EU VI!
Eu vi, em 30 de
maio de 1431, Joana D’Arc ser queimada na cidade de Ruão (França) aos 19 anos
de idade, por ordem da Inquisição Inglesa, que a acusou de heresia e bruxaria.
Ela foi canonizada em 1920.
Eu vi a chamada Idade Média, mil
anos de escuridão, quando uma simples desconfiança, os fiéis súditos
eclesiásticos faziam valer sua autoridade em nome de um Cristo vingativo e
cruel. Foram no mínimo milhares de mortos sob o fogo, para expurgar o demônio.
Eu vi, chegar a Idade
Contemporânea e com ela nos dizemos pessoas inteligentes. Eu vi irmos à lua,
conquistarmos o espaço, estarmos em pleno tempo quântico, criarmos clones de
nós mesmos. Eu vi nos comunicarmos instantaneamente com todo o planeta e nos
concebermos, como ser humano, na acepção legitima da palavra.
Eu vi os últimos dias, no
entanto, cenas da idade média. Em toda a nossa Pátria, chamada do Evangelho e
por muitos, considerada “coração do mundo”, eu vi como dantes muitos viram, o dantesco
surgindo, como se tivéssemos voltado ao passado longínquo da inquisição romana.
Não, ninguém foi queimado em
fogueira atroz visível a olho nu. Mas eu vi línguas de fogo da inquisição
hodierna a cuspirem sua ira e sua violência numa vil e ferina acusação de
“heresias” dos novos tempos.
Eu vi, o vilipêndio que sofreram
as pessoas que foram também humilhadas porque queriam colocar combustível em
seus carros e motos, numa acusação de anti-patriotismo, de ignorância, de
covardia e outras palavras impronunciáveis.
Eu vi o julgamento do pretérito
voltar e senti de novo na própria pele o queimar do fogo inclemente a dilacerar
as carnes num gozo impar dos algozes! Seremos os novos juízes da inquisição? Nas
dificuldades se conhecem as pessoas. Quem sabe os problemas de cada um! Quantos
ali estavam, porque precisavam levar seu filho numa viagem urgente para um
transplante, por exemplo. O drama individual das famílias? Ah quem sabe... não
eles eram a ralé do povinho.
Eu vi o meu povo transformado e
transtornado no primeiro obstáculo encontrado, eu vi as trombetas a tocarem o
hino do Aqueronte, o rio da morte, no desespero da vida a esvair-se.
Eu vi e fiquei acabrunhado, triste...
os rostos crispados dos meus irmãos que
me fez sentir o antanho irracional, que já vivemos e que deveríamos ter
extirpado do nosso imo!
O Cristo disse: “Não julgueis
para não serdes julgados”. O amor é o meu dardo!
“O olho por olho e dente por
dente” não cabe mais. Por isso, sejamos fraternos, façamos a nossa meia-culpa,
busquemos a paz que tanto almejamos e que, às vezes, nós mesmos nos afastamos
dela. Pensemos nisso!
ANTONIO PEREIRA DOS
SANTOS – Professor e tradicionalista.
(Email, toninhosantospereira@hotmail.com;
Twitter, toninhopds; Blog, WWW.allmagaucha.blogspot.com).
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