terça-feira, 4 de junho de 2013

                                         Esquecimento do Passado:
1) - É justo sofrer devido a um passado do qual não se tem recordação?
2) - Será que podemos descerrar (v. tr. dir. Abrir (o que estava cerrado.) o véu que
cobre nosso passado? (nossas vidas passadas?)
3) - Se nascemos sem lembrar do nosso passado, não seria porque Deus assim o
quer?
4) - Os Espíritos não nos ensinaram que lembrar do passado é prejudicial ao
homem?
Essas são perguntas que nos fazemos sempre que tentamos entender a questão
do esquecimento de nossas vidas passadas no processo reencarnatório.
Numa tentativa de pensarmos essas questões vamos recorrer a algumas citações
das obras espíritas para fundamentar o nosso raciocínio a fim de que possamos chegar às
mesmas conclusões ou discordar delas, não esquecendo que um dos grandes pilares da
Doutrina Espírita é não aceitar a fé que não possa ser confrontada pela razão.
Pelo nosso pensamento lógico, a respeito da reencarnação, uma questão básica
nos assola : “Se há reencarnação, porque não nos lembramos naturalmente de nossas
vidas passadas?
No Livro dos Espíritos, que trata do escopo (s. m. propósito; intento; fim. (Pl.:
escopos [ô].) (Do gr. skopos.) filosófico da Doutrina dos Espíritos, Kardec apresenta, na
sua sistematização um trecho intitulado “Esquecimento do Passado”.
Assim, na questão 392, é indagado à espiritualidade:
P. 392 – Por que perde o Espírito encarnado a lembrança de seu passado?
Os Espíritos respondem:
“Não pode o homem, nem deve, saber tudo. Deus assim o quer em sua sabedoria.
Sem o véu que lhe oculta certas coisas ficaria ofuscado (v. tr. dir. Impedido de ver ou de
ser visto; encoberto; oculto; obscurecido (Do lat.offuscare.), como quem sem transição
saísse do escuro para o claro. Esquecido do passado ele é mais senhor de si”.
Ainda dentro do mesmo capítulo VII – Parte Segunda, Kardec ao comentar a
resposta dos Espíritos sobre a existência de mundos onde os habitantes têm a exata
lembrança do seu passado, diz:
“Gravíssimos inconvenientes teria o nos lembrarmos das nossas individualidades
anteriores. Em certos casos humilhar-nos-ia sobremaneira. Em outros nos exaltaria o
orgulho, peando-nos (v. tr. dir. Prendendo com peia; (fig.) tolhendo; embaraçando;
impedindo.), em conseqüência o livre arbítrio. Para nos melhorarmos, dá-nos Deus
exatamente o que nos é necessário e basta; a voz do consciência e dos pendores
instintivos. Priva-nos do que nos prejudicaria. Acrescentemos que, se nos recordássemos
os nossos precedentes atos pessoais, igualmente nos recordaríamos dos atos dos outros
homens, do que resultariam talvez os mais desastrosos efeitos para as relações sociais”.
Unidade 22
TEMA : Pluralidade das Existências – Esquecimento do passado. A
importância do véu do passado. Regressão de Memória. Análise dos
Inconvenientes da Regressão. Terapia das Vidas Passadas – A Doutrina
Espírita e os benefícios da TVP.Do mesmo teor são as observações trazidas pelos Espíritos em “O Evangelho
Segundo o Espiritismo”, no Capítulo V:
“É em vão que se objeta (v. tr. dir. Contrapõe (um argumento) a outro; alega como
dificuldade, como razão contraditória. (Do lat. objectare.) o esquecimento como um
obstáculo no sentido de que se possa aproveitar a experiência das existências anteriores.
Se Deus julgou conveniente lançar um véu sobre o passado, é por que isso devia ser útil.
Com efeito, essa lembrança teria graves inconvenientes; poderia em certos casos, nos
humilhar ou exaltar o nosso orgulho, e, por isso mesmo, entravar o nosso livre arbítrio; em
todos os casos, traria uma perturbação inevitável nas relações sociais”.
