quinta-feira, 25 de agosto de 2016

                                                        A SAUDADE E A CARRETA!

Cavalgo léguas de solidão ajoujadas na distância que o tempo percorreu na noite negra. A lonjura parece ser maior e a velha carreta que não buzina mais, jogada ao relento da saudade imorredoura de tempos idos.
Ela era a própria liberdade do índio vago, tapejara das coxilhas. Ficou tua sombra como fantasma das eras e da tua madeira só restou o cerne, mas quantas histórias guardas no teu fogo de chão, quando o arroz de carreteiro era o prato do dia-a-dia.
Nas peleias do tempo feio, no chiado da chaleira preta, mostrando o ponto da água para o mate, espumante como o apojo da vaca barrosa, companheiro inseparável das agruras sofridas.
As estrelas, desde a Dalva, na mostrarem das miríades sonhadoras do futuro incerto. Ah, que saudades!
O velho monarca, agora cabisbaixo sente a penumbra vidrando os olhos que, marejados, quer voltar no tempo, como se isso fosse possível!
Sente o desalento, a invadir a alma branca. O menino já morreu nos seus sonhos juvenis que não tinham fim.
No torvelinho que o invade, sente a lembrança dos rangidos, pela estrada poeirenta. Eram lamentos na sapiência daquilo que estava por vir.
Assim é a vida. Amanhã será um de nós e a reminiscência infindável da saudade de priscas eras, consome seu coração, já alquebrado pela idade inexorável que, como a velha carreta, sente também a têmpera antes forte e inquebrantável, agora carcomida pela tristeza a invadir seu ser.
Inferindo, lembro-me do saudoso poeta, cantor e compositor Luiz Menezes, que dizia: “Saudade, ora saudade. A saudade não tem tempo de chorar Pedro Ninguém”.

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS- Professor e tradicionalista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com; twitter, toninhopds).

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

                                               CHASQUES!

                Embora muitos confundam, não houve luta entre Chimangos e Maragatos, na Revolução Farroupilha, acontecida entre 1835 e 1845.
Maragatos vem de Maragateria, uma região da Espanha e que tinha adeptos no Uruguai. Usavam lenço vermelho e quando Gaspar Silveira Martins, senador do Império, se refugia naquele País, por ocasião, da proclamação da República brasileira em 1889, se junta, anos após, a estes maragatos, para invadir estas plagas em 1893, irrompendo, então a Revolução Federalista.
Aí então, acontece a luta fratricida entre Pica-paus, do presidente Júlio Prates de Castilhos, (legalista) e Maragatos de Gaspar Martins, (revolucionário). A chamada revolução da degola.
                Somente em 1923, aconteceu a peleja entre Chimangos e Maragatos.
Na época, comandava o nosso Estado um seguidor de Júlio de Castilhos, Antonio Augusto Borges de Medeiros, apelidado por Amaro Juvenal, (pseudônimo de Ramiro Barcellos), de Antonio Chimango, nome este que vem de um célebre poemeto de sua autoria.  
              Os Maragatos eram chefiados por Joaquim Francisco de Assis Brasil, que por sinal, uma grande parte deles, oriundos da Revolução Federalista de 1893 e que queriam destituir da Presidência do Estado, Borges de Medeiros.
                Borges de Medeiros governava o Rio Grande do Sul desde 1903, quando da morte de Júlio de Castilhos, aos 43 anos, de câncer na garganta.
A marca dos legalistas era o lenço branco, desde os pica-paus de 1893 até os chimangos de 1923.
Voltamos a frisar que, o peão não usa qualquer tipo de cobertura em recinto coberto, ou seja, dentro de galpões, salões de baile. Não entendemos a teimosia de alguns em contrariar estas normas, que pela educação, já se deveria trazer de berço.
A pilcha do peão implica no mínimo nas seguintes peças: botas, bombacha, guaiaca, faixa, camisa de mangas compridas de cor sóbria, colete, casaco e lenço ao pescoço. A camiseta, muito usada nos bailes, só é permitida para trabalhos e nunca para dançar.
O poncho ou pala, não se usa para dançar. Também não se usam armas de nenhuma espécie, sejam a mostra ou escondidas sob a roupa. O peão quando chega à portaria das entidades tradicionalistas, entrega suas armas.
Tradição é, acima de tudo, cultura e não grossura!

                                ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS- Professor e tradicionalista.
DIFERENÇAS ENTRE CLARIVIDÊNCIA, VIDÊNCIA, AUDIÊNCIA, CLARIAUDIÊNCIA E DUPLA VISTA E OUTRAS DÚVIDAS!

