quinta-feira, 29 de maio de 2014


                                                      A primeira das Sete Missões

                Sete anos estivera o padre Roque Gonzales de Santa Cruz em Conceição, como atalaia em posto avançado, sempre com os olhos fitos na margem esquerda do rio Uruguai, quando em congregação provincial do ano 1626, foi declarado superior das missões sobre o Paraná e Uruguai, conforme nos diz o padre Carlos Teschauer.

O novo cargo, como se o obrigasse a atividade mais intensa, não lhe parecia consentir que diferisse por mais tempo a execução do plano que havia tanto tempo, concebera. Removido algum tanto os impedimentos, passou o rio e guiado por um catecúmeno, alcançou a foz do Piratini.

Avançando mais duas léguas, achou-se em local que lhe pareceu próprio para uma povoação. Soube ganhar a afeição dos índios e no dia da invenção da Santa Cruz do mesmo ano, depois da missa, arvorou o símbolo da redenção e tomou posse do sítio, que chamou de São Nicolau, em deferência ao prenome do provincial.

Logo no primeiro tempo escapou a dois perigos de vida gravíssimos. Foi o primeiro que, caminhando de noite pela selva, desencadeou-se medonho temporal e a luz dos coriscos, viu dois tigres, aos quais mal teve tempo de escapar. O segundo o ameaçou na choça de um índio, que traiçoeiramente o acabaria a golpes de macana, se Deus não estorvasse ao malfeitor o criminoso intento.

                Como superior não podia prolongar sua estada na recém-fundada povoação e entregou ao padre Aragon, o qual soube cativar a estima geral a ponto de poder reunir em três meses, 280 famílias, número quem em breve se elevou a 500 famílias.

                Portanto a três de maio de 1626 foi fundada a primeira das Sete Missões, para muitos missioneiros, esta seria realmente a primeira fundação do Rio Grande do Sul.

quinta-feira, 22 de maio de 2014


                                   INFLUÊNCIA DO TUPI-GUARANI NA GEOGRAFIA NACIONAL!

                Não há quem não conheça a predominância do Tupi nas nossas denominações geográficas. As nossas montanhas, os nossos rios, as cidades como os simples povoados. Trazem geralmente nomes bárbaros que o gentio, dominador de outrora, lhes aplicou, que os conquistadores respeitaram e que hoje são de todo preferidos, pois, não raro, se trocam se substituem nomes portugueses de antigas localidades, por outros de procedência indígena às vezes lembrados ou compostos na ocasião, às vezes restaurados pelos amantes de coisas antigas e tradicionais.

                Desde o Amazonas até Cananéia, nos diz Theodoro Sampaio, com raras interrupções pelo litoral e com uma faixa mais ou menos larga, ao lado dele e várias projeções pelo interior, dominava o Tupi, falado por tupinambás, tabajaras, potiguaras, caetés, tupiniquins, tamoios e depois por seus descendentes mestiçados com europeus e africanos.

                De Cananéia para o sul, pela costa e pelo interior, abrangendo grande parte do interior paulista, nos vales do Paraná, Tietê e Paranapanema, descendo para o sul em direção ao nosso Estado (RS), pelos campos elevados que o Tibagi, o Ivaí, o Iguaçu e o Uruguai atravessam e apesar de algumas tribos tapuias interpostas, dominava o guarani falado por guaianás, carijós, tapes e outros.

                Na geografia da região em que estas línguas foram faladas, encontram-se, agora, nas denominações dos lugares, os vestígios indeléveis do domínio, de cada uma. O vocábulo itá (pedra) é um dos mais frequentes empregados na nominação dos lugares por todo o Brasil.

                No Rio Grande do Sul, encontramos Itacolomy, menino de pedra; Itapeva, pedra plana; Itapuã, pedra redonda; Itaqui, pedra de amolar.

                A água como os cursos de água ordinários, se designava pelo vocábulo I (Y) que entra na composição de grande maioria nas denominações hidrográficas, como: Jacuí, rio dos jacus; Caí, rio da mata; Ibicuí, rio da areias e outros.

quinta-feira, 15 de maio de 2014


                            CRIAÇÃO DA COMARCA DE SÃO PEDRO DO RIO GRANDE DO SUL!

                A capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul havia sido criada em 1807, o governo se estabelecera em 1809, mas, na esfera judiciária, perduravam ainda, como reflexo da própria formação rio-grandense, os julgamentos à base de leis marciais e regulamentos militares. Raros casos eram remetidos à consideração dos juízes do Rio de Janeiro e, mesmo assim, os processos se arrastavam com extrema morosidade, acentuada pela dificuldade de ouvir de voz presente as testemunhas.

