quarta-feira, 19 de novembro de 2014


                                       QUEM FOI  O 1º TROPEIRO DO RIO GRANDE? 
Era um de meus ancestrais. 

                Ele é a figura mais impressionante dos primórdios do Rio Grande do Sul. Nasceu em 1680 (ano da fundação da Colônia do Santíssimo Sacramento), em Ponte de Lima, Portugal. 
“Era Cavalheiro da Ordem de Cristo, aparentado aos Távoras, Possuindo brasão e cota de armas. 
De instrução acima do normal para a época, era capaz de levantar mapas e redigir como seguro conhecedor da língua”, nos diz “Moisés Velinho em “Capitania Del Rei”. Este era Cristóvão Pereira de Abreu.

Veio muito moço para o Rio de Janeiro. Em 1702, o Rei resolveu “colocar por contrato” a caçada de gados e a exportação de couros pela Colônia do Sacramento, sendo o monopólio arrematado por Cristóvão Pereira mediante pagamento de 70.000 cruzados à Fazenda Real. 
Data desse período a aliança de Pereira com os índios Minuanos, disputando aos espanhóis e missioneiros a posse dos bois e cavalos que erravam à margem esquerda do Rio Uruguai. Sob seu impulso, o comércio de couro cresce espetacularmente.

O período áureo desse ciclo vai de 1726 a 1734, quando se exportavam anualmente, pelo porto da Colônia, 400 a 500 mil couros. 
Lagunistas, curitibanos, paulistas, portugueses, espanhóis e missioneiros entregavam-se de corpo e alma à matança de gado para a extração de couros. Iniciava-se a gradativa decadência econômica dos Sete Povos das Missões Orientais. 
Tão desordenada e bárbara era esta prática que, naquele momento, já fora prevista a total extinção do gado.

                As Minas Gerais, no auge da exploração do ouro, necessitavam de cavalgaduras para o transporte de suas riquezas até o Porto do Rio de Janeiro e para a vinda de mercadorias importadas. Cristóvão Pereira então inicia, com seu amigo e auxiliar Francisco de Souza de Farias, a ligação entre o sul e o resto do País, abrindo picadas que depois constituíram a rota dos tropeiros desde os Campos de Viamão até os Campos de Cima da Serra, Lages, Campos de Curitiba e finalmente Sorocaba – grande centro de comercialização e distribuição de mulas para o Brasil.

                Em 1736, Cristóvão Pereira é nomeado coronel, para dar apoio logístico ao pretendido levantamento do sítio da Colônia do Sacramento – cercado pelos espanhóis de Buenos Aires e Montevidéu – pelo Brigadeiro Silva Pais, governador do Rio de Janeiro. 
                Ao longo das vilas da Capitania de São Paulo, conseguiu reunir 160 voluntários, chegando à Barra de Rio Grande e ultrapassando-a pelo mês de setembro, tendo construído na margem sul um fortim provisório. 
               José da Silva Pais ali desembarcaria, cinco meses após em 19 de fevereiro de 1737, fundando o Forte, Jesus Maria José, hoje, a histórica Rio Grande.

                Incansável no apoio as armas portuguesas, Cristóvão Pereira, também se liga aos primórdios da fundação de Porto Alegre, quando vistoriou as obras de melhoria do porto natural, realizadas pelo paulista, Mateus de Camargo Siqueira, à margem do Guaíba, para receber os casais açorianos, que se destinariam às Missões (mas que terminaram ficando no “Porto dos Casais”).

                Faleceu, na Vila de Rio de Janeiro, em 22 de Novembro de 1755 o grande desbravador desta terra.

ANTONIO PEREIRA DOS SANTOS - Professor e radialista.
(Email, toninhosantospereira@hotmail.com; Twitter, toninhopds; Blog, www.allmagaucha.blogspot.com).
Pesquisa:
(Mariante, Hélio Moro. A Idade do Couro no Continente; Monteiro,Jônathas da Costa Rego, dominação Espanhola no Rio Grande do Sul; Neis, Pe Ruben, A Guarda Velha de Viamão).

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