quinta-feira, 21 de novembro de 2013

                                                                                                                         OS TRÊS CRIVOS
                Sempre é de bom alvitre recordar esta passagem Socrática que, com certeza, afeta a humanidade pela forma como é usada em detrimento do “outro”, que é a maledicência.
Vemos sempre o mal do outro e não o que está em nós. Para se autojulgar é preciso que o homem volte para dentro de si mesmo, como se estivesse olhando num espelho, veria então, todo o seu interior e do que ele estaria cheio. Revolta, amargura, ódio, ou então, amor, alegria e paz? O homem deveria pôr-se no lugar da outra pessoa a qual julga, fala mal e perguntar-se: que pensaria eu se visse alguém fazer o que faço?
                O irmão X nos trás esta parábola recorrente e emblemática.
“Certa feita, um homem esbaforido achegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos ouvidos: - escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te, em particular...
                Espera! – ajuntou o sábio prudente. Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos?
                -Três crivos? – perguntou o visitante espantado.
                -sim meu amigo, três crivos. Observemos se tua confidência passou por eles. O primeiro é o crivo da verdade. Guardas absoluta certeza, quanto àquilo que pretendes comunicar?
                - bem ponderou o interlocutor, - assegurar mesmo, não posso... Mas... ouvir dizer e...então...
                - Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real, verdade, o que julga saber, será pelo menos bom o que queres me contar? Hesitando, o homem replicou:
                - Isso não... Muito pelo contrário...
                - Ah! - tornou o sábio – estão recorramos ao terceiro crivo, o da utilidade e notemos o proveito do que tanto te aflige.
                - Útil?!... – aduziu o visitante ainda agitado.
Útil não é...
                - Bem – rematou o filósofo num sorriso, - se o que tens a confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos sem edificação para nós...”.
Aí está, um dos grandes males da nossa época, na visão desse grande filósofo grego, pré-cristão e que serve de lição, para que aprendamos a viver em comunidade, como verdadeiros irmãos, que realmente somos, sem a MALEDICÊNCIA.
                                                    

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

                                                        DESPERTA E VIGIA!
                O espírito, quando reencarna na terra, vem naturalmente, com o propósito de aprender a dominar suas inclinações e tendências negativas, através do enfrentamento constante de situações difíceis e adversas, a fim de testar suas possibilidades de permanecer fiel aos objetivos propostos e lograr assim o desenvolvimento de qualidades e recursos para evoluir moralmente e realizar seu progresso espiritual.
                Entretanto, em razão da reencarnação, o espirito defronta-se com a benção do esquecimento imposto pela vestimenta carnal. Aí, as dificuldades e óbices inerentes à própria matéria encarregam-se de afastá-lo do propósito que ele próprio traçara anteriormente como objetivo.
                A reencarnação significa, portanto, um adormecimento parcial das potencialidades do espirito, que ainda detém, mesmo que timidamente, as ideias inatas resultantes das vivências pretéritas, para conduzi-lo ao aperfeiçoamento e progresso moral, onde a intuição, à sintonia e a afinidade ganham um destacado papel, de relevante importância na evolução do espirito.
                Por isso, esses mecanismos acima citados, utilizados pelos espíritos encarnados no intercâmbio mediúnico, são extraordinários recursos colocados à disposição das criaturas na terra, ensejando a todos a possibilidade da reflexão a fim de retificar roteiros equivocados, retomando o caminho momentaneamente esquecido, levando-os de retorno aos propósitos fixados antes da reencarnação.
                Embora haja o natural esquecimento, reencarnar é recordar, principalmente, as ocorrências enganosas, a conduta incorreta e as ações lesivas feitas a outrem e que no fundo lesam o próprio autor. Compreende-se, assim, o papel terapêutico das lições de Jesus para o ser em trânsito carnal, como se pode deduzir das anotações de Lucas, cap. 22, vers 46: “E disse-lhes: “Por que estais dormindo”? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação”.
                Eis onde Jesus se reporta não apenas ao sono físico, mas, principalmente ao adormecimento psíquico, que embota os sentidos do espirito, levando-o a cair frente às tentações, por invigilância, acomodação, passividade ou ócio.
                Jesus impõe o “levantar-se e orar, ou seja, ações ativas que o próprio indivíduo deve realizar, através de esforço, “para que não entre em tentação” e, por decorrência, o despertar do espirito em sua caminhada, que deverá ser empreendida em ostensiva vigília, frente às próprias fraquezas e imperfeiçoes que a criatura carrega, que são os verdadeiros responsáveis pelo adormecimento dos sentidos.
                Essas palavras de Jesus anotadas pelo evangelista Lucas, trazem implícita em revolucionária proposta para o homem dos dias atuais, que vive cercado de conquistas e conforto materiais, com inúmeras concessões e facilidades no campo moral, onde as ligações afetivas são descompromissadas e, as relações de intimidade são descartáveis e frustrantes, e incapazes de proporcionar alegrias duradouras e tampouco plenitude e felicidade.
                Certamente, quem desperta desse torpor dos sentidos levanta-se e toma as rédeas da própria existência, procurando reunir as energias desgastadas por meio da vigília na oração, para que as tentações percam a ascendência que até então mantinham o indivíduo no cárcere dos gozos transitórios, impedindo-o de caminhar e evoluir espiritualmente.


                              (José Maria de Medeiros Sousa, pelo espírito Albino da Santa Cruz)

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Joana D'Arc - reencarnação de Judas Iscariotes?

Joana D’Arc nasceu na França, no ano de 1412, no lugarejo de Domrémy. No contexto histórico do século XV, a França se encontrava em meio a uma “turbulência” política, social e econômica. O rei Carlos VI estava doente e, por suas ausências no governo, a rivalidade entre a casa da França e a casa de Borgonha (também na França) acentuou-se.
A França, no século XV, encontrava-se quase que em uma total anarquia e permeada por motins e assassinatos. Assim, os conflitos civis e a desordem social estavam instalados na França. Dentro desse contexto, a Inglaterra, sob o comando do rei Henrique V, viu a oportunidade de tomar o poder na França.
No ano de 1422, no entanto, o rei Carlos VI, da França, e o rei inglês Henrique V, morreram. A irmã de Carlos VI, casada com Henrique V, assumiu a regência do trono francês. Sem nenhum sucessor para o trono francês, os ingleses aproveitaram para uma possível invasão da França. No momento em que a França estava sendo invadida pelos ingleses, surgiu a figura mítica da história francesa: Joana D’Arc, insatisfeita com o governo britânico, assim como os camponeses e populares.
Joana, quando era criança, divertia-se normalmente, brincava, mas tinha responsabilidade sobre outros afazeres: tomava conta do rebanho de carneiros, costurava e cuidava dos serviços domésticos. A religiosidade era outra característica presente na vida de Joana D’Arc, tanto é que, aos 12 anos de idade, conta-se que a menina afirmou ter ouvido vozes vindas do céu que lhe diziam para salvar a França e coroar o rei.
Em certo dia, Joana escreveu ao rei uma carta, pedindo conselhos, e o rei aceitou recebê-la (os motivos da concordância do rei são desconhecidos). Dessa maneira, Joana D’Arc partiu para a corte no dia 13 de fevereiro de 1429 e chegou ao Castelo de Chinon, residência do rei Carlos VII (filho de Carlos VI. É interessante ressaltar que a Inglaterra não reconhecia a legitimidade do governo de Carlos VII), no dia 23 de fevereiro. As primeiras palavras de Joana para o rei foram em relação à visão que havia tido.
Entretanto, o rei somente acreditou em Joana quando ela falou sobre os vários pedidos que ele fizera a Deus, enquanto rezava solitário na Igreja. Após ser testada também por teólogos, Joana D’Arc recebeu do rei uma espada, um estandarte e o comando geral dos exércitos franceses.
Joana queria atacar a região de Orleans sob o comando dos ingleses, por isso enviou um aviso a eles: “A vós, ingleses, que não tendes nenhum direito neste Reino de França, o Rei dos Céus vos ordena, e manda, por mim, Joana, a Donzela, que deixeis vossas fortalezas e retorneis para vosso país, caso contrário farei grande barulho”.¹
A guerreira e a tropa francesa mobilizada pelo rei Carlos VII conseguiram empreender vitórias em diversas batalhas. Essa disputa ficou conhecida na história como a Guerra dos Cem Anos (1337 – 1453), da qual a França saiu vitoriosa, conseguindo expulsar os ingleses, principalmente do norte da França.      
Após a expulsão dos britânicos, os nobres franceses, representados pelo rei Carlos VII, temerosos de uma forte aliança popular entre Joana D’Arc e a população camponesa, entregaram-na para os ingleses. Joana foi morta, queimada na fogueira, no ano de 1430 sob a acusação de bruxaria. No ano de 1453, a Guerra dos Cem Anos terminou com a assinatura do Tratado de Paz entre França e Inglaterra.
(Leandro Carvalho)

