quinta-feira, 19 de abril de 2018


                                                MEMÓRIAS –(1964)
                Corria o ano de 1964, por aí, quando fomos convidados a irmos num aniversário no interior de Guaíba. O aniversariante era o pai da nossa amiga Santinha, lá de Pantano Grande, que era esposa do saudoso Patrocínio Franco, mais conhecido por Branco, também grande amigo nosso.
                Era um sábado e tínhamos um fandango (naqueles tempos praticamente só fazíamos fandangos) no CTG Tropeiros da Amizade e os ditos só terminavam, nesta época, ao amanhecer o dia. O Juarez de Freitas Lopes, sua esposa Velocina, todos também de saudosa memória, seu filho Rudimar, mais José Carlos dos Anjos, hoje na Pátria espiritual e eu, na ocasião com 16 anos, pegamos o ônibus e rumamos para Rio Pardo, onde o Branco nos esperava na rodoviária.
                Naquela época, o Branco morava na fazenda Pastagem Nova em Volta Grande e dali rumamos para Guaíba numa caminhonete F100 lotada com o nosso pessoal e a família do Branco. Ainda não tínhamos dormido nada e fomos direto para a fazenda do seu sogro.
                Em lá chegando, a festa já estava começando com a chegada dos convidados, que eram muitos e a carneação já estava avançada. Passamos o dia fazendo festa, tocando, cantando e “encantando” todo aquele povo que lá se encontrava. Afinal, éramos os artistas, “naqueles tempos”.
                À tardinha, quando a festa terminou, o sono começou a bater e ainda tinha a janta com bate papo com o fazendeiro, por sinal, um homem muito circunspecto e de costumes antigos, que enfrentamos com galhardia e só depois do Grande Rodeio Coringa da Rádio Farroupilha das 20 às 22horas, alias, programa obrigatório dos domingos à noite, é que fomos liberados para finalmente dormir. (que sono).
                No outro dia, à tarde saímos de volta pra casa. A viagem era longa (ainda era estrada de chão) e nessa volta aconteceu um acidente quando o Branco, que era o único motorista, teve uma crise epiléptica e na cabine estava sua esposa Santinha e uma empregada da fazenda. Nenhuma das duas tinha nem ideia de como dirigir um carro.
                A F100 desgovernada, depois que bateu em caminhão boiadeiro seguiu fazendo zig zag pela estrada cheia de pedras com o motorista desmaiado e com o pé no acelerador. Foi quando o Juarez saltou da carroceria para chegar até o volante e eu saltei atrás ficando os dois agarrados na parte traseira, porque a caminhonete aumentou a velocidade.
                Quando não agüentamos mais ficarmos agarrados caímos rolando pela estrada na noite escura como um breu. Lá adiante, o Branco acordou do desmaio e freou o carro e por sorte ainda em cima da estrada. Dos dois lados, barrancos profundos.
                Foi um estrago. Ficamos bastante feridos principalmente nos braços e nas mãos (tenho marcas até hoje) e fomos para a fazenda do Branco, agora com o Juarez na cabine para qualquer eventualidade e passamos o resto da noite na Volta Grande com alguns curativos. Foi uma noite de cão e somente no outro dia é que fomos conduzidos até a rodoviária de Rio Pardo, para finalmente, regressarmos à Santa Cruz do Sul e sermos encaminhados ao posto médico.
                Mais um pouco da nossa história para a posteridade!
            ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS –Professor e tradicionalista.
       (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).

Nenhum comentário:

Postar um comentário