A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho (Célia Urquiza de Sá)
missão de filhos da Pátria do Evangelho;
o Irmão Chico Xavier, pela sua vida de dedicação e amor à Doutrina
Espírita;
Irmãos espirituais, que muito me ajudaram com suas inspirações;
Todos que direta ou indiretamente me deram a sua contribuição.
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho.
SUMÁRIO.
Chico Xavier: o homem e o médium 13
I. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho 23
II. Descobrimento da Terra de Vera Cruz 33
III. A Escravidão no Brasil 37
IV. Inconfidência Mineira 43
VI. O Movimento Abolicionista 49
VII. O Século XIX 53
VIII. Federação Espírita Brasileira 67
IX. Considerações Finais 71
A MISSÃO DO BRASIL COMO PÁTRIA DO EVANGELHO.
APRESENTAÇÃO.
A presente obra tem por objetivo fazer um estudo do livro: Brasil, Coração
do Mundo, Pátria do Evangelho, do autor espiritual Humberto de Campos,
psicografado por Francisco Cândido Xavier. O texto busca levar o leitor a refletir
sobre as indagações que nos trazem a referida obra:
Somos a pátria do evangelho? Por que? o que significam estas palavras? O
que elas nos dizem? Será que isso quer dizer que somos um povo evangelizado?
Será que vivenciamos o evangelho? O que é vivenciar o evangelho? Responder a
estas indagações é o que se propõe o presente estudo. Sendo a obra em
referência, uma psicografia do médium Francisco Cândido Xavier, nada melhor
para comprovar a sua seriedade e credibilidade, que o texto apresentado a seguir.
A autora.
***
CHICO XAVIER:
O Homem e o Médium.
Nascido em 2 de abril de 1910, órfão desde os quatro anos, esse mineiro
de Pedro Leopoldo sofreu muito. Sua madrasta o maltratava, enquanto sua mãe
aparecia para consolá-lo. Sem compreender bem o que se passava, Chico pedia
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho (Célia Urquiza de Sá)
socorro à genitora que o animava a prosseguir e prometia ajudá-lo. Ao chegar aos
vinte e dois anos, mais ou menos, chega ao ápice a sua mediunidade, o que
permite aos espíritos escreverem por suas mãos e transmitir idéias que
demonstrem a continuidade da vida e a individualidade do espírito imortal. Em
1932, inaugura a longa série de obras psicografadas, que já ultrapassam
quatrocentas, com um livro de poesias, "Parnaso de Além Túmulo". Nele, poetas
brasileiros e estrangeiros ditam seus poemas, com fidelidade de estilos, o que
permite identificá-los independentemente da assinatura.
A obra provocou impacto na comunidade literária da época, que a
desdenhou. Ao vê-la definida como burla ou mistificação, os mais Iúcidos
concluíram que, ou se aceitava o fenômeno mediúnico ou se daria uma cadeira na
Academia Brasileira de Letras ao jovem Francisco Cândido Xavier, porque ele ou
era médium ou era gênio. Chico nunca mais parou de escrever. E nunca
vulgarizou a mediunidade nem a colocou a serviço de informações convenientes
para si ou para terceiros. Segue fiel aos orientadores espirituais. Quando passou a
receber mensagem de Humberto de Campos, o repórter do além, viu-se envolvido
em processo que contra ele moveu a família do morto. Alegava uso indevido do
nome do ilustre escritor e reivindicava direitos autorais sobre as obras escritas por
Chico e assinadas por Humberto. Nos tribunais, o médium teve ganho de causa.
Direitos autorais somente se paga aos vivos.
A viúva de Humberto de Campos, anonimamente, visita o Centro Espírita
onde Chico Xavier recebia mensagens do além, para observar o que ali se
passava. Nesse ínterim, Chico já havia trocado a assinatura do espírito para Irmão
X, já que durante a encarnação houve coleções onde assinou Conselheiro X.
Ninguém a conhecia. Mas, de repente, Chico Xavier a convida para que se
aproxime, e diz-lhe que seu marido estava presente e mandava um recado.
Corada e duvidando, a senhora se aproxima. O médium lhe fala sobre uma carta
que ela trazia na bolsa e cita textos que o espírito lhe soprava. Emocionada, a
senhora converteu-se ela e toda a família, ao Espiritismo.
Conhecido também é o episódio da revista "O Cruzeiro"; líder na época,
quando jornalistas visitaram o médium (sem se identificarem), tentando criar
situações que o levassem ao ridículo. Ao chegar em suas casas, um dos
repórteres David Nasser, conhecido também como compositor de músicas
populares famosas, abriu o livro ofertado por Chico e ali estava a dedicatória
dízendo: "Ao amigo David Nasser"... Este imediatamente telefonou ao parceiro
dizendo-lhe "prometo nunca mais mexer com essas coisas de Espiritismo. "
Perguntado sobre o episódio, Chico sempre os desculpou, alegando que eles
faziam o trabalho que lhes competia. Ele, Chico, é que teria sido ingênuo, talvez
vaidoso pela reportagem.
Infinitas são as mensagens que esse homem recebe do além há mais de
setenta anos, tendo consolado e convertido à fé espírita, milhares de pais
inconformados com a perda de seus jovens herdeiros. Nessas mensagens, Chico
cita apelidos, tratamentos íntimos, o que evidencia a realidade da comunicação, já
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que por mais que alguém preparasse a cena para que ele a descrevesse, seria
impossível tamanha fidelidade. Pessoas que chegam à Uberaba anonimamente, e
são tratados por nome. Jocosamente ou não, quem sabe, Chico diz que todos nós
temos o nome na testa. Por isso ele o faz com a maior naturalidade.
Se a mediunidade de Chico Xavier é algo extraordinário, maior ainda é a
sua dignidade. Um médium que teve aceita como prova em um tribunal
mensagem mediúnica de um morto que inocentou o amigo acusado de
assassinato, dando detalhes do ocorrido, dizendo da acidentalidade e da amizade
que entre eles existia, é alguém de muita credibilidade. E o juiz foi de muita
convicção e coragem.
Combatido por padres, pastores e até por segmentos espíritas, por ciúmes
e inveja, ele não se preocupa em rebater as ofensas. Segue no seu caminho de
amor ao semelhante, independente do que o outro lhe faça: bem ou mal. Chico
Xavier já recebeu, como gratidão de pessoas que se sentiram beneficiadas pelo
consolo ofertado por ele, carros, fazendas e outros bens, mas apressou-se em
passar adiante, para quem desse bom proveito. Os direitos autorais de suas mais
de quatrocentas obras, muitas delas vertidas para diferentes idiomas, e não
apenas os conhecidos latinos e saxônios, são todos doados em favor da caridade.
Continua vivendo pobremente, enquanto alguns escritores brasileiros de conteúdo
banal, quando comparados ao dele, estão milionários e têm patrimônios com
luxuosas vivendas no exterior.
Se Francisco Cândido Xavier não é realmente um médium, mas apenas um
noveleiro de idéias avançadas, por que não desfruta esse dom, vendendo o que
produz? Quando usaram seus livros como enredo de novelas, até jornais
americanos o acusaram de estar enriquecendo às custas dos fantasmas. Mas ele
não está rico. Continua pobre, simples e doente. Poderia ter recorrido aos
melhores médicos e hospitais do mundo para controlar ou debelar suas
enfermidades. No entanto, nunca o fez. Quando foi examinado pela NASA, foi
para medir sua aura. Constatou se que a emanação de luz que no homem normal
é de centímetros, no Chico vai a dez metros. Isso não dá para burlar. Como
explicar livros como "A Caminho da Luz" ou "Evolução em Dois Mundos";
totalmente científicos, escritos por um jovem de curso secundário, ex-funcionário
público do governo de Minas Gerais! Como duvidar que ali quem fala é o espírito e
Chico limita-se a escrever o que as entidades ditam! Se Chico Xavier não é um
médium, mas um mistificador, que tudo tira do inconsciente, como afirmam certos
parapsicólogos, é seguramente um ingênuo e tolo. Dedicar-se a essa obra sem
tirar proveito financeiro não é próprio de alguém que tenha vocação para a
maroteira.
Em nosso livro "Modo de Ver, dizemos que ele vive na pobreza, quando
podia ser milionário; na modéstia, envolvido pelos ingredientes que fazem os
orgulhosos; doando-se, quando tinha tudo para exigir o serviço do semelhante.
Esqueceu de si mesmo num mundo onde cada um quer ser o mais importante. Foi
bajulado e não se deixou lambuzar pelo mel da lisonja. Um dia a história lhe fará
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justiça, porque ele não é patrimônio dos espíritas, mas um benfeitor de toda a
humanidade. Aliás, se bem observarmos, a história já o notou quando o cadastrou
como o "Mineiro do Século"; num Estado que deu Juscelino Kubitischek de
Oliveira, Edson Arantes do Nascimento (Pelé), Tancredo de Almeida Neves,
Alberto Santos Dumont, Carlos Drumond de Andrade, entre inúmeros outros
homens ilustres. Ele não foi escolhido apenas por espíritas, pois estes ainda são a
minoria no Brasil e no Mundo.