                O primeiro governador, D. Diogo de Souza, pouco pudera realizar em termos administrativos, já que sua preocupação necessitara voltar-se mais precisamente para a guerra na área platina. Mas seu sucessor, o Marquês de Alegrete, ao assumir o governo em 1814, já encontrou condições mais favoráveis para o exercício da sua função (deve-se-lhe, por exemplo, a organização do serviço de correio). Ademais, era pessoa da confiança e amizade do Rei, o que lhe facilitava bastante o pedido de melhorias para a capitania sob sua responsabilidade.

                Manuel Teles da Silva, o Marquês de Alegrete, título nobiliárquico português, criado em 19 agosto de 1687, por D.Pedro ll de Portugal, endereçou uma carta ao monarca, D. João Vl, em 30 de março de 1816, dando-lhe conta do caos reinante na obediência às leis e na aplicação da justiça.

                Em resposta à carta-régia, de 19 de julho do mesmo ano, criou a junta de justiça, primeiro passo na organização formal do Poder Judiciário no nosso Estado;

“Constando na minha real presença que nessa capitania se cometem muitos atrozes delitos com danos dos meus fiéis vassalos, perturbação e ofensa da pública tranquilidade da segurança pessoal, de que devem gozar todos debaixo da proteção das leis; e que o motivo dessa frequência, multiplicidade e atrocidade dos crimes é – além da ferocidade e falta de civilização de muitos habitantes desse vasto e ainda despovoado território –a impunidade dos delitos; e sendo a instituição das Juntas de Justiça um estabelecimento muito útil pra debelar os crimes, sou servido criar nessa Capitania uma Junta, sob vossa presidência com o voto de desempate, tendo como vogal, o ouvidor da comarca, que será o juiz relator, o juiz de fora da vila, os desembargadores, juiz da Alfândega, e Luiz Bragança e mais advogados de boa nota, ou vereadores na falta destes últimos”.

quarta-feira, 7 de maio de 2014


             Pela passagem do teu niver, a ti Maria Eufrásia e a todas as mães do mundo!

                Escrever para as mães deveria ser uma obrigação de todos os filhos. Deveria se falar todos os dias. Pois bem, estive a matutar e recordei, mais uma vez, daquela famosa música cantada por Ângela Maria e Agnaldo Timóteo, que todos os anos cantava pra ti, Eufrasinha, dos quais vai uma estrofe:

                Eu te lembro o chinelo na mão,

                O avental todo sujo de ovo,

                Se eu pudesse, queria outra vez, mamãe,

                Começar tudo, tudo de novo!

                Que saudades da nossa rainha do lar. Que saudades dos seus bolinhos de chuva, dos bolinhos de arroz que ela fazia como ninguém, da sua carne de panela, daquele maravilhoso feijão mexido (revirado), do cabo de relho, que era uma mistura de feijão com arroz e outras sobras, de suas panquecas, váfulas, gralhas, daqueles pães gostosos que ela fazia ao forno, só para lembrar um pouco de sua culinária, que ela conservou muita viva, até seus últimos dias dos seus 86 anos.

                Sabem, quando era pequeno lá na minha terra, de quando em vez, na calada noite, quando não havia lua e tudo era um breu, (não havia luz elétrica), dava um medo que toda criança sente (história de assombrações, mula-sem-cabeça, boitatá, etc.) então fingia que dormia e ela pé por pé, vinha até a beira da cama, com seu lampião a querosene, atenta a tudo e a todos e com seu carinho e sua palavra meiga, dava confiança, dizendo que não tivesse receio, que o Papai do Céu estava ao meu lado.

                Que saudades de sua compreensão de mãe afetuosa, parecia adivinhar as menores preocupações e aflições e sabia com antecedência tudo o que se passava conosco.

                Neste momento de nostalgia, tento expressar a alegria de tê-la tido como Mãe, até porque, enquanto estavas conosco, de repente não tive a humildade e a coragem de dizer do meu amor por ti, do quanto representavas na minha vida.

                Que saudades de ainda dormir nos teus braços, do aconchego do teu regaço, anjo de candura e amor. Por certo ainda hoje, velas por mim e por todos os teus como sempre fizestes, no grande halo que o teu coração magnânimo, conquistou nas esferas divinais.

                Mãe, se eu precisasse uma inspiração, para parâmetro de Maria de Nazaré, mãe do Cristo-Jesus, por certo Mamãe, tu serias esse padrão de mãe exemplar.

                Que saudades mamãe!