sábado, 12 de outubro de 2013


IMPORTANTE AREA DO RIO GRANDE DO SUL É ANEXADA EM 12 DE OUTUBRO DE 1851. O Chuí!

                Mesmo alguns meses antes do desembarque do brigadeiro José da Silva Paes na barra do Rio Grande em 1737, já Cristovão Pereira havia montado um posto avançado português no cerro de São Miguel, próximo ao arroio Chuí. Depois, Silva Paes inspecionou esses locais, deixando junto ao arroio uma guarda de 15 dragões.

                Em 1763, a invasão dos espanhóis, a partir de Buenos Aires, conquistou toda essa faixa litorânea até a Vila de Rio Grande e o lado norte da barra.

                Após a expulsão dos espanhóis e reconquista de Rio Grande, em 1777 o Tratado de Santo Ildefonso determinou os limites das possessões lusitanas e espanholas em nossa região. Mas em todas as fronteiras secas, isto é, sem rios, foi deixada uma faixa neutra de um lado e outro, para evitar o confronto direto de vizinhos ainda com ânimos exaltados. Praticamente todo o território desde o Taim até o Chuí, ficou incluído nesses “campos neutrais”. Mas com a criação da Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, o primeiro capitão-general (D. Diogo de Souza) concedeu terras neutras aos oficiais de seu exército e assim preparou o futuro reconhecimento de propriedade.

                As guerras da Cisplatina tornaram as fronteiras ainda mais confusas. Em 1828 é assinada uma Convenção Preliminar de Paz e a 27 de agosto desse mesmo, ano é reconhecida a independência do novo País, a República Oriental do Uruguai.

                O artigo 17 da Convenção supracitada determinava que fosse feito um acordo definitivo de limites entre o Brasil e o Uruguai. Mas as perturbações internas do Uruguai, devido principalmente, a chamada grande guerra, entre Rivera e Oribe, de 1842 a 1851, tornaram inviável essa definição. A oportunidade somente veio a se apresentar em 1851. Para decidir sobre a questão de limites foram indicados, André Lamas, como representante do Uruguai e Carneiro Leão, o Marques de Abaeté, como representante do Brasil. Em 12 de outubro de 1851, era assinado o Tratado de Limites, Comércio e Navegação, Aliança e Extradição, sendo os Campos Neutrais do Chuí-Taim, definitivamente incorporados aos território do Brasil.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

                                      CAUSAS  DA  DEPRESSÃO!
       Reconhecemos serem muitas as causas da depressão. Uma delas é o exercício do hiperegotismo (exagero crescente do ego),  quando o ser utiliza atitudes e empreende hábitos que se caracteriza por exagerada autoconfiança, exaltada busca de prazeres e desmedida presunção, expressando-se a arrogância em toda a sua pujança.
      Gilson Freire no livro “Ícaro Redimido”, pelo espírito Adamastor, nos coloca que o hiperegotismo é uma doença que nos acompanha há tempos na jornada da vida, tendo se incorporado como um hábito em nossa personalidade. Reflexo herdado da vida animal que nos entreteve por longo período. A necessidade de sobrepor a própria personalidade acima dos demais supera, ainda hoje, a fraternidade genuína e lustra o brilho pessoal da vaidade que justifica erroneamente todos os males dos sentimentos. Os males não se restringem unicamente à imposição de dores ao outro, mas na verdade colhe prejuízos para si mesmo.
       No perispírito, os males irá determinar hipertonias destoante a se refletirem em disformias cumulativas  no corpo físico, caracterizando hiper-formações celulares de toda natureza, como por exemplo o crescimento tecituais inadequados gerando tumores, os mais diversos e os exagerados funcionamentos glandulares doentiamente sustentada e embalada pela arrogância. Embora a ciência da Terra busque justificá-las em aleatória adulterações genéticas, a carne é mero espelho onde se reflete as forças desequilibradas do próprio espírito, estampando no corpo físico as intenções errôneas que enodoa a alma, devolvendo em forma de dores, seus equívocos de condutas e sentimentos, propiciando-lhe a colheita das sábias lições da vida, a fim de que o mesmo aprenda a  viver no necessário equilíbrio de suas poderosas forças psíquicas.
      O sabor das errôneas vitórias se torna pesar, configurando o que na Terra se identifica como os distúrbios depressivos.
      A arrogância perde sua expressão e o ególatra, de sua exaltada posição, precipita-se na deterioração dos bens roubados da vida, configurando-se a derrocada da auto-estima. O orgulho se humilha e a alegria foge da alma. As angústias que habitam os recessos profundos do involuido despertam, convocados para a sua educação, corroendo todos os seus valores errôneos.
      Reconhecemos, portanto, que as causas reais e profundas da depressão se encontram nos abusos do poder, na egolatria, na vaidade e na doentia exaltação do ego.  Toda maldade que o ser empreendeu para manter o enfermiço patamar de arrogância o levará, em igual potencialidade, para o pólo oposto de suas intenções, forçando-o à colheita das dores semeadas e à aparente perda dos valores angariados do jogo  da vida. A alegria feita de penúrias se tornará tristeza, caracterizando a depressão em suas múltiplas manifestações na espécie humana.
      Compreendemos assim que o egoísmo e o orgulho são, de fato, as verdadeiras chagas  do espírito e os fatores etiológicos da depressão e do suicídio. Não digamos, portanto, que a depressão acomete o homem como se ele fosse mera vítima de suas angustiosas e inexplicáveis patologias. Uma Lei dirige-nos, conferindo alegrias e dores conforme as semeemos no campo de nossas ações psíquicas. A dor pertence sempre à colheita e nunca é por si só a causa primeira de nossos males, pois não somos imolados pelo acaso, mas por nossa própria rebeldia diante das Leis Divinas. Aquele que já nasce com a personalidade carente de valores pessoais, necessários à vida, semeou ações e intenções opostas, determinantes de tal condição, em existência anterior.
      Podemos compreender que a depressão, a psicólise e a ovoidização são fenômenos desencadeados pelo próprio ser e se baseia no dinamismo mórbido da arrogância, a supervalorização doentia do “eu” que deseja ser mais do que é, ir além de seus limites, crescer e projetar-se acima do outro, terminando no oposto de suas errôneas intenções.
      Toda felicidade roubada do bem-estar alheio, que deprime e menoscaba o próximo a quem deveríamos aprender a exaltar, é-nos devolvida na mesma medida da desvalorização imposta, sendo a motivação maior para a nossa própria desdita, causa primária dos transtornos depressivos.
      O que atesta que as causas da depressão estão nos desacordos com a lei é o fato de que o deprimido, sem uma aparente causa que o justifique, sente, repentinamente, como se todas as forças do universo estivessem contrárias a ele, sem entender que, na verdade, ele é que se antepôs a elas num primeiro momento. Eis porque a mensagem da Codificação Espírita nos revelou que o egoísmo e o orgulho são os maiores obstáculos ao progresso, e as entidades superiores que nos instruem jamais deixaram de nos alertar quanto aos perigos da soberba.
       A sagrada doutrina é pródiga de mensagens nesse sentido, especialmente o Evangelho Segundo o Espiritismo, dentre as quais podemos citar as sábias palavras do Espírito Adolfo, alertando-nos de que “quando o orgulho chega ao limite, tem-se o início da queda. De tempos em tempos Deus nos envia golpes para nos advertir, contudo, se ao invés de nos humilharmos, revoltamo-nos, então, uma vez cheia a medida, Ele nos abate completamente e tanto maior é nossa queda quanto mais alto tenhamos subido”(Questão 785 do LE e Cap VII do ESE).
       Várias consequências  da arrogância podem ser reconhecidas na psicopatologia humana. A perda da auto-estima advém sempre, como reação, da excessiva valorização de si mesmo. A insegurança e a timidez, de doentia autoconfiança. A  carência é fruto da ambição desmedida.    O pesar, da alegria roubada de outrem. Toda angústia é a reverberação de um sentimento de maldade. A coerção vem da rebeldia irrestrita. O martírio da culpa se origina do ato inconseguente.  O esgotamento do abuso das forças. E, portanto, o que faz demisso o homem é sua própria soberba. Estejamos certos, não há sofrimento injustificável na Lei Divina e ninguém padece melancolias sem antes tê-las semeado nos corações alheios.
       Eis delineada, em rápidas considerações, a real causa da depressão humana e suas graves consequências. Sofrimento que se impõe por força de lei compensatória e que responsabiliza o próprio espírito como seu protagonista. Esta a razão, enfim, por que o Mestre nos asseverou com clareza que “todo aquele que se exaltar será humilhado.”(Lucas 14:11).
O Pedido de Uma Criança a Seus Pais