Tolos, ingênuos, de pouca sensa são aqueles que duvidam da mediunidade
do extraordinário serviço de amor ao próximo que fez, faz e continua fazendo este
notável homem Francisco Cândido Xavier. Fechados nos seus pequenos mundos,
não têm sensibilidade para compreender a base do Evangelho de Jesus: "Ama o
próximo como a ti mesmo. "
Deus o abençoe e obrigado, amigo Chico Xavier.
Octávio Caúmo Serrano
***
PREFACIO
ESTUDO OPORTUNO E DE ALTO NÍVEL
Acabo de ler o texto em que Célia Urquiza faz uma análise em
profundidade do livro BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO, PÁTRIA DO
EVANGELHO, do Espírito Humberto de Campos, psicografado pelo médium
Francisco Cândido Xavier. Como enfatizou ela, no início de seu trabalho , trata-se
de um estudo, cujo objetivo foi apresentar uma leitura do livro acima referido. Célia
Urquiza soube estruturar o seu texto em nível de tese de Mestrado, a que não
faltaram espírito crítico, argumentação lúcida e exegese segura na apreciação da
obra. E vem a grande indagação: o Brasil é mesmo o coração do mundo e a pátria
do Evangelho? A Espiritualidade Maior teve participação direta nos
acontecimentos históricos do nosso país, desde o seu descobrimento até a
Independência ? Jesus esteve presente a esses significativos eventos? Não seria
um privilégio a escolha do Brasil como a nova seara, onde a árvore do Evangelho
encontrara terreno fértil? A escravidão imposta aos africanos, arrancados á força
de suas terras para trabalharem em nossas lavouras teria sido um fato isolado,
sem nenhum comprometimento com o passado? Não estaria aí funcionando a lei
de causa e efeito? A autora do texto responde a essas indagações com muita
lucidez dentro dos ensinamentos da Doutrina Espírita. Usando uma linguagem
clara e simples. Célia Urquiza aborda com muito equilíbrio o tema proposto pelo
livro de Humberto de Campos. O grande personagem de nossa história, o infante
D. Henrique, a quem se diz ser a encarnação de Helil e que andou dialogando
com Jesus a propósito da nossa formação histórica, foi bem ressaltado pela autora
do texto. Mas o Brasil é mesmo a pátria do Evangelho? Persiste a pergunta. Os
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fatos e as circunstâncias comprovam essa assertiva. O Brasil, cuja configuração
geográfica tem a forma de um coração, é habitado por um povo tradicionalmente
de índole pacífica. Aqui nunca assistimos a guerras de conquista. A nossa
formação étnica deveu-se à miscigenação de três raças: o branco, o negro e o
índio. Enquanto no resto do continente houve fragmentação, o nosso país
manteve sua integridade territorial.
Portugal, um país pequeno e desarmado, soube defender nosso território
das invasões de países muito melhor armados, a exemplo da França e da
Holanda. Como explicar o "milagre"? O nosso próprio chão jamais se rebelou. Não
temos, aqui, maremotos nem terremotos. Todos esses argumentos foram bem
aduzidos por Célia Urquiza. Tiradentes, o mártir da Independência, teria sido um
inquisidor em vidas passadas? Mas o seu trabalho não se limita ao texto do livro.
Ela ampliou o seu estudo, traçando uma panorâmica do movimento espírita no
mundo, desde o fenômeno mediúnico das Irmãs Fox, passando por Kardec e
desembocando na Bahia, berço da nossa nacionalidade e onde surgiu o primeiro
centro espírita e o primeiro jornal anunciador da nova e consoladora Doutrina,
importada da França. A Bahia de todos os santos se transformou, assim na Bahia
de todos os credos religiosos. Célia Urquiza não se esqueceu da Federação
Espírita Brasileira, a Casa Máter do Espiritismo, que com o seu REFORMADOR,
órgão da instituição, vem divulgando a Doutrina Consoladora, sem esquecer a sua
editora, a quem devemos a multiplicação de livros, em sua maioria psicografados
pelo lápis humilde de Francisco Cândido Xavier.
Repetindo: o Brasil é a pátria do Evangelho? A autora do texto responde
sem tergiversar: o nosso país ainda não é a Pátria do Evangelho. Tal resposta não
discrepa da afirmação de Humberto de Campos. Um dia, o nosso país será um
modelo de espiritualização, no mundo. Como diz o poeta paraibano Eudes Barros,
num inspirado poema, Jesus aqui será crucificado numa cruz de estrelas. Vale a
pena encerrar nosso comentário com esta significativa frase de Célia Urquiza:
"Fazemos parte de um concerto onde cada nação é uma nota na Sinfonia Divina."
Uma visão cósmica e holística da vida.
Carlos Romero
***
A MISSÃO DO BRASIL COMO PÁTRIA DO EVANGELHO.
CAPÍTULO I - BRASIL, CORAÇÃO DO MUNDO, PATRIA DO
EVANGELHO.
O Espírito Humberto de Campos, no seu livro psicografado por Chico
Xavier e que tem como título estas palavras: "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do
Evangelho", nos afirma que Jesus transportou a árvore do Evangelho, da
Palestina para o Brasil. Por que Jesus fez isso? Terá sido privilégio nosso? O que
fizemos para merecê-lo? Se não foi privilégio, o que aconteceu, para que essa
árvore plantada inicialmente na Palestina, não permanecesse lá, e viesse para cá?
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho (Célia Urquiza de Sá)
Esta afirmação do autor espiritual, nos leva a uma série de indagações. Façamos
um estudo sobre elas. É possível que as respostas surjam no decorrer do mesmo.
Todos nós sabemos que Jesus é o Espírito a quem foram confiados os
destinos do nosso Planeta. É aquele que foi por Deus enviado, com a missão de
ser o Pastor das ovelhas aqui existentes; e como Pastor desse rebanho, Ele nos
conduz, cuidando para que nenhuma se perca. Foi para isso, então, que Ele veio
um dia à Terra, assumiu um corpo semelhante ao nosso; conviveu conosco,
tornando-se visível e tangível. A sua vinda foi em cumprimento à sua missão. Veio
nos apontar o caminho que devemos trilhar, para que um dia, ao devolver esse
rebanho ao Pai, Ele possa dizer que das ovelhas que lhe foram confiadas,
nenhuma se perdeu.
Inicialmente, foi a Palestina, a Terra escolhida para espalhar a semente do
seu Evangelho. Mas, grande número dos que ali habitavam, estavam dominados
pelo orgulho, pela ambição, pela sede de poder e grandezas, a ponto de não o
aceitarem como o Messias Prometido, só por não ter nascido no seio da nobreza.
Ele se apresentou ao Mundo, como filho de um humilde carpinteiro. Ali, as suas
lições tiveram pouco eco. Poucos o ouviram e poucos O seguiram. Então, Ele
escolheu outra Terra, para novamente semear o Seu Evangelho. Não havendo
eco na Palestina, Jesus escolheu o Brasil para porta-voz das Suas lições.
Fomos nós os escolhidos, mas, não por privilégio. Por missão. Foi-nos
confiada a tarefa de aprender, vivenciar, e espalhar os seus ensinamentos. Então.
repetiu-se no Brasil, o que aconteceu na Palestina, quando se aproximou o
momento da Sua vinda. Houve naquela ocasião, todo um preparo, para o bom
êxito do Seu nascimento, da Sua permanência ali, naquela época. Uma série de
cuidados foi tomada. Uma grande equipe espiritual, justamente aquela que mais
diretamente executa as Suas ordens, cuidou para que tudo acontecesse na forma
mais perfeita. Sob a inspiração dos espíritos superiores, os profetas anunciaram;
os precursores prepararam os caminhos e tudo foi cuidadosamente planejado e
executado. No Brasil, aconteceu o mesmo. Verificando o nosso Mestre que havia
chegado a época para transplantar a sua árvore, tendo já escolhido a Terra que
iria recebê-la, mais uma vez uma grande equipe espiritual foi convocada. Não se
tem conhecimento, mas, é possível que tenha sido a mesma que tudo fez na
Palestina; e tomou todos os cuidados para que novamente, tudo saísse a
contento. Essa equipe cuidou da nossa Terra a partir da forma geográfica,
semelhante a um coração; cuidou também da sua estrutura. Aqui, não temos as
grandes catástrofes, tais como: terremotos, vulcões, maremotos, furacões,
ciclones. Isso foi privilégio nosso? Não, pois Deus não privilegia ninguém. Em
nenhum ponto merecemos mais que os nossos irmãos de outras Terras que
sofrem essas calamidades.
Tudo isso foi porque esta Terra se transformaria mais tarde na Pátria do
Evangelho e como tal, faziam-se necessários todos esses cuidados, para que o
seu povo, não estando às voltas com as grandes catástrofes, pudesse se dedicar
mais à árvore que para cá seria transportada. Cuidou também da formação do
nosso povo. Não viemos de um povo orgulhoso, prepotente, elitizado. Somos o
resultado da união de três raças sofridas. Somos a miscigenação do branco
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho (Célia Urquiza de Sá)
injustiçado, muitos dos portugueses que para cá vieram, banidos do seu país,
eram inocentes, não mereciam aquela punição; do negro escravizado e do índio,
ser em primário estágio evolutivo. Somos o resultado da união dessas três raças e
de cada uma delas temos características. Do branco injustiçado temos a
inquietação diante da injustiça; do negro escravizado temos a submissão, a
aceitação da dor, do sofrimento; e do índio temos a indomabilidade.
