Em resposta ao jornalista e escritor Juremir Machado da Silva, pelas suas declarações a nossa Gazeta do Sul, em 6 de dezembro de 2010, não posso deixar de me reportar sobre, por exemplo, o acordo de paz entre imperialistas e republicanos. Diz ele, que nunca houve um tratado. Ora, todos os livros são claros, e as clausulas originais estão conservadas no Arquivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul e são de autoria do cachoeirense Antônio Vicente da Fontoura. Senão vejamos:
1- O indivíduo que for pelos Republicanos indicado Presidente da Província é aprovado pelo Governo Imperial e passará a presidir a Província.
2- A dívida Nacional é paga pelo Governo Imperial, devendo apresentar-se ao Barão a relação dos créditos para ele entregar à pessoa, ou pessoas para isto nomeadas, a importância a que montar dita dívida.
3- Os oficiais republicanos que por nosso Comandante em chefe forem indicados passarão a pertencer ao Exército do Brasil no mesmo posto, e os que quiserem suas demissões ou não quiserem pertencer ao Exército não serão obrigados a servir, tanto em G. Nacional, como em primeira linha.
4- São livres e como tais reconhecidos, todos os cativos que serviram na República.
5- As causas civis não tendo nulidades escandalosas, serão válidas, bem como todas as licenças e dispensas eclesiásticas.
6- É garantida a segurança individual e de propriedade, em toda sua plenitude.
7- Tendo o Barão de organizar um Corpo de linha, receberá para ele todos os oficiais dos Republicanos, sempre que assim voluntariamente queiram.
8- Nossos prisioneiros de guerra serão logo soltos e aqueles que estão fora da Província, serão reconduzidos a ela.
9- Não serão reconhecidos em suas patentes os nossos generais; porém gozam das imunidades dos demais cidadãos designados.
10- O Governo Imperial vai tratar definitivamente da linha divisória com o Estado Oriental.
11- Os soldados da República pelos respectivos Comandantes relacionados ficam isentos de recrutamento de primeira Linha.
12- Os oficiais e soldados que pertenceram ao Exército Imperial, e se apresentaram ao nosso serviço, serão garantidos como os demais Republicanos.
Quanto à surpresa de Porongos, o grande historiador Calvet Fagundes e também não menos insigne Walter Spalding, são muito claros em seus relatos: Fagundes nos diz, “o desastre maior de todo o período foi a chamada “surpresa de Porongos”, promovida por Chico Pedro, a 14 de novembro de 1844, que, além do acontecimento militar encerrava, ainda, em seu bojo tremenda calúnia forjada pelo turbulento guerrilheiro Chico Pedro, com a finalidade de desmoralizar o grande Davi Canabarro. Além disso, essa surpresa encerrou mais uma traição, pois já estavam sendo tratados com Caxias os primórdios da pacificação. É bem verdade que para esses primeiros contatos não houve suspensão de armas. A luta continuaria, mas era geralmente sabido que Caxias ordenara moderação pra não irritar os intrépidos farroupilhas. Chico Pedro, entretanto não tomou em conta as determinações de Caxias, ou melhor, os conselhos do Presidente e Comandante das Armas e quis provar que derrotaria o jamais vencido Davi Canabarro. E Fê-lo numa surpresa muito bem organizada, mas manchada por um ofício apócrifo em nome do Barão, no qual se afirmava estar a surpresa combinada entre Canabarro e Caxias. Surpresa de Porongos que se não pode denominar combate, foi, por isso, de sérias conseqüências para os republicanos e para a pacificação , pois, não fosse a intervenção de patriotas, inclusive do próprio Caxias,tudo teria ido por água abaixo. Canabarro, furioso, declarou que não mais queria saber de tratado de paz e que a sorte da Província seria decidida pelas armas. O que, entretanto, mais o deixou exaltado, não foi a surpresa, mas a carta que Chico Pedro espalhara apesar de vir com o cunho de “secreta”, atribuída ao barão de Caxias que, se não a desmentiu publicamente, deu a Canabarro cabais explicações, e mandou chamá-lo a seu acampamento”. Ademais se sabe que Francisco Pedro de Abreu, o famigerado Moringue foi sempre inimigo mortal de Canabarro. Por outro lado, o próprio bom senso nos diz que um general nunca vencido em quase 10 anos de lutas não mancharia a sua honra que, com certeza, ficaria para a posteridade.
As lágrimas nunca correm de um lado só da face. Sempre existem dois lados. Pensemos nisso.
Antonio Pereira dos Santos- professor e tradicionalista.
Rua Acre n 27 Santa Cruz do Sul.
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