Não tenham medo de serem firmes comigo.
Prefiro assim.
Isto faz com que eu me sinta mais seguro.
Não deixem que eu adquira maus hábitos.  Dependo de vocês para saber o que é certo ou errado.
Não me corrijam com raiva, nem na presença de estranhos.
Aprenderei muito mais se me falarem com calma e em particular.
Não me protejam das consequências de meus erros.
Às vezes eu preciso aprender pelo caminho áspero.
Não levem muito a sério as minhas pequenas dores.
Necessito delas para poder amadurecer.
Não me estraguem.  Sei que não devo ter tudo o que peço.
Só estou experimentando vocês.
Não sejam irritantes ao me  corrigirem.
Se assim o fizerem, eu poderei fazer o contrário do que me pedem.
Não me façam promessas que não poderão cumprir depois.
Lembrem-se que isto me deixa profundamente desapontado.
Não ponham à prova a minha honestidade.
Sou facilmente levado a dizer mentiras.
Não me apresentem um Deus carrancudo e vingativo.
 Isso me afastaria dEle.
Não desconversem quando faço perguntas, senão serei levado a procurar respostas na rua todas às vezes que não as tiver em casa.
Não se mostrem para mim como pessoas infalíveis.
Ficarei extremamente chocado quando descobrir um erro em vocês.
Não digam simplesmente que meus receios e medos são bobos. 
Ajudem-me a compreendê-los e vencê-los.
Não digam que não conseguem me controlar.
Eu me julgarei mais forte que vocês.
Não me tratem como uma pessoa sem personalidade.
Lembrem-se que eu tenho meu próprio modo de ser.
Não vivam me apontando os defeitos das pessoas que me cercam.  
Isso irá criar em mim, mais cedo ou mais tarde, o espírito de intolerância.
Não se esqueçam que eu gosto de experimentar as coisas por mim mesmo.  Não queiram ensinar tudo para mim.
Não tenham vergonha de dizer que me amam.
Eu necessito desse carinho e amor para poder transmiti-lo à vocês e aos outros.
Não desistam nunca de me ensinarem o bem, mesmo quando eu parecer não estar aprendendo.
Insistam através do exemplo e, no futuro, vocês verão em mim, o fruto daquilo que plantaram.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

                                                  É DANDO QUE SE RECEBE!            
 
                        A visão filosófica de Francisco de Assis é profundamente importante, permitindo-nos a compreensão maior do modo como ele viveu pelos caminhos do mundo.
                       O missionário incomparável lançou mão de instrumentos de vida muito especiais, como as coisas simples de seu tempo.
                      A percepção íntima de que, em última análise, ninguém é possuidor de coisa alguma no mundo das formas físicas, levou-o a continuadas renúncias e a uma viagem fundamental para dentro de si.
                      No íntimo de seu ser, encontrava a orientação segura de Jesus a propor que procurasse conquistar a si mesmo, pois aí estaria a riqueza verdadeira, a que não pode ser usurpada por nenhum gatuno, que nenhuma traça pode corroer e que não é consumida pela oxidação.
                     Entendia isso e percebia como são fugazes os haveres materiais. Como são perecíveis. Como são temporais. Tudo é extremamente vulnerável à ação indomável do tempo.
O pobrezinho de Assis nos clareia os caminhos, mostrando que devemos buscar sempre, em primeiro lugar, valores que pulsem no meio dessa atemporalidade.
                     O que pertence à alma é aquilo que essa alma pode conduzir consigo, onde quer que vá, onde quer que esteja.
Os únicos valores passíveis de impregnar a alma, tornando-se sua parte constitutiva, como brilho, cor, realidade, decorrem da frequência intensa, desenvolvida através do comportamento individual.
                     Na conclusão filosófica do jovem de Assis, é dando que se recebe, não registramos nenhuma referência a qualquer coisa material, mas às doações da alma.
É assim que, pelas leis da sintonia, da reciprocidade, ou de causa e efeito, concluiu que o que parte de nós é, de fato, o que a nós retorna.
                    A sementeira é sempre livre, mas a colheita é obrigatória.
Na figura apresentada por Jesus, o que se oferece ao solo, o solo devolve, ampliado, renovado, sejam aromas de flores, sejam espinhos.
*   *   *
                   Semeemos simpatia, e a teremos de volta. Espalhemos farpas e as veremos de retorno.
Distribuamos esperança e nos veremos esperançados. Semeemos agonia, e poderemos contar com a ação do desespero, logo mais.
                    Ofertemos nosso tempo precioso para atender ao próximo, e veremos que as preocupações do nosso próprio coração também estarão sendo atendidas.
                   Doemos nosso sorriso ao mundo e o mundo, dentro de nós, sorrirá satisfeito.
Perdoemos aquele familiar que falhou conosco mais uma vez, e perceberemos que, quando nós errarmos, encontraremos mais facilmente o auto-perdão.
                   Semeemos a paz, o otimismo, em meio ao negativismo viciante dos dias atuais, e colheremos tranquilidade em meio ao caos, silêncio em meio à balbúrdia ensurdecedora.
                  É dando que se recebe. É dando-nos, doando-nos que receberemos a recompensa da consciência pacificada, cumpridora de todos os deveres para com Deus, o próximo e a nós mesmos.
                  Amemos e nos estaremos amando. Perdoemos e estaremos nos perdoando. Doemos e já estaremos recebendo.
                 Experimentemos a doce exortação de Francisco de Assis e nos sintamos em paz, desde agora.
 



