quinta-feira, 11 de dezembro de 2014


                                       CIVILIZAÇÃO RIO-GRANDENSE DE 1626 A 1821

                Os jesuítas das Missões Ocidentais do Uruguai foram os primeiros que, passando para a margem oriental, fundaram uma povoação, em território hoje pertencente ao nosso Estado e devassaram as regiões ao norte do Jacuí ou o País do Tape, como as chamavam. Pelo menos, o padre Roque Gonzales se deve a mais antiga descrição do Rio Grande do Sul. Este nome, entretanto, parece não ter sido posto pelos jesuítas, pois já se o encontra, em 1586, no Tratado descritivo de Gabriel Soares.

 O povoamento só começou depois de aberta comunicação, através do seu território, com a Colônia do Sacramento. A ocupação portuguesa limitou-se, a princípio, a uma estreita faixa do litoral. Vindo os primeiros açorianos, derramaram-se pelo interior, formando os primeiros povoados.

                Daí a necessidade de demarcarem-se fronteiras, o que aconteceu no Tratado de Madri. Este foi assimilado pelo de Santo Ildefonso, que assinalou novas fronteiras. Logo depois, o território estendeu-se para o oeste, com o acréscimo das Missões.

Em 1774, a população era estimada em  17.923 habitantes, sendo os principais centros: Rio Grande, com 2421 habitantes; Rio Pardo, com 2377 habitantes; Porto Alegre, com 1512 habitantes; Estreito, com 1254, etc. Em 1823 era já de 59.142 habitantes e em 1822, de 106.196 habitantes.

                Na indústria, foi a pastoril a primeira que tomou incremento, talvez pela abundância de gado que vagava pelos campos. De onde viera este gado? Ao certo ninguém sabe. Alude-se, entretanto, a um certo  Scipião Góes, que em 1555, tinha trazido de São Paulo algumas rezes. Os companheiros de João Magalhães foram os fundadores das primeiras estâncias de criação (1715).  A estas, seguiram-se as Estâncias Reais, sendo as primeiras, a de Bojurú e do Capão Comprido, na costa do mar.

A agricultura consistia na plantação do trigo. Estabelecera-se também, em 1783, a Real Feitoria do Linho Cânhamo, a qual no primeiro ano já produziu 447 arrobas de linho. Anexa a ela havia uma cordoaria, cujos maquinismos tinham sido feitos no Real Trem de Guerra do Rio Grande.

                No comércio, conforme uma referência feita no relatório do Vice-Rei Luiz de Vasconcelos, crescera a navegação para o Rio Grande, cujo comércio consistia na exportação de carnes, couros, trigo, sebo, graxa, manteiga, queijos, muares, para São Paulo, Rio de Janeiro e Portugal.

                Nas letras, foram ainda os jesuítas, os primeiros que se ocuparam da catequese e civilização do indígena, tendo o padre Roque, traduzido o catequismo cristão para o guarani. A ele também se deve o mais antigo documento literário referente ao Rio Grande o qual é o seu relatório ao superior da Companhia.

José Marcelino foi o primeiro governador que empreendeu a civilização do indígena, fundando a Aldeia de N. S. dos Anjos, com aulas de primeiras letras, de gramática, de música e também ensinar o sexo feminino a cozer.

                A instrução própria começou a ser ministrada no Presídio do Rio Grande por uma escola de primeiras letras que, depois, transferiu-se para Porto Alegre. O ensino principiava-se pelo alfabeto, num cartaz, seguiram-se as cartas de nomes e doutrina cristã, tudo manuscrito e as quatro operações. Com o correr do tempo, notadamente no governo de Paulo da Gama, criaram-se escolas de primeiras letras e abriu-se a primeira cadeira de gramática latina, a que seguiu-se, outra de filosofia, regida pelo padre Santa Bárbara.

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