TERNO DE REIS
O terno de reis é de
origem lusa, trazida para cá pelos imigrantes açorianos. Visa anunciar o
nascimento do menino Jesus. Portanto, dia 25 de dezembro, começa os cânticos de
anunciação, culminando no dia 06 de janeiro, quando, de acordo, com a história
da humanidade, Baltazar, Gaspar e Belchior, os três reis magos, guiados pela
estrela guia, foram homenagear o Rei dos reis, levando-lhe, ouro, incenso e
mirra. Muitos ternos vestem-se como os antigos Reis Magos.
TERNO DE REIS EM SANTA CRUZ DO SUL
As
crianças são as principais responsáveis pela tradição dos ternos de reis em
nossa cidade. Lá pelos anos de 1955, quando ainda garotinho, ainda morava em
Barros Cassal, vim a Santa Cruz, visitar minha irmã Genoveva que morava à Rua
Carlos Trein Filho, 317, quando vi pela vez primeira, um terno de reis. Eram crianças,
como existem até hoje, batendo suas latinhas, de casa em casa, tirando os reis
e conseguindo alguns trocados para o regozijo delas.
Na época,
havia um parque instalado, mais ou menos, onde hoje é a Vila Militar, eu tinha seis
anos e não possuía dinheiro para frequentar o dito parque, praticamente
defronte a casa da Veva. Resolvemos, então, com os amigos da época, o Jair, o
Nê, o Flavio Gonzales e outros, arrumar “alguns instrumentos musicais” e saímos
a cantar os Reis, conseguindo então, angariar os fundos necessários para as
nossas brincadeiras no parque. Uma das estrofes que cantávamos era assim:
Meu senhor dono da
casa, sobrancelha de retrós.
Dá uma volta lá por
dentro, trás os reis aqui pra nós. Tudo isso em ritmos de valsa.
Já em
1960, com minha família já morando em Santa Cruz, alguns jovens do CTG
Tropeiros da Amizade, entre os quais, lembro-me do Gelci Dias de Lima, Dercirio
Dias de Lima, Plinio Lima, Osmar Lima de Almeida, Cliff Pereira dos Santos e
eu, resolvemos fazer uma letra, daquela mesma música, cantada pelas crianças
com suas latinhas (música folclórica).
Um pedaço daqui, outro dali, inclusive com uma estrofe feita
pela minha saudosa mãe, Maria Eufrásia, que diz assim: Venho aqui, cantar os
reis; para o rico e para o pobre;
Não tendo,
ouro, dá prata; não tendo prata, dá cobre.
Após
esta data, como capataz artístico do CTG Tropeiros da Amizade, cantamos os Reis
por mais de 25 anos ininterruptos, sempre em caráter beneficente. Começávamos
ao anoitecer e muitas vezes encerrávamos as quatro da madrugada. A primeira gaita
adquirida pelo CTG, ajuda na construção do galpão, churrasqueira, tudo
conseguido com o dinheiro que a invernada artística conseguia através dos Reis.
Certa ocasião,
lotamos uma Kombi e fomos, a convite, até a cidade de Cachoeira do Sul. Cantamos, entre outras, nas casas do
Prefeito, o Índio Velho, autor do Hino daquela cidade, Meu Pago, do amigo
coordenador regional, Noé Lopes Menezes e tantos outros e que curiosamente
saiam conosco para nos cicerionar, em outras residências.
Quando morei em Santa Maria, tentei cantar os reis naquela
cidade, mas os reis virou serenata, também por desconhecimento, da gente da
Boca do Monte.
O CTG
Rincão da Alegria manteve por muito tempo, um terno de reis, com a música
idêntica, a já referida anteriormente, mas com a letra diferente.
O CTG
Lanceiros de Santa Cruz conseguiu através do professor, Marciliano José Rodrigues,
de saudosa memória, trazer de Encruzilhada do Sul, do Terno de Reis Anaí, uma música
diferente e desde 1962, mantém viva, a tradição do Terno de Reis.
Em todos os livros que pesquisei, não encontrei
nenhuma menção sobre Ternos de Reis em Santa Cruz do Sul.
Resgatando a história, procurei fazer jus à nossa cidade e região.
No ano
de 1994, fiz uma palestra nos Tropeiros sobre este tema tão pouco estudado,
havendo neste dia a apresentação dos Ternos dos Tropeiros e dos Lanceiros, com
um bom número de pessoas presentes.
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