OS TEMPOS SÃO OUTROS! Mas...
Analisando a vida do grande líder
deste século, Nelson Mandela, rememoramos tempos antanhos, em que me vejo
empunhando espadas e garruchas, defendendo a cor do lenço e os ideais de algum
coronel.
Como Mandela, também empunhei armas
em busca da liberdade, contra preconceitos de todos os naipes. Ainda em tempos
mais recentes, sonho nos versos de Glaucus Saraiva: “Cuia morena queimada,
confeccionada a lo bruto, rude cálice matuto de amarguentas comunhões”. Dizia
ele que o mate unia após a conflagração.
Sonhei no tempo e me vejo nos versos
do grande poeta de todas as idades, o saudoso Dimas Costa em alguns de seus
poemas como: Fanfarronada, Os Olhos do Negrinho e Triste Arremate:
“Cansado de Lutas férreas, em
defesa da querência,
curtindo
dores na ausência, do rancho que foi deixado,
o gaúcho heroico voltava rumbiando para o ranchito,
e via em cada pastito um recuerdo do passado”,
Bem como das guerras xucras da
época.
Agora mesmo! Vi-me nos versos
do grande Jaime Caetano Braun, no seu Cemitério de Campanha, onde diz: “Que
todos se igualam pela insignificância”.
Voltando ainda a Mandela, depois de
27 anos na prisão, reflete na luta armada de outrora e conclui, que a luta
agora era outra. Sem vinganças, ele retorna triunfante na glória da paz, e faz
de seu País um só, na fraternidade de todas as etnias.
Fechando os olhos me encontro nos
versos do poeta contemporâneo Carlos Moacir Pinto Rodrigues: “Que homens são
esses, que só fazem o mal” e me redimo a esmo quando escuto, que tudo que não
presta morre por si mesmo.
Levo este assunto para o grande MTG,
que se expande mundo afora e me vejo no início de tudo, quando a figura impar
de Paixão Cortes, ainda conosco, grande líder deste movimento, Barbosa Lessa,
figura impoluta que se preocupava com a dissolução da sociedade na sua
espetacular tese: “O Sentido e o Valor do Tradicionalismo”.
E me vejo ainda no Manual do
Tradicionalista, do Velho Glaucus, (muito pouco lido) que diz do ego dos
líderes, das vontades pessoais e fico a pensar que as armas que usamos naqueles
tempos, hoje deveriam ser substituídas pelas armas da razão e do bom senso. Se
antes precisávamos romper barreiras, a ponta de lança e a pata de cavalo, agora
sem fanfarronices, usarmos as armas da inteligência, no campo das ideias.
Que líderes são esses que só querem o
bem pessoal? Que não pensam no coletivo, no bem comum! Que homens são esses que
não prezam a lealdade, que não abrem espaço para quem está atrás, a palavra
empenhada, a amizade, que fazem política subterrânea, para atingir seus
objetivos a qualquer preço.
Que homens são esses que esquecem
valores e virtudes, tradições e costumes em prol da modernidade descabida e
amoral, em que os mais velhos são ultrapassados e desrespeitados por
contrariarem suas ideias.
Mas me vejo ainda nas estrofes do
amigo Carlos Moacir:
“Que homens são esses que trazem nas mãos, o freio, o cabresto, a rédea
e o buçal e que tem o dever de fazer o bem, mas só fazem o mal?” “Por isso eu
quero” ser gente igual aos avós, eu quero ser gente, igual aos meus pais, eu
quero ser homem, sem mágoas no peito, eu quero respeito e direitos iguais, eu
quero este pampa semeando bondade, eu quero sonhar com homens irmãos, eu quero
meu filho sem ódio nem guerra, eu quero esta terra ao alcance das mãos”!
Sonhando me vejo nos versos do imortal,
Aparício Silva Rillo:
Queria que, de repente, tudo fosse diferente,
Da vida que tenho aqui, da cidade ir-me embora,
Viver a vida de outrora, dos meus tempos de guri...
Da vida que tenho aqui, da cidade ir-me embora,
Viver a vida de outrora, dos meus tempos de guri...
E aí vem a saudade e lembro
então, do grande Luiz Menezes na voz do eterno, Darci Fagundes: “Saudade, ora
Saudade, a saudade não tem tempo de chorar, Pedro Ninguém”.
E quando ainda vejo, saindo do umbral
do passado, o fantasma ainda a caráter, do velho Bento Altaneiro, nos versos de
Odilon Ramos, me vê ainda consternado:
“A tradição minha gente é uma herança, um
legado,
que o gaúcho do passado deu em confiança aos de
que o gaúcho do passado deu em confiança aos de
agora, quem este
fato ignora mesmo um gênio ou
um artista, não é tradicionalista e deve
assistir de fora”.
ANTONIO
PEREIRA DOS SANTOS – Professor e tradicionalista.
(Email, toninhosantospereira@hotmail.com;
Twiter, toninhopds;
Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).
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