ANCESTRAIS!
Nunca fui nem mais, nem menos, nesta
querência viril na vida de repechos, sempre firme no eixo de meus ideais e não
aceito canzil que me tire a liberdade do pensar e do fazer e sem ser servil, me
entrego à luta se assim for chamado.
No cabresto ninguém me leva, porque
fui criado intemerato e teimo em renascer do picumã e da fumaça onde fui
curtido desde piá.
O sentimento não tem preço e a
tradição secular não pode ser vilipendiada nas novas verdades que surgem
dia-a-dia, deixando a vida vazia nos interlúdios.
Mistura de Sepé e Bento na dimensão
do brio da grande pampa conquistada à ponta de lança e a pata de cavalo. Não
dobro a espinha às iniquidades e o chamado das luzes da ribalta, perdição do
índio xucro na materialidade da existência.
O pito de meu velho pai serve como parâmetro e
carrego no panteão de minha consciência: meu filho siga em frente de cabeça erguida,
com caráter firme, com a mente tranquila e limpa para que a noite ao deitar no
catre ou nos pelegos, tenha o sono dos justos.
O galpão garante o resguardo da vida
e ela prossegue por conta, assim no más e a velha cordeona lembra que a música
enleva a alma. Canto agora, a própria interioridade que desperta, sinuelando a
tropa que ficou para trás.
Nada, nem ninguém se perde na estrada
perene e como ela também meu rastro há de ser visto, por aqueles que vierem
depois.
Aí está meu legado. Muito obrigado,
meus ancestrais!
ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS
– Professor e tradicionalista.
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