quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

                                               TRADIÇÃO É CULTURA!

                Para os menos avisados e “ignorantes” do sentido e o valor do tradicionalismo, gostaria de dizer que a era das patacoadas já passou. O tempo em que tudo se resolvia a ponta de lança e a pata de cavalo, não faz mais parte daquele que se dedica a fazer reviver os usos e bons costumes de nossos antepassados.
                Aquele que não valoriza seus avoengos, que se envergonha de seus ancestrais, com certeza, um dia sentirá na própria carne, a mesma desvalorização que comete hoje.
É preciso sim, haver conhecimento de causa. Barbosa Lessa, já nos dizia: “é preciso valorizar as novas gerações para que elas não se percam no mundo das drogas, dos estrangeirismos sem limites, dos desregramentos, da falta de bons exemplos vinda de cima”.
                O que se nota de uma forma genérica, é a nossa juventude sendo desmantelada a começar pela família, que sem nenhum norte, se deixa levar pelas más influências que o cotidiano se nos oferece.
                Por isso, repito aqui o que já escrevi em outra coluna sobre “Tradição e Cidadania”: “na sociedade de hoje, estamos vivendo uma verdadeira hecatombe em matéria de educação para a verdadeira cidadania. A educação de nossas crianças e jovens se resume para os pais, em simplesmente colocar o filho no mundo, criá-lo até certa idade e depois jogá-lo por aí à sua própria sorte.
                Os filhos de hoje, não tem mais o carinho da família porque os pais não têm tempo para se dedicar a eles. A escola, já não cumpre o seu papel que é também a educação para a cidadania”.
                A tradição quando bem cultivada é uma verdadeira escola informal porque preserva a família, a cultura da palavra empenhada, o respeito aos pais, à Pátria e as Instituições.
                Inferindo, a família é a sociedade em miniatura e se queremos uma sociedade melhor, é preciso investir no lar.
                Pensemos nisso!
                  ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

         (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allma gaucha. blogspot.com).
                                                                    DEGOLA! 

                A Revolução Federalista (Fev 1893, ago de 1895) durou, portanto dois anos e meio e deixou numa população de mais ou menos um milhão de habitantes, doze mil mortos entre maragatos ou Federalistas liderados por Gaspar Silveira Martins e Pica Paus, Republicanos ou ainda Chimangos (ave de rapina do pampa Rio-grandense), tendo como comandante máximo o positivista Júlio Prates de Castilhos, dos quais dois mil somente por degola. Saliento ainda que o nome Pica-Paus dos legalistas vem do uniforme azul e quepe vermelho que eles usavam.
                Quanto à origem da degola, muita aplicada na Revolução supracitada, valho-me do saudoso amigo, historiador e colega de caserna Osório Santana Figueiredo, autor do livro “As Revoluções da Republica”, para dizer que: “consiste em cortar com uma lâmina afiada a cabeça do individuo, por vezes decepando-a do corpo, perde-se no fundo imemorial das eras.
                É uma prática primitiva de vingança e de ódio, que se evidencia pela convicção da morte do condenado, esvaído no próprio sangue, morrendo quase instantaneamente.
                A Bíblia narra o episódio do jovem David, abatendo o gigante Golias com uma pedrada de funda, logo cortando-lhe a cabeça fora, pelos mil anos antes de Cristo. Heródoto narra os costumes do povo Cita, um dos mais cruéis com os prisioneiros de guerra. O guerreiro Cita bebia o sangue do primeiro homem que conseguia abater. Cortava a cabeça de quantos podia matar em combate, para levá-la ao seu soberano.
                Tirava o couro da cabeça do adversário, sovava-o com as mãos fazendo dele guardanapo e forro para bridão do cavalo. Isso lhe dava um título de honra. Aquele que possuísse mais guardanapos de pele de homem era considerado valente e destemido e, quanto maior o número, maior era o prestigio que gozava entre seu povo. “A degola é fruto do ódio vingativo”.
                Na Revolução da Degola aqui no Rio Grande do Sul, entre irmãos, a degola, era também para poupar armas e munições. Não se gasta pólvora em chimango, ditado antigo da nossa terra.
A foto abaixo mostra o tenente coronel maragato, Adão Latorre, um dois mais famosos degoladores da revolução.
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     ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

         (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com)
                                                                SAUDADES!