Outra justificativa para o esquecimento do passado se refere às dificuldades que
teríamos em modificar nossos sentimentos antagônicos (adj. Que apresenta antagonismo;
contrários; adversos. (Do gr. anti+agonikos.) a outros seres que nos causaram sofrimento
em vidas anteriores, impedindo-nos a convivência em família ou em círculos de amizade
ou de trabalho, onde pudéssemos transformar os sentimentos de inimizade e de ódio em
sentimentos de amizade e de amor, conforme nos fala Ricardo di Bernardi na revista
Reformador n. 2.010:
“Do ponto de vista da argumentação filosófica somos informados pelas
mensagens psicografadas sobre a razão do esquecimento do passado. Esclarecem-nos
os amigos que já retornaram ao plano espiritual acerca da dificuldade que seria
convivermos, às vezes sob o mesmo teto, com nossos algozes (s. m. Verdugos, carrascos;
(p. ext.) homem cruel, bárbaro; coisa que aflige. (Pl.: algozes [ô].) (Do ár. algozz.) ou vítimas
de outras romagens (s. f. Romarias; peregrinações.) terrenas, caso tivéssemos nitidamente
na consciência as lembranças do pretérito.
... Nos filhos que hoje acalentamos no colo, comovidos pela ternura de sua
vestidura (s. f. vestimenta; traje;(Do lat. vestitura. – no caso, está em sentido figurado –
estágio inicial de desenvolvimento físico/psíquico) infantil, podem estar Espíritos de difícil
convivência em encarnações anteriores. Retornam a nós atraídos pelo magnetismo da
mútua e desastrosa experiência que nos uniu em estâncias (s. f. Lugar onde se está ou se
permanece por certo tempo; paragem; estação; (Do lat. stantia.) do passado vivido em
comum. A única forma de se transmutar (v. tr. dir. e pr. O mesmo que transmudar. (Do lat.
transmutare.) - v. tr. dir. e ind. Fazer mudar de lugar ou de domínio; transformar; converter;
mudar; tornar diferente. (Do lat. transmutare.) a natureza problemática do vínculo existente
(pois não há como romper ligações energéticas que se sintonizam pelo desequilíbrio
comum) é manter o intercâmbio vibratório fazendo-os renascer no mesmo lar. Os
antagonismos são assim suavizados pela anestesia temporária do esquecimento, e os
vínculos familiares abrem a porta da esperança na reconciliação”.
Ä A importância do véu do passado:
Usando da mesma lógica exposta nos argumentos anteriores só podemos concluir
que seria impossível estruturar uma nova possibilidade de vida, uma nova encarnação
com o conhecimento integral e simultâneo, em nossa consciência, de todas as nossas
experiências negativas de nossas vidas passadas.
Como imaginar uma criança de 03 ou 04 anos, por exemplo, em pleno processo de
desenvolvimento sensório-motor e da personalidade pretendendo aprendizado e evolução,
atormentada por todas as suas experiências passadas?
Não temos estrutura psicológica para suportar o peso de todas essas informações.
Hermínio de Miranda em seu livro “A Memória e o Tempo”, propõe que o modelo de
nosso inconsciente pode ser representado esquematicamente por camadas superpostas,
como uma cebola cortada, que conteria todas as informações pretéritas e que o
consciente teria um determinado limite na sua capacidade operacional de decodificar e
lidar com os diversos estímulos a que estaríamos submetidos. Desta forma, os conteúdosmais ou menos irrelevantes ou perturbadores do passado estariam seletivamente
arquivados no inconsciente de forma a preservar o funcionamento do conjunto psíquico.
Outro autor de diversas obras espíritas de cunho científico, Dr. Jorge Andréa afirma
o seguinte:
“... O esquecimento pregresso (adj. Decorrido anteriormente; que aconteceu antes.
(Do lat. praegressu.) do encarnado, este bem maior da vida, seria um véu equilibrante
evitando as naturais desarmonias se participássemos de outras vivências, nossa atual
cerebração não suportaria tamanha carga de emoções impedindo novas construções
psicológicas”.
Isso quer dizer que se não tivéssemos a capacidade de esquecer as vidas
anteriores, nosso processo evolutivo seria praticamente impossível.
O esquecimento do passado tem pois a finalidade de proteção do aparelho
psíquico, da nova organização da personalidade da vida atual. O nosso aparelho psíquico
como um todo funciona no sentido de permitir novas experiências sem deixar que as
situações traumáticas do passado, aquelas que poderiam nos desestruturar, aflorem
desorganizadamente.
