quinta-feira, 29 de setembro de 2016

AINDA DEVANEIOS!

Mais uma vez milongueando os sonhos que galopam em minha mente, trazendo mágoas como o cavalo que corcoveia nas esporas nazarenas, imitando a vida na luxúria dos pormenores vis que não encontram sedimento na vida guapa do peão errante e gaudério.
O inverno das noites frias que enregelam até a alma do ser inebriado, na corrente malsã da tristeza que teima em permanecer.
A flor do campo que alegrava visões, agora turba suas vistas. Nem o canto mavioso dos pássaros à tardinha, escuta mais.
Que saudades! Das carreiras de cancha reta onde se ganhava ou se perdia de pescoço ou até de orelha. Ah! minha querência, o que fizeram contigo? Onde está teu fulgor, tua constância, onde os homens de valor, de palavra e de honra, que não se escondiam atrás de palavras bonitas, mas de conteúdo dúbio, eram teu apanágio!
Será que tuas façanhas ainda servem de modelo a toda a terra ou de chacota às invasões alienígenas!
Até os mais recônditos recantos da sabedoria, da paz, da introjeção onde se falava consigo mesmo ruminando condutas e virtudes inerentes ao ser humano, perdeu-se na tapera dos sentimentos controvertidos dos neologismos inconsequentes.
Por isso suplico que meu catre não permaneça mais vazio. Que a lua cheia volte a brilhar no horizonte obscuro da vida sem sentido. Que eu possa ouvir de novo o cantar do galo anunciando novo dia. Que eu possa ainda changuear com as mãos calejadas pela faina diária na rudeza do índio vago, sentindo a melodia da natureza bela que afaga e trás novo alento.
Inferindo, que o temporal que caiu consiga varrer todos os dissabores que enodoaram e encharcaram de lagrimas, o rosto cansado do velho xiru.
O mate está no ponto. Vou sorvê-lo na esperança incontida de reencontrar tudo de novo. Minha pampa viçosa, as pitangas gostosas e floridas e a milonga me embalando novamente na música que enleva a alma.
Sopra mais vento desgarrado e a maldade também irá contigo! Vou saborear mais uma vez, o pão de forno feito pelas mãos abençoadas da minha mãe e o que foi, voltará a ser na senda utópica dos meus devaneios!

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS- Professor, radialista e tradicionalista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com; Twitter, toninhopds).

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

                                                      HORIZONTES!

Ombreando mágoas, que deixam marcas como espinhos, que furam a carne fazendo-a sangrar, busco firmar os passos na corda bamba da existência.
O que me espera lá no horizonte largo perdido na distancia, onde cada vez que chego mais perto, fica mais longe! Onde pretendo chegar afinal?
O que existe depois do horizonte? Algo há, é a minha esperança. Aqui não estou encontrando nada, tudo está vazio! Minha alma vagueia numa turbulência sem fim.
Perdido estou! Agora não tem solução! Busco uma luz, não encontro. Como termino com tudo isso? Busco a saída final! Vou me livrar de tudo, apagar de meu ser essa tristeza que me consome, inexorável, corroendo o imo da vida vazia!
É a depressão que chega, violenta, que mata e eu não vejo à minha frente outra estrada a não ser a fatídica, do esquecimento total! Há o cometimento do ato infame!
Ah! Ledo engano! Vi-me o mesmo ser com o horizonte mais longe, inalcançável não encontro mais ninguém! Onde foram todos? Tudo é solidão, tudo é dor, alias lancinante dor, ininterrupta.
As urzes me rebatem de um lado a outro qual um palhaço mambembe, na confusão imberbe da covardia vil do ato final, da fuga insolente da vida fútil, que criou a expectativa de algo melhor que não se consumou!
Nada adiantou! Continuei infreme na busca da paz, do olvido e encontrei o inferno, aquele mesmo pintado por Dante! Agora sim, nem o horizonte largo enxergo mais. Tudo sumiu, ando para todos os lados e não saio do mesmo lugar!
Lembrei: “Haverá choro e ranger de dentes”, frase lapidar que calou fundo em minha mente. Era tudo verdade então! Tinham me avisado. Quanto arrependimento. Se eu pudesse voltar atrás!
Peço clemência de joelhos em terra ao Divino Criador! Finalmente Ele me ouve. Acordo do sonho tenebroso, choro aos prantos, da lição incontestável e da bondade do grande Arquiteto e as lágrimas que molham meu rosto, escorrem para o remanso da felicidade, onde a melodia do cântico do sabiá laranjeira me embala, nas águas límpidas do riacho, sombreado pela mata nativa, intocável da mão humana.

