sexta-feira, 30 de março de 2018


                     ALGUNS FATOS IMPORTANTES DO DIA 1º DE MARÇO!
                Em 1565, Estácio de Sá funda a cidade do Rio Janeiro, uma das mais belas metrópoles do planeta.
No inicio da década de 1930, o coronel José Pereira, da cidade de Princesa Isabel, do Estado da Paraíba, se rebelou contra o presidente João Pessoa, que queria desarmar os coronéis. Dentro do contexto do momento, de 1894 a 1030, paulistas e mineiros se revezavam na Presidência da Republica. A chamada República café com leite. São Paulo, maior produtor de café e Minas Gerais na produção de leite.
                No entanto, em 1930 o então presidente, o paulista Washington Luis quebrou o protocolo e indicou outro paulista, Júlio Prestes. Os mineiros, não aceitaram e se uniram ao Rio Grande do Sul, indicando a candidatura do presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Getúlio Dorneles Vargas para presidente, tendo como vice, João Pessoa que rompeu com o partido Republicano paulista. Daí vem o “NEGO” da bandeira da Paraíba.
E no sertão paraibano foi criada a República da Princesa. Contudo, em outubro deste ano Washington Luis, com a morte por assassinato, de João Pessoa em julho deste mesmo ano, termina com a também chamada, Revolta da Princesa, que teve um saldo de mais ou menos 600 mortos.
                Em 1945, Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, assina a Paz de Ponche Verde, local situado em Dom Pedrito, terminando com a Guerra dos Farrapos, que estava completando 10 anos. Um dia antes, Davi Canabarro pelo lado dos rio-grandenses já havia assinado os termos da paz.  Nesta época, ainda não éramos conhecidos como gaúchos e sim rio-grandenses.
                Em 1923, morre o Águia de Haia. O grande Rui Barbosa que, de tantas obras deixou à posteridade uma de suas pérolas que serve até nossos dias: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

      ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.
         Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).


                        AFINAL, GETÚLIO VARGAS ERA CHIMANGO OU MARAGATO!
                Rememorando a história rio-grandense a partir do final do século XIX, vimos que com a Proclamação da República em 1889, é lançada nova ordem política e social no Estado.
                Os Federalistas, na liderança de Gaspar Silveira Martins, grande senador e tribuno na monarquia e que queria o regime parlamentarista e federativo de governo é perseguido por Julio Prates de Castilhos, republicano e seguidor do positivismo de Augusto Comte e que desejava um executivo forte, enquanto, por outro lado, um legislativo débil.
                Diante disso, estoura a Revolução Federalista, (1893 – 1895). As cores de lenço, como símbolos maiores de ideais. Maragatos, revolucionários (lenço vermelho), Pica-paus na manutenção do regime nascituro (lenço branco), legalistas.
                Em 1903, morre Júlio de Castilhos, então com 43 anos (câncer na garganta) e segue seus ditames, Antônio Augusto Borges de Medeiros na Presidência do Estado.
                Em 1923, nova Revolução irrompe no Estado, ainda governado por Borges. Assis Brasil, nos mesmos ideais de Silveira Martins, quer derrubar a saga dos lenços brancos, agora chamados de Chimangos, numa alusão ao nariz adunco do Presidente (parecido com uma conhecida ave do nosso pampa com mesmo nome). Um famoso poemeto da época, escrito por Ramiro Barcelos, retratava a figura de Antônio Chimango.
                Em 1925, acontece a pacificação do Estado na famosa “Paz das Pedras Altas” onde prevaleceu que não haveria mais a reeleição do famoso Presidente.
                Em 1928, é eleito presidente do Estado, Getúlio Dorneles Vargas, seguidor Castilhista e de Borges, portanto, chimango, (lenço branco). Vargas tinha três gerações de lenço branco.
                Entretanto, durante a Revolução de 1930, comandada por Getúlio, quando foi derrubada a chamada República Velha, um fato chama atenção. De acordo com o jornalista e escritor, Carlos Heitor Cony, quando ele se deslocava de trem rumo ao Catete no Rio de Janeiro, ao passar por Curitiba acontece algo curioso. Ele viajava com uma farda e ao pescoço seu infaltável lenço branco, até então inimigo figadal dos lenços vermelhos. (se degolavam pela cor do lenço).
                A dita caravana da vitória, ao chegar à capital do Paraná encontra um clima de emoção devido a um estudante que morrera num combate ocasional na defesa da Revolução. A cidade preparou um velório de herói nacional. O chefe supremo da Revolução resolve ir às exéquias e lá encontra a mãe do jovem que o abraça e diz que entregara seu filho à Pátria e a Revolução.
                Getulio, emocionado retira seu lenço do pescoço e coloca sobre o rosto do estudante como uma condecoração. Ao sair, se aproxima um cidadão e faz um gesto surpreendente.  Retira do pescoço um lenço vermelho e coloca no pescoço de Vargas que também, para espanto de todos, deixa o lenço maragato e agora como revolucionário segue à Capital da Republica, num grande simbolismo de que a paz deveria ser selada entre chimangos e maragatos!
Getúlio, portanto era chimango e extemporaneamente usa o lenço maragato numa demonstração de honra e cavalheirismo próprio de sua estirpe.
                Inferindo, que tal chimangos e maragatos? Pensemos nisso!
         ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.
        (Email,  toninhosantospereira@hotmail.com; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com; Twitter, toninhopds).
               

