quinta-feira, 29 de outubro de 2015

                                                        REMINISCÊNCIAS!


                Nas minhas reminiscências de índio vago, repontando nas coxilhas do Rio Grande uma ponta de gado xucro, recostado num capão de mato, paro de sofrenaço, ao dedilhar as primas do meu violão.
Sinto o impacto da modernidade a sobressaltar-me nos recônditos do âmago aflito, por não sentir a maturidade de tempos imemoriais, onde o respeito sobressaía e a sociedade, baseada em valores que pareciam perenes, era alicerçada na chamada célula mater, ou seja, a família.
                Indestrutível, indevassável, a família plantava a nação em destinos retos, assim como o homem que se mantinha com inteireza de caráter.
                 Em busca dos rodeios da vida, onde o gado alçado era reunido num só aprisco, todo aquele desgarrado era buscado no galope do pingo e na redondilha do laço, como se esperasse a volta do filho pródigo à invernada posteira, o patrão aguardava na cancha reta, com um mate bem cevado e um abraço de quatro costados.
                Nesta dualidade do vai e vem do bem e do mal, no volteio da existência em muitas canhadas, volvemos nossos passos e muitas rodadas acontecerão. Contudo sairemos de coluna ereta e cabeça erguida, porque a vida segue com obstáculos a serem ultrapassados, como nas grandes tropeadas, que percorremos ao longo da existência temporal, que marca a ferro e fogo, o cerne do nosso espírito.
                Tudo isso, no aprendizado constante e ininterrupto na vertiginosa intempérie das viagens conscienciais.
                O segredo é finalmente manter-se no prumo, na inconteste firmeza do pensamento imortal, na magia da natureza inigualável, para não sucumbirmos nos precipícios das nossas desvairadas paixões!
                Reflitamos, pois!

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; twitter, @toninhopds; blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).

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