DEGOLA!
A
Revolução Federalista (Fev 1893, ago de 1895) durou, portanto dois anos e meio
e deixou numa população de mais ou menos um milhão de habitantes, doze mil
mortos entre maragatos ou Federalistas liderados por Gaspar Silveira Martins e
Pica Paus, Republicanos ou ainda Chimangos (ave de rapina do pampa
Rio-grandense), tendo como comandante máximo o positivista Júlio Prates de
Castilhos, dos quais dois mil somente por degola. Saliento ainda que o nome
Pica-Paus dos legalistas vem do uniforme azul e quepe vermelho que eles usavam.
Quanto à
origem da degola, muita aplicada na Revolução supracitada, valho-me do saudoso
amigo, historiador e colega de caserna Osório Santana Figueiredo, autor do
livro “As Revoluções da Republica”, para dizer que: “consiste em cortar com uma
lâmina afiada a cabeça do individuo, por vezes decepando-a do corpo, perde-se
no fundo imemorial das eras.
É uma
prática primitiva de vingança e de ódio, que se evidencia pela convicção da
morte do condenado, esvaído no próprio sangue, morrendo quase instantaneamente.
A
Bíblia narra o episódio do jovem David, abatendo o gigante Golias com uma
pedrada de funda, logo cortando-lhe a cabeça fora, pelos mil anos antes de
Cristo. Heródoto narra os costumes do povo Cita, um dos mais cruéis com os
prisioneiros de guerra. O guerreiro Cita bebia o sangue do primeiro homem que
conseguia abater. Cortava a cabeça de quantos podia matar em combate, para
levá-la ao seu soberano.
Tirava
o couro da cabeça do adversário, sovava-o com as mãos fazendo dele guardanapo e
forro para bridão do cavalo. Isso lhe dava um título de honra. Aquele que
possuísse mais guardanapos de pele de homem era considerado valente e destemido
e, quanto maior o número, maior era o prestigio que gozava entre seu povo. “A
degola é fruto do ódio vingativo”.
Na Revolução
da Degola aqui no Rio Grande do Sul, entre irmãos, a degola, era também para
poupar armas e munições. Não se gasta pólvora em chimango, ditado antigo da
nossa terra.
A foto abaixo mostra o tenente coronel maragato, Adão
Latorre, um dois mais famosos degoladores da revolução.
ANTONIO PEREIRA
DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.
(Email, toninhosantospereira@hotmail.com;
Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com)
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