS –Professor e tradicionalista.

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