CIVILIZAÇÃO RIO-GRANDENSE DE 1626 A 1821
Os jesuítas
das Missões Ocidentais do Uruguai foram os primeiros que, passando para a
margem oriental, fundaram uma povoação, em território hoje pertencente ao nosso
Estado e devassaram as regiões ao norte do Jacuí ou o País do Tape, como as
chamavam. Pelo menos, o padre Roque Gonzales se deve a mais antiga descrição do
Rio Grande do Sul. Este nome, entretanto, parece não ter sido posto pelos jesuítas,
pois já se o encontra, em 1586, no Tratado descritivo de Gabriel Soares.
O povoamento só começou depois de aberta comunicação,
através do seu território, com a Colônia do Sacramento. A ocupação portuguesa
limitou-se, a princípio, a uma estreita faixa do litoral. Vindo os primeiros
açorianos, derramaram-se pelo interior, formando os primeiros povoados.
Daí a
necessidade de demarcarem-se fronteiras, o que aconteceu no Tratado de Madri. Este
foi assimilado pelo de Santo Ildefonso, que assinalou novas fronteiras. Logo depois,
o território estendeu-se para o oeste, com o acréscimo das Missões.
Em 1774, a população era estimada
em 17.923 habitantes, sendo os
principais centros: Rio Grande, com 2421 habitantes; Rio Pardo, com 2377
habitantes; Porto Alegre, com 1512 habitantes; Estreito, com 1254, etc. Em 1823
era já de 59.142 habitantes e em 1822, de 106.196 habitantes.
Na indústria,
foi a pastoril a primeira que tomou incremento, talvez pela abundância de gado
que vagava pelos campos. De onde viera este gado? Ao certo ninguém sabe. Alude-se,
entretanto, a um certo Scipião Góes, que
em 1555, tinha trazido de São Paulo algumas rezes. Os companheiros de João
Magalhães foram os fundadores das primeiras estâncias de criação (1715). A estas, seguiram-se as Estâncias Reais,
sendo as primeiras, a de Bojurú e do Capão Comprido, na costa do mar.
A agricultura consistia na plantação
do trigo. Estabelecera-se também, em 1783, a Real Feitoria do Linho Cânhamo, a
qual no primeiro ano já produziu 447 arrobas de linho. Anexa a ela havia uma
cordoaria, cujos maquinismos tinham sido feitos no Real Trem de Guerra do Rio
Grande.
No comércio,
conforme uma referência feita no relatório do Vice-Rei Luiz de Vasconcelos,
crescera a navegação para o Rio Grande, cujo comércio consistia na exportação
de carnes, couros, trigo, sebo, graxa, manteiga, queijos, muares, para São
Paulo, Rio de Janeiro e Portugal.
Nas letras,
foram ainda os jesuítas, os primeiros que se ocuparam da catequese e
civilização do indígena, tendo o padre Roque, traduzido o catequismo cristão
para o guarani. A ele também se deve o mais antigo documento literário
referente ao Rio Grande o qual é o seu relatório ao superior da Companhia.
José Marcelino foi o primeiro governador que empreendeu a civilização
do indígena, fundando a Aldeia de N. S. dos Anjos, com aulas de primeiras
letras, de gramática, de música e também ensinar o sexo feminino a cozer.
A instrução
própria começou a ser ministrada no Presídio do Rio Grande por uma escola de
primeiras letras que, depois, transferiu-se para Porto Alegre. O ensino
principiava-se pelo alfabeto, num cartaz, seguiram-se as cartas de nomes e
doutrina cristã, tudo manuscrito e as quatro operações. Com o correr do tempo, notadamente
no governo de Paulo da Gama, criaram-se escolas de primeiras letras e abriu-se
a primeira cadeira de gramática latina, a que seguiu-se, outra de filosofia,
regida pelo padre Santa Bárbara.
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