Por que tudo isso? A resposta é muito simples. Porque nada ensina mais a
amar e a perdoar, do que a dor e o sofrimento. Também porque, só nascendo
dessa simplicidade é que o povo brasileiro poderia ser o que é: sentimental,
solidário, amigo, como nenhum outro no mundo. Na Palestina, Jesus iniciou, a
Sua vida pública, com o "Sermão da Montanha", dizendo: "Bem-aventurados os
que choram, porque serão consolados; (...) Bem-aventurados os que têm fome e
sede de justiça, porque serão saciados; (...) Bem-aventurados os puros de
coração, por que verão a Deus". (Kardec - 1992)
O branco inocente, banido injustamente do seu país, e o negro arrancado à
força do seu berço, representam os que choram e os que têm fome e sede de
justiça; o índio representa os puros de coração. Somos o resultado da união dos
injustiçados, dos que choram e dos puros de coração. No Brasil, Jesus nos
apresentou também o "Sermão da Montanha", o Seu grandioso e mais belo
sermão através da formação do nosso povo, mostrando dessa forma que estava,
realmente, replantando a árvore do Seu Evangelho. Humberto de Campos no seu
livro, nos faz um relato do nascimento do Brasil. Não um relato histórico. Ele
apresenta o aspecto espiritual desse fato. Ele fala das providências tomadas,
desde muito antes da viagem de Cabral e, à medida que mostra o trabalho e o
cuidado dos Espíritos que acompanharam e participaram de cada episódio, nos
esclarece também sobre a missão evangélica do Brasil. O seu relato é muito cheio
de beleza e poesia. Em muitas ocasiões, ele nos mostra o diálogo de Jesus, no
mundo espiritual, com os Seus mensageiros, à medida que vai traçando planos e
tomando decisões, quanto ao nosso destino de filhos da Pátria do Evangelho.
Logo no início, ele nos conta que Jesus, numa das suas visitas espirituais a este
Planeta, encaminhou-se ao continente que seria mais tarde o mundo americano, e
quando contemplou as maravilhas dessa terra onde resplandece o cruzeiro do sul,
e que seria o Brasil, erguendo as mãos para o Alto, invoca a bênção do Pai, e
dirigindo-se a um dos Seus mensageiros, exclama: -Para esta terra maravilhosa e
bendita, será transplantada a árvore do Meu Evangelho de piedade e de amor, (...)
e Tu Helil, te corporificarás na Terra, no seio do povo mais pobre e mais
trabalhador do Ocidente; instituirás um roteiro de coragem, para que sejam
transpostas as imensidades desses oceanos perigosos e solitários, que separam o
Velho do Novo Mundo (...)
Aqui, Helil, sob a luz misericordiosa das estrelas da cruz, ficará localizado o
coração do mundo". (Xavier, 1996 p23e24) Algum tempo depois, no ano de 1 394,
como filho de D. João I e D. Filipa de Lencastre, reencarna em solo português,
Helil, que ficará conhecido na História Universal como o heróico Infante de Sagres;
aquele que foi o grande responsável pelos descobrimentos portugueses. Quando
o Rei D. João I subiu ao trono, Portugal estava numa situação econômica
desesperadora. Todo o poder econômico estava de posse da Igreja e o Rei não
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podia desenvolver o País. Então, para de alguma forma alterar a situação, sem
entrar em conflito com o poder religioso, nomeou os seus filhos, responsáveis por
cada Ordem Religiosa, e foi assim, que o Infante D. Henrique foi nomeado o Grão
Mestre da Ordem de Cristo. Essa Ordem era secular e muito rica, tanto em
dinheiro, como em informações históricas, e isso levou o Infante de Sagres a
tomar conhecimento de antigos manuscritos, ali guardados, que falavam de outros
povos e as rotas dos povos antigos.
Os recursos ali existentes, que não eram poucos, pois era uma das Ordens
mais ricas do País, o Infante utilizou na construção de navios, na contratação de
astrônomos, matemáticos, engenheiros navais e outros homens de saber, para
dar início ao seu grande sonho que era, como ele próprio dizia: "levar o mundo a
navegar por mares nunca dantes navegados". Hoje, sabemos ter sido esta a sua
missão Foi dessa forma que se iniciaram os descobrimentos. Foi assim que o
nosso Helil, o nosso Infante de Sagres cumpriu a sua missão. "Os descobrimentos
brotaram da sua vontade, quando os contemporâneos o remordiam de censuras
por este afinco nas pesquisas do Atlântico. Triunfou. E se Portugal varou de
pasmo a Europa, ganhando as honras de nação benemérita dos povos modernos,
os primeiros e os mais decisivos impulsos eram do Infante Dom Henrique". (Bérni,
p. 60) Humberto de Campos na sua obra, informa que o Infante D. Henrique, por
várias vezes deixou transparecer que tinha a certeza da existência de terras, ainda
desconhecidas. Era como se ele fosse às vezes, assaltado por lembranças que
lhe davam essa segurança.
Hoje sabemos que essas lembranças vinham do fato dele já ter estado
aqui, antes deste seu reencarne, e foi na nossa Terra, ainda desconhecida, que
ele recebeu do Mestre a missão que soube tão bem desempenhar. Uma prova
disso é que um mapa traçado em 1448, por André de Bianco, mencionava uma
região fronteira à África. Não era, portanto, desconhecida dos navegadores
portugueses a existência dessas terras.
Desencarnando em 1460, D. Henrique de Sagres volta à Pátria Espiritual e,
no além, o mensageiro do Mestre continua a trabalhar na causa do Evangelho.
Por inspiração sua, diversas expedições são organizadas, e sob a sua influência é
descoberta a Costa de Angola; mais tarde, Vasco da Gama descobre o caminho
marítimo das Índias, e algum tempo depois, Gaspar de Corte Real descobre o
Canadá. Todos os navegadores saem de Lisboa com instruções secretas quanto à
terra desconhecida.
Percebe-se claramente a preocupação do autor espiritual em nos chamar a
atenção para vários pontos importantes. São eles: Os planejamentos da
Espiritualidade Superior; O infante D. Henrique, encarnação do Espírito Helil, foi
um emissário de Jesus. Como Espírito de elevada hierarquia, permaneceu adstrito
ao cumprimento da tarefa que lhe fora atribuída. D.Henrique, instituiu um roteiro
de coragem, para que fossem transpostas as imensidades perigosas e solitárias
que separavam os dois mundos Por predestinação de Jesus, o nosso Brasil é o
Coração do Mundo e Pátria do Evangelho, com a árdua, mas nobre tarefa de
espalhar, principalmente com o exemplo, a mensagem do Cristo. (Bérni, op. cit. p
68) que: A preocupação do autor espiritual era nos mostrar que nada aconteceu
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho (Célia Urquiza de Sá)
por acaso. Tudo foi fruto de um cuidadoso planejamento; o Infante D. Henrique,
encarnação do espírito Helil, foi um emissário de Jesus, como também não deixa
nenhuma dúvida quanto à sua missão; a sua afirmação de que Helil é um Espírito
de elevada hierarquia, é a confirmação do que foi dito por Zurara, navegador e
historiador português, quando em uma de suas crônicas, retrata o Infante de
Sagres como "um homem de extraordinárias virtudes. Nunca foi avarento, nem era
dado ao luxo. Usava gestos calmos e palavras suaves. Sempre foi muito dedicado
ao trabalho. Não era rude, mas sabia manter a disciplina. Absteve-se de álcool
desde a mocidade".
Ainda temos: "O terceiro filho de Dom João 1 e de Dona Filipa (...) poderia
viajar de Corte para Corte como o irmão Dom Pedro, mas recusou todas as
ofertas da Inglaterra, da Itália e da Alemanha, e escolheu a vida de um estudioso e
de um homem de mar, retirando-se cada vez mais do mundo conhecido para
descobrir o desconhecido". (Beazley, 1945, p. 135).
Era como se ele estivesse a todo momento dizendo ao mundo que sabia
qual a sua missão e tinha pressa em cumpri-la. Ao escolher o Brasil para
transplantar a árvore do Evangelho, Jesus nos deu a missão de transmitir ao
mundo a Sua mensagem; mas com a Sua conduta, vivenciando tudo aquilo que
ensinava, mostrou também como Ele deseja que essa missão seja cumprida: com
o exemplo.
CAPÍTULO II - DESCOBRIMENTO DA TERRA DE VERA CRUZ
No dia 9 de março de 1500, partindo do rio Tejo, fez-se ao mar a grande
esquadra de Cabral, com destino às Índias. A frota era constituída de treze navios,
algumas caravelas e duas embarcações, conduzindo a bordo cerca de 1 .200
participantes. Já em alto mar, Cabral pensa no seu desejo de alcançar a terra
desconhecida do hemisfério sul, criando assim a sintonia necessária com os
planos do mundo invisível. Henrique de Sagres aproveita essa oportunidade, e,
sob a sua influência, as noites de Cabral são repletas de sonhos reveladores e,
sob o impulso de uma orientação imperceptível, as caravelas abandonam o
caminho das Índias.
