quinta-feira, 21 de novembro de 2013

                                                                                                                         OS TRÊS CRIVOS
                Sempre é de bom alvitre recordar esta passagem Socrática que, com certeza, afeta a humanidade pela forma como é usada em detrimento do “outro”, que é a maledicência.
Vemos sempre o mal do outro e não o que está em nós. Para se autojulgar é preciso que o homem volte para dentro de si mesmo, como se estivesse olhando num espelho, veria então, todo o seu interior e do que ele estaria cheio. Revolta, amargura, ódio, ou então, amor, alegria e paz? O homem deveria pôr-se no lugar da outra pessoa a qual julga, fala mal e perguntar-se: que pensaria eu se visse alguém fazer o que faço?
                O irmão X nos trás esta parábola recorrente e emblemática.
“Certa feita, um homem esbaforido achegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos ouvidos: - escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te, em particular...
                Espera! – ajuntou o sábio prudente. Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos?
                -Três crivos? – perguntou o visitante espantado.
                -sim meu amigo, três crivos. Observemos se tua confidência passou por eles. O primeiro é o crivo da verdade. Guardas absoluta certeza, quanto àquilo que pretendes comunicar?
                - bem ponderou o interlocutor, - assegurar mesmo, não posso... Mas... ouvir dizer e...então...
                - Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real, verdade, o que julga saber, será pelo menos bom o que queres me contar? Hesitando, o homem replicou:
                - Isso não... Muito pelo contrário...
                - Ah! - tornou o sábio – estão recorramos ao terceiro crivo, o da utilidade e notemos o proveito do que tanto te aflige.
                - Útil?!... – aduziu o visitante ainda agitado.
Útil não é...
                - Bem – rematou o filósofo num sorriso, - se o que tens a confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos sem edificação para nós...”.
Aí está, um dos grandes males da nossa época, na visão desse grande filósofo grego, pré-cristão e que serve de lição, para que aprendamos a viver em comunidade, como verdadeiros irmãos, que realmente somos, sem a MALEDICÊNCIA.
                                                    

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