BRIGA NO CTG!
Lá
pelos anos de 60 e 70 do século passado, existiam quatro CTGs em Santa Cruz do
Sul, praticamente quase todos nascidos pela rivalidade um do outro. As
encrencas eram muito constantes nas entidades seja em encontros, rodeios,
festivais onde se reuniam. Sempre havia uma mal-querença entre pessoas das
entidades envolvidas.
O
CTG Tropeiros da Amizade tinha um programa radiofônico desde final da década de
50, chamado de Grande Rodeio da Tradição. O CTG Rincão da Alegria, da mesma
forma realizava também o seu programa chamado Ronda Crioula, os Lanceiros de
Santa Cruz, Roda de Chimarrão, e o Estância Alegre, Pialando pelo Rio Grande.
Pois
bem, apresentava o programa dos Tropeiros Elemar Preuss, e este peão que vos
escreve, na época devido a problemas pessoais, o Elemar, vez por outra agulhava,
um membro de outra entidade pelo rádio.
A coisa foi esquentando e num
baile no CTG Rincão da Alegria com a presença maciça das entidades coirmãs,
aconteceu um tumulto na copa, com um paisano que tinha pagado entrada, estava
embriagado e dizia palavras grosseiras. Num dado momento, o patrão da entidade
mais J.F.l. dos tropeiros e O.S. do Estância pegam o sujeito pelo cangote e
atravessando o galpão, no meio da sala de danças, o jogam porta afora.
No
meio da confusão gerada, um componente do Estância puxa de seu revolver e de sua faca e
pensando tratar-se de uma agressão ao patrão de sua entidade, enfrenta a todos
que se atravessavam na sua frente, inclusive o E.P. que tentou apartar.
Foi
um Deus nos acuda, era arma para todo lado e virou uma briga entre os Tropeiros
e Estância. J.F.L. e P.B. um de cada
lado com sua turma prontos para uma carnificina. Todos armados e prontos para
atirar. Por motivos óbvios, coloco só as iniciais, mas os mais antigos sabem a
quem estou me referindo.
Naquele
momento raciocinei rápido e pedi ao mano Allão que segurasse o J. dentro do
salão e consegui conduzir para fora o P.. Ninguém chegava neste senhor porque ele
ameaçava de faca carneadeira ou três oitão. O E.P. quase foi esfaqueado tentando
apaziguar.
De
mansinho, cheguei perto do Sr. P. e perguntei se ele conversaria comigo. Ele me
olhou com os olhos arregalados de fúria e disse: “contigo eu converso”.
Consegui me aproximar dele e nos afastamos do tumulto e então perguntei: o que
tinha acontecido, porque ele ameaçava o J. e o E. e ele me disse que viu o J.
tirando a força pra a rua, o Patrão de sua entidade que era o Sr.O.S.
Não era isso
que tinha acontecido. Os dois estavam juntos tirando para fora do salão, o tal
embriagado que nos referimos anteriormente.
Custei
a convencê-lo do fato e daí ele me disse que há tempos escutava o programa de
rádio e via certas provocações que o deixavam muito magoado. Finalmente ele
guarda suas armas e acolhe sua família que aflita o abraça.
Nunca
havia conversado até aquele dia com o Sr. P. e daquele dia em diante se tornou
um grande amigo. Onde nos encontrávamos batíamos um papo cordial e amigo. Seus familiares
até hoje são meus amigos. O mal entendido passou e depois propiciamos um
encontro entre o J. e o P. que se tornaram amigos também.
Se
naquela noite, um tiro alguém tivesse dado, teria sido a maior carnificina e
até hoje seria noticia em nossa cidade. Lembro dos revólveres apontados de um
lado e outro como se numa trincheira estivessem, mas, com ajuda do astral
superior, um jovem consegue evitar uma tragédia que ficaria marcada na história
e talvez nem estivesse aqui para contar a história.
Pensemos
nisso!
ANTONIO PEREIRA DOS
SANTOS – Professor e tradicionalista.
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