Há em todos uma angustiosa expectativa, mas a assistência espiritual lhes
traz ânimo e esperança. Algum tempo depois, notam-se nas ondas folhas, flores e
perfumes. Eram os primeiros sinais de terra próxima. Horas depois, Cabral e sua
gente são recebidos como irmãos, na praia extensa e acolhedora, pelos
habitantes dessa Terra. Estava descoberta a Terra que seria um dia o Coração do
Mundo, Pátria do Evangelho.
Continuando o seu relato, o espírito Humberto de Campos nos fala de
acontecimentos completamente ignorados pela história humana. Conta-nos que,
enquanto Cabral adentrava à terra descoberta, conhecendo a sua gente, as suas
riquezas, no Mundo espiritual reinava uma alegria intensa em todos aqueles que
participaram do advento da Pátria do Evangelho.
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho (Célia Urquiza de Sá)
Dias após, o Mestre Jesus fazendo-se presente à uma das assembléias
espirituais, dirigindo-se a outro dos Seus elevados mensageiros, falou com
doçura: - "Ismael, doravante sejas o zelador dos patrimônios imortais que
constituem a Terra do Cruzeiro. Recebe-a nos teus braços de trabalhador
devotado da minha seara, como a recebi no coração, obedecendo a sagradas
inspirações do Nosso Pai (...) Para aí transplantei a árvore da minha misericórdia
e espero que a cultives com a tua abnegação e com o teu sublimado heroísmo..."
(Xavier Francisco Cândido, op. cit.1996) Ismael é um nome bastante conhecido no
mundo espírita. Ele é o Guia Espiritual do Brasil, e conforme afirma Humberto de
Campos, essa missão ele a recebeu diretamente de Jesus. O seu lema é: "DEUS,
CRISTO E CARIDADE".
Conta ainda o autor espiritual que, nesse mesmo instante, a frota de Cabral
abandona as águas da Baía de Porto Seguro, continuando a sua viagem, e na
praia, choram desesperadamente, dois dos vinte párias sociais condenados ao
exílio. Enquanto os homens do mar se afastavam levando amostras das riquezas
encontradas na nova terra, os dois infelizes se lastimavam sem consolo e sem
esperança. De repente, um dos condenados avança para uma frágil embarcação
indígena, que nenhuma proteção oferecia, e se faz ao mar. "Seus olhos inchados
do pranto, contemplam as duas imensidades, a do céu e a do mar, e esperando
na morte o socorro bondoso, exclama: -"Jesus, tende piedade! Sou inocente,
Senhor, e padeço a tirania da injustiça dos homens. Enviai a morte ao meu
espírito." ( Xavier, Francisco Cândido, op. cit. 1996, p 39) Nesse instante, sente
que uma luz estranha lhe nasce no íntimo,e uma esperança se apossa de sua
alma, e como por milagre, a frágil e rústica embarcação, que sob o seu impulso,
momentos antes, navegava rumo ao infinito, inesperadamente passa a navegar
em sentido contrário, regressando celeremente à praia distante. O furor das ondas
não foi suficiente para arrebatá-la. Uma força misteriosa a conduz em segurança à
terra firme. Afirma-nos o autor espiritual que, salvando esse nosso irmão infeliz,
desesperado, buscando a morte, Ismael realiza o seu primeiro trabalho nas Terras
do Cruzeiro, em favor daqueles que acabara de receber sob a sua proteção.
Esses nossos irmãos, que para cá vieram banidos injustamente do seu país, eram
inocentes naquela existência.
Porém, por culpas do passado mereciam o castigo que receberam. Se eles
cumpriram o seu resgate, vivendo as experiências da humilhação, da dificuldade,
da opressão e da dor, com certeza foi porque foi nesse ponto que eles infringiram
a Lei Divina. É a Lei do Retorno, a Lei de Causa e Efeito. É o conhecimento dos
atributos divinos que nos dá esta certeza. Deus é a Justiça Infinita, e nessa
condição, toda ofensa à Sua Lei é merecedora de resgate.
Capítulo III - A ESCRAVIDÃO NO BRASIL.
Durante três longos séculos, o Brasil viveu a página negra da escravidão. É
comum se atribuir esse acontecimento lamentável ao fator econômico. Acreditam
que só a necessidade de braços para a lavoura foi a responsável pela vinda do
negro africano para o Brasil. Realmente, o braço cativo foi o propulsor da
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho
economia brasileira e também de outros países. Mas, não podemos esquecer que
a ação espiritual, mesmo respeitando o livre arbítrio, está sempre presente em
cada momento da nossa existência.
O Espírito Humberto de Campos, no seu livro, nos fala de um encontro de
Ismael com o Divino Cordeiro, onde o nosso querido mensageiro e protetor expõe
a sua tristeza diante dos quadros de sofrimento e dor presenciados na nova Terra.
A civilização que ali se inicia, com um objetivo tão grandioso, deixa-se contaminar
por exemplos lamentáveis apresentados em outras terras, e aderindo ao tráfico de
escravos, faz-se ao mar e vai buscar nas terras longínquas da Luanda, da Guiné e
de Angola, negros indefesos. Arranca-os da sua pátria, transporta-os como
verdadeiros animais e, aqui chegando, vende-os como "peças" contadas,
tributadas, sem nenhum respeito à sua condição humana. O Divino Mestre, então
lhe responde brandamente: " - Ismael, asserena teu mundo íntimo nos sagrados
deveres que te foram confiados. Bem sabes que os homens têm responsabilidade
pelos seus atos. (...) Não podemos tolher-lhes a liberdade, mas também não
devem esquecer que cada qual receberá de acordo com os seus atos. Havia eu
determinado que a Terra do Cruzeiro se povoasse de raças humildes do Planeta,
buscando-se a colaboração dos povos sofredores das regiões africanas. (...) Para
isso aproximei Portugal daquelas raças sofredoras, sem violência de qualquer
natureza.
A colaboração africana deveria, pois, verificar-se sem abalos, sem
sofrimentos, conforme as minhas amorosas determinações. O homem branco da
Europa, porém, desejando entregar-se ao prazer fictício dos sentidos, procura
eximir-se do trabalho pesado da agricultura, (...). Eles terão a liberdade de
humilhar os seus irmãos, em face do livre arbítrio, (...) mas, os que praticarem o
nefando comércio sofrerão também o mesmo martírio. (Xavier, Francisco Cândido,
op. .cit pp. 50-51) Vemos aqui, que a vinda do negro africano para o Brasil fazia
parte dos planos traçados para a nossa Terra, mas tudo deveria acontecer sem
violência. A crueldade com que eles foram arrancados da sua pátria e o
tratamento monstruoso que aqui receberam, sendo escravizados e torturados,
foram conseqüência da ambição, do abuso do poder e da falta de conhecimento
de que somos todos filhos do mesmo Pai, logo somos irmãos; somos iguais.
Esses nossos irmãos africanos, vindos para o Brasil, eram entidades sofredoras
que, em outras existências, evoluíram apenas pela ciência. Evoluíram só
intelectualmente, mas eram pobres de humildade e de amor. Através da Lei de
Reencarnação, renasceram nas Terras da África e, de lá, vieram para o árduo
trabalho na Terra do Cruzeiro. Foram eles que abriram caminhos na terra virgem,
sustentando nos ombros feridos o peso de todos os trabalhos, conquistando assim
o sentimento de humildade e amor que lhes faltava.
Conforme Berni (1994), Emmanuel, em sua cartilha "Pensamento e Vida",
assim nos esclarece.: " - Já se disse que duas asas conduziram o espírito dos
humanos à presença de Deus. Uma chama-se amor, a outra, Sabedoria. Através
do amor, valorizamo-nos para a vida. Através da sabedoria, somos pela vida
valorizados. Daí o imperativo de marcharem juntas a inteligência e a bondade".
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho
Os filhos da África foram humilhados e torturados na Terra que seria um dia
a Pátria do Evangelho; mas com seu sacrifício, e com as suas lágrimas (que
também tinham uma razão, pois não se paga sem dever), tornaram-se
instrumentos do Mestre Jesus, na obra em prol do Evangelho, pois, com o seu
trabalho, constituíram-se num dos baluartes da nacionalidade em todos os tempos
e, enquanto isso, reabilitavam-se com a Lei Divina que foi por eles um dia
infringida.
Diz ainda o Mestre Jesus a Ismael: " Infelizmente Portugal, que representa
um agrupamento de espíritos trabalhadores e dedicados (...) não soube receber as
facilidades que a misericórdia do Supremo Senhor do Universo lhe outorgou
nestes últimos anos (...).Na velha península já não existe o povo mais pobre e
laborioso da Europa. O luxo das conquistas lhe amoleceu as fibras criadoras (...)
não nos é possível cercear o livre arbítrio das almas, poderemos mudar o curso
dos acontecimentos, a fim de que o povo lusitano aprenda, na dor e na miséria, as
lições sagradas da experiência e da vida. (Xavier, Francisco Cândido,1996, p 52 -
53)
Na formação da Pátria do Evangelho, o homem branco, com sua
independência e sua ambição, alterou os fatores; no entanto, Jesus alterou os
acontecimentos. É a História que nos conta o que aconteceu mais adiante.
Os donatários sofreram os mais tristes reveses no solo brasileiro: Os índios
Tupinambás e Tupiniquins (...) que, com expressões de fraternidade, receberam
Cabral quando aqui aportou pela primeira vez, reagiram contra os colonizadores e
travaram-se lutas cruentas.
