quinta-feira, 26 de maio de 2016

A SAUDADE E A TRISTEZA!

                A saudade e a tristeza têm suas diferenças que podem parecer mínimas, mas que fazem grande diferença. Saudades alem do amor que fica também significa lembrar o passado, e a tristeza complementa com o sofrimento.
    No dizer do poeta Cachoeirense, Aurélio Porto, “gaúcho é o homem do cantar triste”, nos trazendo o passado de nossos avoengos, onde tudo virou tapera pelas incongruências dos tempos que mudam constantemente, destampando novos comportamentos, com lembranças fugidias, de almas perdidas num aceno de desespero.
                O sol calmamente se pondo, vai anunciando a noite negra e funesta parecendo não ter fim.
                Haverá um novo amanhecer, sem o gosto amargo da tristeza a corroer como ferrugem o ferro exposto ao tempo maleva?
    E nossos pensamentos na insânia da erva daninha, infestando sentimentos no condomínio do Ser, que sem saída aparente, se entrega à inconsciência de barbarescas imagens, num lodaçal envolvendo célula a célula, em inebriantes ilusões, que só vê a solução trágica do apagar-se, sumir, como se isso fosse possível!
Quantas existências são tragadas por esse mal que aflige a humanidade!
     A saudade e a tristeza, virando depressão numa constante evolução do materialismo vigente nas relações interpessoais, sem o crivo da ética e do bom senso e da sensibilidade do imo superior.
     Na solicitude dos bons princípios, ouvindo a voz interior que aponta ao cimo das virtudes, inerentes ao ser humano que pertence ao cosmos, antes de pertencer a si mesmo, será o clarim no despertar de uma nova era.
      Aí veremos a importância de todos nós na criação Divina, na perfeição do Universo inescrutável, mas real e ao alcance da sensibilidade do ponderável ao imponderável.
      O chamado será finalmente escutado e interpretado em sua mais lídima acepção! Tudo prossegue na grande corrente que leva ao ponto final, à graça da Essência donde todos nós renascemos.
     A saudade e a tristeza, um dia, não terão mais abrigo em nossos corações.
Pensemos nisso!


ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS –Professor e tradicionalista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com; twitter, toninhopds).

sábado, 21 de maio de 2016

OS TEMPOS SÃO OUTROS! Mas...


Analisando a vida do grande líder deste século, Nelson Mandela, rememoramos tempos antanhos, em que me vejo empunhando espadas e garruchas, defendendo a cor do lenço e os ideais de algum coronel.

Como Mandela, também empunhei armas em busca da liberdade, contra preconceitos de todos os naipes. Ainda em tempos mais recentes, sonho nos versos de Glaucus Saraiva: “Cuia morena queimada, confeccionada a lo bruto, rude cálice matuto de amarguentas comunhões”. Dizia ele que o mate unia após a conflagração.

Sonhei no tempo e me vejo nos versos do grande poeta de todas as idades, o saudoso Dimas Costa em alguns de seus poemas como: Fanfarronada, Os Olhos do Negrinho e Triste Arremate:
                   
                                   “Cansado de Lutas férreas, em defesa da querência,
                                    curtindo dores na ausência, do rancho que foi deixado,
                                    o gaúcho heroico voltava rumbiando para o ranchito,
                                    e via em cada pastito um recuerdo do passado”,
 Bem como das guerras xucras da época.

 Agora mesmo! Vi-me nos versos do grande Jaime Caetano Braun, no seu Cemitério de Campanha, onde diz: “Que todos se igualam pela insignificância”.

Voltando ainda a Mandela, depois de 27 anos na prisão, reflete na luta armada de outrora e conclui, que a luta agora era outra. Sem vinganças, ele retorna triunfante na glória da paz, e faz de seu País um só, na fraternidade de todas as etnias.

Fechando os olhos me encontro nos versos do poeta contemporâneo Carlos Moacir Pinto Rodrigues: “Que homens são esses, que só fazem o mal” e me redimo a esmo quando escuto, que tudo que não presta morre por si mesmo.
              
Levo este assunto para o grande MTG, que se expande mundo afora e me vejo no início de tudo, quando a figura impar de Paixão Cortes, ainda conosco, grande líder deste movimento, Barbosa Lessa, figura impoluta que se preocupava com a dissolução da sociedade na sua espetacular tese: “O Sentido e o Valor do Tradicionalismo”.