Redação do Momento Espírita, com base no cap.20
do livro
A carta magna da paz,
pelo Espírito Camilo,
psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.
                                                  OS PORQUÊS DA NOSSA VIDA! 
         
Quem é que, nas horas de silêncio e recolhimento, nunca interrogou à natureza e ao seu próprio coração, perguntando-lhes o segredo das coisas, o porquê da vida, a razão de ser do Universo?
Onde está aquele que jamais procurou conhecer seu destino, levantar o véu da morte, saber se Deus é uma ficção ou uma realidade?
Não seria um ser humano, por mais descuidado que fosse, se não tivesse considerado, algumas vezes, esses tremendos problemas.
A dificuldade de os resolver, a incoerência e a multiplicidade das teorias que têm sido feitas, as deploráveis consequências que decorrem da maior parte dos sistemas já divulgados, todo esse conjunto confuso, fatigando o espírito humano, os têm relegado à indiferença e ao ceticismo.
Portanto, o homem tem necessidade do saber, da luz que esclareça, da esperança que console, da certeza que o guie e sustente.
Mas tem também os meios para conhecer, a possibilidade de ver a verdade se destacar das trevas e o inundar de sua benfazeja luz.
Para isso, deve se desligar dos sistemas preconcebidos, descer ao fundo de si mesmo, ouvir a voz interior que nos fala a todos, e que os sofismas não podem enganar: a voz da razão, a voz da consciência.
O que importa ao homem saber, acima de tudo, é: o que ele é, de onde vem, para onde vai, qual o seu destino.
As ideias que fazemos do Universo e de suas leis, da função que cada um deve exercer sobre este vasto teatro, são de uma importância capital.
Por elas dirigimos nossos atos. Consultando-as, estabelecemos um objetivo em nossas vidas e para ele caminhamos.
Nisso está a base, o que verdadeiramente motiva toda civilização.
Tão superficial é seu ideal, quanto superficial é o homem.
Para as coletividades, como para o indivíduo, é a concepção do mundo e da vida que determina os deveres, fixa o caminho a seguir e as resoluções a adotar.
*   *   *
Há certa dormência no homem materialista. Ele dorme para os valores reais da alma, da vida maior.
Vê-se esperto, antenado, ligado em tudo o que há de mais novo no mundo, mas não percebe que está dormindo ainda.
Em algum momento, terá de despertar...
Alguns despertam com reveses repentinos. Outros acordam com o sofrimento de uma doença ou a morte violenta entre os seus.
Mas há aqueles que desvelam o novo mundo através do amor e do estudo.
Quando o intelecto é guiado pelo amor, pelo bem, pela boa vontade, conseguimos despertar para a nova vida, a vida verdadeira, sem a necessidade de passar por nada traumático.
Que nossa vida seja repleta de porquês. Que não aceitemos as coisas pelo fato de sempre terem sido desse ou daquele jeito.
Que a razão nos guie e que essa razão possa estar cada vez mais apurada.
Mas que nos guie também o coração, pois é dentro dele que encontraremos as respostas que só o amor saberá dar.
A fé raciocinada deve ser nossa meta. O amor inteligente, nosso guia sempre.
Redação do Momento Espírita, com base
na
Introdução, item I, do livro O porquê da vida

,
de Léon Denis, ed. FEB.
                                          O UNIVERSO É UM GRANDE PENSAMENTO!
            
 
 
No dia 23 de novembro de 1793, em discurso na Catedral de Notre Dame, em pleno coração de Paris, diante de muitas pessoas, um cientista proclamou a desnecessidade de Deus e, de forma desdenhosa, entronizou a deusa razão.
Pensadores acreditavam, naqueles dias, que Deus era totalmente dispensável. Para a Humanidade, bastavam a razão e o bom senso para que tudo se explicasse de maneira satisfatória.
E porque a ousadia do homem não tivesse limites, ordenou-se que fossem apagados todos os sinais de Deus, que se julgava fossem os templos religiosos.
Num final de tarde, quando os destruidores chegaram para colocar por terra as paredes de uma das igrejas, se depararam com o velho jardineiro que cuidava das flores.
Ao vê-los chegar, perguntou curioso por que estavam ali com tantas ferramentas.
Um dos indivíduos lhe respondeu com ousadia: Viemos aqui para apagar, de vez, os sinais de Deus da face da Terra.
O jardineiro, olhou admirado para o grupo e perguntou: E onde estão as escadas?
O rapaz, um tanto inquieto, retrucou: Mas para que precisamos de escadas?
O jardineiro complementou: Se vocês querem apagar os sinais de Deus precisarão de uma escada. E de uma escada muito longa, a fim de que possam apagar as estrelas.
*   *   *
Muitos homens, quando adentram o campo das Ciências sem entendê-las em profundidade, tornam-se ateus, por acreditarem que descobriram todos os mistérios do Universo.
Já os homens que penetram profundamente as Ciências com humildade e vontade entendem os mecanismos que regem a vida, reconhecem a necessidade lógica da existência de uma inteligência que em tudo pensa e a tudo coordena no Universo.
Um conceituado biólogo escreveu um livro fantástico que intitulou: O homem não está só. Nesse livro, cita vários motivos pelos quais ele crê em Deus.
Um deles é o fato de a distância que medeia entre o Sol e a Terra estar matematicamente calculada, o que não poderia ser obra do acaso.
Se o Sol não estivesse a 150 milhões de quilômetros da Terra, mas apenas a metade dessa distância, não haveria possibilidade de vida porque as altas temperaturas a tudo aniquilariam.
E se a distância fosse 50% a mais, a vida também seria impossível devido à falta de luz e calor.
Se o movimento de rotação da Terra não tivesse sido calculado de forma eficiente e, ao invés de 1.600 quilômetros por hora, fosse 10 vezes menor, os dias e as noites teriam 120 horas e a vida seria impossível.
O calor dos dias, a sombra e o gelo das noites, ambos longos demais, a tudo aniquilariam.
Se os meteoros, que caem diariamente, não fossem ralados pela atmosfera, que tem 60 quilômetros, a vida na Terra seria impossível, pois os incêndios fariam tudo arder.
Esses, entre outros tantos exemplos, provam que tudo está matematicamente calculado.
Há uma Inteligência Suprema por trás de cada fenômeno da natureza. E é a essa Inteligência que chamamos Deus.
Na grande marcha progressiva do homem, houve um tempo em que os cientistas acreditavam que o Universo era uma grande máquina.
Após apuradas pesquisas nas áreas da Astrofísica, da Biologia, da Embriogenia entre outras, os homens chegaram à conclusão de que o Universo é um grande pensamento.
*  *  *
Não há efeito sem causa. Procuremos a causa de tudo o que não é obra do homem e a razão nos responderá.
O Universo existe e tem uma causa. Duvidar dessa causa, que é Deus, é admitir que há efeito sem causa e aceitar que o nada pôde fazer alguma coisa.
Pense nisso, mas pense agora!
 
