A ÁRVORE DA ENFORCADA!
Defronte
a casa onde morávamos em Barros Cassal, na década de 1950, havia uma mata muito
extensa que era um dos locais, onde nós, ainda crianças, brincávamos.
Havia também
nesta mata muitas árvores frutíferas, entre as quais o famoso araticum. Tinham
todos os tipos desta espécie e nós conhecíamos todas as suas localizações.
Pois num
local especifico, lá no fundo da mata, tinha um pé de araticum de quaresma. Era
uma árvore muito frondosa e bonita em que na época propícia colhíamos o
delicioso fruto.
Certo
dia, o povoado amanheceu num alvoroço só. Diziam que uma mulher, nossa vizinha,
havia se suicidado. A mulher, ainda nova, tinha problemas, que hoje diríamos que
era depressão. O seu nome era Lídia e vivia com sua mãe, quase a beira do mato.
Foi uma
correria só. As crianças, sempre muito curiosas, foram as primeiras a chegar ao
local do suicídio. Pois não é que, a Lidia tinha havia se enforcado justamente
no pé de araticum de quaresma, aquele mesmo que se enchia de frutos!
Até a
chegada da Brigada Militar que vinha de Soledade para a retirada do corpo, nós
ficamos ali, praticamente o dia inteiro. Só fomos pra casa almoçar.
Vimos uma
enforcada de verdade, não eram mais só os casos do pai José que, todas as
noites à beira do fogão à lenha, excitavam a nossa imaginação. Ela estava com a
língua pra fora e tudo mais. É uma cena dantesca, inesquecível, fica para a
vida inteira impregnada em nossa mente.
Passado
algum tempo deste fato, nunca mais nos aproximamos desta árvore e seguimos a
nossa vida normal. Um certo dia, quando o pessoal da mana Genoveva e do
Euclides Pereira Soares que já moravam em Santa Cruz do Sul, foram nos visitar,
levamo-los para visitarem a dita árvore da enforcada.
Éramos
todos crianças, o Jair era o mais velho, depois tinha, a Sônia, a Stela, a
Gládis, a Célia, a Belinha, o Milton, mais a Terezinha, o Cliff, a Eva e eu.
Inferindo,
quando chegamos à altura da dita árvore, ouvimos de uma forma aterradora, um
berro horripilante que, nos fez dar de volta a toda, para a nossa casa. Tivemos
que atravessar toda a mata de novo, carregando uns no colo, apavorados com o
acontecido.
Passado
o susto, alguns dias depois, o Cliff nos disse que havia sido ele quem nos
pregou a peça. Até hoje não acreditamos nisso, porque o grito ouvido era muito
esganiçante e pavoroso.
ANTONIO PEREIRA DOS
SANTOS – Professor e radialista.
(Email, toninhosantospereira@hotmail.com;
twitter, toninhpds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).
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