MEMÓRIAS –(1964)
Corria o
ano de 1964, por aí, quando fomos convidados a irmos num aniversário no
interior de Guaíba. O aniversariante era o pai da nossa amiga Santinha, lá de
Pantano Grande, que era esposa do saudoso Patrocínio Franco, mais conhecido por
Branco, também grande amigo nosso.
Era um
sábado e tínhamos um fandango (naqueles tempos praticamente só fazíamos
fandangos) no CTG Tropeiros da Amizade e os ditos só terminavam, nesta época,
ao amanhecer o dia. O Juarez de Freitas Lopes, sua esposa Velocina, todos também
de saudosa memória, seu filho Rudimar, mais José Carlos dos Anjos, hoje na Pátria
espiritual e eu, na ocasião com 16 anos, pegamos o ônibus e rumamos para Rio
Pardo, onde o Branco nos esperava na rodoviária.
Naquela
época, o Branco morava na fazenda Pastagem Nova em Volta Grande e dali rumamos
para Guaíba numa caminhonete F100 lotada com o nosso pessoal e a família do
Branco. Ainda não tínhamos dormido nada e fomos direto para a fazenda do seu sogro.
Em lá
chegando, a festa já estava começando com a chegada dos convidados, que eram
muitos e a carneação já estava avançada. Passamos o dia fazendo festa, tocando,
cantando e “encantando” todo aquele povo que lá se encontrava. Afinal, éramos
os artistas, “naqueles tempos”.
À tardinha,
quando a festa terminou, o sono começou a bater e ainda tinha a janta com bate
papo com o fazendeiro, por sinal, um homem muito circunspecto e de costumes
antigos, que enfrentamos com galhardia e só depois do Grande Rodeio Coringa da
Rádio Farroupilha das 20 às 22horas, alias, programa obrigatório dos domingos à
noite, é que fomos liberados para finalmente dormir. (que sono).
No outro
dia, à tarde saímos de volta pra casa. A viagem era longa (ainda era estrada de
chão) e nessa volta aconteceu um acidente quando o Branco, que era o único
motorista, teve uma crise epiléptica e na cabine estava sua esposa Santinha e
uma empregada da fazenda. Nenhuma das duas tinha nem ideia de como dirigir um
carro.
A F100 desgovernada,
depois que bateu em caminhão boiadeiro seguiu fazendo zig zag pela estrada
cheia de pedras com o motorista desmaiado e com o pé no acelerador. Foi quando
o Juarez saltou da carroceria para chegar até o volante e eu saltei atrás ficando
os dois agarrados na parte traseira, porque a caminhonete aumentou a velocidade.
Quando não
agüentamos mais ficarmos agarrados caímos rolando pela estrada na noite escura
como um breu. Lá adiante, o Branco acordou do desmaio e freou o carro e por
sorte ainda em cima da estrada. Dos dois lados, barrancos profundos.
Foi um
estrago. Ficamos bastante feridos principalmente nos braços e nas mãos (tenho
marcas até hoje) e fomos para a fazenda do Branco, agora com o Juarez na cabine
para qualquer eventualidade e passamos o resto da noite na Volta Grande com
alguns curativos. Foi uma noite de cão e somente no outro dia é que fomos
conduzidos até a rodoviária de Rio Pardo, para finalmente, regressarmos à Santa
Cruz do Sul e sermos encaminhados ao posto médico.
Mais um
pouco da nossa história para a posteridade!
ANTONIO
PEREIRA DOS SANTOS –Professor e tradicionalista.
(Email, toninhosantospereira@hotmail.com;
twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).
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