Podemos supor que é exatamente este o problema ocorrido em algumas
psicopatologias mais graves. Parece que os desequilíbrios do passado são tão intensos
que mesmo este mecanismo de proteção não consegue impedir que venham a emergir na
consciência.
Até aqui podemos avaliar que a indicação da necessidade do esquecimento de
nossas vidas passadas como dádiva de Deus aos espíritos, está relacionada,
principalmente, ao retorno do Espírito à vida corporal como forma de possibilitar sua nova
existência e não como uma impossibilidade geral.
Ä Regressão de Memória:
Mediante os argumentos apresentados no tópico anterior formulamos a questão:
Será então que ao nos utilizarmos da regressão da memória nas terapias de vidas
passadas, não estaremos contra as determinações da Lei Natural ou Divina?
Ao responder a essa questão devemos empregar o bom senso, como nos ensinou
Kardec. A regressão de memória não parece ser um erro, desde que ela se destine à
possibilidade de minimizar o sofrimento de alguém. Só temos que nos preocupar, nesse
caso, com a instrução dos espíritos no tocante ao “fim útil” que deve caracterizar o
trabalho que traz à tona as lembranças do nosso passado.
Ä Análise dos inconvenientes da regressão:
Um dos inconvenientes da regressão de memória feita indiscriminadamente referese exatamente ao fato de que nem todos os que habitam a Terra têm um arcabouço (p.
ext. - estrutura. (Var.: arcaboiço.) psíquico capaz de suportar a lembrança dos fatos
traumáticos, dolorosos ou perniciosos (adj. Nocivos; ruinosos; funestos. (Do lat.
perniciosu.)do passado.
As lembranças dolorosas ou geradoras de culpa podem desorganizar
completamente a personalidade atual, gerando desequilíbrio psíquico que se manifesta
sob forma das mais diversas denominações no campo da psicopatologia (s. f. Estudo
psicológico das doenças mentais. (Do gr. psyche+pathos+logos.).
Outro inconveniente, que deve ser bastante considerado, é a dos efeitos
desastrosos para nossas relações sociais, caso nos lembrássemos de nossos atos
precedentes. A falta de uma ética na consideração deste aspecto no trabalho com
regressão de memória pode trazer prejuízos a estas relações sociais.Numa TVP (Terapia de Vidas Passadas), nunca se deve privilegiar o conhecimento
de datas, locais ou a identificação de membros de nossa relação atual nos personagens
do passado.
Quando essa identificação acontece naturalmente, não é valorizada e representa
apenas uma necessidade do inconsciente para a superação do problema em foco.
Assim como nos trabalhos doutrinários de orientação a espíritos sofredores, não
nos preocupamos em identificar as entidades, não nos preocupando com nomes, locais,
datas, mas sim exclusivamente com os seus sentimentos, também nas TVP esse cuidado
deve ser seguido e esta é a maior contribuição da Doutrina Espírita nessa nova
modalidade terapêutica.
Jorge Andréa no seu livro “Palingênese a Grande Lei”, nos chama a atenção para o
cuidado que se deve ter quando acionamos os mecanismos de nossas memórias
pretéritas:
“...Poderíamos mesmo asseverar que o esquecimento das vidas pregressas do
reencarnado seria a maior das perfeições do mecanismo palingenético: determinada
existência representa um estágio de trabalho, que não dever ser maculado (s. f.
Manchado, desdourado, deslustrado.) com lembranças negativas, quase sempre
deprimentes. Aquele que por acaso conseguisse a lembrança integral da maioria de suas
vivências passadas, sem um preparo ou condição apropriada, sofreria, inevitavelmente um
vórtice (s. m. Furacão; turbilhão; voragem; redemoinho. (Do lat. vortice.) demolidor e
asfixiante nos centros emocionais do EU”.
Nessa mesma obra, o Dr. Jorge Andréa descreve suas próprias experiências e
pesquisas com regressão de memória utilizando como instrumento a hipnose, na década
de 60, em um indivíduo com alguns problemas físicos (alergia por exemplo). Sua
preocupação estava na comprovação do fenômeno da palingênese (reencarnação).
