sexta-feira, 22 de abril de 2016

                                                              MANANCIAL!


                Canto o meu pago, um canto de raiz, do fundo da chucreza de hábitos ancestrais.
Um povo que se fez a ferro e fogo não pode perder-se em vãs filosofias de globalizantes atualidades em aturdidas convulsões, nas dicotomias extenuantes na invernada existencial.
                O indomável coração, têmpera forjada em tempos imemoriais, que não se maneava, no laço de doze braças, na pontaria certeira do braço exímio, segue o prumo do destino traçado, na maioridade atingida no decorrer de eras, solidificando ações no infindável passar dos tempos.
                Ao raiar de outro dia, no tinir das esporas nazarenas, sentindo a flexilha e o orvalho nas coxilhas e canhadas das plagas nativas, firmo o tranco porque sei que minha voz será ouvida, como um grito do Sapucaí nas profundezas do continente sulino.
Na hodierna comparação do ontem e do hoje, o que parecia irreal, parece viável, porque não se perdem no ocaso de desilusões frementes.
                Ficam latentes, na expectativa, aguardando as visões do atalaia que, no seu quarto de ronda, acorda a alma gaúcha, para um novo despertar de horizontes nobres.
Num novo reponte, reúne o gado bravio num só potreiro, na obediência sistemática ao sinuelo na ponta, seguindo a jornada ao manancial das aguadas, dando de beber aos sedentos.  
Os perdidos ouvirão a chamada na clarinada do novo amanhecer, nascendo para uma nova vida, num chamado de renascimento de fulgurantes luzes, na esteira do conhecimento da chama votiva, na firmeza de um caráter imaculado e meticuloso.
Mato a sede neste manancial maravilhoso!

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; twitter, toninhopds; blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).

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