A SAUDADE E A CARRETA!
Cavalgo léguas de solidão ajoujadas na distância que o tempo
percorreu na noite negra. A lonjura parece ser maior e a velha carreta que não
buzina mais, jogada ao relento da saudade imorredoura de tempos idos.
Ela era a própria liberdade do índio vago, tapejara das
coxilhas. Ficou tua sombra como fantasma das eras e da tua madeira só restou o
cerne, mas quantas histórias guardas no teu fogo de chão, quando o arroz de
carreteiro era o prato do dia-a-dia.
Nas peleias do tempo feio, no chiado da chaleira preta,
mostrando o ponto da água para o mate, espumante como o apojo da vaca barrosa,
companheiro inseparável das agruras sofridas.
As estrelas, desde a Dalva, na mostrarem das miríades
sonhadoras do futuro incerto. Ah, que saudades!
O velho monarca, agora cabisbaixo sente a penumbra vidrando
os olhos que, marejados, quer voltar no tempo, como se isso fosse possível!
Sente o desalento, a invadir a alma branca. O menino já
morreu nos seus sonhos juvenis que não tinham fim.
No torvelinho que o invade, sente a lembrança dos rangidos,
pela estrada poeirenta. Eram lamentos na sapiência daquilo que estava por vir.
Assim é a vida. Amanhã será um de nós e a reminiscência
infindável da saudade de priscas eras, consome seu coração, já alquebrado pela
idade inexorável que, como a velha carreta, sente também a têmpera antes forte
e inquebrantável, agora carcomida pela tristeza a invadir seu ser.
Inferindo, lembro-me do saudoso poeta, cantor e compositor
Luiz Menezes, que dizia: “Saudade, ora saudade. A saudade não tem tempo de
chorar Pedro Ninguém”.
ANTONIO PEREIRA DOS
SANTOS- Professor e tradicionalista.
(Email, toninhosantospereira@hotmail.com;
Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com;
twitter, toninhopds).
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