quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

                                       A ÁRVORE DA ENFORCADA!

                Defronte a casa onde morávamos em Barros Cassal, na década de 1950, havia uma mata muito extensa que era um dos locais, onde nós, ainda crianças, brincávamos.
                Havia também nesta mata muitas árvores frutíferas, entre as quais o famoso araticum. Tinham todos os tipos desta espécie e nós conhecíamos todas as suas localizações.
                Pois num local especifico, lá no fundo da mata, tinha um pé de araticum de quaresma. Era uma árvore muito frondosa e bonita em que na época propícia colhíamos o delicioso fruto.
                Certo dia, o povoado amanheceu num alvoroço só. Diziam que uma mulher, nossa vizinha, havia se suicidado. A mulher, ainda nova, tinha problemas, que hoje diríamos que era depressão. O seu nome era Lídia e vivia com sua mãe, quase a beira do mato.
                Foi uma correria só. As crianças, sempre muito curiosas, foram as primeiras a chegar ao local do suicídio. Pois não é que, a Lidia tinha havia se enforcado justamente no pé de araticum de quaresma, aquele mesmo que se enchia de frutos!
                Até a chegada da Brigada Militar que vinha de Soledade para a retirada do corpo, nós ficamos ali, praticamente o dia inteiro. Só fomos pra casa almoçar.
                Vimos uma enforcada de verdade, não eram mais só os casos do pai José que, todas as noites à beira do fogão à lenha, excitavam a nossa imaginação. Ela estava com a língua pra fora e tudo mais. É uma cena dantesca, inesquecível, fica para a vida inteira impregnada em nossa mente.
                Passado algum tempo deste fato, nunca mais nos aproximamos desta árvore e seguimos a nossa vida normal. Um certo dia, quando o pessoal da mana Genoveva e do Euclides Pereira Soares que já moravam em Santa Cruz do Sul, foram nos visitar, levamo-los para visitarem a dita árvore da enforcada.
                Éramos todos crianças, o Jair era o mais velho, depois tinha, a Sônia, a Stela, a Gládis, a Célia, a Belinha, o Milton, mais a Terezinha, o Cliff, a Eva e eu.
                Inferindo, quando chegamos à altura da dita árvore, ouvimos de uma forma aterradora, um berro horripilante que, nos fez dar de volta a toda, para a nossa casa. Tivemos que atravessar toda a mata de novo, carregando uns no colo, apavorados com o acontecido.
                Passado o susto, alguns dias depois, o Cliff nos disse que havia sido ele quem nos pregou a peça. Até hoje não acreditamos nisso, porque o grito ouvido era muito esganiçante e pavoroso.
   ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e radialista.

     (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; twitter, toninhpds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).

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