PORQUE SE USAVA LENÇO AO PESCOÇO!
Nas
minhas reminiscências de meninice, lembro meu pai, José Altivo, Getulista até a
alma, usando lenço branco, bem junto ao pescoço, com um nó bem apertado e por
dentro da gola da camisa. Despertou minha curiosidade.
Naqueles
tempos, ainda de muitos duelos, explicava o velho tropeiro e engenheiro das
estradas, em que a arma branca era muita usada, incluindo a navalha de fio
terrível, que além de fazer a barba, ainda servia para cortar gargantas, o
lenço de seda, era uma proteção muito importante.
As facas
daquela época e eu me lembro da marca “coqueiro deitado”, da qual tive uma, que
me foi levada há muitos anos, além de serem carneadeiras, serviam também para
defesa pessoal. Eram afiadíssimas, levadas sempre à cintura além do
indefectível revolver.
Assim era naqueles tempos, lá no longínquo
interior da então Soledade, depois Barros Cassal.
Em
Barros Cassal, tinha um brigadiano de nome Vilmar Schmidt, por sinal meu primo,
que andava sempre de lenço, quando pilchado ou vestindo a farda de policial
militar. Ele fazia as leis naqueles tempos bárbaros. A luta era quase diária
para manter-se a ordem naquelas paragens.
Sempre a cavalo, percorria todas
as distâncias necessárias e muitas vezes, entrava em luta corporal, de faca,
relho, facão ou arma de fogo... sim, existiam duelos ainda... e o lenço... ah o
lenço... quanto pescoço livrou das facas, adagas e navalhas!
Também é
notório, que os lenços representavam facções políticas, como Maragatos de lenço
vermelho e Pica-paus de lenço verde, na Revolução Federalista de 1893, depois,
Chimangos agora de lenço branco, na revolução de 1923 e os mesmos Maragatos,
por exemplo.
Portanto,
liberou-se agora o uso, por dentro ou fora da gola da camisa, não mais apertado
junto ao pescoço, sem fins políticos, mas a história precisa ser preservada, a tradição
mantida, embora, repito sem guerras e sim, como representação de um passado,
que não pode ser escondido embaixo do tapete.
Inferindo,
que os nossos descendentes, possam ter como um espelho a sua frente, as
peripécias de nossos avoengos, como se voltassem ao passado de muitas lutas,
para então valorizarem aquilo, que hoje lhes foi legado.
Tradição
é cultura!
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