E me vejo ainda no Manual do Tradicionalista, do Velho Glaucus, (muito pouco lido) que diz do ego dos líderes, das vontades pessoais e fico a pensar que as armas que usamos naqueles tempos, hoje deveriam ser substituídas pelas armas da razão e do bom senso. Se antes precisávamos romper barreiras, a ponta de lança e a pata de cavalo, agora sem fanfarronices, usarmos as armas da inteligência, no campo das ideias.


Que líderes são esses que só querem o bem pessoal? Que não pensam no coletivo, no bem comum! Que homens são esses que não prezam a lealdade, que não abrem espaço para quem está atrás, a palavra empenhada, a amizade, que fazem política subterrânea, para atingir seus objetivos a qualquer preço.

Que homens são esses que esquecem valores e virtudes, tradições e costumes em prol da modernidade descabida e amoral, em que os mais velhos são ultrapassados e desrespeitados por contrariarem suas ideias.

Mas me vejo ainda nas estrofes do amigo Carlos Moacir:

“Que homens são esses que trazem nas mãos, o freio, o cabresto, a rédea e o buçal e que tem o dever de fazer o bem, mas só fazem o mal?” “Por isso eu quero” ser gente igual aos avós, eu quero ser gente, igual aos meus pais, eu quero ser homem, sem mágoas no peito, eu quero respeito e direitos iguais, eu quero este pampa semeando bondade, eu quero sonhar com homens irmãos, eu quero meu filho sem ódio nem guerra, eu quero esta terra ao alcance das mãos”!

 Sonhando me vejo nos versos do imortal, Aparício Silva Rillo:

                                    Queria que, de repente, tudo fosse diferente,
                                    Da vida que tenho aqui, da cidade ir-me embora,
                                    Viver a vida de outrora, dos meus tempos de guri...

 E aí vem a saudade e lembro então, do grande Luiz Menezes na voz do eterno, Darci Fagundes: “Saudade, ora Saudade, a saudade não tem tempo de chorar, Pedro Ninguém”.

E quando ainda vejo, saindo do umbral do passado, o fantasma ainda a caráter, do velho Bento Altaneiro, nos versos de Odilon Ramos, me vê ainda consternado:

                                        “A tradição minha gente é uma herança, um legado,
que o gaúcho do passado deu em confiança aos de 
                                        agora, quem este fato ignora mesmo um gênio ou
                                   um artista, não é tradicionalista e deve assistir de fora”.


ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.
 (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twiter, toninhopds;
 Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).



