quinta-feira, 24 de setembro de 2015

                                                            OS TEMPOS...   
                
                Diz o velho ditado: “Cada povo tem o governo que merece”, refletindo sobre isto reverberamos soluções sintomáticas e recorrentes quanto à história da evolução da humanidade em todas as épocas.
                Na idade média, os senhores feudais mantinham os seus vassalos no rigor de seus mandos e desmandos. Para um povo ignorante, aquilo era a normalidade e seus senhores tinham o poder da vida e da morte sobre eles.
                A política segundo Platão e Aristóteles, está necessariamente em relação com a ética e o progresso íntimo de cada ser humano e não diz respeito apenas a cargos governamentais, pois envolve, em cada cidade, todo o povo, escravos ou homens livres, mantendo-nos juntos.
                A política rege, portanto as relações sociais. A ética por sua vez, tem na educação moral sua origem e as condições necessárias ao seu desenvolvimento. Daí a importância de se abordar ética e moral na educação, pois assim formariam cidadãos conscientes de suas responsabilidades sociais e políticas, que possuam um compromisso ético com a comunidade.
                Vários pensadores e educadores discorrem acerca desse tema, a política do Cristo está escrita no Sermão da Montanha. É a política da não violência, da paz íntima, da serenidade da alma, da elevação da consciência, da mansuetude. Eis a base de um governo sábio e justo.
                Inferindo, o governo e as leis por ele sancionadas, apenas refletem a soma das consciências dos sentimentos do povo e da nação.
                Portanto, só o homem voltado para sua própria interioridade na melhora de seus costumes, inflete a energia cinética, capaz de mudar toda uma conjuntura, estabelecidos em cima de usos arcaicos e ultrapassados, que desrespeitam valores naturais e intrínsecos do ser humano, latentes ainda, mas que precisam ser acordados, para que possamos viver uma nova realidade, embasada na candura dos sentimentos elevados ao cimo da mais alta montanha, erigida em nossos corações.

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, @toninhopds; Blog; WWW.allmagaucha.blogspot.com)

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

                                                                          GURI!

                 No manancial das aguadas, revivo meus tempos de guri onde tudo parecia grande, imenso. Nos meus olhos de menino, aquilo era o meu mundo! Nos banhos de sanga, rios e riachos, límpidos como os olhos de Mãe Maria, sonhava utopias hoje inalcançáveis, mas que me faziam feliz.
                Ah! Como eram alegres aqueles tempos que duravam, parecia uma eternidade. Volvo meus olhos aturdidos hoje e me vejo num marejar de ondas que me levam pra lá e pra cá, assim como o vento faz voar as folhas das árvores, na primavera inolvidável dos dias que passam céleres.
                Que sou hoje? Fico a matutar. Onde estão os sonhos daquele piá! Perderam-se no horizonte túrgido, nos emaranhados das vidas secas! Onde estão aqueles valores que pareciam perenes, imorredouros na inocência que ficou perdida no tempo e no espaço!
                Ó tempo! Como tu passas rápido! Mas assim é a vida. Há que ficar sim, a fascinação de inebriante alvorecer não de obsoletos ocasos, não! Mas de uma nova jornada épica para que possamos mostrar aos nossos descendentes que não se deixem esmorecer na luta do bom combate, nas escabrosidades do carreiro nem na inescrupulosidade dos homens sem consciência e sem memória.
                Que eu possa sentir de novo o vento na melena, que eu possa voltar a correr pelos campos em flor, sentindo a flexilha, no encanto da verdura das matas nativas, sentir a presença divina, nas árvores que rebrotam saudando uma nova vida, porque tudo renasce assim como a esperança, haverei também de reverberar quando as utopias do bem, virarem realidade!
                Sim! As utopias tão almejadas estão aí ao nosso alcance! Saúdo-as.
Bah! Voltei a ser guri de novo. Minha alma renasceu das cinzas, assim como a Fênix lendária.
                Tudo é cíclico. Vejo pai, mãe, manos, as matas cheias de frutas silvestres, a pipa d’água, as histórias a beira do fogo. Sou feliz de novo!

                  ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

         Blog WWW.allmagaucha.blogspot.com; Twitter, @toninhopds. 

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

                                                                   AINDA DIVAGANDO!