A luxuosa expedição de João de Barros que saiu de Lisboa com intenção
de conquistar o ouro dos Incas, dispersou-se no mar, sofrendo os seus
componentes infinitos martírios. Os tesouros das Índias levam o povo português à
decadência e à miséria.
A Casa de Avis, sob cujo reinado se iniciou o tráfico hediondo dos homens
livres, desaparece para sempre e por fim, Portugal entrega-se ao domínio
Espanhol. (Xavier, Francisco Cândido, 1996 p.53 - 54). Estas informações nos
levam a supor que nada disso teria acontecido se os colonizadores tivessem agido
de modo diferente. Ninguém foge à Lei de Causa e Efeito.
Apesar de tão doloroso capítulo na nossa história, a escravidão obedeceu
rigorosamente ao critério da Lei de Causa e Efeito. Há, porém, um ponto a
observar: mesmo sendo uma página triste e vergonhosa na nossa história, é
forçoso reconhecer que a escravidão no Brasil não trouxe aos negros apenas
sofrimentos. Tiveram um final feliz. A vida dos negros regulariza-se, a saúde se
refaz trazendo-lhes a alegria de viver e muitos deles são gratos aos novos
senhores, que eram melhores que os da África e os do mar.
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho
Em Bérna, Duílio Lena, na obra "Brasil, Mais Além", encontramos: "Não é
nosso intento fazer apologia da escravidão, cujos terrores principalmente
macularam o homem branco e sobre ele recaíram. Mas a escravidão no Brasil foi
para os negros a reabilitação deles próprios e trouxe para a descendência deles
uma pátria, a paz e a liberdade e outros bens que pais e filhos jamais lograriam
gozar, ou sequer entrever no seio bárbaro da África". (op. cit. p. 108) "Na Pátria do
Evangelho, têm eles sido estadistas, médicos, artistas, poetas e escritores (...) em
nenhuma outra parte do planeta alcançaram ainda a elevada e justa posição que
lhes compete, como acontece no Brasil." (op. cit. p. 117).
Foi com essa tarefa expiatória, sofrendo os mais extraordinários sacrifícios,
que cumpriram o seu resgate. E mais tarde, no Quilombo dos Palmares, deramnos
o exemplo de resistência e perseverança, onde por mais de setenta anos
lutaram com heroísmo, defendendo o território por eles conquistado.
CAPÍTULO IV - INCONFIDÊNCIA MINEIRA
Estamos no reinado de D. Maria I, a Piedosa, a qual, escravizada ao seu
fanatismo religioso e ás opiniões dos seus confessores, fazia Portugal caminhar
para a ruína e a decadência. Era muito preocupante a situação do Brasil. A
capitania de Minas Gerais era, na época, a maior fonte de riquezas da Colônia,
com as suas minas de ouro e diamantes, o que a tornava o alvo dos ambiciosos.
Todos queriam se apossar das suas riquezas. Os padres queriam o ouro para as
suas Igrejas suntuosas. Os magistrados queriam a todo custo enriquecer antes de
voltar para Portugal; e os agentes do fisco cumpriam rigorosamente as ordens da
corte de Lisboa, que era naquela época uma fonte onde os parasitas da nobreza
iam sugar pensões extraordinárias e fabulosas.
Anuncia-se a "derrama"; isto é, cobrança atrasada do imposto do ouro. Em
Minas, os brasileiros consideram a gravidade da situação e, achando que o Brasil
já tem condições de reger seus próprios destinos, começam a traçar os planos da
libertação. Reúnem-se, em Vila Rica, vários nomes já muito conhecidos.: Inácio
Alvarenga, Joaquim José da Silva Xavier – O Tiradentes - Cláudio Manoel da
Costa, Tomaz Gonzaga e outros. As primeiras providências consistiam em infiltrar
as idéias de liberdade nas outras Capitanias. Procuram então os nossos irmãos de
Pernambuco e de São Paulo, e pedem também o apoio do embaixador da
América do Norte em Paris. Mas, nem o embaixador em Paris nem as Capitanias
de Pernambuco e São Paulo se interessaram pela idéia. É nesse momento que
surge a figura de Joaquim Silvério dos Reis, o qual leva todo o plano ao Visconde
de Barbacena, português que, naquela época, ocupava o cargo de Governador de
Minas Gerais. Querendo fazer morrer as idéias de liberdade, na sua fonte, o
Governador manda imediatamente prender Tiradentes, que se achava no Rio de
Janeiro, e também os elementos da conspiração em Vila Rica. Todos são
condenados à morte, porém, mais tarde, D. Maria I muda as penas de morte em
degredo perpétuo, com exceção de Tiradentes que teria de morrer na forca e seu
corpo esquartejado e exposto em praça pública. Conta-nos Humberto de Campos
que o mártir da Inconfidência, num gesto de heroísmo, sente uma alegria sincera
pela expiação cruel que só a ele fora reservada e entrega o espírito a Deus no dia
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho
21 de abril de 1792 e que, imediatamente após a execução, no momento exato do
seu desencarne, Ismael o recebe carinhosamente, dizendo-lhe: " - Irmão querido,
resgatas hoje os delitos que cometestes quando, no passado, fostes um cruel
inquisidor. (...) Regozija-te pelo desfecho dos teus sonhos de liberdade. (...). Se o
Brasil se aproxima da maioridade como nação, ao influxo do amor divino, será o
próprio Portugal quem virá trazer até ele os elementos da sua emancipação
política, sem ser ás custas do derramamento do sangue fraterno". ( Xavier,
Francisco Cândido, 1996 p.122) A seguir, foi ele transportado por espíritos
superiores que não lhe permitiram assistir à cena do esquartejamento. Daí a
alguns dias, a rainha d. Maria I enlouquecia, ferida pelo remorso. Ela havia sido
uma rainha muito cruel. Com muita freqüência e tranqüilidade, assinou várias
sentenças de morte.
Daí por diante, os brasileiros não têm outro pensamento a não ser a
Independência, mas o predomínio dos portugueses, desde a Bahia até o
Amazonas, representava sério obstáculo. Os mensageiros de Ismael se
multiplicavam em todos os setores visando conciliar a todos, com a finalidade de
preservar a unidade territorial do Brasil. A equipe espiritual se reúne no Colégio de
Piratininga, sob a direção de Ismael.
Ali se encontram heróis das lutas maranhenses e pernambucanas, mineiros
e paulistas. Nessa ocasião, Ismael dirige a todos a sua palavra cheia de
ponderação e ensinamento, e encerra a sua alocução, dirigindo-se a Tiradentes,
dizendo: " - O nosso irmão martirizado há alguns anos pela grande causa ,
acompanhará D. Pedro em seu regresso ao Rio e, ainda na terra generosa de São
Paulo, auxiliará o seu coração no grito supremo da liberdade". ( Xavier, Francisco
Cândido, 1996 p.158). Conforme a promessa de Ismael a Tiradentes no momento
supremo do seu sacrifício, alcançamos a Independência, sem o derramamento de
sangue. Bastou um grito às margens do Ipiranga: "INDEPENDÊNCIA OU
MORTE". Tivemos a Independência, mas não tivemos a morte. Informa-nos ainda
o autor espiritual que, quando D. Pedro dava o grito que nos tornava uma nação
livre, não suspeitava que naquele momento ele era um dócil instrumento de um
emissário invisível, que velava pela grandeza da nossa pátria: o nosso mártir e
herói TIRADENTES.
CAPÍTULO VI - O MOVIMENTO ABOLICIONISTA
Em todas as outras nações do continente americano, a escravidão já havia
sido abolida. Só nós os brasileiros ainda não havíamos arrancado esta página
negra da nossa história. Os primeiros passos já haviam sido dados: "A Lei do
Ventre Livre e a Lei dos Sexagenários". D. Pedro II acompanhou com muito
agrado as deliberações de sua filha, na extinção gradual do cativeiro, mediante
processos pacíficos. As equipes espirituais de Ismael contavam com
colaboradores devotados no Brasil: Castro Alves, Rio Branco, Luís Gama, José do
Patrocínio e outros, além da Princesa Isabel, é claro, que viera ao mundo com a
sua tarefa definida no trabalho abençoado da abolição. Foi assim que, sob a
influência dos mentores espirituais da Pátria, no dia 13 de maio de 1888, a
Princesa Isabel recebe dos abolicionistas a proposta de lei para a imediata
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho
extinção do cativeiro no Brasil, a que foi por ela sancionada sem nenhuma
hesitação. Estava acabada a escravidão na Pátria do Evangelho. Pela grande
lição que encerra, merece anexar a este estudo a mensagem psicofônica
transmitida em: (XAVIER, Francisco Cândido. s/d. p. 53).
Bem mais tarde, em 13 de maio de 1954, o nosso querido médium Chico
Xavier recebe uma comunicação psicofônica de uma entidade que se identificou
apenas com duas letras "J.P.", contando que, numa ocasião em que participou de
uma reunião na Câmara de Vereadores, reagiu colérico às propostas
abolicionistas apresentadas naquela ocasião. Chegando em casa, veio a saber
que o inspirador daquelas propostas foi um seu escravo de nome Ricardo, muito
inteligente, culto, falava fluentemente o francês, e que era por ele tratado com
muita deferência, até mesmo com estima. A sua revolta o fez punir cruelmente o
escravo. Diz ele na sua mensagem: "Reuni minha gente para as pancadas - triste
é recordá-las! - dilaceraram-lhe o dorso nu, sob meus olhos impassíveis. O
sacrifício prosseguiu com o esmagamento dos pés e das mãos". Falou então do
remorso que o consumia cruelmente, após o seu desencarne e que lhe doíam
muito mais do que os açoites que o escravo Ricardo recebeu no seu dorso.