.
Redação do Momento Espírita, com base no item 4 de
O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb.
Em 04.12.2009.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

FOLCLORE.


                                                   FOLCLORE.

                 Vivemos em um mundo vasto de tradições, que variam de acordo com as regiões e suas influencias culturais. Muitas delas se eternizam na historia, sendo transmitidas de geração para geração. As lendas, costumes, artesanatos, comidas, músicas, danças e línguas, são peculiaridades que enriquecem e caracterizam a cultura popular de uma nação.
                No dia 22 de agosto de 1846, essas manifestações que fazem parte da identidade de cada povo, ganharam nome e, a partir da união de duas palavras inglesas – folk (gente) e lore (saber, ciência) – nasceu o folclore. O criador desta palavra foi o arqueólogo inglês, William John Thoms.
               O Congresso Nacional Brasileiro, oficializou em 1965 que todo dia 22 de agosto seria destinado à comemoração do folclore brasileiro. Foi criado assim o Dia do Folclore Nacional. Foi uma forma de valorizar as histórias e personagens do folclore brasileiro. Desta forma, a cultura popular ganhou mais importância no mundo cultural brasileiro e mais uma forma de ser preservada. O dia 22 de agosto é importante também, pois possibilita a passagem da cultura folclórica nacional de geração para geração.

         O folclore traz, nas lendas, contos, ditados, danças, pratos típicos e muito mais, a forma como o povo interpreta e vive seu mundo. Ao tomar conhecimento do folclore, podemos compreender, na sua essência, a cultura de um povo. Um povo sem cultura e tradições acaba por ser escravo de culturas alienígenas e vivendo, por isso, os usos e costumes de outros povos.

Destacamos algumas lendas do nosso imaginário que fizeram parte, com certeza, das histórias contadas, pelos nossos avoengos, quando a televisão e internet, era apenas um sonho: o boitatá, a mula sem cabeça, o negrinho do pastoreio, a Salamanca do jarau, o Saci-Pererê e tantas outras.

         O escritor, Ari Riboldi nos diz que “Silvio Romero é tido como o pai do folclore brasileiro. Outros folcloristas consagrados: José de Alencar, Mário de Andrade e Luís da Câmara Cascudo. No Rio grande do Sul, vive um dos mais destacados folcloristas da atualidade. João Carlos Paixão Côrtes. Há mais de meio século, ele vem resgatando e registrando as manifestações autenticamente populares das diversas etnias que formaram o nosso Estado e o Brasil”.

         Inferindo, diria ainda que um povo que quer preservar sua identidade precisa, sem dúvida alguma, preservar a memória de seus antepassados, delegando aos seus descendentes, exemplos de virtudes, que marcarão suas vidas de maneira indelével.

                                        

sexta-feira, 9 de agosto de 2013


                                                                       PAIS! Uma reflexão.

                O dia dos pais teve origem na antiga Babilônia.  Há mais de 4000 anos, um jovem chamado Elmesu moldou em argila o primeiro cartão para o dia dos pais, com mensagem em que desejava, sorte, saúde e longa vida ao seu pai.

         Em 1909, a data surgiu nos Estados Unidos por Sonora Louise Smart- (Arkansas), filha do agricultor William Jackson Smart e esposa Victória Ellen Cheek Smart, que sentia grande admiração por seu pai. O interesse pela data difundiu-se da cidade de Spokane para todo o Estado de Washington e daí tornou-se uma festa nacional, oficializada em 1972, pelo então presidente americano Richard Nixon, no terceiro domingo do mês de junho.

         No Brasil, o dia surgiu em meados da década de 1950, pelo publicitário Sylvio Bhering, celebrada inicialmente no dia 28 de fevereiro, data em que se comemora, São Joaquim, patriarca da família e segundo a tradição católica, também o dia do padrinho.

         O LE, de Allan Kardec, a pergunta 582 questiona: pode-se considerar como missão a paternidade?

“É sem dúvida, uma missão, e é ao mesmo tempo um dever muito grande que obriga, mais que o homem pensa, sua responsabilidade diante do futuro. Deus colocou a criança sob tutela de seus pais para que esses a dirijam no caminho do bem e facilitou a tarefa, dando à criança um organismo frágil e delicado que a torna acessível a todas as influências. Mas há os que se ocupam mais em endireitar as árvores de seu pomar e as fazer produzir bons frutos do que endireitar o caráter de seu filho. Se esse fracassa por erro deles, carregarão a pena e os sofrimentos do filho na vida futura que recairão sobre eles, porque não fizeram o que deles dependia para seu adiantamento no caminho do bem”

         “A paternidade e a maternidade, dignamente vividas no mundo, constituem sacerdócio dos mais altos para o espírito encarnado na terra, pois através dela, a regeneração e o progresso se efetuam com segurança e clareza”. (Chico Xavier)

         A paternidade é como a parábola dos talentos: significa receber preciosos talentos que devem ser movimentados com inteligência para que produzam os juros devidos. É o momento de transição em que o homem deixa de ser filho, para ser pai.

         José Herculano Pires, aborda a questão da paternidade num enfoque maior à responsabilidade de educar em bases cristãs: “a educação cristã reformou o mundo, mas os homens a complicaram e deturparam. A consciência do pecado pesou mais nas almas do que a consciência da libertação em Cristo. Tomás de Aquino ensinou: ... mães os vossos filhos são cavalos! Educar transformou-se em domar, domesticar, subjugar. A repressão gerou revolta e reconduziu o mundo ao ateísmo e ao materialismo, à loucura do sensualismo. A educação real é renascença da pedagogia cristã”.

         Numa visão geral, os pais assumem o compromisso de criar e educar um ser vivo. Como consequência, em alguns casos, a ingratidão dos filhos pode estar ligada diretamente à educação que os genitores ofereceram para tal. “A mulher saiu de casa para entrar no mercado de trabalho. Hoje a vida dos pais é agitada. Quando o casal chega em casa, quer compensar sua ausência”, diz o pediatra Claudio Pinto. O problema para esta “compensação” pode acarretar inúmeros problemas, os pais, quando podem, compram o que os filhos querem e quando não podem, deixam a educação para as “tias” das creches. “Eles não têm mais tempo”. Aí surgem mais problemas além da falta de amor e o conhecer daquele ente que ali está: “as crianças, nas creches estão mais vulneráveis às gripes, aos problemas pulmonares e até mesmo às infecções”, diz o pediatra. O sistema imunológico do ser vivo está completo apenas aos 7 ou 8 anos de idade e, nesta fase a criança, não mais, passa tanto tempo, na escola.

         O ambiente escolar tem sido outro ponto de grandes questionamentos nos dias atuais. “Cabe à escola reforçar os princípios morais que já foram instituídos em casa”, comenta a pedagoga, Ivelise Silva. Mas, não é isso que ocorre. Na prática, avalia, ainda a pedagoga, “os pais tiram a autoridade do professor e consequentemente, as crianças e adolescentes se espelham nas mesmas atitudes”.

         Os pais têm como missão desenvolver os seus filhos pela educação, mas educação para estes, serem cidadão de bem.

          É preciso ter autoridade, sem autoritarismo.

É preciso aplicar o chamado “amor exigente”.

O célebre educador João Henrique Pestalozzi, fundador do Instituto de Yverdon na Suíça, em 1805, onde estudaram, reis, príncipes e potentados da época, dizia em suma, três enfoques de sua tese educativa, que por sinal, ainda devia vigorar em nosso meio:

1-    Desenvolvimento da atenção.

2-    Formação da consciência.

