REMINISCÊNCIAS DE DECLAMADOR!
O
meu ciclo de declamador, começou na própria escola que estudava em 1958, na época
o Grupo Escolar Estado de Goiás, onde fui declarado “Declamador Oficial da Escola”
e foi até 1977, quando num rodeio crioulo de Santa Cruz do Sul, vi estupefato
ser surrupiado por um membro da comissão julgadora, que depois de conceder-me
nota máxima, riscou e baixou a mesma, para que um concorrente, seu amigo,
ganhasse o concurso.
Fiquei
em segundo lugar, mas não aceitei a forma como tudo aconteceu. Como eu era Patrão do CTG Tropeiros da
Amizade, resolvi, daquela data em diante não mais declamar em concursos
oficiais. Até hoje me lembro da figura do jurado que era de Cachoeira do Sul e
vou omitir seu nome, porque “águas passadas não movem moinhos”.
O
vencedor daquele rodeio foi o campeoníssimo Patrocínio Vaz Ávila, que por
sinal, a bem da verdade, não teve nada a ver com os acontecimentos. Naqueles
tempos, os concursos em rodeios, eram muito disputados e as confusões eram
recorrentes.
Divagando
um pouco, volto no tempo, quando nesta mesma década, participamos de um rodeio
Crioulo, promovido pelo CTG Erva Mate de Venâncio Aires e inscrevemos para
declamação, a Elaine, minha esposa e eu. Os concursos, na época eram mistos,
isto é, prendas e peões e o total de declamadores, foi de dezenove. O curioso
foi que o resultado de primeiro e segundo lugares ficou comigo e a Elaine,
respectivamente.
Após
esta fase, comecei a procurar novos declamadores do CTG. Foi aí que surgiram o
meu sobrinho, José Faustino Pereira dos Santos, (Zuca) e o meu amigo, Valdemar
Mancilhas Rodrigues, só para citar dois, da cidade. Alguns anos após, com o
surgimento do FEGART, o Valdemar, foi vice-campeão da modalidade na cidade de
Farroupilha. O Zuca, após algum tempo, foi estudar em São Leopoldo formando-se
em Geologia, juntamente com seu irmão, Dão Real Pereira dos Santos, por sinal
um grande cantor e compositor da música nativista, até hoje. O Dãozinho, como é
carinhosamente chamado e o Zuca, até livro escreveram. Hoje eles integram o
quadro de servidores da Receita Federal.
Além
da Elaine, outras prendas se destacaram na difícil arte. Lembro-me da Dalila
Ferreira, Marlene Almeida, Aleir Teresinha Pereira dos Santos, Geodete Mantelli. Em tempos mais recentes, Zoraia de Jesus
Pereira dos Santos, Priscila Peixoto, que foi Prenda do Rio Grande do Sul e
outras tantas que se destacaram pela simplicidade e humildade, virtudes estas,
muito em desuso nos dias de hoje e tantas outras.
O
tradicionalista se conhece não pelos títulos conquistados e sim por estas e
outras virtudes inerentes ao caráter e a formação do “ser tradicionalista” e
não do “estar tradicionalista”.
Faço
um parêntese para exortar aos CTGs para valorizarem mais seus talentos
individuais, procurando e incentivando desde os mirins até os adultos, a se
empenharem, promovendo cursos, exposições, concursos internos, (quantos artistas
não estão escondidos por aí), já que as entidades tradicionalistas dedicam-se quase
que exclusivamente as danças tradicionais, deixando órfãs pessoas que poderiam
se destacar em poesia, trova, gaita e aí por diante.
Pensemos
nisso!
ANTONIO PEREIRA DOS
SANTOS – Professor e tradicionalista.
(Email, toninhosantospereira@hotmail.com;
Twitter, @toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).
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