quinta-feira, 22 de março de 2018


                                                           INFÂNCIA PERDIDA?
                Na recordação infrene da minha infância, sinto vibrar nas últimas fibras do meu coração, aquilo que meus pais tentaram me passar, uma família, um lar com todas as dificuldades inerentes à época.
                Com o que se plantava, nos alimentávamos, vivia-se exclusivamente daquilo que era produzido pela terra. Todos trabalhavam, do mais velho ao mais novo. Os mais velhos ajudavam na criação e educação dos mais novos.
                Todos viviam na casa grande, a mesa grande, o pai numa ponta e mãe na outra. Duas cadeiras postadas para cada um. Nas laterais, dois grandes bancos de madeira onde assentavam a filharada, de um lado os crescidos e de outro os pequenos, arteiros por demais, não podia se misturar com os outros.
                Imagine doze, treze, quatorze pessoas à mesa nas refeições. Ninguém pegava seu prato e ia para seu quarto, até porque os quartos eram todos de todo mundo, exceto os pais. O pai abria à hora sagrada com uma oração, normalmente de improviso. Feijão, arroz, milho verde (inelutável), pão de milho feito no fogão de barro, carnes e peixes nem sempre tinha.
                De quando em vez, se carneava um capão, um porco gordo ou galinha caipira, tatu que o pai caçava e peixes dos arroios e rios do lugarejo, frutas do mato, como guabijú, pitanga, amora, araticum, araçá e tantas outras.
                Assim vivi minha primeira infância e aí me pergunto? Será que foi uma infância perdida?  A tecnologia de hoje nem se pensava. Vejo nos dias hodiernos, as casas são de passagem, não parecem ser mais uma família, pelo menos como conheci e ainda me dizem que é tudo normal, que é o progresso!
                Mas que progresso é esse, onde não se reúnem mais nem nas refeições! Naqueles tempos, se inventavam histórias, abrindo as mentes e a inteligência, sem a televisão ou outro similar à frente da criatividade, pronta a brotar em cada ser!
O progresso desuniu as pessoas, esta é a realidade!
                A família não pode perder sua finalidade maior. Ser tese basilar para uma sociedade que cultiva suas tradições e sua cultura. Não podemos ser engolidos pelos estrangeirismos que maculam nossos usos e costumes!
                Acompanhar a evolução sim, mas não perder o tino, seguir na verga, como diziam nossos avoengos, mantendo as virtudes da herdade ancestral, como desiderato no frontispício que norteia o verdadeiro cidadão!
                Não, a minha infância não foi perdida! Pensemos nisso!
       Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).


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