quinta-feira, 8 de março de 2018


                                            HISTÓRIA DA MÚSICA. MINHAS MEMÓRIAS!
                Sou do tempo, ainda guri, em que as músicas só eram ouvidas pelas rádios existentes. As letras, só naqueles livretos antigos que vinham por correspondência. O pai José Altivo, tinha reembolso postal. Ele também trabalhava com relógios, consertava, trazia através dos correios e revendia.
                Década de 1950, daí começa minhas memórias, ainda na localidade do Ligeiro, nome dado pelo rio Ligeiro que por ali passava e depois, Barros Cassal. Pai José tinha um rádio antigo carregado à bateria. Luz elétrica nem se sonhava. Ouviam-se as rádios de São Paulo e no máximo a rádio Farroupilha de Porto Alegre. As músicas, em seus ritmos era tão somente as sertanejas. As chamadas de raiz.
                Valdomiro Mantelli, após casar-se com a mana Ofhir ia seguidamente trabalhar lá em casa na roça. Saia com ele na carroça, ele tinha um vozeirão e cantava muitas músicas como Chico Mineiro, Cabocla Tereza, Tristeza do Jeca e outras. Não existiam, as chamadas músicas gaúchas. O sertanejo e o gaúcho se misturavam, inclusive nas rádios da capital.
                As Irmãs Campesinas na rádio Difusora cantavam músicas assim. Caminhos da Serra era sucesso na época... vestidas de prendas. Era normal.
Começam a surgir as músicas campeiras ainda com certa mistura. Osvaldinho e Zé Bernardes, a chamada Dupla Campeira, aparece na rádio Farroupilha e outras da capital. Historicamente já se sabia que o Gaúcho Alegre do rádio, Pedro Raimundo na década de 1930, o precursor do Rei do Disco, Teixeirinha, fazia sucesso com seu regionalismo, cantando pilchado, nas rádios do Rio de Janeiro. Adeus Mariana era seu maior sucesso.
Cantando também a terra, surge agora, os Irmãos Bertussi.  Honeide e Adelar, talvez seja o divisor de águas nesse contexto para o canto à terra, a música gaúcha, que aos poucos, vai ganhando espaço. Lembro que quando tinha filme no Café da então Vila de Barros Cassal, o musical de abertura eram músicas dos Bertussi.
                Década de 1960, as chamadas músicas gaúchas começam a ser mais ouvidas devido a programas como Grande Rodeio Coringa da Farroupilha com Darcy Fagundes e Luiz Menezes, Céu e Campo, do poeta Dimas Costa na rádio Difusora e outros que dão força ao aparecimento do novo estilo.
                Surge então o grande Teixeirinha que agora canta a música regional, uma mistura da sertaneja, popular brasileira e a gaúcha. O regionalismo manifesta-se então como sucesso no Brasil todo.
                Década de 1970 uma nova fase na música da nossa terra. Brota do seu seio, A Califórnia da Canção Nativa em Uruguaiana e a música Nativista começa a tomar corpo. Vêm os demais festivais do Estado dando uma nova energia e a bombacha e chimarrão, se tornam moda entre a juventude principalmente.
Com letras bem elaboradas surgem novos e grande compositores da agora chamada música gaúcha que mistura músicas sertanejas de raiz, regionalismo, e do nativismo sobressai agora, a música terrunha, a música campeira e o gauchismo com apoio inconteste do MTG, cria o seu próprio mundo musical, exportando para o planeta, o homem do cantar triste. O Gaúcho.
                Inferindo, acredito que colaborei nas minhas memórias a esse resgate das nossas coisas para a posteridade. Pensemos nisso!
         ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS - Professor de Estudos Sociais e Tradicionalista.

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