Continuando, ele diz o que lhe aconteceu no mundo espiritual, em meio ao
sofrimento que o angustiava . " Em dado momento, ouço uma voz: Meu filho, Com
imensa emoção, encontro-me nos braços de Ricardo, nele identificando meu
próprio pai. (... ) desprendi-me dos seus braços carinhosos e busquei a sombra a
fim de chorar o remorso que meu pai, meu amigo, meu escravo e minha vítima,
não poderia compreender" Percebe-se claramente que Ricardo, o seu antigo
escravo, havia sido o seu próprio pai em existência anterior. Continua ele a sua
mensagem: "Após tantos anos de inquietação, percebi, assombrado, que meus
pés e minhas mãos estavam retorcidas. (...)"
Nessa mensagem, o nosso irmão comunicante nos fala do seu próximo
reencarne e deixa perceber o defeito físico de que será portador.
Amigos, eis que nos achamos em 13 de maio de 1954. Para minha alma , a
luz não tarda! A luz do renascer.
Encontramos neste depoimento, a explicação para as deformidades de
nascença. Geralmente, casos que, por falta de conhecimento, são julgados como
crueldade de Deus, nada mais são que conseqüências de erros do passado.
CAPÍTULO VII - O SÉCULO XIX.
O século XIX, entre outros acontecimentos, nos trouxe o Consolador
prometido por Jesus. Façamos aqui um parêntese, a fim de falarmos um pouco
sobre o Consolador que Jesus um dia nos prometeu. Logo após, voltaremos ao
relato dos fatos. Para falar no Consolador, é bom voltar no tempo e no espaço.
Voltemos à Palestina, quando Jesus, vendo aproximar-se o seu retorno para a
espiritualidade, assim falou: "Se vós me amais, guardai meus mandamentos e eu
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho
rogarei a Meu Pai e Ele vos enviará um outro Consoladora fim de que permaneça
eternamente convosco.
(...) o Consolador, que é o Santo-Espírito que o Pai enviará em meu nome,
vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo aquilo que vos tenho dito"
- (João, cap. XlV, v. 15 - 17). Pouco tempo após essa promessa, Jesus volta ao
Mundo Espiritual e 40 dias depois, estando Maria, Sua Mãe, no Cenáculo, em
companhia dos discípulos, de repente surgem, como se fossem línguas de fogo
que se distribuíam pelos discípulos, que a partir daí começam a falar vários
idiomas diferentes e falam também das grandezas de Deus. Lembrando as
palavras de Jesus, prometendo que mandaria um Consolador, as pessoas,
naquela época, (ainda hoje há quem pense assim), julgaram que aquele
acontecimento, que ficou conhecido como a vinda de Pentecostes, era o
Consolador que chegava. Mas hoje, não há mais razão para se pensar assim,
pois, conforme disse o próprio Jesus, o Consolador teria que atender a duas
condições: esclarecer tudo aquilo que naquela época, em virtude da pouca
evolução espiritual, as pessoas não tinham condições de entender; lembrar tudo o
que havia sido esquecido. Ao que se sabe, a vinda de Pentecostes não fez
nenhum esclarecimento a respeito dos ensinamentos de Jesus. Os discípulos
continuaram a pregar os evangelhos como vinham fazendo, não acrescentando
nada de novo, e também, como fazia pouco tempo da volta de Jesus para a Pátria
espiritual, os seus ensinamentos eram ainda muito recentes, nada havia sido
esquecido. Logo, temos todas as razões para afirmar que a vinda de Pentecostes
não foi a vinda do Consolador prometido por Jesus; e ao mesmo tempo, temos
todas as razões para afirmar que o Espiritismo é realmente o Consolador
prometido, pois ele é o único que atende às duas condições impostas por Jesus,
na ocasião da Sua promessa. O Espiritismo esclarece tudo aquilo que naquela
época não se tinha condições de entender e nos lembra tudo o que, no decorrer
dos séculos, foi caindo no esquecimento.
Que ensinamentos foram esses, que naquela época não foram entendidos?
Reencarnação. Quando Jesus disse a Nicodemos "-em verdade, em
verdade, vos digo: ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo"
(João, 3: 1 a 12) as Suas palavras não foram bem entendidas. Ainda hoje,
algumas pessoas acreditam que, naquela ocasião, Jesus se referia ao batismo.
Mas Nicodemos compreendeu o sentido em que Jesus falou; tanto é que ele
perguntou: Como pode um homem já velho voltar a entrar no ventre de sua mãe?
Vê-se aí que Nicodemos entendeu que Jesus estava dizendo: Nascer de novo,
mesmo, nascer outra vez. Na parábola do Filho pródigo (Lucas, 15: 11 a 32),
Jesus deixa bem claro que teremos uma nova oportunidade, e essa oportunidade
é a reencarnação. Também aí, a mensagem não foi entendida. A Lei de Causa e
Efeito. Foram muitas as ocasiões em que Jesus se referiu à essa Lei. Ao curar o
paralítico, Jesus disse: "-Homem, perdoados são os teus pecados". ( Mateus, 9:1
a 8), mostrando assim que aquela paralisia era conseqüência de erros do
passado, e que já estavam resgatados. Outra ocasião Ele disse: "Não julgueis,
para que não sejais julgados; porquanto, com o juízo com que julgardes, sereis
julgados"; "a medida que usardes para medir vosso irmão, dessa mesma usarão
convosco"(Mateus, 7: 1 a 6); Na ocasião em que os soldados chegaram para
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho (Célia Urquiza de Sá)
prender Jesus, Pedro, num gesto impulsivo, feriu um deles, cortando-lhe a orelha.
Então o Mestre falou: "-Embainha a tua espada Pedro, pois todos que tomarem a
espada, morrerão à espada. (João, 18: 2 a 12). As pessoas ouviam estas
palavras, mas não entendiam o seu verdadeiro sentido. Naquelas ocasiões, Jesus
nos ensinava que responderemos à altura por tudo o que praticarmos. "Lei de
Causa e Efeito. "
Outras frases também foram ditas e as pessoas não entenderam. "Na Casa
do Pai, há muitas moradas"(João: 14: 1 a 31). Aí, Jesus se referia aos vários
mundos habitados. Ainda hoje, há pessoas que acreditam que só o nosso Planeta
é habitado.
"Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?" (Mateus, 3: 20, 21). Com
estas palavras, Jesus dizia que somos uma família universal. Somos todos irmãos,
filhos de um mesmo Pai.
O Espiritismo esclarece todas estas expressões. Ele nos faz mergulhar nos
ensinamentos de Jesus e extrair deles o seu verdadeiro sentido. Só o Espiritismo
faz isso.
E o que caiu no esquecimento? Também a Reencarnação. Os primeiros
cristãos eram reencarnacionistas. Mais tarde, principalmente após o surgimento
do Catolicismo Romano, quatro séculos após a vinda de Jesus, essa crença foi
ficando esquecida pela grande maioria da humanidade. Foram esquecidas
também: as práticas socorristas: passe, água fluidificada, diálogo para orientar e
amparar os espíritos impuros. O Espiritismo repete tudo aquilo que Jesus fazia.
Nas Casas espíritas aplicam passes, fluidificam a água e nas reuniões
mediúnicas, em vez do exorcismo adotado, tanto pelo catolicismo, como pelo
protestantismo, os espíritas doutrinam os obsessores, conscientizando-os para
buscarem em Jesus, a ajuda que necessitam para o seu crescimento espiritual.
Os espíritas não tratam os espíritos obsessores pelo nome de espíritos maus.
Sabem que eles são seus irmãos. Podem até terem sido seus parentes em outras
encarnações. Eles os chamam de irmãos sofredores, infelizes necessitados de
apoio e orientação. Não adotam o exorcismo. Primeiro, porque não foi isso o que
Jesus ensinou; segundo, porque não querem simplesmente expulsar os espíritos
obsessores, afastando- os para bem longe. Querem ajudá-los, orientá-los para
que saiam do estado de sofrimento em que se encontram, e isso só se consegue
com o diálogo, a doutrinação. Foi isso o que Jesus nos ensinou. Como exemplo
temos o episódio do obsediado de Gadara quando Jesus dialogou com o espírito
obsessor, perguntando-lhe: "Qual o teu nome?" Ele então lhe respondeu: "Legião
é o meu nome, porque somos muitos". (Mat., 8: 28 a 34). Por tudo isso podemos
afirmar, com segurança, que o Espiritismo é o Consolador prometido, pois atende
perfeitamente às condições impostas por Jesus.
