sexta-feira, 5 de agosto de 2016

                                                          ANCESTRAIS!

                Nunca fui nem mais, nem menos, nesta querência viril na vida de repechos, sempre firme no eixo de meus ideais e não aceito canzil que me tire a liberdade do pensar e do fazer e sem ser servil, me entrego à luta se assim for chamado.
            No cabresto ninguém me leva, porque fui criado intemerato e teimo em renascer do picumã e da fumaça onde fui curtido desde piá.
            O sentimento não tem preço e a tradição secular não pode ser vilipendiada nas novas verdades que surgem dia-a-dia, deixando a vida vazia nos interlúdios.
            Mistura de Sepé e Bento na dimensão do brio da grande pampa conquistada à ponta de lança e a pata de cavalo. Não dobro a espinha às iniquidades e o chamado das luzes da ribalta, perdição do índio xucro na materialidade da existência.
             O pito de meu velho pai serve como parâmetro e carrego no panteão de minha consciência: meu filho siga em frente de cabeça erguida, com caráter firme, com a mente tranquila e limpa para que a noite ao deitar no catre ou nos pelegos, tenha o sono dos justos.
            O galpão garante o resguardo da vida e ela prossegue por conta, assim no más e a velha cordeona lembra que a música enleva a alma. Canto agora, a própria interioridade que desperta, sinuelando a tropa que ficou para trás.
            Nada, nem ninguém se perde na estrada perene e como ela também meu rastro há de ser visto, por aqueles que vierem depois.
            Aí está meu legado. Muito obrigado, meus ancestrais!

                    ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.

     (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).

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