sexta-feira, 29 de julho de 2016

          BREVE HISTÓRICO DAS REVOLUÇÕES, FEDERALISTA E DE 1923.

Em 5 de fevereiro de 1893, tem início a Revolução Federalista, entre Pica-paus e Maragatos, que durou 31 meses e matou mais de 10 mil pessoas no Nosso Estado, sendo que mais de 1 mil, por degolas.
Os seus chefes foram: Júlio Prates de Castilhos, presidente do Estado, pelo lado dos Pica-paus e Gaspar Silveira Martins, ex- senador da monarquia, pelo lado dos Maragatos. Júlio de Castilhos, havia fundado o Partido Republicano Rio-Grandense (PRR) e Gaspar Martins, o Partido Republicano Federalista (PRF). O primeiro, defendia a república presidencialista e o segundo, a república federalista.
Pica-paus- Uniforme azul adotado pelas tropas governistas de Júlio de Castilhos, com boné encarnado (cor de carne) assemelhando-se a ave de tope vermelho, conhecida por pica-pau.
Maragatos- descendentes da Maragateria, na Espanha, de origem moura que viviam no Departamento de São José, no Uruguai e fizeram parte da invasão revolucionária sob o comando de Gaspar Martins. Usavam o lenço vermelho.
Júlio de Castilhos, chamado "o patriarca" governou nosso Estado até 1898, quando não quis mais concorrer e colocou, seu seguidor, Antônio Augusto Borges de Medeiros que, também, com mão de ferro, esteve a frente do Rio Grande do Sul, até a revolução de 1923, quando aconteceu um novo confronto entre irmãos.
Castilhos, o grande chefe, positivista da linha de Augusto Comte, morreu aos 43 anos, em 1903, de câncer na garganta. A um dos médicos que o advertira a ter coragem, respondeu com energia: “não me falta coragem, falta-me o ar”.
Agora eram os Chimangos, do chefe e presidente, Borges de Medeiros, também de forte cunho positivista e Maragatos, sob o comando de Joaquim Francisco de Assis Brasil. Tinha a mesma característica da Revolução Federalista, só mudando seus líderes e os Pica-paus, sendo substituídos, pelos chimangos.
Este nome que vem do apelido dado, pelo Dr. Ramiro Barcellos ao presidente, no famoso poemeto, "Antônio Chimango", fazendo referência, a ave de nariz adunco, que existe pelas plagas da nossa terra. Usavam agora, o lenço branco, marca registrada dos legalistas.
Continuando a tradição do famoso tribuno, Gaspar Silveira Martins, o agora comandante em chefe dos maragatos, Assis Brasil, usava o lenço, como uma marca da Revolução passada, com o famoso, nó Assisista, que o reverencia, ou seja, o nó quadrado, usados pelos gaúchos de hoje, nos seus lenços vermelhos.
A revolução de 1923, durou 10 meses e teve, mais ou menos, mil mortes.
Estas revoluções são, muitas vezes, escondidas embaixo do tapete, para não mostrar o ódio que imperava entre os dois lados e que pasmem, ainda continua até hoje. Só está faltando a faca afiada da degola, a chamada, “gravata colorada” para irmãos de uma mesma querência, continuarem a matança. Reflitamos pois!

quinta-feira, 28 de julho de 2016

                                                                   MEMÓRIAS!