quinta-feira, 22 de março de 2018


                                                           INFÂNCIA PERDIDA?
                Na recordação infrene da minha infância, sinto vibrar nas últimas fibras do meu coração, aquilo que meus pais tentaram me passar, uma família, um lar com todas as dificuldades inerentes à época.
                Com o que se plantava, nos alimentávamos, vivia-se exclusivamente daquilo que era produzido pela terra. Todos trabalhavam, do mais velho ao mais novo. Os mais velhos ajudavam na criação e educação dos mais novos.
                Todos viviam na casa grande, a mesa grande, o pai numa ponta e mãe na outra. Duas cadeiras postadas para cada um. Nas laterais, dois grandes bancos de madeira onde assentavam a filharada, de um lado os crescidos e de outro os pequenos, arteiros por demais, não podia se misturar com os outros.
                Imagine doze, treze, quatorze pessoas à mesa nas refeições. Ninguém pegava seu prato e ia para seu quarto, até porque os quartos eram todos de todo mundo, exceto os pais. O pai abria à hora sagrada com uma oração, normalmente de improviso. Feijão, arroz, milho verde (inelutável), pão de milho feito no fogão de barro, carnes e peixes nem sempre tinha.
                De quando em vez, se carneava um capão, um porco gordo ou galinha caipira, tatu que o pai caçava e peixes dos arroios e rios do lugarejo, frutas do mato, como guabijú, pitanga, amora, araticum, araçá e tantas outras.
                Assim vivi minha primeira infância e aí me pergunto? Será que foi uma infância perdida?  A tecnologia de hoje nem se pensava. Vejo nos dias hodiernos, as casas são de passagem, não parecem ser mais uma família, pelo menos como conheci e ainda me dizem que é tudo normal, que é o progresso!
                Mas que progresso é esse, onde não se reúnem mais nem nas refeições! Naqueles tempos, se inventavam histórias, abrindo as mentes e a inteligência, sem a televisão ou outro similar à frente da criatividade, pronta a brotar em cada ser!
O progresso desuniu as pessoas, esta é a realidade!
                A família não pode perder sua finalidade maior. Ser tese basilar para uma sociedade que cultiva suas tradições e sua cultura. Não podemos ser engolidos pelos estrangeirismos que maculam nossos usos e costumes!
                Acompanhar a evolução sim, mas não perder o tino, seguir na verga, como diziam nossos avoengos, mantendo as virtudes da herdade ancestral, como desiderato no frontispício que norteia o verdadeiro cidadão!
                Não, a minha infância não foi perdida! Pensemos nisso!
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quinta-feira, 15 de março de 2018


                               HISTÓRIA DA MÚSICA II- MINHAS MEMÓRIAS!