sexta-feira, 20 de maio de 2016



                                                       ÁGUA, FLUÍDO DA VIDA

“E qualquer um que tiver dado só que seja um copo d`água frio, por ser meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá seu galardão.” Jesus (Mateus, 10:42)
A água é fluido de vida, que jorra como oferenda da Natureza Sublime de Deus.
Servindo em todas as frentes da nossa vivência, desde o organismo humano à lágrima, espelho dos sentidos, à fonte que sacia nossa sede, ao mar que alimenta o estômago, se faz presente em toda higienização física e espiritual.
Este fluido generoso, por si só, em sua natureza molecular, já é um fluido que no ponto de vista da física não é suscetível de ser magnetizável por ímã.
Este fluido não é só algo transparente que se bebe, mas é uma fonte que pode jorrar muitos eflúvios de amor terapêutico.
A água pode adquirir, através da vontade e da envolvência ambiental, propriedades que se fazem benéficas consoante a irradiação magnética e espiritual que lhe é induzida.
Drº Roullier diz: “- Que entre os acessórios dos tratamentos magnéticos, a água magnetizada está entre os mais preciosos e que os empregou com maior vantagem.”
Deleuze diz: “- Os magnetizadores não fazem muito uso da água magnetizada, entretanto ela lhes pouparia muitas fadigas, dispensariam os doentes de vários remédios e acelerariam a cura dos doentes, se lhe dessem mais valor dos corpos.”
Segundo o magnetismo, todos os corpos são condensadores de movimento, efeito provocado pela magnetização dos corpos. A sonoridade ambiental doa e permite a magnetização dos corpos.
Os corpos magnetizados ajudam extraordinariamente nos tratamentos, efeitos estes de magnetização direta. Ótimos intermediários. Pode-se magnetizar madeira, metais, a água, os tecidos, cera, vidro e todos são condensadores das energias.
A água é dos corpos inertes o que mais facilmente é magnetizável e que se faz melhor transpositor da mesma energia, ou não fosse elemento fundamental da vida.
Este fluido é um excelente recurso de importância medicamentosa e que atua no perispírito indiretamente, contribuindo para restabelecer o corpo físico.
Livro "A Gênese", Capítulo Curas, item 31
Allan Kardec diz:
“- Como se há visto, o fluido universal é o elemento primitivo do corpo carnal e do perispírito, os quais são simples transformações dele. Pela identidade da sua natureza, esse fluido, condensado no perispírito, pode fornecer princípios reparadores ao corpo; o Espírito, encarnado ou desencarnado, é o agente propulsor que infiltra num corpo deteriorado uma parte da substância do seu envoltório fluídico. A cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã. O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza da substância inoculada; mas, depende também da energia da vontade que, quanto maior for, tanto mais abundante emissão fluídica provocará e tanto maior força de penetração dará ao fluido. Depende ainda das intenções daquele que deseje realizar a cura, seja homem ou Espírito.
Os fluidos que emanam de uma fonte impura são quais substâncias medicamentosas alteradas.”
Livro "A Gênese", Capítulo XV – Milagres - Cego de nascença, item 25
Kardec diz: - “Quanto ao meio empregado para a sua cura, evidentemente aquela espécie de lama feita de saliva e terra nenhuma virtude podia encerrar, a não ser pela ação do fluido curativo de que fora impregnada. É assim que as mais insignificantes substâncias, como a água, por exemplo, podem adquirir qualidades poderosas e efetivas, sob a ação do fluido espiritual ou magnético, ao qual elas servem de veículo, ou, se quiserem, de reservatório.”
"Livro Dos Espíritos", Parte 1ª, Capítulo II
33. A mesma matéria elementar é suscetível de experimentar todas as modificações e de adquirir todas as propriedades?
“Sim e é isso o que se deve entender, quando dizemos que tudo está em tudo!”
“Este princípio explica o fenômeno conhecido de todos os magnetizadores e que consiste em dar-se, pela ação da vontade, a uma substância qualquer, à água, por exemplo, propriedades muito diversas: um gosto determinado e até as qualidades ativas de outras substâncias. Desde que não há mais de um elemento primitivo e que as propriedades dos diferentes corpos são apenas modificações desse elemento, o que se segue é que a mais inofensiva substância tem o mesmo princípio que a mais deletéria. Assim, a água, que se compõe de uma parte de oxigênio e de duas de hidrogênio, se torna corrosiva, duplicando-se a proporção do oxigênio. Transformação análoga, se pode produzir por meio de ação magnética dirigida pela vontade.”
Emmanuel, no Livro “Segue-me”, pág. 131, diz:
“- A água é passível de adquirir qualidades de natureza sutil ou “fluídica” à indução de uma vontade como agente. Água magnetizada ou fluidificada.
A água fluidificada tem como agente as propriedades que lhe quiseres investir e tem um poder medicamentoso que atua sobre o perispírito e indiretamente contribui para restabelecer o corpo carnal.”
Therezinha Oliveira, no Livro “Fluidos e Passes”, Capítulo 13, Água Fluidificada
“A água fluidificada ao ser ingerida (...) é metabolizada pelo organismo, que absorve as quintessências que vão atuar no perispírito, à semelhança do medicamento homeopático.
Todas estas afirmações reforçam, e não restam dúvidas, a importância que a água fluidificada tem. Esta dádiva é terapia para os desequilíbrios emocionais, debilitação orgânica, desgastes obsessivos ou lesões dos órgãos.
Nos Centros Espíritas, para fluidificar a água não se necessita da imposição de mãos, sendo a água um receptor generoso dos fluidos espirituais. A prece e um ambiente salutar fazem esse trabalho.
Em situações extras, que se queira imprimir uma determinada vontade para um tipo de enfermidade individual, deve-se fazê-lo de forma isolada e a água deve ser destinada somente ao próprio doente.
Aos demais casos, como tônico equilibrador, pode-se fazê-lo normalmente sem recorrer a essa situação.
Não são necessárias reuniões especiais para fluidificar a água.
Nos Centros Espíritas não vamos fazer da água fluidificada uma fonte tonificadora do vício ou da rotina, pois esta água destina-se a quem necessita ser ajudado, e os irmãos Espirituais, que orientam os trabalhos, dizem quem dela necessita, pois se assim não for estaremos a retirar a envolvência curativa que ela tem, porque o passe, ajuda todos os irmãos.
A água será o reforço para os mais carentes e não um bebedouro para saciar a sede, pois para isso tem o fluido natural da água simples.
Quanto aos vasilhames que pedem para fluidificar, o cuidado será de não retirar tarefeiros para essas incumbências, afim de não prejudicar seus trabalhos, a fazê-lo no mínimo alguém que se preste a fazer essa tarefa e que não interfira nos trabalhos.
Não podemos criar nos Centros as fontes salvadoras, porque todas irradiações apenas se fazem perdurar se nós fizermos de nossa parte...
A água fluidificada é bálsamo, tal como o passe e a prece são fontes de amor, e que temos de preservar com todo respeito que ela nos merece. Por isso, toda uma estrutura necessita sempre de alicerces fortes e eles estão na disciplina e bom senso.
Nunca esqueçamos de agradecer esta sublime dádiva.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