                No ano de 1961, o CTG Tropeiros da Amizade mudou-se de sua sede social à Rua Júlio de Castilhos, onde hoje é a AFUBRA, para o bairro Arroio Grande, no antigo salão Tavares. Com esta mudança, houve um revigoramento na entidade associando inúmeras pessoas da comunidade, nesta verdadeira novidade que era a tradição gaúcha.
                Neste mesmo ano, aconteceu a eleição para nova patronagem do CTG, sendo eleito patrão, Deodomiro Paludo. Era patrão nesta época, Euclides Pereira Soares e de acordo com a minha memória de guri, houve uma desavença entre os dois e o Paludo, juntamente com toda a turma do Arroio Grande e, não eram poucos, saíram do CTG, com raras exceções, fundando uma nova entidade: o CTG Lanceiros de Santa Cruz.
                Lembro que além do Deodomiro, saíram também, Ercides Saraiva de Figueiredo, João Figueiredo, João Norberto Lacerda, Marciliano José Rodrigues, Ernestor Cardoso, Adail Gonzaga Fernandes, Flávio Pereira dos Santos e João de Almeida, entre outros.
                A estes se somaram, Arthur Bugs de Andrade, Horácio João de Bairros, Armínio Guterres de Alexandrino, Galdino de Andrade, Mena Barreto, Paulo João Landskron, Olívio de Oliveira Machado, Jovelino Vedoy, Alexandre Elias, Gomercindo Luiz da Rosa, Ari Marques, Ivo Alves Teixeira, Adão Araújo e Agripino de Almeida Simas que, juntamente com João Norberto Lacerda, assinaram a Ata de fundação, sendo considerados, portanto como sócios fundadores desta entidade.
                Cabe aqui uma consideração da maior relevância para resgatar a história real dos fundadores. Não tirando o mérito daqueles que estão inscritos, inclusive nos Estatutos do CTG como fundadores, sabe-se graças ao testemunho nosso e em especial do amigo Lacerda que, os que assinaram a Ata de Fundação, deram certa quantia em dinheiro e aqueles que não tinham esta verba, não constaram como fundadores.
                Com isso, quero fazer justiça a todos quantos realmente foram os pioneiros dos Lanceiros, esperando com isto que, no futuro esta relação seja ampliada com aqueles nomes que citamos acima, desfazendo esta injustiça.
                O primeiro patrão dos Lanceiros foi Deodomiro Paludo. Entrou no tradicionalismo nesta época, o senhor Arhur Bugs de Andrade e sua família, que por sinal, foram presenças marcantes no nativismo local. A sua primeira sede foi na Rua Julio de Castilhos, a mesma já ocupada pelos Tropeiros.
                Pouco tempo depois, na rótula da Avenida Independência, no salão do seu Albino e ali os Lanceiros deu os seus primeiros passos, mudando-se após para o salão Barreto, perto do Avenida.
                 A sua sede própria à Rua Farroupilha, foi um sonho que se realizou depois de muita luta. Uma curiosidade foi a verdadeira cisão familiar com a fundação dos Lanceiros, ou seja, membros de uma mesma família separaram-se como, por exemplo: o Cliff, a Teresinha e eu, continuamos nos Tropeiros, já o mano Flávio foi para os Lanceiros sendo o seu primeiro posteiro da invernada artística.
                Na família de João Almeida, as prendas Marlene e Teresa foram para os Lanceiros juntamente com os pais João e Eva, enquanto o Osmar Lima de Almeida ficou no pioneiro. A primeira prenda dos tropeiros da época Ilone Figueiredo, filha do seu João Figueiredo, ficou nos tropeiros e o seu mano Jorceí foi para os Lanceiros.
                Foi nesta mesma época, que começou o programa “Roda de Chimarrão”, animado nos primeiros tempos, pelo Ercides Figueiredo e Ernestor Cardoso, que era levado ao ar pelo rádio Santa Cruz, com auditório todos os domingos à noite e durou mais de quatro décadas.
                Portanto, mais um pouquinho de história do tradicionalismo de nossa terra!
                ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; twitter, toninhopds; blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).

sexta-feira, 22 de julho de 2016

                                                                MEU RASTRO!


                Quando a noite abre a cancela vejo a estrela boeira, parceriando no lamento do cantador que, nos acordes de seu violão, canta o rincão de seus ancestrais que, por sua vez, também cantaram as plagas nativas.
                Guia meus passos, estrela guia dos peões perdidos nas várzeas, nas encruzilhadas e escarpas íngremes. Paro, reflito e faço uma prece para que a inspiração apareça.
                No Rio Grande de campo, coxilhas e canhadas, onde a carqueja viceja também criou a estância e o gosto pela vida guapa.
Me destes o céu, me destes a estrada, me destes a campina onde o brilho dos meus olhos relampeja nos açudes e lagoas da terra, resplandecendo e dando vivas ao novo dia.
Imprimo no caminho a direção do meu rastro e retempero as fibras de aço do meu interior bagual, na firmeza do caráter incólume, aos modismos dos tempos hodiernos.
Quantos já retornaram ao campo santo, sem bendizer seu próprio chão. Por isso, sou sentinela na defesa de princípios e valores tão em desuso.
Baluarte, na defesa das quarteadas da vida, no respeito ao outro, ombreando na lida e na pampa continentina, erigi meu templo, no desfraldar de nossa Bandeira cuja égide brada a liberdade, igualdade e humanidade!