3-    Enobrecimento do coração.

Inferindo, nesta pequena reflexão ao dia dos pais, diremos:

ainda que, a relação pais, filhos e nesta conjugação, juntarmos os mestres, no que concerne à disciplina, devem ser fundadas no amor e por ele governadas.

 

                                     ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS-

segunda-feira, 22 de julho de 2013


                           CRIAÇÃO DA COMARCA DE SÃO PEDRO DO RIO GRANDE DO SUL!

                A capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul havia sido criada em 1807, o governo se estabelecera em 1809, mas, na esfera judiciária, perduravam ainda, como reflexo da própria formação rio-grandense, os julgamentos à base de leis marciais e regulamentos militares. Raros casos eram remetidos à consideração dos juízes do Rio de Janeiro e, mesmo assim, os processos se arrastavam com extrema morosidade, acentuada pela dificuldade de ouvir de voz presente as testemunhas.

                O primeiro governador, D. Diogo de Souza, pouco pudera realizar em termos administrativos, já que sua preocupação necessitara voltar-se mais precisamente para a guerra na área platina. Mas seu sucessor, o Marquês de Alegrete, ao assumir o governo em 1814, já encontrou condições mais favoráveis para o exercício da sua função (deve-se-lhe, por exemplo, a organização do serviço de correio). Ademais, era pessoa da confiança e amizade do Rei, o que lhe facilitava bastante o pedido de melhorias para a capitania sob sua responsabilidade.

                Manuel Teles da Silva, o Marquês de Alegrete, título nobiliárquico português, criado em 19 agosto de 1687, por D.Pedro ll de Portugal, endereçou uma carta ao monarca, D. João Vl, em 30 de março de 1816, dando-lhe conta do caos reinante na obediência às leis e na aplicação da justiça.

                Em resposta à carta-régia, de 19 de julho do mesmo ano, criou a junta de justiça, primeiro passo na organização formal do Poder Judiciário no nosso Estado;

“Constando na minha real presença que nessa capitania se cometem muitos atrozes delitos com danos dos meus fiéis vassalos, perturbação e ofensa da pública tranquilidade da segurança pessoal, de que devem gozar todos debaixo da proteção das leis; e que o motivo dessa frequência, multiplicidade e atrocidade dos crimes é – além da ferocidade e falta de civilização de muitos habitantes desse vasto e ainda despovoado território –a impunidade dos delitos; e sendo a instituição das Juntas de Justiça um estabelecimento muito útil pra debelar os crimes, sou servido criar nessa Capitania uma Junta, sob vossa presidência com o voto de desempate, tendo como vogal, o ouvidor da comarca, que será o juiz relator, o juiz de fora da vila, os desembargadores, juiz da Alfândega, e Luiz Bragança e mais advogados de boa nota, ou vereadores na falta destes últimos”.

                Salvo os crimes de lesa-majestade e os crimes militares ou eclesiásticos, a Junta de Justiça então instituída tinha competência para julgar breve e sumariamente os réus de qualquer delito. (pesquisa IEL, DAC/SEC e Coruja Filho).

 

 
                                         MALEDICÊNCIA                                         

Jamais fales mal de outra pessoa,
Nem em sua presença, e tampouco em sua ausência;
A maledicência sempre se vira contra o acusador.
Quando sua língua ferida ataca alguém,
O veneno pode regressar a ti.
Maldizendo outrem,
Abres espaço para que também o maldigam.
Quando falas mal dos outros,
As pessoas indagam a si mesmas:
“Acaso estaria ele também criticando a mim?”
Guarda para ti mesmo tuas impressões sobre as pessoas.
Não condenes aquilo que desconheces…
Por acaso contemplas todos os infortúnios,
Daqueles a quem destilas tuas calúnias?
Podes abranger a história completa de alguém,
Ou a dura e complexa educação a que foi submetido?
Consegues afirmar, com toda a convicção,
Que deste mesmo prato não comerás?
Tendes a certeza de que, em igual circunstância,
Não farias a mesma coisa?
Não desperdices tuas energias com outros…
Ressalta suas qualidades, e não seus defeitos.
Porém, sê sincero com os demais,
Mas não invadas um terreno subjetivo que desconheces.
Preocupa-te apenas com os teus defeitos e carências.
No final das contas, tua consciência será teu guia,
E também o teu único juiz.
Deixa que a vida se encarregue dos males dos outros.
Se alguém te feriu ou atormentou,
Ele já vive na tormenta.
Não penses que seu sofrimento
É maior que do teu detrator.
Por detrás de uma ação dirigida contra ti,
Podes encontrar alguém instável e infeliz.
Atente bem para uma coisa:
Todo cuidado para não ver nos outros,
Aspectos que não deseja admitir em ti mesmo.
Reconheça a tua sombra como sendo apenas tua,
Antes que ela se exteriorize no próximo.
Cuida primeiro dos seus problemas;
Só assim poderás ajudar teus pares.
Purifica, antes de tudo, teu próprio interior,
Pois somente dessa forma serás feliz,
Sem a necessidade de rebaixar teu irmão.
Não queira sentir-se por cima,
Colocando os outros para baixo.
Não torça pela infelicidade alheia
A fim de não reconhecer,
O lamaçal escuro do teu íntimo.
Avança, mesmo que devagar, com tuas próprias pernas,
Sem invejar o sucesso alheio.
Cada passo dado é terreno seguro,
Na grande trajetória da tua existência.
Eleva-te, com coragem, a patamares superiores…
Assim estará liberto do orgulho que te degrada.
Autor: Hugo Lapa