Apesar de não ter conseguido concluir suas pesquisas, verificou a redução de alguns
sintomas físicos relacionados às experiência vividas em regressão pelos indivíduos
submetidos à experiência. Na citação feita acima, vemos como ele destaca a importância
de um preparo ou condições para vivenciar os conteúdos de vidas passadas. Além do
mais, ele se refere textualmente “à lembrança integral da maioria das vivência passadas”,
fato que não é possível aos seres que como nós estamos engatinhando no processo
evolutivo, e, como nos ensina o Livro dos Espíritos (pergunta 394) só é permitido aos
Espíritos Superiores.
Na regressão de memória é importante considerarmos que não vamos
propriamente ao passado, é o passado que vem até nós.
Se, como sabemos, os problemas de nossa vida atual têm sua origem no passado,
os sintomas que eles desencadearam são seus representantes. São eles, os sintomas,
que alertam sobre a existência de um desequilíbrio mais profundo. Assim, quando
fizermos uma regressão a uma vida passada, não estamos indo necessariamente ao
passado, mas é o passado que está se tornando presente pelo sofrimento que determina.
Ä A Doutrina Espírita e os benefícios da TVP:
Vimos até aqui, os inconvenientes da regressão de memória feita sem ética ou
cuidado e a recomendação dos Espíritos nesse sentido, e nos perguntamos agora: - Será
que existem pontos da Doutrina que, ao contrário, poderiam sugerir uma indicação à
utilização da regressão de memória e consequentemente da TVP?
Verificamos na rica literatura espírita, quer por autores espirituais, através de obras
psicografadas por médiuns consagrados, dada sua dedicação e seriedade à causa
espírita, quer por autores e pesquisadores encarnados opiniões incontestavelmente
favoráveis a utilidade da Regressão de Memória e da TVP, quando necessárias ao nosso
desenvolvimento espiritual.Dentro do próprio Livro dos Espíritos na questão 395, encontramos o seguinte:
P. 395 – “Podemos ter algumas revelações a respeito de nossas vidas anteriores?”
A resposta dos Espíritos é a seguinte:
R. “Nem sempre. Contudo, muitos sabem o que foram e o que faziam. Se lhe
permitisse dizê-lo abertamente, extraordinárias revelações fariam sobre o passado.”
Ao responderem “nem sempre”, os Espíritos estão afirmando, por exclusão, que
algumas vezes podemos ter revelações sobre nossas vidas passadas. Como em toda
obra de Kardec, vemos que os Espíritos sempre que necessário colocam-nos conceitos
gerais cujo detalhamento depende de nosso desenvolvimento intelectual e moral, gradual
e constante. Não caberia aos objetivos de uma obra ao mesmo tempo tão abrangente e
tão profunda penetrar nos detalhes de todas as coisas. Parece que os Espíritos só
procuram ser enfáticos naquelas questões que seriam fundamentais aos entendimento
dos princípios básicos da Doutrina. No caso em questão, parece que nosso desafio seria o
de descobrir em quais situações nos seriam proveitosas e válidas as revelações do
passado.
Já em O Livro dos Médiuns, Kardec trata, no capítulo intitulado “perguntas que se
podem fazer aos Espíritos”, da questão de conhecermos o conteúdo de nosso passado.
“15 a) - Podem os Espíritos dar-nos a conhecer as nossas existências passadas?
R. Deus algumas vezes permite que elas vos sejam reveladas, conforme o objetivo.
b) – Assim como não podemos conhecer nossa individualidade anterior, segue-se
que também nada podemos saber do gênero de existência que tivemos, da posição social
que ocupamos e dos defeitos que em nós predominam?
R. Não, isso pode ser revelado, porque dessas revelações podeis tirar proveito para
vos melhorardes.”
Como podemos ver de acordo com a informação dos Espíritos a Kardec, a
revelação dos conteúdos de vida passada, mesmo nossas posições sociais (nem sempre
das quais podemos nos vangloriar) e nossos defeitos do passado, podem ser úteis ao
nosso melhoramento atual no processo de evolução. Tudo depende, portanto, do modo e
do objetivo com que esse conhecimento é empregado.
