sábado, 21 de maio de 2016

OS TEMPOS SÃO OUTROS! Mas...


Analisando a vida do grande líder deste século, Nelson Mandela, rememoramos tempos antanhos, em que me vejo empunhando espadas e garruchas, defendendo a cor do lenço e os ideais de algum coronel.

Como Mandela, também empunhei armas em busca da liberdade, contra preconceitos de todos os naipes. Ainda em tempos mais recentes, sonho nos versos de Glaucus Saraiva: “Cuia morena queimada, confeccionada a lo bruto, rude cálice matuto de amarguentas comunhões”. Dizia ele que o mate unia após a conflagração.

Sonhei no tempo e me vejo nos versos do grande poeta de todas as idades, o saudoso Dimas Costa em alguns de seus poemas como: Fanfarronada, Os Olhos do Negrinho e Triste Arremate:
                   
                                   “Cansado de Lutas férreas, em defesa da querência,
                                    curtindo dores na ausência, do rancho que foi deixado,
                                    o gaúcho heroico voltava rumbiando para o ranchito,
                                    e via em cada pastito um recuerdo do passado”,
 Bem como das guerras xucras da época.

 Agora mesmo! Vi-me nos versos do grande Jaime Caetano Braun, no seu Cemitério de Campanha, onde diz: “Que todos se igualam pela insignificância”.

Voltando ainda a Mandela, depois de 27 anos na prisão, reflete na luta armada de outrora e conclui, que a luta agora era outra. Sem vinganças, ele retorna triunfante na glória da paz, e faz de seu País um só, na fraternidade de todas as etnias.

Fechando os olhos me encontro nos versos do poeta contemporâneo Carlos Moacir Pinto Rodrigues: “Que homens são esses, que só fazem o mal” e me redimo a esmo quando escuto, que tudo que não presta morre por si mesmo.
              
Levo este assunto para o grande MTG, que se expande mundo afora e me vejo no início de tudo, quando a figura impar de Paixão Cortes, ainda conosco, grande líder deste movimento, Barbosa Lessa, figura impoluta que se preocupava com a dissolução da sociedade na sua espetacular tese: “O Sentido e o Valor do Tradicionalismo”.

E me vejo ainda no Manual do Tradicionalista, do Velho Glaucus, (muito pouco lido) que diz do ego dos líderes, das vontades pessoais e fico a pensar que as armas que usamos naqueles tempos, hoje deveriam ser substituídas pelas armas da razão e do bom senso. Se antes precisávamos romper barreiras, a ponta de lança e a pata de cavalo, agora sem fanfarronices, usarmos as armas da inteligência, no campo das ideias.


Que líderes são esses que só querem o bem pessoal? Que não pensam no coletivo, no bem comum! Que homens são esses que não prezam a lealdade, que não abrem espaço para quem está atrás, a palavra empenhada, a amizade, que fazem política subterrânea, para atingir seus objetivos a qualquer preço.

Que homens são esses que esquecem valores e virtudes, tradições e costumes em prol da modernidade descabida e amoral, em que os mais velhos são ultrapassados e desrespeitados por contrariarem suas ideias.

Mas me vejo ainda nas estrofes do amigo Carlos Moacir:

“Que homens são esses que trazem nas mãos, o freio, o cabresto, a rédea e o buçal e que tem o dever de fazer o bem, mas só fazem o mal?” “Por isso eu quero” ser gente igual aos avós, eu quero ser gente, igual aos meus pais, eu quero ser homem, sem mágoas no peito, eu quero respeito e direitos iguais, eu quero este pampa semeando bondade, eu quero sonhar com homens irmãos, eu quero meu filho sem ódio nem guerra, eu quero esta terra ao alcance das mãos”!

 Sonhando me vejo nos versos do imortal, Aparício Silva Rillo:

                                    Queria que, de repente, tudo fosse diferente,
                                    Da vida que tenho aqui, da cidade ir-me embora,
                                    Viver a vida de outrora, dos meus tempos de guri...

 E aí vem a saudade e lembro então, do grande Luiz Menezes na voz do eterno, Darci Fagundes: “Saudade, ora Saudade, a saudade não tem tempo de chorar, Pedro Ninguém”.

E quando ainda vejo, saindo do umbral do passado, o fantasma ainda a caráter, do velho Bento Altaneiro, nos versos de Odilon Ramos, me vê ainda consternado:

                                        “A tradição minha gente é uma herança, um legado,
que o gaúcho do passado deu em confiança aos de 
                                        agora, quem este fato ignora mesmo um gênio ou
                                   um artista, não é tradicionalista e deve assistir de fora”.


ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.
 (Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twiter, toninhopds;
 Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).



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