                                                        A CHUVA CAI!


                A chuva cai lá fora e com ela a solidão bate. Por que será que a chuva nos trás lembranças lúgubres ou será que é só comigo?
                A soledade dos meus devaneios poéticos se exprime com o coração apertado de angústia, como se ela fosse a razão da natureza que chora copiosamente, ante a iniquidade de seus lídimos representantes: a humanidade.
                Será por isso, este aperto que sinto a invadir as entranhas? Creio que sim.
                Que as tormentas que nos assolam intempestivamente em certas ocasiões, possam também ser varridas de nossa existência.
Que possamos sentir a brisa aromática que enlevará o ser interior no cimo das virtudes no limiar de uma nova era, onde empreenderemos a grande viagem de descoberta do nosso próprio “eu”.  
Incontinente, reverencio agora a chuva que vem limpar os miasmas criados pela sangria de pensamentos, no descalabro de paixões ainda a ser domadas, conquanto no imo dos seres, refulge a luminar experiência, inerentes a seiva viva, que perenemente saluda a vida, que novamente brota na alma ferida!
                Por isso, tapeio meu chapéu à testa, repechando nas invernias da pampa sulina, embora ainda sentindo o cantil seco e a ardência na garganta, num desfiar de auroras que consomem o destino febril, nos dissabores das orgias de sombrias consequências.
                Contudo, a erva daninha um dia terá fim, na velha jornada estradeira e a galope no pingo garboso, a trotezito volto às casas, à sombra do velho angico, plantado pelo meu velho pai, de sofrenaço apear no terreiro, onde o alardear da cachorrada e a alegria da piazada, virá me trazer finalmente, a paz no sofrido e amargurado coração!
                ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; twitter, toninhopds; blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).
CANTO TRISTE!

                           Reacendendo a brasa, na invernia das enregeladas madrugadas da pampa insalubre, rasgando a geada com pés duros, como tronco de angico, acostumados às intempéries de menino criado no campo, nos costumes simples que seus ancestrais lhe colimaram na energia estoica que passa de pai pra filho.
                           Ressongando no fundão da invernada, um canto triste, com a própria definição do gaúcho, se faz ouvir como num chamamento a angustia da cordeona e nos bordões de uma viola bem afinada, no sentimento da última lembrança que ficou acolá.
            Viverei, através dos cantares da vida temporal, que se esvai numa miríade de ilusões que ainda impera na melancolia do trinar da cotovia, anunciando a invasão de seu ninho.
            Por estranhas figuras aladas incompreensíveis à realidade atual, vejo meu pai agora à porta, cuja silueta se recorta com imponência de taita. Ele quer me abrigar com seu poncho, mas, com olhos marejados de lágrimas, sinto fugir essa imagem. Será miragem? Mas ele estava bem ali!
            Volto os tempos novamente e na fulguração de irradiações plenas, novamente se aclarou a mente e sua presença marcante é novamente sentida com sua voz clara e compassada acalmando quem a escutava. Quantas histórias...
            Coração apertado, acordo para a realidade dura e fria da madrugada tenebrosa. Quero sonhar novamente para encontrar minha mãe. Relembro dela na cozinha, o avental todo sujo de ovo, como diz a canção, com aquele seu jeitão de matrona onde recebia todos no seu regaço.
            Ah... Mamãe! Queria voltar tudo, tudo de novo. Sentir tuas mãos passando sobre meus cabelos, altas horas da noite, teu aconchego acalmava toda ventania. Não havia furacão que a vencesse.
                        Mãe é o próprio DEUS na terra, seu mais lídimo representante.
Num sofrenaço acordo definitivamente, foi tudo um sonho! Mas foi divino. Estou feliz novamente por esse reencontro.
                            Quer possamos finalmente ser um fiapo do que foi José e Maria para que nossos descendentes amanhã recordem com saudades os momentos felizes que nunca se apagarão e viverão como uma sombra em sua sombra e o canto triste do guapo atávico será o lenitivo na grande jornada da existência!
            Cantemos, pois, a vida!