                No galpão abandonado, o xirú velho abichornado, olha os trastes que usou a vida toda, num saudosismo sem par.
                Lágrimas escorrem de seu rosto, enrugado pelo tombos do tempo. Nada é mais como antes. A tecnologia revolucionou tudo e sua querência virou tapera. Muitas coivaras invadiram os capões de mato, destruindo o que restava da nobreza e do altruísmo natural, do ideal plasmado desde remotas épocas.
                As águas dos olhos avançam em convulsivo pranto. Não consegue segurar tamanha amargura que brota do fundo da alma perdida, nos horizontes largos dos seus corcovos incontidos.
                Aquele antes moço, cheio de vida e esperança, só resta a canha de guampa e o velho fogo de chão, que teima em arder como a dizer, ainda estou aqui, embora desesperançado.
                Ora saudades, por que não vai embora? Será a demência do índio vil que só vislumbra óbices? À sua mente ele vê os Cavaleiros Templários de tempos idos, como a explorar a crença da força de sua espada imoladora.
                Entretanto, ressurge a sua frente uma imponente figura ancestral, montado em seu pingo garboso a dizer-lhe, encilhe teu alazão e vem comigo. E na rapidez do corisco, sai em seu encalço, na certeza do encontro final.
                Pensa então que é o fim da jornada, mas no limiar da porteira, sente novamente o pasto molhado, seu cheiro inconfundível e vê novamente num sorriso largo, as planícies que tantas vezes passeou com dignidade e entoa então, um chamamê na candura maviosa do cancioneiro guasca.
                Os sortilégios que a existência proporcionou, eram provas da lealdade para consigo mesmo e a melena novamente solta ao minuano, faz voltar a sua meninice e ele sente que ainda pode ser feliz, conhecendo-se a si próprio e este é, o grande legado do seu aprendizado, no ritual da saudade infinda.
                As aberrações que ele via se dissiparam. O vento levou, gracias Senhor, por esta dádiva e volve ao presente num salutar aprochego às planuras visionárias do seu cosmo nuclear.
                E como dizia o saudoso poeta Luiz Menezes: “Saudade, ora saudade. A saudade não tem tempo de chorar Pedro Ninguém”.
                Pensemos nisso!


                  ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.
                                                              CRÍTICO!

                Algumas pessoas dizem que sou um crítico. Na verdade, não me considero assim. Até por que não faço diatribes. Aquilo que escrevo e falo, é no sentido de abrir os olhos de todos nós para o descalabro da sociedade hodierna, que muitas vezes foge ao nosso controle.
                Nos passa despercebido, que estamos num verdadeiro labirinto de idéias e concepções alienígenas à nossa cultura, mas que, incentivada pela mídia insensata e ávida do vil metal, faz parecer que é tudo normal. Estamos sendo engolidos e massificados pela pusilanimidade e perversidade daqueles que se perderam no lamaçal do poder incongruente.
                O sonho utópico do mundo perfeito desaparece nesta onda de pessimismo, baixo astral e perda de valores morais e éticos, que deveriam ser cláusula pétrea em nossa consciência.
                Será que as pessoas não poderiam se entender melhor? Será que as famílias não poderiam ser mais unidas, coesas, na mini sociedade que realmente é? Os filhos poderiam conversar mais, sobre todos os assuntos com seus pais a qualquer momento.
                Que as novelas e os programas televisivos não estivessem à frente da educação real do cidadão de bem. Será utopia repito, pensar na verdadeira cidadania onde não fossem entregues os carros da família nas mãos de jovens imaturos, causando verdadeiras tragédias no trânsito?
                Seria sonhar demais que clubes, bares e similares não vendessem bebidas alcoólicas a menores num descalabro aviltante pela iniqüidade do ganho fácil?
                Seria ainda pedir demais que não houvesse receptadores, uma das grandes chagas da atualidade, no incentivo à criminalidade?
                E finalmente seria ousado pedir que os pais adotassem seus filhos antes que traficantes o façam, sabendo onde e com que estão? Urge acordar senão pode ser tarde demais.
                Inferindo, uma séria reflexão precisa ser feita para termos uma sociedade mais justa e igualitária, sem vestígios de orgulho e vaidade na idiossincrasia das diferenças de pensar e agir, para um conjunto mais harmônico e feliz.
Pensemos nisso!

     ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e radialista.

         (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com; Twitter, Toninhopds).

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018


                                                        HOMEM VELHO!

                A insânia volúpia desencadeada nos corações descoordenados pelo desamor que impera no homem, que se arraigou no pretérito tenebroso e parece sentir prazer no sofrimento que causa a outrem.
                Os relacionamentos de esse ser, perde-se na ampulheta dos tempos. No entanto, ele só vê o agora, a sua vingança pessoal num átrio de descompasso para a vida que segue.
                Vivemos a transição planetária inexoravelmente. Lentamente os obreiros da vida eterna renascem em novos corpos físicos, trazendo a boa nova, da libertação desse mesmo homem velho que ainda recrudesce na energia nefasta que se embretou.
                Alerta seres ainda muito imperfeitos que logram e se divertem num esgar do sofrimento alheio. São chegados os tempos da renovação e ninguém escapa das Leis maiores.
                É preciso colocar tenência nos novos horizontes que se nos apresenta. O sofrimento de hoje é opção humana. A doença grave é redentora, o sofrimento mental é visão interior do pretérito imperfeito das urzes causadas ao próximo.
                A sublimidade dos novos tempos será inflexível ante os cometimentos desairosos dos companheiros de jornada. Não sejamos debitários do cartão do amor que deve prevalecer em todos os sentidos.
                As fainas do trabalho e da paciência em prol do bem da humanidade sem cor, sem raças e preconceitos, alem da derrubada dos muros incongruentes da vergonha e da separação, do orgulho e da vaidade, porque eles ruirão em cacos e o Éden voltará em forma de vida plena para a comunidade universal.
                Este é nosso destino e este desiderato será alcançado, mais dia, menos dia e o homem velho não mais existirá na grande mudança que ele fará na sua grande construção endógena. Seu espírito grandioso triunfará finalmente na glória da existência imortal.
                O combate, só será o bom combate e o amor conquistará seu espaço no coração do antes empedernido homem, o ódio e a calunia não serão mais esgrimidos e a espada salvadora da compreensão e da caridade, brilhará como sol salvador das iniqüidades!
                Pensemos nisso!

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.
(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com; Twitter, toninhopds).

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

                                                          TEATINO!

                Quando os sonhos falam mais que a razão, o teatino nos seus alforjes leva as mágoas como correntes de ventos na tristeza do abraço que não veio e na cisma que enxerga a porteira aberta, na fuga desenfreada do gado alçado.
                Na busca de reunir a tropa num só potreiro, o índio vagueia no insólito rincão onde a manada pasta num redil sob o comando do sinuelo que com seu berro, é como se fosse um cântico na chamada de seus súditos.
                É assim que vive este teatino na espera do boi corneta que leva ao matadouro onde o fio da carneadeira fará seu mister no desiderato comprometido. São circunstâncias da vida cotidiana na vida passada à chaira, onde o destino maleva cumpre a sorte madrasta.
                Na charla charrua, que remete aos viventes da hodiernidade, revê paisagens da lembrança fugidia, quando ainda a felicidade pairava no horizonte, mas o fiador só deixou saudades, no lamento da ponta da adaga e o cantador desperta novamente à vacuidade da existência fútil.
                Este é o sentimento de grande parte da humanidade que não vê futuro porque se arraigou num pretérito tenebroso cicatrizando a bondade inerente a alma humana.
                Mas voltemos ao presente. Aí está o segredo, peão de estância. Nas milongas das estribeiras, percorramos caminhos ornados de flores na sensibilidade intrínseca de cada um de nós e a cordeona dará o alerta, que os corredores da vida são assim mesmo.
                Temos dentro de cada um, a luz como se pirilampo fôssemos e o futuro tão esperado é o próprio presente, é também viver cada momento numa estampa de índio xucro, como o terneiro mamão, que corre esbaforido depois de saciar sua fome!
                E cheio de esperanças se espera novo mate, a historia triste ficou para trás, a poesia retornará como fantasia que agora se torna real, ao adquirir novas forças no papel preponderante do novo alvorecer que já viceja logo ali.
                Pensemos nisso!
        ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e radialista.

         (email, toninhosantospereira@hotmail.com; twitter, toninhopds; blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).