Na continuação da história da música e sua correlação com a música gaúcha, nas minhas memórias, lembro da Dupla Mirim, depois se tornou os Mirins, com a formação primeira em 1958, de Francisco Castilhos com 14 anos e Albino Manique com 12.
Esses meninos foram sinuelos para muitos outros guris, que na época, difícil para a nossa música, despertaram a veia artística nas duplas que se iniciavam.
                Aqui em Santa Cruz, surgem o Cliff e o Joãozinho na Dupla Os Araganos. Nesta mesma época, já cantavam Santa Cruz, Garoto e Garotinho, na mistura da música sertaneja e popular Brasileira, mas buscando, a identidade própria da música terrunha.
                Campeiro e Campinho seguem seus passos, Pereira e Pereirinha fazem os seus ensaios iniciais, Cereja e Cerejinha, (Cerejinha é o amigo Dorival de Oliveira Ramos), Tropeiro e Tropeirinho (Eli e seu irmão Antônio Teixeira), Scherinha e Maringá, após a morte trágica do Cereja num acidente de trem, (Scherinha é o amigo Eliceu Werner Scherer e Maringá é o mesmo Cerejinha com outro codinome).
Neste segmento, na década de 1970 aparece a dupla Cambaú e Piraci (Cambaú era o soldado Figueiredo, na ocasião prestando o serviço militar no Exercito e faz dupla, muito boa por sinal, com o amigo de saudosa memória, Artur Teixeira.
                Alem das duplas, começam também a surgirem trios e quartetos na maioria das vezes, a dupla de violas ou violões, acrescenta um acordeonista para harmonizar ainda mais a música. Surge Cataúba, Itaúba e Zequinha no acordeon (o Zequinha, irmão do amigo acordeonista Lídio Frantz), Cataúba era o brigadiano Nascimento, já na pátria espiritual, Itaúba o mesmo Dorival, e a dupla os Araganos acrescenta o maestro Marciliano José Rodrigues, no violino.
                A partir de 1977, uma nova fase na música surge. Começam a aparecer os grupos musicais com a fundação do conjunto Os Nativos do saudoso Valdir dos Santos, pioneiro neste estilo. Até este ano, as entidades como CTGs e afins, tocavam seus bailes e fandangos com a prata da casa tendo uma palhinha das entidades coirmãs.
                Na década de 1980, é fundado pelo Hilário dos Santos e Braulo Brasil, Os Campeiritos, logo após, Geraldo Schmidt funda Os Buenachos, Os Filhos de Santa Cruz, fundado por Derli Silva, hoje pastor da Igreja Quadrangular, Vozes do Campo com o Vacaria e seus Irmãos, com o acordeon da esposa Virgínia.
                Na década de 1990 surge os T4 (os quatro Tropeiros), Cliff, Amaury, Sérgio e Celson de Lima, recordam em quatro vozes distintas, com músicas do saudoso Euclides Pereira Soares, arranjos do Cliff, os tempos idos vividos no CTG Tropeiros da Amizade.
Neste mesmo tempo, é fundado pelo amigo Ademir Kretzmann, Os Tropeiros, mudando com o passar do tempo para o Grupo Sinuelo. Também nesta década é criado pelo amigo Tito Lopes, o Grupo Alma Campeira, mudando o nome após a mudança do milênio, para Toque de Vaneira.
Surge também nos últimos tempos, os Novos Tropeiros com o acordeonista Leonas e o Baixista Leléo. Lídio Frantz, recria após muitos anos de inatividade, os Campeiritos.
                O Grupo, o Desgarrado também aparece nesse momento e surge a voz do Antoní Pereira dos Santos. Este grupo foi fundado pelo radialista e advogado, o amigo Luciano Reyes.
                Em 1996, surge um trio que encantou o Rio Grande e a Europa. Alma Gaúcha, campeão do Fegart deste ano e após destaque na Espanha e na Rússia. Era formado pelos irmãos, Zoraia, Cristina e Antoní Pereira dos Santos.
                As duplas, trios e quartetos que animavam nossos CTGs, infelizmente ficaram tão somente na memória. Os programas radiofônicos, que incentivam a formação musical dos jovens já não existem mais.
                Está aí mais um pouco das minhas memórias. Pensemos nisso!
     ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.
       (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com; Twitter, toninhopds).