terça-feira, 25 de junho de 2013

       CONSTANTINO, O PRIMEIRO IMPERADOR CRISTÃO DA HISTÓRIA! (nasceu em 272 dc e faleceu em 337 dc)
O fato de Constantino ser um imperador de legitimidade duvidosa foi algo que sempre influiu nas suas preocupações religiosas e ideológicas: enquanto esteve diretamente ligado a Maximiano, ele apresentou-se como o protegido de Hércules, deus que havia sido apresentado como padroeiro de Maximiano na primeira tetrarquia. Ao romper com seu sogro e eliminá-lo, Constantino passou a colocar-se sob a proteção da divindade padroeira dos imperadores-soldados do século anterior, Deus Sol Invicto, ao mesmo tempo que fez circular uma ficção genealógica (um panegírico da época, para disfarçar a óbvia invenção, falava, dirigindo-se retoricamente ao próprio Constantino, que se tratava de fato "ignorado pela multidão, mas perfeitamente conhecido pelos que te amam") pela qual ele seria o descendente do imperador Cláudio II — ou Cláudio Gótico — conhecido pelas suas grandes vitórias militares, por haver restabelecido a disciplina no exército romano, e por ter estimulado o culto ao Sol.
Constantino acabou, no entanto, por entrar na História como primeiro imperador romano a professar o cristianismo, na sequência da sua vitória sobre Magêncio na Batalha da Ponte Mílvio, em 28 de outubro de 312, perto de Roma, que ele mais tarde atribuiu ao Deus cristão. Segundo a tradição, na noite anterior à batalha sonhou com uma cruz, e nela estava escrito em latim:
Cquote1.svgIn hoc signo vincesCquote2.svg
"Sob este símbolo vencerás"
De manhã, um pouco antes da batalha, mandou que pintassem uma cruz nos escudos dos soldados e conseguiu uma vitória esmagadora sobre o inimigo. Esta narrativa tradicional não é hoje considerada um fato histórico, tratando-se antes da fusão de duas narrativas de fatos diversos encontrados na biografia de Constantino pelo bispo Eusébio de Cesareia.
No entanto, é certo que Constantino era atraído, enquanto homem de Estado, pela religiosidade e pelas práticas piedosas — ainda que se tratasse da piedade ritual do paganismo: o senado, ao erguer em honra a Constantino o seu arco do triunfo, o Arco de Constantino, fez inscrever sobre este que sua vitória devia-se à "inspiração da divindade"(instinctu divinitatis mentis), o que certamente ia ao encontro das ideias do próprio imperador. Até um período muito tardio de seu reinado, no entanto, Constantino não abandonou claramente sua adoração com relação ao deus imperial Sol, que manteve como símbolo principal em suas moedas até 315.
Cristograma de Constantino
Só após 317 é que ele passou a adotar clara e principalmente lemas e símbolos cristãos, como o "chi-rô", emblema que combinava as duas primeiras letras gregas do nome de Cristo ("X" e "P" superpostos). No entanto, já quando da sua entrada solene em Roma em 312, Constantino recusou-se a subir ao Capitólio para oferecer culto a Júpiter, atitude que repetiria nas suas duas outras visitas solenes à antiga capital para a comemoração dos jubileus do seu reinado, em 315 e 326.
A sua adoção do cristianismo pode também ser resultado de influência familiar. Helena, com grande probabilidade, havia nascido cristã e demonstrou grande piedade no fim da sua vida, quando realizou uma peregrinação à Terra Santa, localizou em Jerusalém uma cruz que foi tida como a Vera Cruz e ordenou a construção da Igreja do Santo Sepulcro, substituindo o templo a Afrodite que havia sido instalado no local — tido como o do sepultamento de Cristo — pelo imperador Adriano.
Mas apesar de seu batismo, há dúvidas se realmente ele se tornou cristão. A Enciclopédia Católica afirma: "Constantino favoreceu de modo igual ambas as religiões. Como sumo pontífice ele velou pela adoração pagã e protegeu seus direitos." E a Enciclopédia Hídria observa: "Constantino nunca se tornou cristão". No dia anterior ao da sua morte, Constantino fizera um sacrifício a Zeus, e até o último dia usou o título pagão de Sumo Pontífice. E, de fato, Constantino, até o dia da sua morte, não havendo sido batizado, não participou de qualquer ato litúrgico, como a missa ou a eucaristia. No entanto, era uma prática comum na época retardar o batismo, que era suposto oferecer a absolvição a todos os pecados anteriores — e Constantino, por força do seu ofício de imperador, pode ter percebido que suas oportunidades de pecar eram grandes e não desejou "desperdiçar" a eficácia absolutória do batismo antes de haver chegado ao fim da vida.
Qualquer que tenha sido a fé individual de Constantino, o fato é que ele educou seus filhos no cristianismo, associou a sua dinastia a esta religião, e deu-lhe uma presença institucional no Estado romano (a partir de Constantino, o tribunal do bispo local, a episcopalis audientia, podia ser escolhida pelas partes de um processo como tribunal arbitral em lugar do tribunal da cidade ). E quanto às suas profissões de fé pública, num édito do início de seu reinado, em que garantia liberdade religiosa, ele tratava os pagãos com desdém, declarando que lhes era concedido celebrar "os ritos de uma velha superstição".
Esta clara associação da casa imperial ao Cristianismo criou uma situação equívoca, já que o cristianismo tornou-se a religião "pessoal" dos imperadores, que, no entanto, ainda deveriam regular o exercício do paganismo — o que, para um cristão, significava transigir com a idolatria. O paganismo retinha ainda grande força política — especialmente entre as elites educadas do Ocidente do império — situação que só seria resolvida por um imperador posterior, Graciano, que renunciaria ao cargo de Sumo Pontífice em 379 — sendo assassinado quatro anos depois por um usurpador, Magno Máximo. Somente após a eliminação de Máximo e de outro usurpador pagão, Flávio Eugénio, por Teodósio I é que o cristianismo tornar-se-ia a única religião legal (395).
O imperador romano Constantino influenciou em grande parte na inclusão na igreja cristã de dogmas baseados em tradições. Uma das mais conhecidas foi o Édito de Constantino, promulgado em 321, que determinou oficialmente o domingo como dia de repouso, com exceção dos lavradores — medida tomada por Constantino utilizando-se da sua prerrogativa de, como Sumo Pontífice, de fixar o calendário das festas religiosas, dos dias fastos e nefastos (o trabalho sendo proibido durantes estes últimos). Note-se que o domingo foi escolhido como dia de repouso, não apenas em função da tradição sabática judaico-cristã, como também por ser o "dia do Sol" — uma reminiscência do culto de Sol Invictus.