A vidência e a clarividência são essencialmente anímicas. Trata-se da visão que o próprio Espírito encarnado tem do mundo invisível. Não há interferência de Espíritos e por isso não deveria (segundo Allan Kardec), ser considerada mediunidade. Mas, para fins de classificação, ele é tida como sendo uma mediunidade. Mesmo nos casos em que um Espírito amigo mostra um quadro projetado no ambiente astral, ainda assim, é o médium quem vê. Há ajuda na formação do quadro, mas não na visão propriamente dita. Vidência é a faculdade superficial. Clarividência, a mesma faculdade, mas com alcance mais profundo, podendo estender-se no espaço e (em alguns casos) no tempo. A dupla-vista é a clarividência, acompanhada da projeção do Espírito no mundo astral. Trata-se do chamado "desdobramento". Entendemos a mediunidade de audiência como aquela em que a voz aparece na intimidade do ser. A clariaudiência é diferente, por tratar-se de uma voz clara, exterior.
Existe a incorporação de Espíritos?
No sentido semântico do termo não existe incorporação, pois nenhum Espírito conseguiria tomar o corpo de outra pessoa, assumindo o lugar da sua Alma. O que ocorre é que o médium e o Espírito se comunicam de perispírito a perispírito, ou seja mente a mente, dando a impressão de que o médium está incorporado. Na mediunidade equilibrada, o médium tem um maior controle de sua faculdade e o fenômeno mediúnico acontece mais a nível mental. Nos processos obsessivos graves (doenças mórbidas causadas por Espíritos inferiores), onde a mediunidade está perturbada, podem ocorrer crises nervosas. Observadores de pouco conhecimento podem achar que um Espírito mau apoderou-se do corpo do enfermo. Foi esse fenômeno que deu origem às práticas de exorcismo.
É certo o procedimento que alguns centros espíritas têm de colocar pessoas, que estão indo pela primeira vez à casa, em trabalhos mediúnicos?
Allan Kardec diz que não se deve lidar com a mediunidade sem conhecê-la. O bom senso e a razão nos falam a mesma coisa. Em todos os departamentos da vida o homem busca aperfeiçoar-se para servir melhor. Sem conhecer o seu ofício não poderá desempenhar a tarefa a que se propõe com conhecimento de causa. Portanto, colocar pessoas para lidar com Espíritos sem se preparar para isso é o mesmo que realizar experiências químicas sem conhecer as leis da química, diz o Codificador. Seria uma insensatez. Os medianeiros devem ser preparados com muita cautela para servir nesse campo. Primeiro devem estar inseridos nos trabalhos habituais da casa, servindo com dedicação e seriedade, transformando-se em trabalhadores. Devem ser instruídos nas aulas sobre a Doutrina Espírita e depois, então, poderão ser experimentados no ministério da mediunidade. A pessoa que chega à casa espírita pela primeira vez com a intenção de servir apenas no campo da mediunidade, não entendeu ainda o papel do Espiritismo em sua vida, muito menos a oportunidade que está tendo de servir com equilíbrio no campo do Bem. Necessita de instrução nesse ponto. Se for sincero o seu desejo de servir, permanecerá no aprendizado. Se não, procurará outra casa que lhe dê o que deseja.



                                                MOLDURA DO SER!

                Pobres, coitados de corações orgulhosos e de mente vã, que só pensam em tirar proveito de sua ganância e insana busca do poder e do dinheiro.
                Fútil, temperado na estocagem da maldade incongruente que leva ao abismo da vaidade e egoísmo, na sofreguidão dos retovos na moldura vazia, onde o próprio retrado não transparece, porque ele é só o quadro, sem conteúdo.
                Mas quem são eles? Nós próprios, na incúria de nossos pensamentos e ações, quando buscamos o eu, o ego inflado, esquecendo o nós, quando olvidamos o outro como igual.
                A jornada prossegue inexorável até a última consequência de atos e fatos nela contidas, como o tento na laçada maior das virtudes concernentes ao ser!
                 Ademais, a vida é fruto de escolhas que fazemos nas invernias, da cruzada grande da existência, eterna marcha dos caudilhos na imorredoura soledade, buscando nas planuras verdejantes, as blandícies e resplandecentes sóis, na imagem indescritível do Criador!
                Finalmente, a chama votiva que brota na alma branca, como o véu de Maria, a Divina Mãe, busca a leveza do ser, parecendo volitar no sorriso largo do vivente, que entende da sua importância como essência maior, no cosmos incomensurável.
                E o coração enobrecido, saltita na felicidade incontida no peito arfante, tendo a consciência do dever cumprido na estância do bem querer.
                Assim é a vida e dela fazemos o bem ou o mal. A escolha é nossa e também a responsabilidade inerente.
                Não deixemos apagar a luzinha que carregamos, como se vagalume fôssemos!
Pensemos nisso!

     ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS-Professor e tradicionalista.

       (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com; twitter, toninhopds).

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

                                                          ANCESTRAIS!

                Nunca fui nem mais, nem menos, nesta querência viril na vida de repechos, sempre firme no eixo de meus ideais e não aceito canzil que me tire a liberdade do pensar e do fazer e sem ser servil, me entrego à luta se assim for chamado.
            No cabresto ninguém me leva, porque fui criado intemerato e teimo em renascer do picumã e da fumaça onde fui curtido desde piá.
            O sentimento não tem preço e a tradição secular não pode ser vilipendiada nas novas verdades que surgem dia-a-dia, deixando a vida vazia nos interlúdios.
            Mistura de Sepé e Bento na dimensão do brio da grande pampa conquistada à ponta de lança e a pata de cavalo. Não dobro a espinha às iniquidades e o chamado das luzes da ribalta, perdição do índio xucro na materialidade da existência.
             O pito de meu velho pai serve como parâmetro e carrego no panteão de minha consciência: meu filho siga em frente de cabeça erguida, com caráter firme, com a mente tranquila e limpa para que a noite ao deitar no catre ou nos pelegos, tenha o sono dos justos.
            O galpão garante o resguardo da vida e ela prossegue por conta, assim no más e a velha cordeona lembra que a música enleva a alma. Canto agora, a própria interioridade que desperta, sinuelando a tropa que ficou para trás.
            Nada, nem ninguém se perde na estrada perene e como ela também meu rastro há de ser visto, por aqueles que vierem depois.
            Aí está meu legado. Muito obrigado, meus ancestrais!

                    ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

     (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).