Aí está meu rastro!

quinta-feira, 14 de julho de 2016

                                                      JOSÉ MENDES NO RINCÃO!

                Corria o ano de 1965, quando o CTG Rincão da Alegria estava sediado à Rua Gaspar Bartholomay, junto à oficina do senhor Furtado e sob a patronagem de Norberto Adam, o famoso artista José Mendes, em pleno sucesso de sua carreira principalmente de sua última música intitulada “Para Pedro”, esteve fazendo um espetáculo nesta entidade.
                O seu Furtado só para lembrar era pai das prendas Dione, Beatriz e do peão Ademir. José Mendes, acompanhado de tão somente seu violão cantou sucessos do momento. Alem de Para Pedro, Não Aperta Aparício, Vai Embora Tristeza, Carancho e outros.
                Pois bem, naquela época, estávamos, a Elaine e eu brigados, nem lembro qual o motivo e fomos ao baile. Ela sempre com sua mãe, dona Maria Augusta, estava “bonita como laranja de amostra” e como não poderia deixar de ser, chamou a atenção do cantor em pauta que, na primeira oportunidade que teve, tirou-a para bailar.
                Como naqueles tempos, quando se dançava mais de uma marca com a mesma guria, já se estava dançando de par, subentendo-se que havia um inicio de namoro, pelo menos para os meus olhos e o “atrevido” realmente conversava com ela.
Por minha vez também não poderia demonstrar “dor de cotovelo” e tirei a 1ª prenda do Rincão da Alegria, muito bonita por sinal e ficamos naquele joguinho, até a parada estratégica dos músicos para o seu habitual descanso.
                Parecia que o namoro não tinha mais volta até o recomeço do baile quando, nosso amigo em comum, Acemar Lima de Almeida, tirou a Elaine para dançar e no meio da música, entregou-a para mim.
Começamos a conversar e prosa vai, prosa vem, nos acertamos novamente, reatando o namoro para debique do Mendes que, quando se deu conta, já tinha perdido a prenda.
                Dizem por aí, que um tempo depois, ele fez uma música em homenagem a “prenda do rincão”, que tinha engambelado seu coração.
                Agora, com o relembrar de suas músicas na voz de outros cantores como seu filho José Mendes Junior e dele próprio com sua marca indelével, lembrei-me do fato que vai também para as minhas memórias.
              ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

        (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; twitter, toninhopds; blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).

quinta-feira, 7 de julho de 2016

                                                  A VOLTA DO PEÃO!

                Mais um guasca que vai parar rodeio na pátria espiritual. Os campos Elíseos recebem para mais uma campereada, mais um mateador na trilogia do tempo, pampa e vivência.
                São seres que vem e vão à eterna troca de existências profícuas na imensidade cósmica ainda não entendível para a maioria dos viventes que pululam no orbe terrestre.
                As planuras celestiais, onde o verde é mais verde e o céu é mais azul, onde os pássaros cantam exuberantemente num trinar maravilhoso, com certeza festejam mais uma chegada ao anúncio da vinda do filho pródigo.
                Resta a saudade do grande amor que fica na temporalidade dos anos vividos, intensos na verdade, mas relativamente curtos na imensa constituição real da vida.
                Fica a marca indestrutível da alma que a tudo sobrevive e seus feitos serão lembrados por aqueles que ficaram ainda rastejantes enquanto ele já livre dos liames que o prendiam a crosta, volita a olhar com olhos soberanos e já sem dores, lançando dardos de amor, paz e entendimento, da vida como ela realmente é!
                Dou vivas à tua volta, parceiro amigo de tantas prosas. Veja a saudação que te é feita por teus amigos que te antecederam. Eles tocam e cantam afinados mais uma marca na grande insolvência do amargo que se torna doce, no manancial do tesouro que encontraste aqui.
                Por isso te convido a cantar a “Canção do amigo” agora compreendido que tudo continua,  que nada perece, na contínua renovação que nos é concedida, pela intemporalidade do ser, na Essência maior.
                Bendito sejas, Criador do Universo por receber de braços abertos o teu filho, peão das estâncias terráqueas que retorna ao teu pala, no abrigo do frio e das intempéries que não mais o atingirão!
                Palmas se ouvirão e o sorriso voltará a todos os semblantes daqueles que pranteavam tua partida. Vai com a bruaca cheia de sonhos e valores reais, que nunca se apagarão e verás amigo, que tudo valeu a pena!

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; twitter, toninhopds; blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).