Reformas religiosas, militares e administrativas

Constantino: mosaico em Hagia Sofia
Constantino legalizou e apoiou fortemente a cristandade por volta do tempo em que se tornou imperador, com o Édito de Milão, mas também não tornou o paganismo ilegal ou fez do cristianismo a religião estatal única. Na sua posição de Pontifex maximus — cargo tradicionalmente ocupado por todos os imperadores romanos, e que tinha a ver com a regulação de toda e qualquer prática religiosa no império — estabeleceu as condições do seu exercício público e interferiu na organização da hierarquia quando convocado, seguindo uma prática, no que diz respeito aos cristãos, que já havia sido inaugurada por um imperador pagão, Aureliano, que fora chamado a arbitrar uma querela entre o bispado de Antioquia e o bispado de Roma, que excomungara Paulo de Samosata, bispo de Antioquia, por heresia. O Imperador reafirmara o que já era do direito circunscricional da Igreja Romana — ou seja, que as igrejas cristãs locais, no que diz respeito a sua organização administrativa — inclusive quanto a eleição dos bispos — deveriam reportar-se à igreja de Roma, a capital.
A sua vitória em 312 sobre Magêncio resultou na ascensão ao título de augusto ocidental, ou soberano da totalidade da metade ocidental do império, reconhecida pelo pagão Licínio, único augusto do Oriente após a eliminação de Maximino Daia. A vitória de Constantino teve uma consequência militar imediata: Constantino aboliu definitivamente a guarda pretoriana, que havia sustentado Magêncio e, com ela, os interesses políticos da aristocracia italiana, substituindo-a por um corpo de tropas de elite ligadas à pessoa do imperador, as scholae palatinae, que, a partir daí, seriam o núcleo do sistema militar romano, enquanto os velhos corpos de tropa territoriais eram negligenciados. As scholae eram principalmente regimentos de cavalaria, que serviam como uma força-tarefa ligada à pessoa do imperador, e seu principal objetivo era garantir uma capacidade de ação imediata em caso de guerra civil ou externa; quanto às forças de defesa territorial, os limitanei, estas acabaram reduzindo-se a uma mera força policial de fronteira, entrando em declínio imediato da sua capacidade combativa. O objetivo destas reformas militares era principalmente político, colocando a quase totalidade das forças militares móveis à disposição imediata do imperador — com a exceção de certas unidades territoriais que eram equiparadas às forças móveis e chamadas pseudocomitatenses — concentradas em áreas urbanas onde pudessem ser mantidas abastecidas dos suprimentos que eram agora a maior parte do soldo militar (os pagamentos em dinheiro tornando-se recompensas esporádicas pagas quando da ascensão ou dos jubileus de ascensão do imperador ao trono).
Quando Licínio expulsou os funcionários cristãos da sua corte, Constantino encontrou um pretexto para enfrentar seu colega e, tendo negada permissão para entrar no Império do Oriente durante uma campanha contra os sármatas, fez disto a razão para derrotar e eliminar Licínio em 324, quando tornou-se imperador único.
Apesar de a Igreja ter prosperado sob o auspício de Constantino, ela própria decaiu no primeiro de muitos cismas públicos. Constantino, após ter unificado o mundo romano, convocou o Primeiro Concílio de Niceia, em um grande centro urbano da parte oriental do império, em 325, um ano depois da queda de Licínio, a fim de unificar a Igreja cristã, pois com as divergências desta, o seu trono poderia estar ameaçado pela falta de unidade espiritual entre os romanos. Duas questões principais foram discutidas em Niceia (atual İznik): a questão da Heresia Ariana que dizia que Cristo não era divino, mas o mais perfeito das criaturas, e também a data da Páscoa, pois até então não havia um consenso sobre isto.
Constantino só foi batizado e cristianizado no final da vida. Ironicamente, Constantino poderá ter favorecido o lado perdedor da questão ariana, uma vez que ele foi batizado por um bispo ariano, Eusébio de Nicomedia (que não deve ser confundido com o biógrafo do imperador, Eusébio de Cesareia). A inclinação que Constantino e seu filho e sucessor na condição de augusto único, Constâncio II, demonstraram pelo arianismo, é bastante explicável, na medida em que ambos tentaram apresentar a figura do imperador como um análogo do Cristo ariano: uma emanação divina, reflexo terreno do Verbo.30 A tempestuosa relação de Constantino com a Igreja da época dá conta dos limites da sua atuação no estabelecimento da Ortodoxia: o antes de sua morte, em 335, ele mandou exilar, na capital imperial de Trier, o patriarca de Alexandria Atanásio, campeão da ortodoxia, por suas violentas atitudes antiarianas, e apesar do fato de que Atanásio continuou a ser perseguido pelos sucessores de Constantino, o abertamente ariano Constâncio II e o pagão Juliano, o Apóstata, foi a sua visão teológica que acabou por prevalecer.
Tudo começou com a divinização de Jesus no polêmico Concílio Ecumênico de Nicéa (325), e a instituição oficial do Espírito Santo e, consequentemente, da Santíssima Trindade, no Concílio Ecumênico de Constantinopla (381). Nos originais bíblicos do Velho Testamento, em hebraico, e do Novo, em grego, o Espírito Santo é o espírito ou alma do homem. Portanto, o Espírito Santo é uma espécie de substantivo coletivo, que designa o conjunto de todos os espíritos humanos. E a Bíblia nos mostra que Jesus é de fato um homem e não outro Deus, que só pode mesmo ser um, a não ser que nós cristãos queiramos renegar o monoteísmo. "E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste" (são João 17:3). E, na parábola da videira e dos ramos, fica também evidente que Jesus é diferente de Deus, e é diferente exatamente porque Jesus é Deus relativo e não Deus absoluto. "Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor, e vós os ramos" (são João 15: 1 a 5). "...o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou" (são João 13:16). "Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (1 Timóteo 2:5).
Estátua de Constantino em York, onde foi aclamado augusto
Ao mesmo tempo que velava pela unidade religiosa do império, Constantino quis resolver o problema da divisão da elite dirigente numa aristocracia senatorial com acesso exclusivo às "dignidades" (as velhas magistraturas republicanas, sem poderes ou responsabilidades, e transformadas numa mera hierarquia de status) e numa hierarquia burocrática de funcionários imperiais com funções administrativas efetivas e pertencentes à ordem equestre: após 326, os altos funcionários passam à pertencer à ordem senatorial (os clarissimi) e o número de senadores passa de 600 a 2.000, com os requisitos de entrada elevados (em Roma, os ex-questores deixam de ser senadores, e a entrada no senado passa a depender da pretura; na nova capital de Constantinopla, o acesso ao senado seria garantido aos ex-titulares do posto de tribuno da plebe, velha magistratura ressuscitada). Com a entrada do alto pessoal administrativo na ordem senatorial, quaisquer pretensões de independência política da velha aristocracia ficaram eliminadas; a escolha de todos os imperadores subsequentes seria feita exclusivamente na família do imperador ou através do exército. Em contrapartida, no entanto, Constantino parece haver cedido aos senadores no final do seu reinado o direito de elegerem, eles mesmos, questores e pretores e assim determinarem que pessoas queriam fazer ingressar na sua ordem, abandonando a prática da nomeação imperial de novos senadores, a adlectio. O senado, assim, se continuou sem o poder de fazer uma política própria, passou a ter o poder de estabelecer um "cadastro de reserva" da administração imperial. Por outro lado, paralelamente à carreira senatorial "padrão", a qual se chegava pela eleição às magistraturas, forma-se uma carreira alternativa, pela qual indivíduos não oriundos da aristocracia tradicional tornam-se automaticamente senadores ao serem nomeados pelo imperador para cargos de hierarquia senatorial. Em outras palavras, o título de senador passou a significar uma posição na hierarquia administrativa, e não uma função pública (excetuando-se, aí, o governo local de Roma). O que aconteceu com os senadores romanos foi apenas o exemplo mais notável do que aconteceu em todo o império com sua cristianização: as identidades culturais e políticas locais deixaram de contar diante da hierarquia burocrática central.

Fundação de Constantinopla

Para resolver definitivamente o problema logístico da distância entre a capital e as principais frentes militares da época, sem recorrer ao expediente de uma residência imperial "interina", Constantino reconstruiu a antiga cidade grega de Bizâncio, que dedicou em 11 de maio de 330 chamando-a de Nova Roma, dotando-a de um Senado e instituições cívicas (catorze regiões, um fórum, distribuições de trigo, um Prefeito do pretório) semelhantes aos da antiga Roma. Tratava-se, no entanto, de uma cidade puramente cristã, dominada pela Igreja dos Santos Apóstolos, junto a qual encontrava-se o mausoléu onde Constantino seria sepultado. Os templos pagãos de Bizâncio foram nela preservados, mas neles foram proibidos os sacrifícios e o culto das imagens dos deuses.35 Após a morte de Constantino, Bizâncio foi renomeada Constantinopla, tendo-se gradualmente tornado a capital permanente do império. A fundação de Constantinopla foi complementada pelo tratado (foedus) realizado entre Constantino e seus descendentes com os godos, que, a partir de 332, passaram a defender a fronteira do Danúbio e fornecer homens ao exército romano, em troca de abastecimentos. A mudança da capital imperial enfraqueceu a influência do papado de Roma e fortaleceu a influência do bispo de Constantinopla sobre o Oriente, um dos eventos notáveis que provocariam futuramente o Grande Cisma do Oriente.

Sucessão

Um ano depois do Primeiro Concílio de Niceia, em (326), portanto, durante uma viagem solene a Roma para a comemoração dos seus vinte anos de reinado, Constantino mandou matar seu próprio filho e sucessor designado Crispo, um general competente que provavelmente foi suspeito de intrigar para derrubar o pai. Pouco depois, sufocaria sua segunda mulher Fausta num banho sobreaquecido, provavelmente por suspeitar que ela tivesse intrigado contra seu enteado Crispo. Mandou também estrangular o cunhado Licínio, que havia se rendido a ele em troca da vida e chicotear até a morte o seu filho (e sobrinho do próprio Constantino). Foi sucedido por seus três filhos com Fausta: Constantino II, Constante I e Constâncio II, os quais dividiram entre si a administração do império até que, depois de uma série de lutas confusas, Constâncio II emergiu como augusto único.