terça-feira, 15 de outubro de 2019


                                  TRADIÇÃO GAÚCHA NÃO É INVENÇÃO!

                Quando o saudoso Paixão Côrtes, mais 7 cavaleiros e mais um a pé, resolveram criar a Chama Crioula, retirando uma centelha da Pira da Pátria em 7 de setembro de 1947, fazendo então a primeira Ronda Crioula do Rio Grande, era para lembrar as antigas estâncias de onde, inclusive ele tinha vindo.
                Lembrava do fogo de chão, das tertúlias, enquanto o gado descansava à noite nas tropeadas daqueles tempos.
                Em 1948, quando da fundação do primeiro CTG, foi ainda inspirado nas antigas reminiscências deste saudoso passado. Patrão, capataz, sotas-capatazes, agregados das pilchas e invernadas são nomenclaturas dadas as direções das entidades tradicionalistas.
                As lanças que usavam nas guerras, revoluções e caçadas eram agora, também usadas para os peões dançaram a chula. Isso não é invenção! Acontecia nos primórdios da terra gaúcha.
                Meu avô, Eduardo Pereira dos Santos que só conheci por fotos, nasceu em 1864 e só andava de bota e bombacha. Meu pai, José Altivo dos Santos, nascido em 1889, da mesma forma na herança de seu pai, rigorosamente pilchado, tropeava pelas coxilhas e canhadas deste garrão brasileiro.
                A mesma indumentária usada mais tarde por Paixão e seus seguidores. Isso é invenção? Não, com certeza, não! Isto é tradição, passada de pai pra filho, de geração em geração, com respeito aos mais velhos, às autoridades, à palavra empenhada, eram apanágio daqueles tempos e as entidades desde 1948, com a fundação do 35 CTG, tem suas bases em cima de tudo isso. Preservação de valores, de honra e dignidade, acima de tudo!
                A Guerra do Farrapos, é só um pedaço mínimo nesta história que é muito maior. De acertos e erros como todas as guerras, ela enaltece o espirito guerreiro deste povo, que foi forjado em defesa de suas fronteiras desde 1737, defendendo como baluarte deste confim da Pátria, das invasões estrangeiras numa terra sem lei. Mas os homens dessa época, tinham palavra e a honravam, isto a história está cheia de exemplos!
                Inferindo, deturparem as tradições que são imutáveis, em cima de um fato, que tem dois lados, que não está amplamente comprovado, haja vista o opinião de muitos historiadores comprometidos com a verdade histórica e não só daqueles com visões destorcidas e acanhadas que procuram deslustrar e manchar a honra de pessoas que não podem se defender, é uma verdadeira heresia!
                Portanto, gaúchas e gaúchos desta querência levem seus filhos aos CTGs porque a história viva de nossos avoengos está alí, em defesa da família que é a sociedade em miniatura e que devemos preservar.
                Um Te Deum aos meus bisavós Balduino Pereira dos Santos e Prudência Maria da Conceição (ele nascido em 1839 e ela em 1841 e meus avós Eduardo e Bela Aurora (1864 e 1866) e aos mais próximos, meus pais José Altivo dos Santos (1889) e Maria Eufrásia Falleiro dos Santos(1907), que nas suas andanças teatinas, viveram essa época legando aos seus pósteros o fato folclórico que após vinte e cinco anos virou tradição e não modismo.
 Consubstanciando então, Tradição Gaúcha não é invenção, senhores da guerra, porque “Ninguém colhe um presente nem semeia um futuro, se não houver um passado”!