AINDA NOS DEVANEIOS!
Quando
o rancho anda silente, ouço a voz do tempo que se arrasta, aonde a saudade vai
mermando até sumir-se no horizonte, perdido no ermo das ilusões das paisagens
perdidas.
A
rédea, feita de sisal para domar o potro das ilusões, marcou indelevelmente a
jornada, enquanto amanuncia a tropilha desgarrada, nos relatos da história
avoenga.
Na
ficção do passado hercúleo, onde se vivia a estância crioula e seus costumes
barbarescos, também existia algo inefável que suavizava aqueles tempos. O laço que
se criava entre pais e filhos, o amor intrínseco que latente, podia a qualquer
instante, desabrochar como a rosa na primavera, inebriante no olor de seu
perfume.
Mas,
o dia passa depressa no desvario do caminho e a noite chega logo, na depressão das
mágoas do cantador da campanha que, debruçado no sobral da janela, contempla a escuridão
assustadora e tétrica que, encobre segredos que o túmulo levará à eternidade.
Entretanto,
esse é o meu jeito de levar a vida, abrindo o fole de minha gaita para sentir
seu som junto ao peito vazio, das amarguras da vida maleva. Não há cura? O mal
do coração é de difícil acesso, porque sem afago e sem amor, tudo se perde no
breu da alma, sem entrever miríades do céu estrelado, em noite de luz cheia,
iluminando o rumo do peão teatino.
No
entanto, o relho e a espora dão lugar às flores que, inebriam os ares tornando
o existencial respirável e então o potro solidão, dá lugar ao preenchimento do vácuo
que existia no imo do ser. É assim, que segue o guapo que não dobra a espinha,
pelo orgulho do passado de ancestrais, que ficaram tão somente, nos quadros das
paredes caiadas, dos tempos imemoriais.
Mas,
sobressaio no meio das cinzas, na coivara da tapera que ficou no ermo das
quebradas, nos longínquos rincões das plagas, porque agora arrinconado no meu
catre vazio, ainda permaneço, nos devaneios dos acordes da velha sanfona,
companheira fiel dos mates solitos.
Pensemos nisso!
ANTONIO PEREIRA DOS
SANTOS- Tradicionalista.
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