DESPERTA E VIGIA!
O
espírito, quando reencarna na terra, vem naturalmente, com o propósito de
aprender a dominar suas inclinações e tendências negativas, através do
enfrentamento constante de situações difíceis e adversas, a fim de testar suas
possibilidades de permanecer fiel aos objetivos propostos e lograr assim o
desenvolvimento de qualidades e recursos para evoluir moralmente e realizar seu
progresso espiritual.
Entretanto,
em razão da reencarnação, o espirito defronta-se com a benção do esquecimento
imposto pela vestimenta carnal. Aí, as dificuldades e óbices inerentes à
própria matéria encarregam-se de afastá-lo do propósito que ele próprio traçara
anteriormente como objetivo.
A
reencarnação significa, portanto, um adormecimento parcial das potencialidades
do espirito, que ainda detém, mesmo que timidamente, as ideias inatas
resultantes das vivências pretéritas, para conduzi-lo ao aperfeiçoamento e
progresso moral, onde a intuição, à sintonia e a afinidade ganham um destacado
papel, de relevante importância na evolução do espirito.
Por
isso, esses mecanismos acima citados, utilizados pelos espíritos encarnados no
intercâmbio mediúnico, são extraordinários recursos colocados à disposição das
criaturas na terra, ensejando a todos a possibilidade da reflexão a fim de
retificar roteiros equivocados, retomando o caminho momentaneamente esquecido,
levando-os de retorno aos propósitos fixados antes da reencarnação.
Embora
haja o natural esquecimento, reencarnar é recordar, principalmente, as
ocorrências enganosas, a conduta incorreta e as ações lesivas feitas a outrem e
que no fundo lesam o próprio autor. Compreende-se, assim, o papel terapêutico
das lições de Jesus para o ser em trânsito carnal, como se pode deduzir das
anotações de Lucas, cap. 22, vers 46: “E disse-lhes: “Por que estais dormindo”?
Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação”.
Eis
onde Jesus se reporta não apenas ao sono físico, mas, principalmente ao
adormecimento psíquico, que embota os sentidos do espirito, levando-o a cair
frente às tentações, por invigilância, acomodação, passividade ou ócio.
Jesus
impõe o “levantar-se e orar, ou seja, ações ativas que o próprio indivíduo deve
realizar, através de esforço, “para que não entre em tentação” e, por
decorrência, o despertar do espirito em sua caminhada, que deverá ser
empreendida em ostensiva vigília, frente às próprias fraquezas e imperfeiçoes
que a criatura carrega, que são os verdadeiros responsáveis pelo adormecimento
dos sentidos.
Essas
palavras de Jesus anotadas pelo evangelista Lucas, trazem implícita em
revolucionária proposta para o homem dos dias atuais, que vive cercado de
conquistas e conforto materiais, com inúmeras concessões e facilidades no campo
moral, onde as ligações afetivas são descompromissadas e, as relações de
intimidade são descartáveis e frustrantes, e incapazes de proporcionar alegrias
duradouras e tampouco plenitude e felicidade.
Certamente,
quem desperta desse torpor dos sentidos levanta-se e toma as rédeas da própria
existência, procurando reunir as energias desgastadas por meio da vigília na
oração, para que as tentações percam a ascendência que até então mantinham o
indivíduo no cárcere dos gozos transitórios, impedindo-o de caminhar e evoluir
espiritualmente.
(José Maria de Medeiros Sousa, pelo espírito Albino da Santa Cruz)
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