                Muito obrigado, sorrio feliz! A vida é bela. Vivamo-la.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

SEMANA FARROUPILHA DE 2003

Recordando, matuto sobre a Semana Farroupilha do ano de 2003, que foi um marco no tradicionalismo em nossa cidade de Santa Cruz do Sul.
Neste ano, fazia 38 anos dos festejos farrapos e pela primeira vez, houve um engajamento das etnias que compõem o nosso Estado. Buscando na memória, houve oito fandangos no galpão crioulo do Parque de Eventos, recentemente inaugurado, sendo quatro deles com o salão completamente lotado. Nos outros com menos público, mas todos rigorosamente pilchados.
Acreditava-se na ocasião que seria irreversível e de bom alvitre a mudança das comemorações para o referido Parque, já que a estrutura que lá existe, permite um crescimento paulatino das atividades concernentes a esta efeméride.
Bastava aprimorar alguns aspectos que deixavam a desejar e teríamos em curto espaço de tempo um grande acampamento farroupilha, com grandes atrações entrando no roteiro dos grandes eventos tradicionalistas do nosso pago.
As grandes novidades daquele ano foram, alem logicamente da concentração das atividades de todas as entidades num só lugar, a integração das etnias e principalmente o “Projeto Piazito”. Alias, por falar neste projeto, a Secretaria de Estado do Turismo esteve “in loco”, verificando como funcionava o Piazito e saíram daqui simplesmente maravilhados com o sucesso visto.
Segundo a coordenadora da Setur na época, Lenora Schneider, este projeto não poderia parar e seria levado a nível estadual, para que todos os CTGs do Rio Grande do Sul o conhecessem.
Imaginem só dizia ela empolgada: “são mais ou menos 1500 entidades filiadas ao MTG e se cada uma delas adotasse 50 crianças, conforme aconteceu em nossa cidade, seriam então 70 mil crianças tiradas das ruas”, sendo conduzidas para a verdadeira cidadania.
Em Santa Cruz do Sul, foram atendidas neste ano 559 crianças, neste projeto que visou a integração desta petizada à nossa cultura até porque, faz parte da Carta de Princípios do Movimento, a inclusão social de menores em condição de vulnerabilidade.
Alem do Projeto Piazito, mais de 4000 escolares visitaram o parque durante a semana, participando das atividades desenvolvidas pelas entidades tradicionalistas.
Oxalá tivesse sido continuado este Projeto que infelizmente não se vê mais falar. A semente não germinou.
Fica para os nossos pósteros a ideia para que um dia volte a vingar a Semana Farroupilha com um grande acampamento e o projeto piazito desenvolvido durante todo o ano.
Pensemos nisso!

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

                                                          RAZÃO E EMOÇÃO!

Parece que estamos na contramão da história quando procuramos falar pela razão e não pela emoção do momento.
A sábia mãe natureza conspira para um lado ou para o outro, segundo as nossas próprias projeções, naturalmente de acordo com nosso livre arbítrio.
Dentro dessas possibilidades, miasmas se formam na mente e refletem para o exterior quando emitimos energias negativas e nefastas que plasmam figuras fantasmagóricas, atingindo com certeza, quem estiver no caminho.
Por outro lado, paisagens de beleza impar também alimentam os ares quando conseguimos entender, que somos o que pensamos e que poderemos acender a nossa luz emanada do Astral Superior, de quem somos filhos diletos.
Conceitos arraigados na sociedade ávida de ilusões passageiras, de visões destorcidas, cujos valores cada vez mais escorregam por entre os dedos, como se a vida temporal fosse esta mostragem que se visualiza extemporaneamente na sofreguidão de frêmitos dúbios e incongruentes, um dia se dissiparão como se fossem folhas caídas ao chão.
Não, não é assim! Que não percamos, por exemplo, a candura que aparece no rosto de uma criança e de uma mãe que a embala carinhosamente. Esta mãe, é o próprio símbolo do Deus vivo na terra e isto sim, deve ser nosso paradigma de amor que irá inundar nosso orbe na mudança significativa que deve nortear nossa existência.
Será isso tudo um paradoxo? Nas camadas mais profundas de nosso psiquismo, conhecemos a Lei. No entanto devido a nossa incipiente caminhada no mundo evolutivo ainda relutamos em cumpri-la em sua integralidade.
À medida que avançamos a entendemos melhor, e um dia, estaremos vivendo como irmãos fraternos que somos praticando o verdadeiro amor na concepção da Divindade.
Pensemos nisso!

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).