                                    Amigo, faça um costado para este parceiro de lida. Não me deixes matear solito guardando este sentimento que rumina minha alma, num desespero sem fim.
                  A solidão não pode ganhar vida na alma do vivente, que não nasceu para ser cabresteado no sovéu das inverdades, que deixam nublados os olhos do futuro indigente.
                                  Gaúcho, o homem do cantar triste, no dizer do poeta cachoeirense Aurélio Porto, é uma marca desta terra, que hoje parece sem dono, desmentindo o mítico Sepé Tiarajú, que firmou garrão nestas plagas, vendendo com a própria vida sua ânsia de liberdade, de querência e pátria.
                                  Nosso respeito aos hermanos da pátria amada, mas precisamos da honra de nossos avoengos lendários, verdadeiros centauros, na mistura homem-cavalo, desbravando planícies, canhadas e capões de mato.
                  À ferro e fogo, guardamos nossas fronteiras pela unicidade de convicções, amalgamadas nas muitas lutas sangrentas, que enlutaram almas e corações.
                 Que a voz de Sepé ainda retumbe, fazendo eco em nossas almas vazias e sem emoções. Que possamos, agora sim, através dos mates conversados, entendermo-nos como seres humanos, sem precisar buscar os atavismos continentinos, as heranças barbarescas que enodoaram este chão, onde o verde é mais verde, e o céu é mais azul!
                                 Que a anterioridade de nossas paixões, nos instintos latentes da ancestralidade atávica sejam banidos, e que os sentimentos, finalmente desabrochem num novo porvir, agora numa grande roda, no verdadeiro mosaico de nossa formação primeva e o sentimento quintessenciado, atinja a meta almejada, os píncaros do amor!
                O amor, que unirá homens numa só invernada, com um só comando, com blandície e nossa gente triunfante poderá gritar: “Esta terra tem dono”.

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS-Professor e tradicionalista. Blog WWW.allmagaucha.blogspot.com; @toninhop

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

                                           VELHO SOLDADO DE GUERRA!

                                  O tempo é inexorável, não volta mais.
               Observando um antigo colega de caserna enquanto passeava pelas calçadas de minha cidade, via seus passos cansados, quase trôpegos e lembrava quando jovem, do seu entusiasmo, sua jovialidade, seu caminhar firme, marcados pela cadência da garbosa banda, em desfiles cívicos.
               Indago, quais são seus pensamentos agora! Relembra certamente seus parceiros, superiores e subordinados, parecendo invencíveis, na sua firmeza de caráter, na sua meta final.
   Enfim, lembrava bem: “sem objetivos bem definidos a missão não será cumprida.” Brasil acima de tudo!
                           O tempo passa inexorável, rápido, sem piedade, parece que foi ontem!
    Afinal, tudo se perdeu? Onde estão seus amigos, os mais novos do seu quartel, não o reconhecem mais! Ele que foi um baluarte nas convicções de “missão cumprida” na formação da cidadania! Seus feitos, relegados a museus!
                Ele que daria sua vida pela nação, seus pósteros, não sabem quem ele foi, nem quem ele é. É preciso uma placa de identificação e muitas vezes um recruta para acompanhar o velho soldado. Sente-se constrangido. Ele que ajudou a construir os pilares daquela instituição.
                O tempo passa inexorável, amanhã será um de nós! Mas o tempo também cura feridas. Esta também será pensada e cicatrizada.
                            Por isso, parceiro de passos vacilantes continuas tua caminhada, sem tropeços. Cumpristes com tua missão na jornada da vida, teu pensamento é imortal. Tua alma não envelhece.
                            O tempo passa inexorável, continuas tua passagem terrena, firmas tuas pernas, há luz no horizonte, não desistas da vida. Ainda há muito que fazer. Usas tua Inteligência, tua mente experiente no caminho excelso da virtude, inerente ao espírito humano no seu cerne indestrutível. Teu valor é impagável. Não és substituível!
                 Levantas a cabeça, sorrias agora. O tempo não passa mais.... És um novo homem com o coração cheio de esperança no exemplo imaculado, como viajor do tempo, no espaço infinito e perene da imortalidade da alma!


Antonio Pereira dos Santos – Professor e tradicionalista.

Blog. WWW.allmagaucha.blogspot.com; twitter, @toninhopds