Fechando o parêntese, continuemos a relatar os fatos, verificando o Divino
Mestre a decadência espiritual das Igrejas mercenárias, que assim agiam em Seu
nome, (é do conhecimento de todos o comércio que as igrejas estavam fazendo,
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho (Célia Urquiza de Sá)
naquela época, com a venda das indulgências, uma das causas da Reforma), e
verificando que a humanidade já estava amadurecida o suficiente para receber o
Consolador por Ele prometido, iniciam-se então os preparativos para a vinda do
Consolador. Em uma das assembléias espirituais, presidida pelo divino Mestre
Jesus, foi por Ele destacado um dos Seus grandes discípulos para vir à Terra
organizar, compilar ensinamentos, oferecendo um método aos estudiosos, a fim
de levar a todos o conhecimento dessa Doutrina Consoladora, que foi um dia por
Ele anunciada e prometida. Foi com esta missão, que a 3 de outubro de 1804, na
cidade de Lion, na França, reencarnou Hypollite Leon Denizard Rivail, que mais
tarde se tornou mundialmente conhecido pelo nome de Allan Kardec. Segundo os
planos do invisível, o grande missionário contaria com um grupo de auxiliares,
uma plêiade de espíritos superiores, para coadjuvá-lo na sua obra. Veio então J.
B. Roustain, Leon Denis, Gabriel Delane e Camile Flamarion. Todos estes muito
cooperaram na Codificação Kardequiana, ampliando-a com os conhecimentos
necessários. Constatando então que havia chegado o momento, iniciaram-se os
fenômenos que atrairiam a atenção do mundo para as manifestações espíritas.
Surgiram na América do Norte, na cidade de Hydesville, os fenômenos de efeitos
físicos, com as irmãs Fox. Mais tarde, na França surgiram as mesas girantes, as
quais, não sendo bem compreendidas, logo se transformaram em brincadeira de
salão. Foi quando o nosso Kardec, na época, Hypollite Leon Denizard Rivail,
tomando conhecimento desse fato, julgou a princípio que se tratava apenas de
magnetismo, porém, logo a seguir, verificou que por trás daquelas mesas havia
algo de muito sério, pois elas não só giravam e corriam, mas também davam
respostas inteligentes. A partir daí, começaram os seus estudos, tendo como
resultado a codificação da Doutrina Espírita, que, como o nome indica, não foi
criada por Kardec, não é criação humana, mas é a Doutrina dos Espíritos.
A comunicação do Anjo a Maria, de que ela seria a mãe de Jesus, foi uma
comunicação mediúnica de efeitos físicos: vidência e audiência. E assim por
diante. São várias as passagens que nos mostram que as manifestações espíritas
ou mediúnicas sempre existiram. Seria então o caso de se perguntar: por que a
importância tão grande dos fenômenos de Hydesville e das mesas girantes? É que
até aí os fenômenos espirituais eram esporádicos, não tinham uma seqüência.
Consistiam apenas em revelações, o que fazia pensar que só algumas pessoas
tinham condições de receber. Em Hydesville, porém, aconteceu o diálogo e a
freqüência, pois eles continuaram a se repetir. As mesas girantes foram também
um fenômeno que se repetiu freqüentemente. Estava assim mostrada a
possibilidade do intercâmbio com o mundo espiritual, e que todos podem receber
estas comunicações.
O Espiritismo foi codificado na França pelo missionário Kardec mas, à
semelhança da árvore do Evangelho, inicialmente plantada na Palestina, lá não
encontrou eco. O Espiritismo, na França, não foi aceito nos seus três aspectos:
Filosofia, Ciência e Religião. Na França, o aspecto religioso ainda hoje não é
aceito. A Doutrina Espírita, porém, não prescinde de nenhum destes aspectos,
pois se algum deles lhe faltar, ela estará incompleta.
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho (Célia Urquiza de Sá)
A História se repete. Na França, o Espiritismo não foi aceito nos seus três
aspectos, mas o Brasil a recebeu integralmente, e hoje, com alegria, nos vemos
na condição de o maior País espírita do mundo. A Humanidade necessita dessa
Doutrina que lhe traz lições tão valiosas, pois só os seus ensinamentos
conseguem levar o homem a alcançar a sua reforma íntima, aquela reforma que
nos ensinou o apóstolo Paulo: "que faz morrer o homem velho e despertar o
homem novo", que há em cada um de nós. Nessa Doutrina Consoladora,
aprendemos a conhecer quem somos, de onde viemos e para onde vamos;
aprendemos a amar e a perdoar; aprendemos a fazer o bem sem olhar a quem,
aprendemos que fora da caridade não há salvação; e aprendemos também que
devemos dar de graça o que de graça recebemos.
Mais uma vez a Bahia cumpre o seu papel histórico. Ela é o berço do Brasil,
pois foi lá que Cabral aportou pela primeira vez em nossa Terra, e é também o
berço do Espiritismo organizado no Brasil, pois foi lá, mais precisamente na cidade
de Salvador, que foi criado por Luís Olímpio Teles de Menezes, em 1865, uma
sociedade regida por estatutos, com o nome de "Grupo Familiar do Espiritismo",
sendo assim o primeiro e legítimo grupo de espíritas no Brasil, e a sua finalidade
era divulgar e incentivar a criação de outras sociedades semelhantes pelo resto do
País. Algum tempo antes disso, em 1853, as manifestações das mesas girantes
entraram no Brasil. Despontaram ao mesmo tempo no Rio de Janeiro, Ceará,
Pernambuco e Bahia, mas essas atividades eram desenvolvidas em pequenos
grupos familiares. As dificuldades foram muitas, mas o dinamismo e o amor de
Luís Olímpio Teles de Menezes a tudo superou, e graças ao seu esforço, em julho
de 1869, três meses após o desencarne de Kardec, surgiu na Bahia o primeiro
periódico espírita: "O Eco d'Além Túmulo". Mais tarde, em janeiro de 1883,
Augusto Elias da Silva lança o "Reformador". Essa Revista, centenária, vem sendo
mantida permanentemente em circulação, até hoje. Estas e muitas outras
iniciativas tomadas pelos espíritas daquela época instalaram definitivamente o
Espiritismo no Brasil. Nem todos os espíritas modernos conhecem o trabalho
intenso dos bandeirantes do espiritismo naquela época. Lutaram contra as trevas
do mundo invisível, contra o insulto, à opinião e a descrença das pessoas, e por
muitas vezes foram ridicularizados, mas sempre contando com a ajuda de Ismael
e dos seus mensageiros, as dificuldades foram vencidas, e hoje vemos com
alegria o Espiritismo a se estender por todo o nosso território, e também pelo
mundo inteiro.
CAPÍTULO VIII - FEDERAÇÃO ESPIRITA BRASILEIRA.
O Brasil já contava com várias sociedades espíritas prestigiosas, mas
contrariando as instruções do plano invisível, cada qual com o seu programa
particular, descentralizando a ação renovadora. A Federação Espírita Brasileira,
fundada em 1884, no Rio de Janeiro, por Elias da Silva, Manoel Fernandes
Figueira, Pinheiro Guedes e outros companheiros de ideal espírita, aguardava,
sob a proteção de Ismael, a ocasião propícia para desempenhar a sua tarefa junto
aos grupos do País, no sentido de federá-los, coordenando-lhes as atividades,
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho Célia Urquiza de Sá
sempre dentro dos princípios da Doutrina. Em mais um dos encontros de Ismael
com o nosso Mestre Jesus, ouviu dEle as seguintes palavras: "Ismael,
concentraremos todos os nossos esforços, a fim de que se unifiquem os meus
discípulos encarnados (...) Na pátria dos meus ensinamentos, o Espiritismo será o
Cristianismo revivido na sua primitiva pureza. (...) Procurarás, entre as
agremiações da Doutrina, aquela que possa reunir no seio todos os
agrupamentos: colocarás aí a tua célula, (...) a caridade pura deverá ser a âncora
da tua obra e valerá mais que todas as ciências e as filosofias , e será com esta
célula que conseguirás consolidar a tua Casa e a tua obra". (Xavier, Francisco
Cândido, 1 996 p.220).
Ismael, na condição de trabalhador devotado da seara do Cristo, cumpre
fielmente a sua missão, e na Federação Espírita Brasileira, assenta a sua tenda
de trabalho, tendo como base o seu lema imortal: "Deus, Cristo e Caridade".
Mais tarde, Bezerra de Menezes, aquele a quem os espíritas, com justa
razão, respeitam como o apóstolo e mentor na seara do Cristo, assumiu a direção
da Federação Espírita Brasileira, fazendo desta Instituição o porto seguro a todos
os corações. Hoje, essa Organização Federativa é o programa ideal da Doutrina
Espírita no Brasil. Ela é o norte a guiar as Entidades a ela vinculadas e trabalha
incansavelmente pela unificação, cuja semente foi lançada pelo próprio Jesus
quando disse: "Nisto, conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes
amor uns aos outros". - (João, 13: 34-35). Com estas palavras, o Mestre nos
alertava para a necessidade da união, pois só assim seremos fortes.
Mais tarde, Kardec ouviu do Espírito de Verdade: "Espíritas! Amai-vos, este
o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo" (O Espírito de Verdade -
Evangelho Segundo o Espiritismo").
Algum tempo depois, é o nosso apóstolo e mentor Bezerra de Menezes
quem nos ensina: "Solidários seremos união. Separados uns dos outros, seremos
pontos de vista".
