quinta-feira, 9 de novembro de 2017

                                                     TACITURNO! 

                A vida me fez poeta, a vida me fez cantor. Por isso, canto à vida como faz o sabiá na primavera, que também gorjeia, na expectativa do reencontro das almas em desajuste.
                O homem do cantar triste na visão romanceada faz do taura do sul continentino, diferente, taciturno, mas ao mesmo tempo, sensível, refratariamente contrário aos hodiernos costumes, que se vão implantando a revelia de sua vontade.
                Entretanto, busco soluções nas entrelinhas dos espaços que sobram no burburinho que se forma nos soturnos umbrais, decorrentes das enfermiças mentes elucubradoras dos mais diversos sofismas, responsáveis por um sem número de descalabros e escândalos, que se abatem sobre a pobre humanidade.
                Sem rumo, tateio até encontrar um barco que não soçobrou na tempestade inclemente, que se abateu de forma inopinada e com braços trêmulos, seguro firme como última esperança, de um porvir mais alvissareiro e sinto uma força sobre humana que me dá o ensejo, de no último instante, buscar sua salvaguarda.
                E a soturnidade, com certeza dará lugar, embora entre soluços, a margem de terra firme que se avista logo ali. Preciso acabar com tudo isso. Essa tristeza, depois do vendaval vai embora e sobra nos tentos, o trote do pingo bem aperado, que me aguarda como fiel escudeiro, do homem dúbio.
                E o velho monarca, que parecia perdido, se encontra novamente no jardim florido do Éden, verdejante como paraíso que sempre esteve a sua frente, mas que extraviado na ambigüidade da vileza que turbava sua visão, não entrevia tal vidência.
                Por isso parceiro, tapeio o chapéu sobre a testa e resmungo, a vida é assim, cheia de idas e vindas, mas, tudo passa como o torvelinho do vento minuano, que atravessa coxilhas e canhadas, levando em seu bojo, toda nocividade, arejando e desinfetando os ares dos pensamentos malevas, um dia também quanto menos se espera, a clarividência do porvir a que somos destinados, abrir-se-á num céu sem nuvens, mostrando o porquê da insofismável presença do ser, no concerto universal.
                Pensemos nisso!
        ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS-Professor e radialista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).

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