JOAQUIM JOSÉ DE
MENDANHA.
Ele nasceu
em Itabira do Campo, Vila Rica, Minas Gerais, por volta de 1800. Cedo começou a
dedicar-se à música, como instrumentista e cantor falsetista e ao beirar os 23
anos de idade, encontrava-se na Corte do Rio de Janeiro, onde dentro em breve
seria integrante da banda militar e cantor da Capela Imperial. Em 1837, assumia
a regência da banda do 2º Batalhão de Caçadores de Primeira Linha.
Nesse mesmo
ano, o 2º Batalhão de Caçadores deslocou-se para a Província do Rio Grande do
Sul, para integrar as forças imperiais em combate contra os farroupilhas da
República Rio-Grandense.
Em abril
de 1838, o maestro Mendanha encontrava-se em Rio Pardo, com sua banda imperial,
quando a vila é atacada pelos republicanos, travando-se um dos maiores combates
de toda aquela guerra civil. No dia 30, os comandantes imperiais fogem e os
farroupilhas entram vitoriosamente, aprisionando os últimos soldados
resistentes.
Até então
a República Rio-Grandense não possuía um hino oficial e o fato de terem
aprisionado um mestre de banda levou os farroupilhas a lhe encomendarem uma
música cívica. Sobre o texto elaborado por Serafim Joaquim de Alencastre, ele compôs
o Hino Rio-Grandense (a letra foi posteriormente substituída por outra, de
autoria de Francisco Pinto da Fontoura), provavelmente cantado por primeira vez,
a 5 de maio de 1838 e ainda hoje o Hino oficial do Estado do Rio Grande do Sul.
Durante
um ano, acompanhou as forças farroupilhas, mas, monarquista convicto, conseguiu
finalmente reencontrar-se com seus companheiros de farda. Em 1842 estabeleceu
residência fixa em Porto Alegre, contando com o estímulo do presidente da
Província, o Barão de Caxias, para se dedicar-se exclusivamente à música.
Foi um
grande incentivador da vida artística na capital rio-grandense. Fundou uma
orquestra, divulgou as obras do padre José Mauricio e formou um conjunto coral
com as damas da sociedade porto-alegrense, para atuar nas grandes festas
religiosas. A 2 de dezembro de 1855 fundou a Sociedade Musical de Porto Alegre.
A 27 de junho de 1858 regeu a orquestra no concerto de inauguração do Teatro
São Pedro.
Em 1877,
foi agraciado com a comenda Imperial da Ordem do Rosa que lhe foi outorgada por
iniciativa de seu particular admirador o Duque de Caxias, então presidente do
Conselho de Ministros do Império.
Criou a
irmandade de Santa Cecília e deu grande pompa à comemoração dessa padroeira dos
músicos. Diz-nos o cronista Aquiles Porto Alegre: “Quando chegava o mês de
novembro, o velho Mendanha tomava um carro e ia à casa dos cantores pedir-lhes para
se associarem à sua festa. No dia da festividade, atendia entre sorrisos e
rapapés as moças que iam cantar. Não era para menos. Aí se via a D. Marcolina
Coelho Barreto, a D. Matilde Pereira, a D. Chiquinha Cordeiro, a D. Candini, a
D. Rondeli e tantas outras senhoras que deram aqui a nota da arte e da
elegância”.
Acrescenta
o cronista: “Nos últimos anos da existência, subia a escada do coro agarrado ao
braço de um de seus discípulos. Quase sempre era o professor Lino quem se
incumbia de levá-lo as alturas, com paciência e carinho. E quando o maestro
chegava ao coro, criava alma nova, parecia que havia remoçado alguns anos, era
outra criatura”.
Faleceu
em 2 de setembro de 1885.
. (pesquisa:
Enciclopédia Rio-Grandense; Silva, Riograndino da Costa;)
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