O objetivo da Unificação é fortalecer e facilitar o Movimento Espírita, que é
o conjunto das atividades que tem por objetivo levar a Doutrina Espírita a toda a
Humanidade, através do seu estudo, da sua prática e da sua divulgação, sempre
com base na codificação Kardequiana, e trará como resultado a aproximação dos
Espíritas e das Casas Espíritas, proporcionando o progresso das Instituições. A
Instituição Espírita que se torna adesa à Federativa Estadual passa a fazer parte
do Movimento Estadual Espírita, enriquecendo-se através da troca de
experiências, nunca, porém, sendo pressionada no seu modo de agir e também
vendo sempre respeitadas a sua liberdade e responsabilidade.
No dia 5 de outubro de 1949, por ocasião da Grande Conferência Espírita
no Rio de Janeiro, com a participação de vários dirigentes de Instituições
Espíritas, foi firmado um acordo, que passou a ser chamado "PACTO ÁUREO",
em virtude da sua importância para o Movimento Espírita.
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho Célia Urquiza de Sá
Com esse acordo, o antigo Conselho Federativo da FEB, que federava
diretamente os Centros Espíritas de todo o País, foi substituído pelo Conselho
Federativo Nacional - CFN, integrado pelas Federações e Uniões representativas
dos Movimentos Espíritas estaduais e do Distrito Federal, ficando determinado
que o CFN será presidido pelo Presidente da FEB.
Após a assinatura do Pacto Áureo, foi criada a "Caravana da Fraternidade",
com a finalidade de levar aos Movimentos Espíritas dos Estados do Norte e
Nordeste do País o conhecimento da criação do Conselho Federativo Nacional,
convidando-os a participarem do novo órgão. Essa iniciativa foi coroada de pleno
êxito. Atualmente, todos os Estados brasileiros têm sua representação espírita no
CFN, cujo objetivo é promover a união dos espíritas e a unificação do Movimento
Espírita.
CAPÍTULO IX - CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Diante do exposto, a que conclusão chegamos? Somos o Coração do
Mundo, Pátria do Evangelho? Ou não somos? É verdade que aqui se encontram
pessoas de todas as raças, de todas as nações, de todas as religiões, e, aqui,
todos convivem num clima de fraternidade. Aqui, não temos conflitos religiosos.
Mesmo sendo o Brasil o maior país espírita do mundo; o maior país católico do
mundo; e se ainda não somos o maior pais protestante do mundo, estamos perto
de ser, e todas essas religiões convivem sem agressões, sem ataques. Sabemos
conviver como irmãos, mesmo tendo crenças diferentes. Pensando no mapa da
América do Sul, nos vem logo à memória uma colcha de retalhos, tão numerosa é
a sua divisão em pequenas áreas. Só o Brasil se conservou o gigante que sempre
foi. Mas, se nos conservamos esse gigante, foi porque contamos com o apoio e a
ajuda constantes da equipe espiritual. Para cá vieram os invasores, tais como os
franceses e holandeses, que embora fortemente armados, foram vencidos pelos
colonizadores, auxiliados por nós, os brasileiros, que tínhamos muito menos
condições. Sem nenhuma sombra de dúvida, contamos para isso com a ajuda dos
irmãos espirituais. Sem eles não teríamos conseguido conservar a nossa
integridade territorial. Nesse País tão grande, se fala um só idioma. Se ainda
temos diferenças, se ainda não temos um só pensamento, mesmo assim, não
temos conflitos raciais e conflitos internos de grandes proporções. Os nossos
problemas internos se resolvem pacificamente. Somos um País que já nasceu
rezando. Para que estivéssemos sempre nos voltando para Deus, foi que, por
orientação dos nossos irmãos espirituais, logo após o descobrimento, tivemos
uma missa nas caravelas. Dias depois, tivemos outra já em terra firme, e isso fez
com que o nosso povo traga sempre Deus presente em todos os pensamentos.
Somos a Pátria do Evangelho? Que é Pátria do Evangelho? Para aqueles
que vivem só do imediato, apegados só às coisas materiais, Pátria do Evangelho
seria aquela onde facilmente o seu povo enriquecesse e vivesse de prazeres e
conforto material. Nesse caso, não seríamos nós e estaríamos bem longe de ser.
A Pátria do Evangelho, com certeza, seria uma das nações do Primeiro Mundo.
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho Célia Urquiza de Sá
Mas, foi aqui que Jesus transplantou a árvore do Seu Evangelho. Será que isso é
suficiente ? Não. Isso não é suficiente... A escolha de Jesus para, numa nova
tentativa, nos entregar a tarefa de semeadores do Seu Evangelho, significa que
um planejamento foi feito para nós. A espiritualidade nos ofereceu todas as
condições necessárias para o cumprimento dessa missão. Ela fez e continua
fazendo a sua parte, mas será que estamos fazendo a nossa? O Brasil será o que
nós fizermos dele. Isso quer dizer que esta missão que nos foi confiada poderá ter
ou não ter sucesso. O palco está armado, mas os atores somos nós. O projeto é
grandioso, a oportunidade é valiosa, mas depende de nós. É importante observar
que, mesmo tendo sido escolhidos por Jesus, para viver, aprender e espalhar o
Seu Evangelho, além da generosidade e boa vontade de seu povo, encontramos
também, no Brasil, egoísmo, ódio, violência, o que índica que ainda não somos
um povo evangelizado. Então o Brasil ainda não é a Pátria do Evangelho. Ainda
não conseguimos superar a mágoa pela injustiça e o ódio pelas humilhações
sofridas que trazemos em nossas raízes. Em compensação, temos também a
resignação e a boa vontade do coração puro o que nos torna um povo pacato,
sensível, resignado e sempre pronto a ajudar, fruto da miscigenação de que fomos
formados; e temos também o essencial: a fé e a confiança em Deus. Isso poderá
nos levar a incorporar, nos atos diários, aquilo que dizemos acreditar. Quando
assim fizermos, estaremos nos olhando a todos como irmãos, filhos de um mesmo
Pai. Isso é vivenciar o Evangelho. Esta é a lição que nos compete levar ao mundo.
É aprendendo e vivendo esta lição que levaremos, aos nossos irmãos de todo o
Universo, o grande ensinamento de Jesus: "Amai-vos uns aos outros como eu vos
amei". Esta é a nossa missão . Ainda não somos um povo evangelizado, mas já
conseguimos dar os primeiros passos. É gratificante observar como as religiões,
embora se digam pensar diferente umas das outras, agem de forma idêntica. As
campanhas em busca da Paz; o combate às drogas; o incentivo à vida, na luta
contra o suicídio, o aborto, a eutanásia, pena de morte e outras, revelam que,
mesmo sem perceber, a humanidade caminha para um mesmo ponto. Isso indica
que a semente do evangelho está florescendo. Não é à-toa que temos tantas
religiões nesse país. Seria difícil para uma só religião atingir em pouco tempo
duzentos milhões de habitantes. Tudo isso faz parte dos planos divinos. Um dia,
veremos na prática a realização daquelas palavras do nosso Mestre: "Haverá um
só rebanho e um só Pastor". Fomos escolhidos por Jesus para sermos a pátria do
evangelho, mas não somos a única nação escolhida para uma nobre tarefa. Deus
é Pai de todos, e a cada um é reservada uma missão. Fazemos parte de um
concerto, onde cada nação é uma nota na Sinfonia Divina.
Emmanuel, mentor espiritual de Francisco Cândido Xavier, prefaciando a
obra em estudo, "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", diz: " se a
Grécia e a Roma da antigüidade tiveram a sua hora, como elementos primordiais
das origens de toda a civilização do ocidente: se o império português e o espanhol
se alastraram quase por todo o planeta; se a França e a Inglaterra têm tido a sua
hora proeminente nos tempos que assinalaram as etapas evolutivas do mundo, o
Brasil terá também o seu grande momento no relógio que marca os dias da
evolução da humanidade".
A Missão do Brasil como Pátria do Evangelho Célia Urquiza de Sá
As outras nações também têm as suas missões. Quais? O que compete a
cada uma delas? Se ainda não nos conscientizamos realmente da nossa, por que
nos preocuparmos com a que cabe aos outros? Sigamos em frente, confiando em
Deus, em nosso Mestre Jesus, em nosso protetor Ismael, e façamos a nossa parte
que, com toda a certeza, um dia faremos da nossa Terra o CORAÇÃO DO
MUNDO, A PÁTRIA DO EVANGELHO.
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BIBLIOGRAFIA.
OBRA REFERÊnCIA:
Xavier, Francisco Cândido, "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do
Evangelho" Espírito Humberto de Campos 22 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1996,
OBRAS CONSULTADAS:
- BERNI,Duílio L. "Brasil, Mais Além." 5. ed. Rio de Janeiro: FEB 1994;
- BEAZLEY, Raymond. "O Infante D. Henrique e o Início dos
Descobrimentos Modernos." Traduzido por Álvaro Dória. Porto: Livraria
Civilização.1 945. p. 1 35. Tradução de "Prince Henry the Navigator the Hero of
Portugal and of modern discovery";
- Kardec, Allan. "O Evangelho segundo o Espiritismo". 151 ed Tradução por
Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro FEB. 1992. Tradução de "L" Évangíle Selon Le
Spírítísme";
- Kardec, Allan. "O Livro dos Espíritos" 59. ed. Tradução de Guillon Ribeiro.
Rio de Janeiro: FEB. 1984. Tradução de "Le Lívre des Espíríts";
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