quinta-feira, 8 de março de 2018


                                            HISTÓRIA DA MÚSICA. MINHAS MEMÓRIAS!
                Sou do tempo, ainda guri, em que as músicas só eram ouvidas pelas rádios existentes. As letras, só naqueles livretos antigos que vinham por correspondência. O pai José Altivo, tinha reembolso postal. Ele também trabalhava com relógios, consertava, trazia através dos correios e revendia.
                Década de 1950, daí começa minhas memórias, ainda na localidade do Ligeiro, nome dado pelo rio Ligeiro que por ali passava e depois, Barros Cassal. Pai José tinha um rádio antigo carregado à bateria. Luz elétrica nem se sonhava. Ouviam-se as rádios de São Paulo e no máximo a rádio Farroupilha de Porto Alegre. As músicas, em seus ritmos era tão somente as sertanejas. As chamadas de raiz.
                Valdomiro Mantelli, após casar-se com a mana Ofhir ia seguidamente trabalhar lá em casa na roça. Saia com ele na carroça, ele tinha um vozeirão e cantava muitas músicas como Chico Mineiro, Cabocla Tereza, Tristeza do Jeca e outras. Não existiam, as chamadas músicas gaúchas. O sertanejo e o gaúcho se misturavam, inclusive nas rádios da capital.
                As Irmãs Campesinas na rádio Difusora cantavam músicas assim. Caminhos da Serra era sucesso na época... vestidas de prendas. Era normal.
Começam a surgir as músicas campeiras ainda com certa mistura. Osvaldinho e Zé Bernardes, a chamada Dupla Campeira, aparece na rádio Farroupilha e outras da capital. Historicamente já se sabia que o Gaúcho Alegre do rádio, Pedro Raimundo na década de 1930, o precursor do Rei do Disco, Teixeirinha, fazia sucesso com seu regionalismo, cantando pilchado, nas rádios do Rio de Janeiro. Adeus Mariana era seu maior sucesso.
Cantando também a terra, surge agora, os Irmãos Bertussi.  Honeide e Adelar, talvez seja o divisor de águas nesse contexto para o canto à terra, a música gaúcha, que aos poucos, vai ganhando espaço. Lembro que quando tinha filme no Café da então Vila de Barros Cassal, o musical de abertura eram músicas dos Bertussi.
                Década de 1960, as chamadas músicas gaúchas começam a ser mais ouvidas devido a programas como Grande Rodeio Coringa da Farroupilha com Darcy Fagundes e Luiz Menezes, Céu e Campo, do poeta Dimas Costa na rádio Difusora e outros que dão força ao aparecimento do novo estilo.
                Surge então o grande Teixeirinha que agora canta a música regional, uma mistura da sertaneja, popular brasileira e a gaúcha. O regionalismo manifesta-se então como sucesso no Brasil todo.
                Década de 1970 uma nova fase na música da nossa terra. Brota do seu seio, A Califórnia da Canção Nativa em Uruguaiana e a música Nativista começa a tomar corpo. Vêm os demais festivais do Estado dando uma nova energia e a bombacha e chimarrão, se tornam moda entre a juventude principalmente.
Com letras bem elaboradas surgem novos e grande compositores da agora chamada música gaúcha que mistura músicas sertanejas de raiz, regionalismo, e do nativismo sobressai agora, a música terrunha, a música campeira e o gauchismo com apoio inconteste do MTG, cria o seu próprio mundo musical, exportando para o planeta, o homem do cantar triste. O Gaúcho.
                Inferindo, acredito que colaborei nas minhas memórias a esse resgate das nossas coisas para a posteridade. Pensemos nisso!
         ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS - Professor de Estudos Sociais e Tradicionalista.