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS-Professor e tradicionalista.
(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com; twitter, toninhopds

quinta-feira, 12 de maio de 2016

                                                             RELEMBRANDO!

                Ao recordar os tempos passados, vem a minha lembrança, com certa nostalgia, os nossos brinquedos de criança, com sua inocência natural e tudo aquilo que nos foi legado por nossos antepassados.
                O Passo do Ligeiro lá no interior de Barros Cassal, onde recordo com saudades, o burro branco que o pai usava para, quando já trabalhava no DAER, ir e vir de Barros Cassal até a localidade.
                Lembro também, das casinhas que construíamos com santa-fé e barro, onde fazíamos nossas comidas. A Eva era a nossa cozinheira. Os menores da casa como a Terezinha, o Cliff e eu, mais as visitas, pois a casa era sempre cheia, nos fartávamos de brincar na casinha. Numa certa ocasião, um dos cavalos se soltou do potreiro e veio em disparada, derrubando a nossa casa. Foi um susto, mas ninguém se feriu.
                À tardinha, reunia-se toda a família à frente da casa grande, para degustar pêssegos que eram apanhados cedo e deixados de molho em uma gamela grande com água. Eram uma delicia. Os mais velhos mateavam  e nós no famoso mate doce, com cuias separadas!
                Ninguém colocava agrotóxico e eles não eram bichados. À noite a beira do fogão à lenha, após o jantar, o pai e a mãe nos reuniam para contar histórias de romances e lendas. Lembro-me do romance, “As Minas do Rei Salomão”, no qual tiraram os nomes para os manos Allão, Ofhir, Odir, Cliff e Dão Real.
                Na casa grande tinha um sótão, onde havia dois quartos com janelas em estilo enxaimel, como se vê nas moradias dos primeiros imigrantes alemães.
                Quando eu nasci, a Genoveva, a mana primogênita, já tinha se casado e não morava mais conosco. O esposo dela, Euclides Pereira Soares, era professor e havia ensinado na estância por algum tempo. Depois veio para Santa Cruz do Sul e foi o principal responsável pela fundação das tradições gaúchas em nossa cidade, fundando também em 1960, o primeiro jornal tradicionalista do Estado intitulado, “O TROPEIRO”.
                Ele veio a falecer em 1994 e seus familiares moram em Sapucaia do Sul. Ainda na década de 50, inicio da década de 60, três filhos deste casal, Genoveva e Euclides, formaram o “Trio Fronteirista”, que cantavam na rádio Santa Cruz e após na rádio Princesa de Candelária, onde foram morar. Eram o Jair, a Sônia e a Stela.
                Muitas gerações passaram desta família começada por José Altivo dos Santos e Maria Eufrásia Falleiro dos Santos. Ele nascido em Rio Pardo em 29 de julho de 1889 e ela, em nove de janeiro de 1907, em Estância Mariante, interior de Venâncio Aires.
                Além dos 14 filhos deste casal, ainda tivemos mais cinco irmãos do primeiro casamento do José Altivo e Antônia Batista da Silva, que eram o Olnário Batista Silva, o Niquito, a Alzira, a Edelvira, a Patrocinia e a Alvícia, todos já falecidos.

                Sempre é bom recordar!