Léon Denis, contemporâneo de Kardec, já observava a importância que estes
estudos e pesquisas a respeito das vidas passadas poderiam ter no futuro. Conhecido
como “O Apóstolo do Espiritismo”, “O Consolidador” e “O Filósofo do Espiritismo” por sua
produção escrita e falada em favor da Doutrina dos Espíritos, Léon Denis descreve com
detalhes, em uma de suas obras mais importantes, “O Problema do Ser, do Destino e da
Dor”, diversos estudos sobre provas experimentais para a comprovação das chamadas
vidas sucessivas. Além de detalhar fenômenos em que os indivíduos entravam em um
estado alterado de consciência associado à lembrança de vidas passadas, ele cita alguns
importantes pesquisadores da época que estudavam a regressão de memória, através de
técnicas hipnóticas. Ao invés de uma oposição a esses estudos, o autor constata que
“estas experiências hão de, provavelmente, multiplicar-se dia para dia”, ressaltando porém
a necessidade de precaução e rigor científico na observação e experimentação destes
fenômenos.
Para concluir, trazemos a palavra de um Espírito muito estimado nos meios
espíritas por todo seu exemplo durante a vida encarnada e, principalmente, por sua
atividade enquanto desencarnado no alívio dos sofrimentos humanos: Dr. Bezerra de
Menezes. Através do Espírito Manoel Philomeno de Miranda e psicografia de Divaldo
Pereira Franco. Bezerra de Menezes resume muito bem a possibilidade da utilização do
recurso terapêutico da regressão de memória quando comenta um caso de ajuda
espiritual que estão acompanhando:
“A Terapia de vidas passadas é conquista muito importante, recentemente lograda pelos
nobres estudiosos das “ciências das almas”. Como ocorre com qualquer terapêutica, tem os seus limites identificados, não sendo uma panacéia (s. f. Planta imaginária, a que os
antigos atribuíam a virtude de curar todas as doenças; (p. ext.) remédio para todos os
males. (Do lat. panacea.) capaz de produzir milagres. Em grande número de casos, os seus
resultados são excelentes, principalmente pela contribuição que oferece, na área das
pesquisas sobre a reencarnação, entre os cientistas. Libera o paciente de muitos traumas
e conflitos, propiciando a reconquista do equilíbrio psicológico, para a regularização dos
erros pretéritos, sob outras condições. Mesmo aí, são exigidos muitos cuidados dos
terapeutas, bem como conhecimento das leis de reencarnacionismo e da obsessão, a fim
de ser levado a bom termo o tratamento, nesse campo. Outrossim, nesta, mais do que em
outras, a conduta moral do agente deve ser superior, de tal forma que não se venha a
enredar com os consórcios espirituais do seu paciente, ou que perca uma pugna (s. f.
peleja; combate. (Do lat. pugna.), num enfrentamento com os mesmos, que facilmente se
interpõem no campo das evocações trazidas à baila ((loc. adv.) a propósito.) ...
Ainda devemos considerar que cristalizações de longo período, no inconsciente,
não podem ser arrancadas com algumas palavras e induções psicológicas de breve
duração. Neste setor, além dos muitos cuidados exigíveis, o tempo é fator de alto
significado, para os resultados salutares que se desejam alcançar.” (do livro Loucura e
Obsessão, página 91).
Pelo que temos verificado até este ponto, a TVP não é contrária à Doutrina Espírita,
e poderá trazer muitos benefícios à humanidade sofredora, desde que sejam observados
diversos pontos julgados delicados pelos espíritos, que nos orientam para os cuidados
necessários na tentativa que fazemos para aliviar os sofrimentos do homem. A TVP só
deve ser praticadas quando realmente o conteúdo inconsciente do passado esteja
impedindo o processo de conscientização e de evolução do homem, fixando-o nos
processos de sofrimento.
A questão não é se podemos ou não fazer uma regressão de memória, mas sim
quando podemos ou devemos fazê-la e ainda com quem faremos esse tipo de terapia.
BIBLIOGRAFIA:
Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos – Parte Segunda, capítulo VII – Da volta do Espírito à vida
corporal – Esquecimento do passado.
Kardec, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo V – Bem Aventurados os aflitos – 6 a
10 – O Esquecimento do Passado.
Kardec, Allan – O Livro dos Médiuns – Capítulo 24 - Perguntas que se podem fazer aos Espíritos – 15
A e B.
Miranda, Manoel Philomeno - Loucura e Obsessão, página 91.
Miranda, Hermínio C. Miranda – A Memória e o Tempo.
Menezes, Milton – Terapia de Vida Passada e o Espiritismo – distâncias e aproximações.
Andréa, Jorge – Palingênese, a Grande Lei.
Denis, Léon – O Problema do Ser, do Destino e da Dor.

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