quarta-feira, 3 de setembro de 2014


                                              JOAQUIM JOSÉ DE MENDANHA.

                Ele nasceu em Itabira do Campo, Vila Rica, Minas Gerais, por volta de 1800. Cedo começou a dedicar-se à música, como instrumentista e cantor falsetista e ao beirar os 23 anos de idade, encontrava-se na Corte do Rio de Janeiro, onde dentro em breve seria integrante da banda militar e cantor da Capela Imperial. Em 1837, assumia a regência da banda do 2º Batalhão de Caçadores de Primeira Linha.

                Nesse mesmo ano, o 2º Batalhão de Caçadores deslocou-se para a Província do Rio Grande do Sul, para integrar as forças imperiais em combate contra os farroupilhas da República Rio-Grandense.

                Em abril de 1838, o maestro Mendanha encontrava-se em Rio Pardo, com sua banda imperial, quando a vila é atacada pelos republicanos, travando-se um dos maiores combates de toda aquela guerra civil. No dia 30, os comandantes imperiais fogem e os farroupilhas entram vitoriosamente, aprisionando os últimos soldados resistentes.

                Até então a República Rio-Grandense não possuía um hino oficial e o fato de terem aprisionado um mestre de banda levou os farroupilhas a lhe encomendarem uma música cívica. Sobre o texto elaborado por Serafim Joaquim de Alencastre, ele compôs o Hino Rio-Grandense (a letra foi posteriormente substituída por outra, de autoria de Francisco Pinto da Fontoura), provavelmente cantado por primeira vez, a 5 de maio de 1838 e ainda hoje o Hino oficial do Estado do Rio Grande do Sul.

                Durante um ano, acompanhou as forças farroupilhas, mas, monarquista convicto, conseguiu finalmente reencontrar-se com seus companheiros de farda. Em 1842 estabeleceu residência fixa em Porto Alegre, contando com o estímulo do presidente da Província, o Barão de Caxias, para se dedicar-se exclusivamente à música.

                Foi um grande incentivador da vida artística na capital rio-grandense. Fundou uma orquestra, divulgou as obras do padre José Mauricio e formou um conjunto coral com as damas da sociedade porto-alegrense, para atuar nas grandes festas religiosas. A 2 de dezembro de 1855 fundou a Sociedade Musical de Porto Alegre. A 27 de junho de 1858 regeu a orquestra no concerto de inauguração do Teatro São Pedro.

                Em 1877, foi agraciado com a comenda Imperial da Ordem do Rosa que lhe foi outorgada por iniciativa de seu particular admirador o Duque de Caxias, então presidente do Conselho de Ministros do Império.

                Criou a irmandade de Santa Cecília e deu grande pompa à comemoração dessa padroeira dos músicos. Diz-nos o cronista Aquiles Porto Alegre: “Quando chegava o mês de novembro, o velho Mendanha tomava um carro e ia à casa dos cantores pedir-lhes para se associarem à sua festa. No dia da festividade, atendia entre sorrisos e rapapés as moças que iam cantar. Não era para menos. Aí se via a D. Marcolina Coelho Barreto, a D. Matilde Pereira, a D. Chiquinha Cordeiro, a D. Candini, a D. Rondeli e tantas outras senhoras que deram aqui a nota da arte e da elegância”.

                Acrescenta o cronista: “Nos últimos anos da existência, subia a escada do coro agarrado ao braço de um de seus discípulos. Quase sempre era o professor Lino quem se incumbia de levá-lo as alturas, com paciência e carinho. E quando o maestro chegava ao coro, criava alma nova, parecia que havia remoçado alguns anos, era outra criatura”.

                Faleceu em 2 de setembro de 1885.

.                                    (pesquisa: Enciclopédia Rio-Grandense; Silva, Riograndino da Costa;)

Nenhum comentário:

Postar um comentário