HISTÓRIA DA MÚSICA. MINHAS MEMÓRIAS!
Sou do
tempo, ainda guri, em que as músicas só eram ouvidas pelas rádios existentes.
As letras, só naqueles livretos antigos que vinham por correspondência. O pai
José Altivo, tinha reembolso postal. Ele também trabalhava com relógios,
consertava, trazia através dos correios e revendia.
Década de
1950, daí começa minhas memórias, ainda na localidade do Ligeiro, nome dado
pelo rio Ligeiro que por ali passava e depois, Barros Cassal. Pai José tinha um
rádio antigo carregado à bateria. Luz elétrica nem se sonhava. Ouviam-se as
rádios de São Paulo e no máximo a rádio Farroupilha de Porto Alegre. As músicas,
em seus ritmos era tão somente as sertanejas. As chamadas de raiz.
Valdomiro
Mantelli, após casar-se com a mana Ofhir ia seguidamente trabalhar lá em casa
na roça. Saia com ele na carroça, ele tinha um vozeirão e cantava muitas
músicas como Chico Mineiro, Cabocla Tereza, Tristeza do Jeca e outras. Não existiam,
as chamadas músicas gaúchas. O sertanejo e o gaúcho se misturavam, inclusive
nas rádios da capital.
As Irmãs
Campesinas na rádio Difusora cantavam músicas assim. Caminhos da Serra era
sucesso na época... vestidas de prendas. Era normal.
Começam a surgir as músicas
campeiras ainda com certa mistura. Osvaldinho e Zé Bernardes, a chamada Dupla
Campeira, aparece na rádio Farroupilha e outras da capital. Historicamente já
se sabia que o Gaúcho Alegre do rádio, Pedro Raimundo na década de 1930, o
precursor do Rei do Disco, Teixeirinha, fazia sucesso com seu regionalismo,
cantando pilchado, nas rádios do Rio de Janeiro. Adeus Mariana era seu maior
sucesso.
Cantando também a terra, surge
agora, os Irmãos Bertussi. Honeide e
Adelar, talvez seja o divisor de águas nesse contexto para o canto à terra, a
música gaúcha, que aos poucos, vai ganhando espaço. Lembro que quando tinha
filme no Café da então Vila de Barros Cassal, o musical de abertura eram
músicas dos Bertussi.
Década de
1960, as chamadas músicas gaúchas começam a ser mais ouvidas devido a programas
como Grande Rodeio Coringa da Farroupilha com Darcy Fagundes e Luiz Menezes,
Céu e Campo, do poeta Dimas Costa na rádio Difusora e outros que dão força ao
aparecimento do novo estilo.
Surge então o grande Teixeirinha
que agora canta a música regional, uma mistura da sertaneja, popular brasileira
e a gaúcha. O regionalismo manifesta-se então como sucesso no Brasil todo.
Década de
1970 uma nova fase na música da nossa terra. Brota do seu seio, A Califórnia da
Canção Nativa em Uruguaiana e a música Nativista começa a tomar corpo. Vêm os
demais festivais do Estado dando uma nova energia e a bombacha e chimarrão, se
tornam moda entre a juventude principalmente.
Com letras bem elaboradas surgem
novos e grande compositores da agora chamada música gaúcha que mistura músicas
sertanejas de raiz, regionalismo, e do nativismo sobressai agora, a música
terrunha, a música campeira e o gauchismo com apoio inconteste do MTG, cria o
seu próprio mundo musical, exportando para o planeta, o homem do cantar triste.
O Gaúcho.
Inferindo,
acredito que colaborei nas minhas memórias a esse resgate das nossas coisas
para a posteridade. Pensemos nisso!
ANTONIO
PEREIRA DOS SANTOS - Professor de Estudos Sociais e Tradicionalista.
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